Unchained escrita por LouisPhellyppe


Capítulo 8
Draw


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal. Agora começa ação de verdade.

Eu escolhi uma música para trilha sonora da primeira temporada, caso queiram ouvir, é essa: ( https://youtu.be/giy3xmm_PYo )

Comentários sempre inspiram o autor.

Espero que gostem do capítulo.



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Essa estelagem não era o melhor lugar que já dormi, mas estava muito longe de ser o pior. Fiquei horas deitada rolando na cama tentando dormir, totalmente sem sucesso.

Fernando estava lendo algum tipo de diário ao lado de um abajur para poder enxergar.

— Sobre o que se trata esse livro? - Perguntei tentando puxar assunto já que não conseguia dormir.

— Esse é o diário de guerra do meu bisavô, ele lutou na segunda guerra mundial e meu pai o me deu assim que essa guerra começou. Costumo ler em noites que estou em missão. De alguma forma ele me ajuda a iluminar minha mente, é como se estivesse me guiando.

— Que incrível, você o conheceu?

— Não, meu pai disse que ele não voltou da guerra e esse diário foi encontrado por algum conhecido da família em uma biblioteca próxima de onde foi abandonado.

— Oh, sei como se sente. Da minha família conheci apenas os meus pais. A única coisa que sabia sobre meus avós e antepassados era que nenhum estava vivo. Acredito ser a única descendente da minha família. - Eu disse enquanto deitava de lado e olhava para ele na cama ao lado.

— Pense por um lado bom, você poderá ter filhos e continuar a linhagem de sua família. - Ele tenta me animar.

— Não vou poder prosseguir com isso. Não vou mais poder dar um futuro pra uma família, por ter aceitado o experimento. - Dessa vez viro de bruços e coloco o rosto no travesseiro

— Se serve de consolo, estamos juntos nessa, passamos pelos mesmos procedimentos e temos o mesmo fardo. - Ao ouvir isso eu viro de lado novamente e o olhos nos olhos. Era meio difícil por eles estarem cheios de lágrimas, mas eu não me importava. Pela primeira vez estava sentindo uma chance de me aceitar após o experimento. Primeira vez que me senti confortável com quem eu era agora.

Ele volta o olhar para o livro e começo a sentir o sono chegando aos poucos. Meus olhos iam fechando devagar até dormir de vez.

De manhã acordo com a luz do sol pela brechas da janela e estava sozinha no quarto. Visto minhas botas e vou fazer a higiene matinal.

Saindo do quarto encontro ele em uma mesa de costas para o quarto enquanto conversava com o dono da estalagem. Vou até ele enquanto tento arrumar meu cabelo e sento do seu lado.

— Está tudo bem? - Pergunto querendo ter certeza que nada aconteceu por ali.

— Sim. Consegui o endereço de onde vamos encontrar o informante. - Ele diz enquanto fitava a xícara de café em sua mão.

— Claro, vamos indo! - Digo enquanto me levanto da cadeira.

— É normal você se esquecer de comer assim? - Ele questiona enquanto toma um gole de sua xícara.

Eu coloco as mãos na barriga e percebo que realmente esqueci que precisava comer. A cada dia que ia passando depois que saí em missão, ia ficando mais irresponsável com minha própria saúde. Olho pra ele com as bochechas vermelhas de vergonha. Só virar o olhar, ele abre um pequeno sorriso de o canto da boca.

— Sente-se por favor. É um prazer ajudar as Forças Unidas. Podem comer o que precisarem! - Diz o dono da estalagem da forma mais simpática possível. Por esses lugares, as pessoas não costumavam ser amigáveis com aliados das Forças Unidas por acharem que foram abandonados. Nós demos sorte desse senhor ser confiável.

Saímos em menos de uma hora. No meio do caminho acabei lembrando de que ele não pegou arma alguma no seu arsenal.

— Caso a gente encontre problema, como você vai se defender? - Olho confusa pra ele.

— Tenho uma pistola comigo e sou um bom lutador. Só espero que isso seja o suficiente. - Ele engole em seco.

