— 2, 1 e vai! - Ela gritou.

O homem começou a usar a força empurrando o braço de Amy para trás. A garota não estava expressando reação alguma, apenas o encarava.

— Você é bem forte pra uma garotinha. Parece que não vou poder cumprir a promessa de não te machucar. - Ele falou começando a forçar mais. Sua veias do braço e da cabeça começaram a saltar de tanto esforço.

— Eu...preciso de um banheiro. - A morena diz cambaleando em nossa direção.

— Eu te...ajudo. - Cassie cambaleou da mesma forma na direção da morena e assim que as duas se aproximam, a ruiva a abraça e instantaneamente a beija sem mais nem menos em nossa frente.

Todos ficamos completamente chocados, enquanto Evie parecia um pimentão de tanta vergonha.

— Era isso que eu temia. - A azulada se dá um facepalm.

— Ahahaha. Você me deve. - Jess gritou enquanto ria para Emily que estava perplexa, mas logo abaixou a cabeça quando notou que Evie a mandou um de seus olhares mortíferos.

Após separarem a boca, a ruiva começa a sussurrar algo no ouvido da morena, a deixando perplexa e com as bochechas totalmente vermelhas. Em seguida caminha cambaleando na direção do banheiro com uma expressão sugestiva no rosto.

— Eu tô...apaixonada. - A morena murmura caminhando lentamente para o mesmo lugar da ruiva.

— Não virei médica pra cuidar de ressaca. - Ying Levanta enfiando uma mão em sua lente flutuante. Assustadoramente sua mão atravessa, como se a lente não tivesse fundo.

— Como faz isso? - Perguntei admirada.

— Toda mulher tem sua bolsa. - Ela responde puxando a mão segurando dois frascos e caminhando em direção ao banheiro.

Enquanto isso, os homens gritavam como torcida para o cara enquanto voltávamos a assistir e dávamos risada das expressões que ele fazia de tanta força.

Amy quase deixou seu braço encostar na mesa e olhou nos olhos do cara enquanto ele ainda estava confiante.

— Nunca mais pense em colocar essas mãos sujas em cima da Ying! - Ela murmurou fazendo só ele ouvir e no final virou o braço com força, quebrando a mesa ao meio, o derrubando no chão e vencendo o duelo.

— Vocês vão...pagar isso, certo? - O bartender pergunta ao nosso lado, não parecendo admirado com a força da albina, diferente de todos os outros homens ali.

Eu apenas entrego os 200 euros de Kinessa e ele abre um pequeno sorriso enquanto conta as notas.

Os homens pararam de gritar e começaram a olhar assustados para ela. O cara se contorcia de dor pelo seu braço recém quebrado.

— Isso serve de lição para todos vocês! - Ela fala calmamente olhando por cima do ombro para todos os homens que estavam quietos. Em seguida volta para o balcão que estávamos, passando por cima do cara caído e até pisando sobre ele.

Nós comemoramos e demos risada da situação enquanto ela volta como uma heroína e é recebida por Tony com um high-five de gêmeos.

— Temos dinheiro suficiente para dormir em um hotel de luxo. - Emily olhou surpresa para o todo o dinheiro que conseguimos.

— Onde estão Ying, Cassie e Kinessa? - Amy pergunta olhando em volta.

— Você não vai acreditar... - Emily começou.

— Isso tem um gosto horrível. - Cassie diz saindo tossindo do banheiro.

— Tem gosto de peixe com feijão. - Kinessa diz tossindo da mesma forma.

— Receita caseira para o bem de vocês. Pensem em beber denovo hoje e eu... - Ying dizia de forma assustadora até notar que estávamos assistindo sua ameaça. - Apenas sejam boas garotas. - Ela finaliza com um sorriso completamente meigo.

— Como foi lá dentro? - Evie perguntou emburrada.

— Se eu demorasse mais alguns minutos, teríamos uma cena para maiores. - A médica responde revirando os olhos.

— Nada aconteceu, certo? - Murmurou Cassie com uma expressão de derrotada e o cabelo bagunçado

— Fechado. - Respondeu a morena respirando fundo e esticando o punho para que a ruiva tocasse.

— Fechado. - Cassie respondeu tocando.

— Então...vamos? - Jess se levantou.

— Eu aumento a aposta. - Disse uma voz masculina.

— E quem quer...desafiar minha...campeã? - Kinessa pergunta arrumando seu cabelo.

