Unchained escrita por LouisPhellyppe


Capítulo 33
Hidden Memories




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— Mamãe? Papai? Tem alguém aqui? - Pergunta a pequena criança perdida no escuro.

— Seus pais não estão aqui. Apenas eu estou. - Responde uma conhecida voz. Só não conseguia me lembrar de quem.

— Onde eu estou? Onde está todo mundo? Por que está tudo tão escuro aqui?

— Você é uma garota corajosa. Não sente medo dessa escuridão?

— Não! Mamãe me ensinou que não tenho que ter medo do escuro por que ele não pode machucar.

— Mamãe, você se lembra dela?

— Eu lembro um pouco. Não sei porque mas só um pouco.

— É mesmo? E o que lembra?

— Lembro que ela é muito linda e cozinha muito bem. Ela sempre me leva junto quando vai fazer compras.

— E o seu pai?

— Papai é muito inteligente​ e não fica muito tempo em casa por causa do trabalho. Eu espero ele chegar do trabalho antes da hora de dormir, porque ele sempre conta histórias pra mim. Ele me falou uma vez que nenhuma outra criança conhece essas histórias por que ele mesmo criou.

Alguns segundos em silêncio deixaram a criança um pouco mais tensa no escuro.

— Como eu faço pra ir embora daqui? Esse escuro ta começando a me assustar.

— Maeve, quando foi que viu seus pais pela última vez?

— Ontem na hora de dormir. Papai me contou uma história e depois eu dormi. Agora eu to aqui.

— E sobre o que era a história?

— Era sobre uma rainha que tinha poderes de gelo. Todos tinham medo dela, então ela se isolou do mundo e viveu sozinha por anos.

— O que houve depois?

— Ela foi encontrada por uma garota que não sentiu medo de seus poderes.

— Por que não sentiu medo?

— Porque elas eram iguais.

— Elas duas tinham poderes?

— Não, elas duas eram temidas por todos.

— Que linda história. E sua mãe, quando você a viu pela última vez?

— Ontem! Eu e ela fizemos juntas o meu bolo de aniversário.

— Espera, aniversário? Quando você fez aniversário? - A voz diz surpresa como se tivesse esquecido ou percebido algo.

— Ontem foi meu aniversário. Passei o dia inteiro com a mamãe e ouvi uma história do papai de noite, do jeito que desejei que seria.

Foi ouvido um suspiro surpreso da voz que conversava com garotinha e o silêncio se instalou por mais alguns segundos.

— Quantos anos você fez ontem, Maeve?

— Eu fiz 4 anos! - A criança tenta mostrar o número 4 com os dedos no escuro, mesmo sem saber se tinha realmente alguém alí.

Mais alguns segundos se estabeleceram e a voz retorna.

— Maeve, me desculpa, mas seus pais...morreram.

— Papai e mamãe? Eles não morreram, por que está falando isso? - Responde a criança desacreditada.

— Você precisa acreditar, Maeve. Eles morreram a 4 anos.

— Não é verdade, papai me disse que nunca ia me deixar sozinha!

— Você não está sozinha. Você tem as pessoas que ama!

— Mas eu quero o papai e a mamãe. - A criança começa a choramingar.

— Fernando, o irmão que você sempre quis! Skye, sua primeira melhor amiga! Evie, a primeira pessoa por quem sentiu amor! E não se esqueça de Elizabeth, que te amou como uma filha.

— Papai e mamãe não podem morrer, eu ainda preciso deles.

— Ainda não é a hora, Maeve.

— Hora do que?

— Acorde!

— Espera, ainda não é hora do que?

— De sua morte!

— Minha morte?

— Acorda, por favor acorda. - Ouço uma voz estridente me chamando.

— Calma, ela está acordando. - Ouço mais uma voz.

Vou abrindo os olhos devagar e uma luz cegante invade minha visão.

— Ainda bem. Ainda bem que ela tá viva. - A voz aguda de Evie faz me lembrar do ocorrido.

— Evie. - Eu sussurro sem muita força.

— Não diga nada. - Ela diz enquanto me abraça com força.

Minha visão vai desembaçando e vou notando que estava de volta na casa de Ying. A noite havia caído e isso quer dizer que passei bastante tempo desacordada.

— Evie, cuidado. Vai matar ela de vez. - Diz Ying que estava do meu outro lado.