Chegando no endereço que ele conseguiu, era uma espécie de bar muito parecido com um saloon de velho oeste que estava curiosamente cheio em plena 8 horas da manhã.

— Não chame atenção, siga apenas o que eu faço. - Disse Fernando subindo a gola de seu sobretudo.

Assim que entramos, fomos encarados por todos que estavam ali, Fernando não se intimidou mas eu senti um frio na espinha. Sabia que ali não era o lugar mais seguro. Sentamos em uma banqueta alta em um balcão lateral ao lado de um cara usando um chapéu largo.

Eu tentei não olhar ninguém nos olhos mas era meio difícil com todos aqueles olhos me fitando, passei a notar que era possível pelo fato de eu ser uma garota e aqueles caras parecem não ver uma mulher a anos.

Aproximo meu banco mais pra perto de Fernando e então ouço o cara falando com uma voz grossa.

— Como está o clima lá fora?

— Pegando fogo - Responde Fernando sem esboçar nenhuma reação, o que me deixou curiosa, pois estava bem frio na verdade.

Em seguida o cara levanta o chapéu e me olha nos olhos. Primeiramente me assustei por ele não ter se mexido desde que chegamos. Engoli em seco mas agradeci o fato de Fernando estar entre nós na frente dele.

— Você tem os olhos de sua mãe. Se não fosse essa maldita guerra, ela ainda estaria viva hoje. - Disse ele enquanto virava o olhar para baixo e abria um pequeno sorriso no canto da boca.

— Como você me conhece? Como conheceu minha mãe? - Levantei do banco e um pouco o tom da voz.

— O que eu falei sobre chamar atenção? - Fernando me olhou sério.

Sentei de volta no banco, o encarando curiosa e sendo claramente ignorada. Noto que vem entrando 3 caras que pareciam procurar por alguém. Dois deles usavam roupas de cowboy, como se realmente estivesse no velho oeste. Mas o da frente que parecia o líder deles, vestia uma calça jeans como a minha, uma blusa preta em cima. Por cima de tudo usava um sobretudo que ia até os pés. Usava um tapaolho no olho esquerdo e tinha uns pequenos cortes no rosto. Eram assustadores.

— Fer, ali - E olhei para os caras.

Ele olhou pra mim engolindo em seco. - Temos companhia, estamos de saída. - Me disse enquanto abaixou a cabeça e saímos andando entre as pessoas até passarmos pelo grupo que tinha entrado, que aparentemente vinha em nossa direção.

Ei, você! - Disse o líder em voz alta e silenciando todas as pessoas ao redor.

Fernando parou de andar e levantou a cabeça sem dizer nada.

— Você mesmo, seus dias fugindo acabaram!

Fernando e eu nos encaramos confusos e olhamos para trás pra entender com quem de nós o cara estava falando. Foi então que vimos que ele estava falando com o nosso informante e não com nós dois. Fernando abaixou a cabeça, segurou minha mão e fomos seguindo em frente. Alguns passos até a saída e ouvimos o informante levantar a voz.

— Finalmente, não aguentava mais esperar. - Ele se levantou se virando enquanto o chapéu ainda cobria seus olhos que fitavam o chão.

— Você me deve respostas? - Disse o líder aparentando ficar estressado.

— Se quer respostas, venha pegar. - Levantou o chapéu olhando para o líder.

Então ele sacou 2 revólveres e deu um chute em uma mesa, que caiu deitada e usou como escudo. Eu e Fernando nos jogamos ao chão pelo tiroteio ter estourado ali dentro. Era incrivelmente conveniente que todo mundo ali tivesse um revólver.

Fui engatinhando entre as mesas enquanto via alguns corpos caindo ao chão. Tinha perdido Fernando de vista em meio a bagunça, mas ele devia estar bem. Ao chegar em uma parede mais afastada da confusão, levantei devagar e notei que o informante estava cercado pelos 3. Algo em mim não queria deixa-lo ali, queria que ele respondesse sobre como ele sabe da minha família.

