Eles não sabem sobre nós escrita por Fernanda
Há mais de uma semana M.D. tem estado em silêncio. Débora e Keena haviam cumprido tudo o que seu ameaçador lhes mandou fazerem e, de outro jeito, sofreram as consequências. Entretanto, Montserrat desobedeceu, e angustiada aguardava sua consenquência. Com todo o mistério de M.D, sua preocupação se intensificava. Como se isso não bastasse, ainda tinha que aguentar o desprezo de Álvaro.
Enquanto Álvaro distanciava-se da moça, Caleb queria mais proximidade. Ele parecia ser um bom rapaz e era quem fazia Montserrat se sentir feliz naquele momento. Seu jeito divertido e descontraído cativava a garota. Apesar de seu esforço, ela ainda amava o mais velho. Entretanto, o rapaz estava disposto a conquistar o coração da moça. Insistentemente pedia para que ela saísse com ele, que sempre recebia um “talvez outro dia”. No entanto, um dia ele recebeu a resposta que tanto queria:
— Você é bastante insistente, não é mesmo? – Brincou Montserrat enquanto ria. – Só não me leve para o chinaband, detesto comida chinesa. – Continuou ela e ia saindo quando Caleb segura seu braço.
— Quer dizer que finalmente vai sair comigo? – Ele perguntou surpreso.
— Estarei pronta às sete. – Ela sorriu.
—Chego aqui às seis. – Ele brincou.
[...]
— Não acredito que você vai sair com meu irmão! – Disse Débora fingindo estar indignada e em seguida ri.
— Não acredito que eu vou sair com um cara que é idêntico a minha melhor amiga. – Brincou Montserrat.
— Então ele deve ser muito gato! – Riram. – Eu e o Caleb somos gêmeos, mas não somos tão parecidos. – Continuou Débora enquanto fuçava o armário de Montserrat.
— Acredite se quiser, mas vocês são muito parecidos. – Afirmou a moça rindo.
— Já que somos tão parecidos, meu irmão também iria adorar esse seu vestido preto com esse casaco e esse cachecol vermelho. – Disse a outra garota apresentando as peças.
— Perfeito! – Respondeu Montserrat satisfeita.
Como se contasse cada minuto, Caleb chegou ás sete em ponto, fazendo Montserrat sorrir. Mesmo sendo maior de idade, teria que avisar a Álvaro que iria sair. Trêmula, ela caminhou até o escritório dele e bateu na porta. Ele gritou um “entre” e ela abriu a porta entrando em seguida.
— Álvaro, irei sair. Chego ás dez. – Ela disse olhando para ele, que não se deu nem o esforço de olhá-la de volta e responder. – Bom, era só isso. Tchau!
— Posso saber com quem está saindo? – Ele perguntou ainda sem olhá-la enquanto mexia em alguns papéis.
— Com o Caleb.
— Certo. Acho que nós não precisamos ter aquela conversa. Não é mesmo? – Ele disse indiferente.
— Não. Nós não precisamos. – Ela respondeu no mesmo tom e saiu.
Caleb a esperava no carro. Seu cabelo loiro estava penteado para o lado, ele usava uma camisa branca com um blazer preto por cima e vestia uma calça jeans escura. Foi a primeira vez que ela reparou nele, que por sinal, usava um ótimo perfume.
Ele levou-a para uma festa numa boate inaugurada recentemente. Montserrat nunca havia ido a um lugar como aquele antes. Caleb ia à frente segurando a mão da garota. Caminharam até o bar onde se sentaram.
— Tudo bem, Montse? – Ele perguntou próximo ao ouvido dela por conta da música alta.
— Tudo sim. Só não imaginava que viríamos para uma festa. – Ela disse tímida.
— Desculpa. Se quiser nós vamos para outro lugar.
— Não, tudo bem. Vamos ficar aqui mesmo. – Ela disse sorrindo.
— Quer beber alguma coisa? – Ele perguntou.
— Agora não. – Ela recusou.
— Caleb? – Disse um homem alto e moreno acompanhado de uma moça morena
— Miguel! Meu amigo da balada! – Cumprimentou Caleb.
— Há quanto tempo não curtimos uma boa festa juntos, não é mesmo meu parceiro? – Miguel disse contente.
— Faz muito tempo mesmo. E quem é a moça que lhe acompanha? – Caleb perguntou olhando para a morena.
— Minha noiva Vivian.
— Prazer Caleb! – Ela disse estendendo a mão para ele.
— O prazer é meu, Vivian. – Ele disse beijando a mão da moça. – Essa aqui é Montserrat.
— Olá Montserrat. – Disse Vivan.
— Prazer em conhecê-la. – Cumprimentou Miguel.
— Prazer em conhecê-los também. – Disse Montserrat sorrindo.
— Vocês são namorados? – Perguntou Miguel.
— Ah, não. Somos só amigos. –Ela respondeu
—Se dependesse de mim, seriamos mais do que apenas amigos. – Caleb sorriu malicioso deixando a moça corada.
— Nossa que frio! – Reclamou Vivian.
— Se quiser, pode usar meu casaco e o cachecol. – Ofereceu Montserrat.
— Obrigada Montserrat. – Agradeceu ela enquanto vestia-se.