Ao olhar para a médica, vejo que usava uma luva de látex e o avental sujos de sangue.

— O que aconteceu com Ash e Lin? - Perguntei sem conseguir falar muito bem.

Meu corpo estava totalmente mole e minha visão estava bem fraca. As coisas estavam mais escuras que o comum, coisa que não era normal por conta dos meus poderes.

— Não é hora de falar sobre isso. Agora você tem que descansar. - Diz Emily sentada no chão aparentemente cansada.

Reconheço sua voz como a que estava conversando comigo. Ela era quem me perguntava as coisas.

— Era...era você na minha cabeça. - Digo olhando surpresa para ela.

— Sim. Sua cabeça não é tão oca quanto imaginei. - Ela diz deitando no chão, exausta.

— Emily. - Ying olha a repreendendo mas é ignorada.

Em seguida Evie me solta de seu abraço e reparo que suas mãos, roupas e até o rosto estão bem sujos de sangue, me deixando assustada.

— Evie... - Digo assustada ao ver seu estado.

— Não foi fácil, mas nós conseguimos te salvar. Você perdeu muito sangue. - Ela diz sorrindo e limpando as lágrimas. - Por sorte nós temos o mesmo tipo sanguíneo e Ying pôde fazer uma transfusão para que não te perdessemos. - Em seguida mostra as marcas de furo em seus dois braços.

Ao olhar para baixo, noto que estou apenas de calça, não vestindo nada da cintura para cima. Devem ter retirado essa parte da roupa para não atrapalhar o processo da remoção da flecha. Minha mão que também havia sido atingida estava enrolada em várias faixas e ainda doía.

— O procedimento demorou tanto, por tomarmos cuidados para não ferir mais nenhum órgão importante. Quando conseguimos, eu notei que você perdeu o pulso e Evie entrou em pânico, foi quando Emily entrou em sua cabeça para tentar te acordar de vez. - Explica Ying.

— Foi bem rápido, mas cansativo. - Diz a baixinha deitada no chão.

— Mas conseguimos. - Evie comemorou sorrindo.

— É, eu sou incrível. - Ying suspira reclinando na cadeira. - Maeve, você precisa de repouso de pelo menos 1 semana apenas para poder andar. - Ela diz olhando em um relógio na parede.

— Mas...não tenho tudo isso. - Digo apoiando os braços tentando levantar.

— Não levante. - Evie me olha séria. Seus cabelos começam a flutuar com os flocos de neve que começou a exalar. - Não me faça te congelar nessa maca!

Vendo seu estado, eu engulo em seco, mas aceito e deito novamente.

Em seguida acabo por lembrar da batalha e lembro dos demais feridos.

— Onde estão Cassie e os outros? - Pergunto preocupada.

— Todos estão bem. - Diz Emily ainda jogada no chão.

— Nem tão assim. - Evie olha para baixo parecendo preocupada também.

— Aé, Cassie não acordou ainda, mas é por enquanto. - Completou a baixinha dando de ombros.

— Como vocês escaparam? - Perguntei olhando séria para Evie.

— Nós apenas recuamos e conseguimos voltar. - Ela respondeu sem me olhar.

— Nem todos. - Comentou a baixinha rolando pelo solo.

— Menos Amy. Ying e Jess a viram dando uma surra no chanceler e depois disso não temos nenhuma notícia. - Completa a azulada.

Ao terminar de falar, um silêncio ensurdecedor se instala na sala por alguns segundos e Ying o quebra.

— Emily, já está tarde e você tem que dormir tomar um banho e dormir. Vamos. - Ela falou levantando da cadeira.

— Mas já? - Reclama a pequena levantando e fazendo cara de choro.

— Sim. Vamos deixar elas a sós. - A doutora diz esticando a mão e indo em direção a porta.

A baixinha levanta resmungando mas vai junto com a médica.

— Podem ficar as duas aqui essa noite. E Evie, não deixe ela se esforçar ou levantar por qualquer coisa. - Ela completa sorrindo para a azulada, apagando as luzes e fechando a porta.

— Pode deixar. - Evie assente com a cabeça.

Ela se senta em uma cadeira do lado da maca em que eu estava e me fita com um olhar mais calmo e despreocupado.