Nessa hora lembrei de minhas adagas que Fernando me deu. Aproveitei que o fogo estava cessando e vários dos corpos estavam no chão, peguei 3 e sai correndo. Arremessei uma de cada vez, acertando exatamente nas armas deles. Em seguida pulei e rolei no chão pegando duas delas e apontando para o líder. Estava a 3 metros dele.

— Eu sei que você não sabe usar isso. Eu te conheço muito bem, menininha! - Ele sussurrou se aproximando e sorrindo.

Aquela voz, eu sabia que conhecia aquela voz! Ele estava vivo. Eu não o matei. Ele era o atirador de elite que enfrentei a 1 ano e meio em minha primeira missão. No mesmo momento que ouvi isso, comecei a tremer muito e suar frio. Não conseguia mais mirar nele. Se precisasse não seria capaz de puxar o gatilho. Nunca fui tomada por tanto medo antes.

— Menina tola, saia daqui enquanto tem sua vida. - Disse o informante com dificuldade para respirar. Notei que ele tinha sido atingido no abdômen.

Fernando rapidamente pegou um pedaço de madeira de uma cadeira e enquanto estávamos conversando e apagou os outros 2 capangas. Só restaram conscientes, nós, o líder e o informante. Em seguida pegou a terceira arma que tinha caído no chão e mira ao líder.

Segundos​ depois, ouvimos um barulho de motor muito alto vindo do lado de fora. Até parecer que ele estacionou na porta por onde entramos. Nós 4 olhamos para a entrada e vimos um cara entrando.

Ele era alto, usava uma espécie de máscara com chifres que cobria todo seu rosto, seus olhos brilhavam verde. Seu corpo era coberto por uma espécie de chapa de ferro que definia seu corpo. Usava um sobretudo azul bem escuro, com rasgos embaixo. Sua mão esquerda usava uma luva de couro com placas de ferro, da mesma cor de seu sobretudo. A direita era um pouco maior que a outra e cinza como se fosse petrificada. Sua mão e braço direito continham várias rachaduras verdes enquanto segurava uma espécie de revólver grande que continha dentes. Em seguida ouvimos suas primeira palavras.

— Onde ela está?

— Droga. Você denovo. - Diz o homem do tapaolho enquanto coloca a mão sobre seu coldre para pegar o revólver. Que no caso estava em minha mão.

— Sem essa! - Digo segurando sua arma ainda apontando para ele. Ainda estava tremendo bastante. Mesmo com aquela coisa apontando um revólver gigante para a gente, esse cara ainda me dava mais medo.

— Exatamente. Agora respondam ou acabarei com todos vocês. - Aquela coisa disse quando seu revólver começa a expelir uma luz verde pelo tambor.

Estava com muito medo, tinha meu maior pesadelo em minha frente e um revólver em minha direção. Um silêncio se estabeleceu.

— Vocês escolheram seu destino. - Disse e puxou o gatilho.

Exatamente quando ele termina de falar, Fernando chuta uma mesa em minha direção. O Projétil era verde e bem fino, foi mais rápido do que eu conseguia acompanhar. O tiro acertou exatamente na mesa, que acabou por ser destruída em milhares de pedacinhos.

Enquanto os pequenos cacos vão caindo, Fernando corre em sua direção e o acerta um chute com muita força, o arremessando direto em uma parede e seu revólver cai no chão. Eu tento levantar o informante e tira-lo dali, e o homem do tapaolho sai correndo. Disparo 5 vezes na tentativa de acerta-lo e mais uma vez não chego perto. Meu maior pesadelo acaba de fugir de mim.

Fernando começa a lutar com ele que se desencosta da parede. Tenta dar um soco em sua direção, mas Androxus segura com o braço.

— Você não é o único forte aqui! - Respondendo ao soco de Fernando. Em seguida o desmaia com uma joelhada muito forte no estômago, o tira do chão segurando pelo pescoço e o arremessa em minha direção, deixando nós 3 no chão. Fernando cai já desmaiado.

Ele pega o revólver novamente e mira em Fernando que tentava se levantar. Eu estava com medo, estávamos enfrentando algo que nunca tínhamos visto antes.

— Irá pagar por isso - A coisa responde se preparando pra puxar o gatilho.