— Eu. - Um homem musculoso de uns 2 metros de altura que tinha a pele bem clara e algumas cicatrizes no rosto, careca com um bigode tipo mustache, grisalho. Vestia uma camisa de lenhador, uma calça jeans suja e uma galocha preta com barro seco. Sobre seu ombro esquerdo, carregava uma grande e aparentemente pesada âncora que tinha uma corrente enrolada em seu braço do mesmo lado. Aparentava ter pelo menos uns 60 anos de idade.

Vejo todos os homens sussurrando algo enquanto abrem passagem para ele que caminhava devagar até nós. Sinto que havia algo diferente nele, não era como os outros.

— Amy, cuidado. - Tentei a avisar.

— Você também teve a impressão? - Ela perguntou vendo que também notei que esse cara era diferente.

— Sim. - Confirmei preocupada.

— Você é muito mais forte do que parece, garota. - Ele fala com sua voz grossa e cansada.

Em seguida ele solta sua âncora no chão, rachando o assoalho abaixo dela.

— Temos aproximadamente 1500 euros sobre a mesa. Quanto tem a nos oferecer? - Kinessa pergunta curiosa.

— Pra ser sincero, não tenho interesse em dinheiro. O que acha de mudarmos o jogo? - Ele perguntou me preocupando.

— Qual o plano? - Kinessa pergunta cruzando os braços e caminhando até ele.

— Eu sou apenas um mercador viajante, se é que me entendem. Posso conseguir qualquer coisa que vocês quiserem, o que acham? - Ele propõe calmamente sua parte do acordo.

— Tentador. - Kinessa respondeu sorrindo. - Mas e se você ganhar?

— Eu fico com suas armas. Elas devem valer um bom preço. - Ele responde sorrindo.

— Sem chance. - Diz Evie sem querer abrir mão de sua varinha.

— Não posso ficar sem minha lente. - Responde Ying preocupada.

— Tanto faz. - Jess deu de ombros, fazendo todos a olharmos com reprovação.

— Amy, o que você acha? - Kinessa pergunta olhando para a albina.

Amy estava pensativa enquanto encarava o grandão. Não sabia o que ele tinha de diferente, apenas sabia que ele não era como os outros caras por algum motivo e isso a deixou com um pé atrás para o desafio.

— Você confia na sua força? - O homem pergunta calmamente a ela. No fundo ele não parecia ameaçador como os outros. Era bem mais simples e estava nos tratando com respeito.

— Claro que confio. - Ela respondeu levantando uma sombrancelha.

— Então não tem o que temer. - Ele responde cruzando os braços.

— Esse cara não é como os outros. Ele também é inteligente. Tem alguma coisa especial nele. - Concluiu Emily, como eu e Amy.

Ela continua pensando e finalmente decide. - Aceito. - Ela fala para o cara e Kinessa.

— Tem certeza? - Emily pergunta preocupada.

— Sim. Não vou perder. - Amy responde serrando o olhar em direção ao homem.

— Então qual sua proposta de jogo? - Kinessa cruza os braços.

— Uma luta. - Ele fala calmamente e todos nós, inclusive os homens que assistiam se assustam.

— Como é? Você não vai lutar com ela. - Ying Diz indignada.

— Se você me derrotar em menos de 10 minutos, você vence. Excedendo esse tempo, a vitória é minha. - Ele propõe.

— Você não acha isso um pouco injusto? - Kinessa ficou indignada

— Se eu te derrotar em menos de 5 minutos, você nos concederá a sua parte do acordo e mais uma carona até a capital. - Amy respondeu nos deixando surpresos com a ousadia.

— Você tá falando sério? - Kinessa ficou perplexa.

— Não vou demorar tudo isso. - Ela diz sorrindo e estralando seu pescoço, mostrando estar confiante.

— Fechado. - Ele diz sorrindo.

— Fechado. - Ela vai caminhando para fora do bar e arregaçando as mangas, enquanto todos abrem caminho para ela.

— Peço para que fiquem aqui. Pode ser mais seguro. - Ele diz antes de ir para fora.

Apenas nos entre-olhamos e assentimos, indo para as janelas. Para Kinessa entregamos nossas armas e ela coloca em um lugar seguro.

— Você e a pequena não usam armas? - Ele pergunta curioso para Amy, se referindo a Emily como pequena.

— Com esse pessoal, não preciso de armas. - A baixinha responde dando de ombros.

