Eles não sabem sobre nós escrita por Fernanda
Havia se passado um mês após o terrível dia do aniversário de Montserrat. M.D. ainda ameaçava as garotas, que vivam assustadas e sentiam-se desprotegidas, pois não podiam contar para ninguém o que estava acontecendo. Álvaro passou a viver um romance com Isobel, partindo o coração de Montserrat. Porém, a beleza da moça despertou o encanto de Caleb, que investia insistentemente em sair com ela.
Montserrat, Keena, Katherine e Débora, estavam reunidas no bangalô da casa de Álvaro para um chá da tarde. O dia estava lindo com um clima agradável, mas as garotas estavam tão preocupadas que não se importaram com esse presente da natureza.
— Estou preocupada. Faz um dia que não recebi nenhuma mensagem de M.D., isso não é normal. – Ironizou Keena.
— Não aguento mais esse assédio contínuo de M.D.! Me sinto frágio, como se eu fosse feita de vidro. – Katherine disse com tom de irritação. – Quando isso vai acabar?!
— Talvez estejamos pagando pelo o que aconteceu com Caroline. Não acredito que fui tão cruel e fria. – Disse Montserrat com culpa.
— Às vezes eu penso que M.D. é Cecília, porque ela é a única que sabe todos os nossos segredos. – Disse Katherine.
— Mas Cecília também recebia as mensagens quando estávamos no colégio. – Lembrou Débora.
— Talvez seja só mais um joguinho dela! Vocês sabem como Cecília é manipuladora. – Katherine alterou o tom de voz.
Os celulares das moças tocaram todos ao mesmo tempo notificando uma nova mensagem. Assustadas, elas pegam seus celulares e lêem a seguinte mensagem:
“Minhas pequenas mentirosas, vão para o hall imediatamente. Tenho um presente para vocês! Beijinhos M.D.”
— Estava bom de mais para ser verdade. – Mais uma vez, Keena ironizou.
— M.D. não nos deixa em paz um dia sequer. – Resmungou Débora.
Apressadas, elas seguiram para o hall da casa de Álvaro. Na escada havia uma enorme caixa de presente e outra menor. As amigas se entreolharam e Katherine pegou as caixas, em seguida subiram para o quarto de Montserrat. Débora desfez o laço e abriu a caixa, que continha três bonecas: uma loira com olhos azuis, outra loira com olhos cinzentos e uma com cabelos castanhos longos e olhos da mesma cor, com os respectivos nomes: Keena, Débora e Montserrat. Cada uma pegou a sua respectiva boneca, menos Katherine que não tinha nenhuma.
— Conte a verdade para sua mãe ou sofra as consequências! – Repetia a boneca de Keena.
— Coma todos os bolinhos da caixa ou sofra as consequêcias! – Foi a vez da boneca de Débora.
— Atrapalhe o noivado de Álvaro e Isobel ou sofra as consequências. – Disse a boneca de Montserrat por fim.
— Meu Deus, eu não tenho uma boneca. O que será que M.D. está preparando para mim? – Katherine questionou agoniada.
— Álvaro está noivo de Isobel? – Monserrat disse chocada com lágrimas nos olhos.
— Montse, eles são adultos. – Débora tentou consolá-la.
— Mas foram muito rápido, eles estão juntos a menos de um mês! – Respondeu ela triste.
— Keena, o que você tem que contar para sua mãe? – Perguntou Katherine curiosa.
Keena suspirou e começou a chorar. As meninas a abraçaram para consolá-la.
— Eu não desisti do curso. Na verdade, eu fui expulsa. – Ela disse em meio ao choro.
— Mas Keena, por quê? – Perguntou Montserrat tentando entender.
— Eu voltei a fumar. Eles não permitem fumantes lá. – Ela disse com receio.
— Por que você voltou a fumar? – Débora perguntou preocupada.
— Eu precisava! Estava triste, e fumar fazia eu me sentir melhor. – Justificou.
— Fumar não é solução, Keena! – Disse Katherine.
— Não sei como minha mãe vai reagir quando souber. Não posso contar! – Keena disse soluçando.
— Mas e M.D.? – Perguntou Débora. – Você sabe que será pior se você mesma não contar.
— Dane-se M.D! – Keena disse irritada e saiu.