— Então você... - Começo a falar tentando puxar assunto, mas sou interrompida por um caloroso beijo de surpresa.

Como na primeira vez, é uma sensação que toma conta de mim, meu coração acelera e sinto meu corpo inteiro ficando arrepiado. Claramente correspondo colocando a mão atrás de sua cabeça para não deixar se afastar tão depressa, mais uma vez queria que aquele momento fosse eterno, mas durou apenas alguns segundos.

Assim que separamos nossas bocas, ela deita sua cabeça sobre meu peito, ainda sentada na cadeira e entrelaça seus dedos nos meus.

Um silêncio se estabalece por mais alguns minutos enquanto nossos corações vão se acalmando.

— Maeve.

— Sim?

— Eu te amo! - Ela diz levantando a cabeça e me olhando nos olhos, bem próxima de meu rosto.

Sinto meu rosto ficando rosa e minhas bochechas esquentando, mas não podia deixar de dizer o mesmo. Eu sabia que também sentia isso por ela.

— Eu também te amo. - Digo com um pequeno sorriso também a olhando nos olhos.

Ela da uma risadinha e continua a me fitar com um olhar totalmente apaixonado.

— Eu sei disso, Emily me disse enquanto lia sua mente. - Ela coloca a cabeça no meu peito novamente. Parecia feliz e calma, mesmo por todos os contratempos que estamos tendo.

— Ela disse? - Digo sentindo minhas bochechas esquentarem.

— Ela nos contou sobre você não lembrar direito dos seus pais por algum motivo. De alguma forma isso faz sentido por eu mesma também ter começado a esquecer. - Ela diz levantando a cabeça e olhando para baixo.

— O que isso devia significar?

— É a resposta que vou tirar das Forças Unidas quando voltarmos para a França. - Ela fala aparentemente determinada a descobrir de qualquer forma.

Após alguns segundos em silêncio eu fico pensando no sonho que tive enquanto Emily estava em minha cabeça. Por mais que tentasse, não conseguia lembrar do que conversamos.

— Emily te contou o que viu em minha cabeça? - Pergunto curiosa.

— Ela me disse apenas seus sentimentos sobre mim. Me disse que são reais e que realmente sente por mim. - Começou a olhar com vergonha pela janela, mas ainda com um sorriso no rosto.

— Ela falou algo sobre meus pais?

— Não. Acha que ela pode descobrir o que você não lembra?

— Talvez. - Respondo começando a pensar e olhar para cima.

Mais alguns segundos de silêncio se passam.

— Você tem que descansar. Não pode se cobrar muito em nada, ainda corre risco pelo tanto de sangue que perdeu. - Ela diz levantando e passando as costas da mão na testa como se estivesse limpando suor.

— O que vai fazer?

— Vou ver como Cassie está e pegar uma roupa para um banho, logo eu volto. - Ela vai indo em direção a porta.

— Pode me trazer uma roupa limpa? Acho que também preciso de um banho. - Digo olhando para meu corpo e roupas sujos de sangue seco. Não vestia nada da cintura pra cima, além de um curativo enorme sobre meu abdômen.

— Pode deixar. Você vai precisar de ajuda pra um banho. - Ela responde mordendo os lábios e com um sorriso bem sugestivo no rosto, fazendo meu coração acelerar novamente.

Em seguida sai e fecha a porta, me deixando sozinha ali. O silêncio era ensurdecedor e me deixa ainda mais tensa em relação a toda essa crise. Descobrindo coisas, conhecendo pessoas e agora tentando impedir uma nova guerra. Não era muito inspirador a seguir em frente.

Alguns minutos se passam e Emily entra em silêncio na sala. Aparentemente veio escondida de Ying.

— Maeve. - Ela diz fazendo eu tomar um pequeno susto.

— O...oi. - Digo surpresa cobrindo o corpo com o lençol, por estar semi nua.

— Relaxa, passei a tarde inteira de olho no seu corpo, então não precisa ter medo. - Ela fala baixo e caminha em passos leves na minha direção.

— Ainda bem, eu preciso falar com você. - Falo ao notar que era a baixinha.

A sala estava escura e por mais que eu achasse estranho, não estava conseguindo enxergar quem era. Era como se meus poderes tivessem enfraquecido.

— Eu sei, por isso vim aqui. - Ela respondeu sentando na cadeira que Evie estava.