— Eu sou a arma. - Afirma Amy ainda serrando o olhar em sua direção.

— Estamos de acordo? - Kinessa esticou a mão para cumprimenta-lo, como fechando um acordo.

— Estamos! - Ele responde apertando a mão da morena.

— Fechado. - Kinessa respondeu sorrindo.

Os dois pegaram distância de quase 10 metros um do outro e se encararam.

Ele puxou sua âncora pela corrente e a segurou na mão, como uma arma. Amy estava de costas para um muro enquanto ele estava de costas para o bar.

Eu e o pessoal ficamos preocupados e esperávamos que ela pudesse resolver isso logo e não se machucasse.

— 2... - Kinessa fazia a contagem regressiva enquanto consegui ouvir o homem falando para Amy.

— Você é corajosa. - Ele falou sorrindo.

— 1... - Continuou a morena.

— Por que acha? - Amy perguntou.

— Agora! - Gritou Kinessa.

— VOCÊ DESAFIOU MAKOA! - Ele gritou e em seguida a aura dos dois se espalharam pela rua inteira.

Amy entrou instantemente em seu modo de batalha e disparou em alta velocidade na direção do grandalhão, mas na hora que iria acertar um soco em seu corpo, ele consegue a acertar antes com a âncora, a arremessando com muita força para trás e voar até o muro que acabou sendo destruído.

— Amélia. - Emily gritou quase pulando pela janela.

— Ela...ela não... - Murmurou Kinessa assustada.

— Levanta e acaba com ele. - Tony gritou fazendo todos que achavam que a luta acabou, olharem pra ele.

— Vamos, reage. - Murmurou Ying apreensiva.

Makoa caminha lentamente em direção aos escombros, até que ouvimos o grito da albina que parte novamente na mesma velocidade para cima do grandalhão.

Ele iria a acertar da mesma forma, mas ela se esquivou e tentou acertar uma sequência de golpes nele, mas que não tinham efeito algum. Makoa era atingido mas não chegava nem a ser empurrado, como se sua pele fosse um casco.

Amy recua respirando ofegante e nota eu seus dedos estão começando a ser machucados. Não que ela se importasse.

— Quanto mais atacar, mais vai se machucar. - Ele falou arremessando sua pesada âncora na direção de Amy que desvia facilmente, a deixando acertar e quebrar parte da rua.

Amy aumenta sua aura e além do brilho vermelho, aparecem algumas labaredas negras. As marcas vermelhas em sua pele começam a se espalhar pelo rosto, braços e mãos.

A pressão da energia dos dois eram enormes, até ficando um pouco mais difícil de respirar, como se o ar estivesse ficando mais pesado. De alguma forma estavamos tão preocupados com as armas que a pressão não chegava a ser um grande incômodo.

Makoa parecia confiante da mesma forma que a albina, ou apenas planejando algo. Sua aura era azul claro e diferente de Evie ou Amy, seus olhos não brilhavam quando alcançava tal nível de poder, como se estivesse longe de seu limite.

Já Amy aparentava estar se esforçando muito, mesmo em seu modo de combate. O vento que a energia de sua aura deslocava fazia seu cabelo balançar pra cima e até levantar poeira do chão.

— O tempo está acabando. Você não disse 5 minutos? - Provocou o grandão enquanto recolhia sua âncora.

Ela dispara mais uma vez em sua direção, mas muito mais rápido que a primeira vez. Em poucos centímetros de distância, consegue acertar um chute em seu peito, mas nem o empurrou para trás.

— Mas o que? - Ela diz se surpreendendo com a resistência dele.

Antes que ela pudesse recuar, ele segura sua perna e a arremessa de volta no mesmo muro que haviam destruído.

— Se pretende me vencer, use todo seu poder. Caso contrário, devia desistir o quanto antes. - Ele falou limpando a marca do tênis dela em sua camisa.

Amy levantou respirando fundo e fechou os olhos, fazendo sua aura aumentou mais ainda, mas em seguida desaparece de repente, nos deixando confusos.

— Eu...eu não posso. - Ela falou ofegando.

— Você não pode ultrapassar seu limite? - Ele pergunta surpreso e aparentemente irritado.

— Eu acredito em você. Eu sei que você consegue controlar. - Tony gritou a deixando surpresa.

— Mas... - Ela tentou justificar.

— Vai dar certo. Confia em mim. - Ele disse aparentemente ansioso.