— Também já vou! Preciso comer isso aqui. – Disse Débora desanimada. – Tchau!
— Tchau! – Katherine e Montserrat responderam em coro.
— O que você vai fazer Montse?
— Não sei, estou tão triste. – Montserrat deitou na cama tentando segurar as lágrimas.
Katherine ainda confusa por que não recebeu uma mensagem de M.D, resolveu procurar na caixa. No fundo dela havia uma pasta. Katherine a abriu e leu os papeis.
— Montse, dê uma olhada nisto! – Katherine disse chocada enquanto folheava os papeis. Montserrat levantou-se da cama e leu os papeis junto da amiga.
— Não acredito! Álvaro precisa saber disso! – Montserrat disse e sua expressão ficou preocupada.
À noite, Álvaro convidou alguns amigos seu para um jantar, porém não lhes disse a finalidade. Entretanto, Montserrat já sabia do que se tratava, e aquilo apertava o seu coração de tanta tristeza. Mesmo amando-o muito, ela não queria atrapalhar seu noivado com Isobel. Uma dúvida cruel a consumia: obedeceria M.D. e ficava com ele ou deixaria ele se casar com Isobel e sofria as consequências prometidas pela pessoa que a ameaçava.
Após o jantar, Álvaro fez a famosa batidinha na taça para chamar a atenção dos convidados. Montserrat sentiu seu estomago girar e seu coração passou a pulsar mais rápido. Ele parecia contente, isso a fazia ficar mais triste.
— É com muita satisfação, que eu e Isobel queremos anunciar que estamos noivos e nos casaremos no próximo mês.
— Um brinde aos noivos! – Disse um amigo de Álvaro levantando uma taça cheia de champanhe. Ele era alto, magro, loiro e seus olhos eram cinzentos.
Todos brindaram e os noivos deram o típico beijo de noivado. Aquilo tudo estava sendo muito doloroso para a moça que amava o noivo, então ela resolveu sair, foi-se para a cozinha. Tentou conter o choro e tomar uma decisão. As lágrimas começaram a cair e ela segurava o soluço. Quando alguém chegou, ela enxugou suas lágrimas.
— Eu sei que você o ama, Montserrat. – Disse Isobel se aproximando da moça. – Mas quem ele ama sou eu, e daqui a um mês serei a esposa dele. – Cuspiu as palavras irritando Montserrat.
— Será que ele ainda te amaria depois de descobrir o que você fez, querida? – Montserrat pegou os papéis em sua bolsa.
— Do que você está falando, menina? – Ela se fez de confusa.
— Álvaro sabe que você abortou um filho, Isobel? – Montserrat fez uma expressão sarcástica.
— Você sabe! – Ela disse chocada. – Montserrat, eu te imploro, não mostre isso a Álvaro. Você o conhece, sabe que ele nunca me perdoaria. – Isobel se ajoelhou no chão.
— Dê-me um bom motivo para isso. – Disse ela se compadecendo da mulher.
— O filho era de Álvaro. No tempo eu era modelo e minha carreira estava no auge, um filho poderia atrapalhar. Porém chegou um momento em que eu quis ter esse filho e formar uma família com o homem que eu amava. Então eu fiquei doente, e os remédios que eu tomava eram fortes. Resolvi tirá-lo logo para não sofrer mais. – Isobel contava enquanto chorava.
— Por que não contou a Álvaro? Talvez ele entendesse. – Perguntou a garota tentando entender a situação.
— Você parece não conhecer Álvaro. Ele iria querer a criança de todo jeito, mesmo que eu morresse. – Disse Isobel em meio aos soluços. – Por favor, não conte para Álvaro! – Implorou.
— Não vou contar. Pode ficar tranquila. – Montserrat disse e saiu.
Montserrat subiu para o seu quarto e ficou pensando em tudo o que Isobel disse. Ela parecia amá-lo de verdade e ele demonstrou correspondê-la. Talvez se ela tivesse contado a ele sobre o aborto, ele ficasse com raiva dela e não de Isobel. Então achou melhor não se envolver. Seu celular vibra com uma mensagem:
“Garota burra! Perdeu uma grande chance de ficar com o seu grande amor. Agora sofra as consequências! Com ódio, M.D”.
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Viver sem Deus não é viver, é somente existir.