— Vamos dar uma saidinha. Vocês vêm? – Perguntou Miguel.
— Não, vamos ficar aqui. – Respondeu Caleb. Os amigos de Caleb saíram. – Vamos dançar? – Convidou ele.
— Vamos. – Ela sorriu e eles foram para a pista de dança.
Montserrat se divertiu muito aquela noite com Caleb. Eles dançavam animadamente chamando a atenção das outras pessoas. Ele foi se aproximando lentamente dela para beijá-la, porém ela virou o rosto.
— É melhor não, Caleb. – Ela disse sem graça.
— Desculpe-me, Montse. – Ele disse envergonhado.
— Está ficando tarde. Preciso ir para casa. – Ela disse verificando as horas em seu celular.
— Tudo bem. Vou te levar para casa. – Ele disse.
Na saída, eles encontram Miguel e Vivian novamente.
— Já estão indo? – Questionou Miguel.
— Sim. Boa festa pra vocês. – Disse Caleb.
— Montserrat, seu casaco e o cachecol. Obrigada! – Vivian agradeceu e entregou as vestimentas a Montserrat.
— Disponha. – Ela sorriu. – Boa noite! – Se despediu e saíram.
Os dois mantiveram-se em silêncio durante o caminho. Quando chegaram, Caleb disse:
— Espero que tenha gostado e que sai mais vezes comigo.
— Gostei sim, Caleb. Se você quiser, podemos sair de novo. – Ela disse divertida.
— Será um prazer. Boa noite princesa. – Ele disse e beijou o rosto da garota.
— Boa noite. – Ela respondeu um pouco inibida e saiu do carro.
Ao entrar em casa, Álvaro a esperava na sala. Ele parecia irritado, e ela sentia que teria uma longa noite. Decidiu ignorá-lo e subiu as escadas, porém ele a chama. Receosa, ela desceu as escadas e sentou-se em frente a ele.
— Pensei que tinha dito que chegaria ás dez. Já é quase meia-noite, Montserrat. – Ele disse frigido.
— Desculpe Álvaro. Não vi as horas passarem. – Ela disse de cabeça baixa.
— Quero falar com você, mas antes, tire esse cachecol ridículo, por favor. – Ele disse ríspido encostando-se à poltrona.
Ela subiu as escadas vagarosamente, queria demorar muito para que ele precisasse transferir a conversa para o outro dia. Lavou o rosto e tirou o cachecol. Não entendeu a repulsa a peça que era tão bonita. Estava furiosa. Ele a tratou como se ela tivesse cometido algum crime. Desceu as escadas na mesma lentidão que subiu, respirando fundo e tomando coragem para encará-lo.
Álvaro estava de pé quando ela chegou. Ele estava inquieto, como se não soubesse como iniciar a conversa. Montserrat começou a se sentir nervosa até que por fim ele diz:
— Para onde você e Caleb foram?
— Para uma festa no Riverside. – Ela respondeu, percebendo que ele a observava com atenção. – Era tão importante assim?
— Era sim. E muito. Riverside não é uma boate? – Ele perguntou fazendo uma cara de desprezo.
— Sim. Você estava lá Álvaro? – Ela perguntou surpresa.
— Não, eu não estava. Mas antes estivesse. Talvez aquilo não tivesse acontecido.
— Mas o que foi que aconteceu? Não estou entendendo. – Ela disse tentando se lembrar de algo tão ruim que o fizesse condená-la daquela maneira.
— Não quero proibi-la de sair, muito menos de se divertir. Você já é maior de idade, mas estou preocupado com essa sua amizade com Caleb. Gostaria que não o visse com tanta frequência. – Ele disse transparecendo preocupação.
— Mas por que Álvaro? – Perguntou a moça confusa.
— Você passou dos limites hoje, Montserrat. Dando vexame em público com alguém que você nem conhece direito. – Ele alterou a voz.
— Vexame? Do que é que você está falando? Não me lembro de fazer nada de errado hoje. – Ela gritou protestando.
— Não se faça de inocente. Você sabe do que estou falando.
— Não, eu não sei. Para sua informação, Caleb nem mesmo me beijou hoje. – Ela disse irritada.
— Não foi um simples beijo, Montserrat. – Ele disse irônico. – Você estava aos amasso com Caleb na esquina do Riverdale. Reconheceram seu casaco e aquele cachecol. – Disse ele rispidamente.
— Está bem Álvaro. Você já tirou suas próprias conclusões. Nem questionou se era eu mesma, você me acusou logo. Eu emprestei meu caso e o cachecol a Vivian, uma amiga de Caleb. Mas não adianta eu explicar, você nunca iria acreditar em mim. –Ela disse indignada, ficando de costas para que ele não visse suas lágrimas.
— Montserrat, espere. – Ele se levantou e foi ao encontro dela. Ela sentia-se muito magoada e o evitou pondo as mãos em seu peito o impedindo de se aproximar mais. – Montserrat, por favor. Só estou preocupado com você.
— Certo. Era só isso? – Ela perguntou sarcástica mas triste.
— Desculpe-me. – Ele se aproximou, deu-lhe um selinho e em seguida foi para o seu quarto deixando-a sozinha e confusa.
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