— Eu quero saber sobre...

— ...seus pais, eu sei, você vai ter essas respostas mas não agora. - Ela responde antes de eu terminar.

— Porquê? - Pergunto surpresa com sua resposta.

— Olha, você precisa confiar em mim. Eu sei que sou apenas uma criança de 10 anos...

— ...você já me provou que mesmo com essa idade, é muito mais inteligente que eu. Então prossiga com a explicação. - A interrompo virando os olhos.

— Certo. Presta atenção, a única coisa que você pode saber agora é que as memórias que você tem dos seus pais, são implantadas. - Ela fala devagar para não atropelar meu raciocínio.

— Como assim? Tudo o que eu lembro deles? - Fico assustada.

— Aí que mora o problema. Suas memórias sobre seus pais foram substituídas por um par de memórias falsas. E quando digo um par, quero dizer que são realmente poucas comparadas com tudo o que você tinha. Quem fez essa lavagem cerebral em você, não conseguiu esconder as memórias reais, pelo menos não de mim. - Ela completa apontando para sua cabeça, querendo sinalizar sua inteligência superior.

— E o que você descobriu? - Pergunto quase me levantando da cama.

— Vai ter que confiar em mim, não é a hora de te contar isso ainda. - Ela tenta me convencer.

— E quando vai ser a hora. - Digo sentando na cama, ignorando a dor.

— Quando você estiver curada disso. - Ela aponta para o meu ferimento. - Você ainda não consegue se levantar da cama e já está querendo sair correndo. Não adianta negar, eu estive aí dentro. - Ela diz aparentemente estressada e apontando o dedo em minha cabeça.

Eu respiro fundo e deito novamente. Sabia que ela tinha razão então teria que esperar para ter a resposta.

— Agora eu preciso voltar pro meu quarto! Se Ying descobrir que saí de lá, fico sem almoço amanhã. - Ela sai correndo na ponta do pé para não fazer barulho no chão.

A porta e abre antes da pequena sequer encostar e nos assusta. Evie entra em silêncio e nota a baixinha paralisada em frente a porta.

— O que você tá fazendo aqui? - Ela pergunta em tom baixo para não chamar atenção.

— Vim apenas esclarecer umas coisas. Relaxa, ainda não tenho intenções com sua namorada. - A menininha responde deixando a sala.

— Eu poderia te entregar para Ying. - A azulada cutuca.

— Faça isso e não é só eu que vou ter problemas, vai por mim. - A garotinha ameaça sorrindo enquanto sobe as escadas.

L

Evie apenas a acompanha serrando o olhar até ela sumir de sua vista. Em seguida entra de volta na sala e fecha a porta, trazia nossas mochilas nas costas.

— Vamos. - Ela leva as mochilas até a porta do banheiro pessoal da sala e as deixa, voltando para me ajudar a levantar.

Ela me ajuda a ficar em pé e consigo andar um passo atrás do outro bem devagar. A dor ainda atrapalhava muito, mas o que mais mais me incomodou, era eu não saber o porque não conseguia mais enxergar quase nada no escuro.

30 minutos depois, nós duas saímos juntas do banheiro, ela ainda me ajudando a caminhar com dificuldade. Eu estava vestindo uma camiseta branca de mangas curtas, um short da mesma cor e descalça. Evie vestia uma camiseta preta de mangas longas, uma calça fina da mesma cor e também descalça.

— Você gosta de banho bem quente pra uma garota tão fria. - Digo ainda sentindo calor por conta da água quente do chuveiro.

— Você ainda vai saber o quanto eu posso ser quente. Ainda mais quando tiver um corpo como o meu. - Ela comenta se referindo ao tamanho de seus seios e suas curvas, comparados com os meus e me deixando um arco-íris de tanta vergonha.

Pra uma garota de 16 anos, ela já tinha um corpo de mulher de 25, enquanto eu continua com meu corpo de criança de 13.

Antes de me deitar de volta, ela troca os lençóis sujos de sangue. Após isso, leva alguns minutos para refazer o curativo em meu corpo e me ajuda a deitar, sentando aliviada na cadeira e esticando as pernas sobre minhas coxas enquanto olhava pela janela como havia feito antes.