— 1 minuto. - Gritou Kinessa deixando os outros homens mais eufóricos com a luta.

— Certo. - Ela diz fechando os olhos e respirando fundo.

Sua aura começa a voltar gradativamente junto das marcas, que a deixaram no mesmo estado que estava antes de quase desistir. Conforme a aura aumenta, as marcas começam a se espalhar pelos braços e as dos rostos começam a aumentar, deixando o vermelho em maioria sobre sua pele, no lugar do branco pálido.

— 30 segundos. - Kinessa gritou quase pulando no meio da rua e batendo em Makoa por conta própria.

— Quanto...poder. - Evie diz abismada, aparentemente querendo admitir que a albina era mais poderosa.

As marcas acabam por tomar sua pele inteira, transformando a palidez em uma pele totalmente vermelha.

— Será que ela sabia que tinha todo esse poder dentro de sí? - Cassie perguntou.

— Nós sempre soubemos. Mesmo tendo o mesmo poder, ela é muito mais poderosa que eu. - Tony diz olhando a gêmea alcançando o limite de seu poder.

— 15 segundos. - Kinessa gritou suando.

— Sem chance dela ganhar. - Um dos caras falou dando risada, até todos notarmos que dois chifres começam a surgir na cabeça dela, como os de um demônio e sua blusa rasga nas costas, saindo duas asas como as de morcegos.

— Mas o que? - Evie grita perplexa, enquanto todos os caras faziam silêncio.

— Ela vai matar a todos, corram! - Outro homem gritou e todos começaram a correr com medo para fora e fugirem de perto.

Surge um brilho branco nos olhos de Makoa e ele sorri. - Agora pode ser que você tenha chance de... - Ele dizia até ser interrompida por Amy que em menos de um segundo avança em uma velocidade extremamente maior do que antes, o acertando um soco na barriga e o jogando na direção do bar, com muito mais força do que havia sido arremessada no começo.

Ele atravessa a parede e sua âncora acerta o teto da construção que em seguida começa a ser demolida aos poucos. As primeira pedras que caem, coincidentemente tapam nossa única saída que era a porta,

— Vamos fica no bar, o que poderia dar errado? - Evie diz fazendo um facepalm em sí mesma.

— Vamos morrer. - Disse Jess abraçando Tony e olhando o teto começar a cair, quase nos atingindo.

— Evie, o escudo. - Falei para a azulada que começou a formar o escudo, mas não rápido o suficiente para que a contrução não fosse demolida sobre nós.

Alguns segundos se passam e todos estávamos abraçados aguardando o pior e noto que estarmos envolvidos em duas asas enormes, que jogaram todo os destroços que estavam sobre nós, para longe.

— Estão todos bem? - Perguntou Amy em seu novo modo demônio.

De perto consegui ver os detalhes, a palidez de sua pele havia se tornado completamente vermelha e as marcas antes vermelhas, haviam se tornado negras. Seus olhos totalmente vermelhos viraram negros com pupilas roxas super brilhantes e um corte no meio, como um dragão. Seus chifres curvavam levemente para trás e suas asas de morcego esticavam pouco mais de 1 metro e meio de comprimento, quando esticadas. Haviam surgido duas presas no lugar dos caninos, que dava para notar quando ela abria a boca.

— Você venceu. - Emily falou com um enorme sorriso no rosto.

— Você conseguiu controlar. - Tony da um pulo comemorando.

— Eu...consegui? - A albina se perguntou curiosa olhando seus braços e passando a mão por seu corpo. Pelo visto só havia realmente notado agora.

— Você é incrível. - Evie sussurra admirada e de queixo caído.

— Eu tenho chifres e asas! - Ela afirma surpresa e da uma leve risada, que mais pareceu um rugido e fez ficarmos em silêncio assustados.

— Eu sabia que ia conseguir. Eu acreditei em você. - Tony a abraçou sorrindo.

— Você é demais, pequena. - Kinessa coloca a mão sobre seu ombro.

— Espera, você matou ele? - Ying perguntou assustada, deixando a albina com uma expressão de preocupação no rosto.

— Eu...espero que não. - Ela responde enquanto noto que vai voltando ao seu modo normal.

Sua pele vai clareando novamente e as marcas vão sumindo. Suas asas começam a esfarelar como mágica pelo vento, da mesma forma que seus chifres. Suas presas voltam ao tamanho normal dos caninos e seus olhos voltando para o branco com pupilas vermelhas.