Novamente penso em milhões de coisas, meus pais, Elizabeth e agora Fernando? Quantos mais morrerão ao meu lado enquanto não faço nada? Entrei em sua frente, de costas para Androxus enquanto fechava os olhos.

— Ninguém mais vai morrer por mim! - Digo para Fernando que ainda está desmaiado no chão.

~ Agora acabou. ~ Penso em minha cabeça.

2 segundos de silêncio e abro meus olhos. Noto que ainda estou de pé e não estou ferida. Vejo sangue se espalhando pelo assoalho e olho pra trás. O informante entrou em minha frente antes que o projétil me atingisse. Ele cai de joelhos e depois de lado.

— NÃÃÃÃO, POR QUE FEZ ISSO? - Eu gritei enquanto começava a chorar e caia pra segurar o corpo dele ainda com vida.

— Garota estúpida, eu falei para dar o fora daqui. - Disse ele sorrindo em seguida tossindo sangue. - Desculpe fazer você quebrar essa promessa. É uma honra morrer olhando esses olhos azuis novamente. - Disse dando uma pequena risada e perdendo o ar em um último suspiro. O projétil o atingiu exatamente no peito, na região do coração. Eu olho para a coisa que ainda estava com o revólver apontado pra frente.

— VOCÊ VAI PAGAR POR ISSO! - Grito enquanto solto o corpo e saio correndo em sua direção levantando o punho.

— Eu não estava atrás de você. Ele era meu alvo! - Ele respondeu enquanto segurava meu soco com uma mão e torcia meu pulso. Nesse momento dou um grito de dor. - Não esteja mais em meu caminho. - Disse soltando meu pulso e me dando um chute de sola na barriga, me arremessando no chão perto de Fernando. Em seguida vira de costas e caminha para fora do bar.

Eu o assisti sair extremamente frustrada. - Quem é você? - Perguntei rangendo os dentes.

— Muitos me chamam de "Matador de Deuses", mas você pode chamar apenas de Androxus. - Respondeu antes que deixasse o estabelecimento. Em seguida subiu em sua moto estilo Chopper, que estava do lado de fora e saiu queimando a terra com um fogo verde que saía das rodas.

Paso alguns segundos fitando a saída e me lembro de Fernando. Rapidamente olho pra trás e o vejo acordando.

Ele colocou a mão na cabeça e se ajoelhou no chão. - Argh, que dor. Aonde ele está?

— Você está bem, ainda bem, ainda bem que não foi atingido. - Digo enquanto abraço ele.

— O que aconteceu? - Ele pergunta confuso ainda retomando a consciência. Em seguida contei todo o acontecido enquanto saímos do local. Mas ao ouvir a história ele ficou nervoso.

— Não devia arriscar sua vida dessa forma. Eu sabia o que estava fazendo! Bom...acabou saindo um pouco do controle, mas você se arriscar por mim não fazia parte. - Ele fica nervoso comigo.

— Desculpa! Eu só não podia te perder também. - Soltei seus braços e fiquei fitando o chão com os olhos cheios de lágrimas.

Ao ver como estava assustada, ele me abraça. - Desculpa por falar com você desse jeito. Eu também tenho medo de perder mais alguém. Você lembra muito minha irmã.

Era a primeira vez que e cita uma irmã. Ainda estava com dúvidas​ desde o dia que vi os quadros em sua casa. Mas mesmo assim não toquei no assunto, não devia ser a hora. Retribuo o abraço e sinto que mais uma vez estava começando a me acalmar.

— Vamos nos acalmar e seguir a missão certo? - Ele diz me soltando.

Eu seco as lágrimas com um pequeno sorriso e assenti com a cabeça.

— O informante nos deu as coordenadas, temos o próximo passo. - Completa Fernando.

Nesse momento paro para lembrar do informante, sobre quando ele disse que pareço com minha mãe. Não terei respostas sobre isso tão cedo. Androxus e Skye. Quantos mais inimigos vou fazer antes de que essa missão acabe?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo. Obrigado por terem lido.

Comentários sem inspiram o autor. Comente o que achou. :D



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