Estava uma noite linda, a lua brilhava no alto, ofuscando o brilho de todas as milhares de estrelas em volta. O silêncio reina por alguns minutos até que eu quebro com o assunto que estavam evitando.

— Evie, o que aconteceu depois que eu...bom... - Não sabia ao como me referir a minha "quase morte". Por sorte ela me interrompeu antes que eu terminasse de falar.

— Ash parecia preparada para acabar com você naquele momento, mas depois que foi atingida, ela começou a recuar, como se não quisesse mais lutar. - Ela falou seriamente ainda olhando pela janela.

— O que mais? - Pergunto querendo saber tudo.

— Ao ver você perdendo a consciência, Sha Lin deu as costas e saiu por outro caminho, mesmo parecendo bem perdido. Rei Bomba obedece as ordens de Ash e recuou junto com ela. Era o momento que precisávamos para eu resfriar levemente o seu sangue para conter a hemorragia. Emily e Jess continuaram cuidando dos outros que estavam desmaiados e logo que acordaram, voltaram para cá, exceto por Cassie que Jess teve que carrega-la. - Explicou calmamente.

— Como eles estão? - Pergunto preocupada.

— Tony e Karol estão bem, só com algumas dores e ferimentos leves por conta da luta. Cassie ainda não acordou depois que desmaiou, mas seu corpo continua bem e Emily disse que vai estudar o que aconteceu com ela pra saber como pode reverter isso. - Ela completa virando o olhar para mim.

— Evie...ela vai ficar bem né?

— Ela precisa ficar bem. Eu...eu queria ficar lá naquela sala com ela mas já chorei demais hoje. Eu não posso ficar sem ela. - Começo a notar que sua voz começa a falhar, como quem fosse chorar.

— Eu entendo. Eu estou aqui com você e a partir de amanhã vamos estar junto dela, pode ser? Você não tem que passar por isso sozinha. - Tento a fazer se sentir melhor.

— Obrigada Maeve. Isso é muito importante pra mim. - Ela diz respirando fundo.

Mais segundos em silêncio se passam.

— E quanto a Kinessa? - Pergunto me lembrando da morena.

— Fui bondosa de deixa-la fugir ao invés de mata-la. - Ela diz com naturalidade. - Se eu tivesse perdido você e Cassie...

— Calma, eu to aqui! - Interrompo passando as mãos em suas pernas até os pés gelados que ainda estavam sobre minhas coxas. - Nós 3 vamos ficar bem. - Em seguida ela olha em meus olhos e sorri aparentemente mais aliviada que antes.

Ela levanta e deita do meu lado na cama que era bem espaçosa por eu não ser tão grande. Põe a cabeça sobre meu peito como antes e com sua mão esquerda, entrelaça os dedos em minha direita. O vento entrava pela janela, ajudava a refrescar o calor que foi o dia.

— Maeve, nós vamos acabar com essa guerra! - Ela afirma enquanto acariciava minha mão.

— Nós vamos. - Confirmo calmamente mas determinada.

Alguns segundos em silêncio se passam.

— O que você é...minha...sabe? Melhor amiga ou algo assim? - Ela pergunta aparentemente com vergonha.

Com a pergunta eu fico corada, mas era um bom assunto para aliviar o momento e relaxar a cabeça de toda tensão.

— O que você quer que eu seja sua? - Pergunto com um discreto sorriso e os olhos fechados.

— Que seja minha namorada. - Ela responde de forma meiga, fazendo meu coração bater um pouco mais rápido e mesmo que eu tentasse impedir, me fazendo sorrir mais.

— Então sou sua namorada e você a minha, o que acha? - Respondo gostando de pensar sobre o assunto.

Era a primeira vez na vida em que eu estava sentindo algo dessa forma por alguém. Nunca esperei que fosse uma garota, nunca esperei que fosse ser nessas situações, nunca esperei que a pessoa sentisse o mesmo por mim, mas também nunca disse que não gostaria de ser surpreendida.

— Quando isso tudo acabar... - Ela começa a falar e boceja, mostrando estar sonolenta. - ...nós vamos nos casar, morar juntas e adotar uma menina. - Fala cada palavra ficando mais devagar, caindo no sono ao final.

Eu fico surpresa e sei que no fundo realmente gostei de sua idéia. - Nós vamos. Nós vamos... - Termino de falar já sonolenta e em seguida caio no sono como ela.


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