Em seguida ela cai de joelhos ao chão respirando bem ofegante.

— Nunca vi alguém usando tanto poder como você. - Diz Cassie a ajudando a levantar.

— Pra ser sincera, nem eu. - Amy se levanta e alonga as costas com os braços para cima.

Em seguida, alguns entulhos começam a se mover e nos assustamos com o que sai dali. Se tratava de uma tartaruga de aproximadamente 2 metros de altura com o rosto no formato do rosto de rinoceronte, mas sem o chifre. Em sua cabeça havia orelhas mais parecidas com pequenas barbatanas.

— O...o que é aquilo? - Jess perguntou assustada.

Quando ele puxa seu braço esquerdo dos entulhos, noto que as correntes da âncora estavam presas da mesma forma que estava em Makoa.

— Makoa? - Pergunto devagar me aproximando?

— Essa doeu...só um pouquinho. - Ele diz respirando fundo e esticando as patas pra cima para alongar, como Amy havia feito.

— Do que você é feito? - Evie pergunta assustada ao ver que ele também estava transformado.

— Vocês se machucaram? - Ele perguntou preocupado.

— Não, graças a ela. - Ying diz aliviada.

— Ufa. Ainda bem. - Ele comenta e senta sobre os escombros.

— Você sabe que temos muitas perguntas, certo? - Emily falou bem curiosa pra ele.

— Claro. - Ele respondeu dando de ombros.

— O que você é? - Tony pergunta.

— A pergunta certa é, o que nós somos. - Ele responde pacientemente. - Humanos que são usuários do soro são mais poderosos que humanos normais. Mas poucos anos depois da criação do soro, descobriram que seu limite poderia ser atingido facilmente caso utilizasse DNA animal.

Quando ele termina de falar, lembro que Drogoz havia feito a mesma coisa para ser mais poderoso.

— E você fez isso em busca de poder. - Concluiu Emily.

— Eu fui uma cobaia. - Ele revela fazendo Emily se sentir idiota pelo que havia dito.

— Como eu também posso, se não passei por esse experimento? - Amy perguntou descrente do que ele dizia.

— Claro que passou. Notei em seus olhos quando duelou contra o outro idiota. - Ele da de ombros e começa a voltar a forma física humana. Do senhor careca, musculoso, bigodudo e alguns centímetros mais baixo.

— Onde estão nossas armas? - Evie pergunta preocupada com sua varinha.

— Eu as peguei a tempo. - Kinessa respondeu mostrando nosso arsenal jogado aos nossos pés - Você nos deve uma carona. - Ela comentou em um suspiro e olhando para o céu estrelado.

— Estão certas, trato é trato e parabéns Amélia. Sabia que conseguiria controlar. - Ele falou dando uma risada cansada.

— Como tinha tanta certeza? - A albina perguntou o encarando.

— É uma longa história. Conto a vocês no caminho. - Ele diz nos guiando para fora dos escombros, jogando as grandes pedras para os lados com sua âncora.

— Eu disse que ele não era normal, agora você me deve um desejo. - Emily cantarolou para Jess.

— E o que você quer? - A esverdeada revira os olhos ficando emburrada.

— Quero ficar em seu pescoço. - A baixinha responde de forma fofa levantando os braços.

A mais velha respira fundo e a pega no colo, colocando-a sentada em seu pescoço.

— Ahahaha. Sou a dona do mundo. - A pequena cruzou os braços nos olhando de cima.

Caminhando calmamente chegamos em uma espécie de doca improvisada e ali havia um barco do tamanho de um pesqueiro, até que grande só pra ele. Ele ainda era misterioso, mas não podíamos esperar muito de um viajante de mercado negro.

— Então para a capital? - Ele pergunta enquanto subimos as escadas externas para ficar a bordo.

— Por favor. - Jess responde limpando o suor de sua testa enquanto subia com Emily ainda sentada em seu pescoço.

Ele entra na cabine do barco e vamos atrás. Não era um barco muito grande, mas tinha um bom espaço para todos.

A cabine era meio bagunçada, algumas tralhas, quadros, pergaminhos e antiguidades largadas nos cantos, mas para nós, havia 2 sofás velhos, rasgados mas bem confortáveis.

— Perdão senhoritas. Eu esqueci de perguntar quem vocês são. Anthony e Amélia eu já conheço. - Ele diz gentilmente.

— Só quero saber como. - Tony murmura curioso.

— Maeve. - Falo me encostando no sofá e cruzando as pernas.

— Evie. - A azulada responde virando o rosto.

— Cassie. - A ruiva responde abrindo um simpático sorriso.

— Kinessa. - A morena responde piscando e sorrindo para ele.

— Ying. - A médica responde abrindo um sorriso com vergonha.

— Jess. - A esverdeada responde suspirando, enquanto a pequena ainda estava em seu pescoço.

— Emily. - A baixinha responde apoiando os cotovelos no cabelo verde da mais velha.

— Muito prazer. - Ele diz assentindo com a cabeça e da a partida no motor.

— Você ainda nos deve uma. - Amy comentou.

— Sim, mas por que isso vem ao caso? - Ele levanta uma sombrancelha.

— Por que não se junta a nós? - Ela propõe nos fazendo pensar sobre o assunto.

— Verdade, você é forte e bem esperto. Seria de boa ajuda. - Cassie completa.

— Não estou interessado em me meter nessa guerra. - Ele responde de forma grosseira.

— Já esqueceu que nos deve? - Kinessa levantou a sombrancelha e cruzou os braços com um pequeno sorriso.

Ele a olhou e respirou fundo. - Tenho que pensar duas vezes antes de abrir minha boca. - Ele fala em repreensão a sí mesmo.

Alguns minutos passam e todos estão em silêncio. Eu via que o fato de Karol não estar ali, estava matando os gêmeos de dentro pra fora.

— Amy. O que houve com a Karol? - Pergunto quebrando o gelo.

— Ela...ela perdeu o controle da sua segunda alma. - Ela responde com um peso no olhar.

— A Lacrima usada na Karol continha uma alma poderosa demais pro corpo dela. O único lugar que essa alma poderia se manifestar são os olhos, então criaram um selo pra conte-la. O selo só poderia ser rompido... - Dizia Tony.

— ...caso seus olhos fossem abertos. - A albina finalizou.

— Quer dizer que...ela não é cega de verdade. - Concluiu Evie.

— Ela só não pode abrir os olhos. - O albino explica.

— Então esse selo foi rompido? - Emily questionou pensativa e descendo do pescoço de Jess que respira aliviada.

— Sim. Precisamos encontrá-la urgentemente. - Amy responde preocupada.

— Mas...por que uma alma tão poderosa? - Pergunto indignada.

— Depois que minha mãe nos abandonou, meu pai deixou de ser um homem que pensava muito na família. - Ele revela de cabeça baixa.

— E o que acontece se a alma for libertada do selo? - Pergunto pensando em um plano.

— Ela usaria o corpo da Karol e não tenho idéia para a trazer de volta. - Amy explica.

— Existe uma forma de separar as duas? - Me levanto e começo a caminhar para pensar melhor.

— Pelo que dizem as lendas, o único ser capaz de separar duas almas de um único corpo, era a sacerdotisa. - Jess entrou na conversa.

— Não exatamente. - Makoa interrompeu também entrando na conversa. - Não é necessário a própria sacerdotisa, somente seu coletor de almas. - Ele revela.

— Como sabe? - A esverdeada fica curiosa.

— Mercado negro. - Ele responde como se fosse comum.

— E onde está o coletor de almas? - Perguntei começando a me animar com o plano.

— Em posse das Forças Unidas. - Kinessa respondeu com a mão no rosto, destruindo meu sorriso. - Eu já o vi uma vez quando estava lá. Não parecia tão interessante quanto dizem que é. - Ela da de ombros.

— Vocês...estariam mesmo dispostos a nos ajudar a salvar Karol? - Tony pergunta.

— Claro que sim. - Cassie responde de prontidão.

— Ela é incrível. - Evie falou sorrindo.

— Ela se arriscou por nós. - Jess afirmou.

— E eu devo uma a vocês. - Makoa deu de ombros.

— Obrigada pessoal. - Amy abre um tímido sorriso.

Em seguida ouvimos um estrondo conhecido a distância. Ao sairmos da cabine, vemos um míssil acertando a água ao lado do barco e o fazendo balançar.

— Droga, eles nos alcançaram. - Kinessa falou expressando medo em sua voz.

Ao sair da cabine olhando para cima, vejo as luzes do dirigível que voava um pouco atrás de nós e bem alto. Ele tentava nos bombardear.

A essa altura já estávamos ficando sem opções de como reagir. Precisávamos de um novo plano.