Mystic : O Segredo das Sombras escrita por Glaucia Torres, Tatiane Torres


Capítulo 5
Aparições.


Notas iniciais do capítulo

Olá baby's, estou muito feliz pelos acessos e como sempre só tenho a agradecer.
Desculpem a demora para postar o capítulo 5, minha net deu problema esta semana, mas agora já está tudo ok rsrsrs ^.^
Boa leitura com pão de queijo.



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Não tenho vontade alguma de ir para casa, se é que posso chamar aquele lugar de casa. Meu estômago ronca e lembro que se quiser comer qualquer coisa além de maçãs, preciso ir a um mercado com urgência e como não conheço nada por aqui, escolho começar minha busca pelo centro da cidade.

O primeiro lugar que vejo é uma pequena mercearia muito elegante que não lembra em nada o mercadinho perto da minha antiga casa. Enquanto caminho distraída pelos corredores escolhendo o que preciso para não morrer de fome, esbarro em algo e acabo indo parar no chão junto com todos os itens da minha cesta.

—Desculpe moça, eu não... — Henrique parou ao ver que era eu — Amélia? O que está fazendo aqui?

— Compras? — respondi ironicamente e me arrependi ao perceber o quanto ele ficou constrangido, talvez até magoado — Desculpe, não quis ser grossa.

—Tudo bem. — ele abre um largo sorriso e me ajuda.

Assim que recolho a última lasanha voadora, noto vários outros clientes observando-nos com ar esnobe de desaprovação, o que infelizmente está virando um padrão para mim nessa cidade. Depois das compras, pergunto se ele conhece alguma lanchonete perto daqui e vamos caminhando até um pequeno café. O lugar é aconchegante e parece bem frequentado, suas paredes são brancas, enquanto piso e móveis são todos em madeira clara, o que se destaca são as cortinas vermelhas. Não sei por que, mas me sinto bem aqui.

— Que lugar é esse?

— A cafeteria do Carl. — Diz sorrindo — Normalmente venho almoçar aqui. Minha mãe é uma mulher incrível, mas não leva muito jeito com coisas relacionadas ao lar, às vezes é necessário dar uma fugida para cá a fim de manter a integridade do meu estômago. — diz ainda sorrindo.

Conversamos até aparecer uma garota pálida com longos fios negros presos num rabo de cavalo, usando uniforme de garçonete e boné escrito Carl ao lado da mesa, seu sorriso exuberante se fecha ao perceber minha presença.

— Grace, como anda ?— o jeito animado de Henrique trás de volta o sorriso da garota.

— Muito bem, obrigada por perguntar. E aí, já decidiu o que deseja? — perguntou fingindo que não me via.

— Então Amélia, o que prefere?

— Não faço ideia.

— Que tal um bom cheesburger? Você está muito magrinha sabia? — ele fecha seus dedos em volta do meu pulso formando uma espécie de pulseira, fazendo Grace me olhar com raiva.

— Okay. — olho para Grace — Um cheesburguer e um suco de laranja natural. — só então me lembro da mão dele na minha e delicadamente a puxo para junto de mim novamente.

— Sério? Você pede um cheesburguer e depois tenta ser natural?— ele parece indignado.

— Não me julgue, talvez assim meu peso na conciência diminua um pouco. — começamos a rir, mas não durou pois a garçonete continuava me encarando com raiva.

— Grace, dois cheesburgers, um suco natural e uma coca. — pede todo animado.

— Tá. — ela sai mal humorada sem mais nem uma palavra.

Assim que me volto para Rick, ele está nitidamente ansioso, suas pernas não param quietas e começo a me preocupar.

— O que esta acontecendo? — pergunto receosa.

— Nada de mais, é que nunca trouxe nenhuma garota para almoçar comigo.

— diz constrangido.

— É para isso que servem os amigos. — tento parecer alegre a fim de evitar uma saia justa.

— E por falar em amigos — ele aponta com um gesto de cabeça para a porta, onde um grupo de garotos acaba de entrar. — Aqueles são os caras do time de basquete. Da direita para a esquerda são Caio, Jake, Marcus... — continua falando, mas não consigo guardar os nomes — Quer que eu os apresente?

— Acho que já conheci pessoas o bastante por hoje. — digo honestamente — Não consigo guardar mais nomes.

— Certo, vou lá cumprimentá-los e já volto, está bem? — ele me deu uma piscadela e saiu sorridente em direção ao time.

— Te espero aqui.

Sem ter o que fazer ou com quem falar, tiro o livro de minha avó da bolsa, desde que o peguei, não largo dele nem por um minuto. Olho atentamente para o bilhete, fico lendo e relendo tentando entendê-lo, mas não consigo. Por que só devo ler este livro em uma situação extrema? Quais respostas ele me dará? E que situação extrema é essa? Mesmo com a curiosidade me matando guardo o livro de volta na bolsa.

Naquele instante uma sensação estranha me toma. Sinto em minha nuca que estou sendo observada, meu coração começa a bater descompassado, minhas mãos ficam frias e dormentes. Olho para a porta, sinto uma corrente elétrica me percorrer ao vê-lo, seus olhos safira me encaram hipnotizantes e enfurecidos. Em poucos segundos, muitas coisas se embaçam em minha mente me deixando confusa... como na primeira vez, abaixo a cabeça, mas lembro rapidamente que não nasci para ser covarde. Olho para cima e sustento seu olhar, sem deixar de perceber todo o resto. Ele usa jeans rasgados, camiseta preta lisa e um sobretudo que lhe faz parecer meio rebelde e assustador, porém algo me faz quebrar o contato visual, um medalhão prata pendurado em seu pescoço, algo que reconheço muito bem. O encaro novamente, com medo que ele suma misteriosamente outra vez, ouço paços ao meu lado, sei que é Henrique e sem quebrar o contato visual com o meu estranho pergunto.

— Quem é ele?

— Ele quem? — responde confuso.

— Esse todo de preto, me encarando ao lado da porta.— Meu misterioso sorri.

— Amélia... — diz de forma séria — não tem ninguém ali.— eu inconscientemente viro para Henrique.

— Como não? Bem al... — ao virar de volta, já tinha acontecido. O lugar estava vazio.

— Você está se sentindo bem? Está branca como leite. — ele parece preocupado.

— Sim, tudo bem. Devo estar alucinando de fome. — forço um sorriso.

— Se for isso, você vai melhorar rápido. Grace já vem trazendo nosso pedido.

— Ótimo.
Enquanto comíamos, tento manter a mente tranquila, mas a toda hora lembro daquele cara. Acabamos de comer e Henrique me ajuda a carregar as compras até em casa.

— Nossa. Sua geladeira estava precisando mesmo disso! — seu espanto me faz rir.

— Sim. Lígia não é muito fã de nada que precise de preparo antes de comer.

— Dá pra ver. — ele olha para o relógio — Já é tarde, preciso ir.

— Mas já? — faço biquinho e logo me arrependo.

— Infelizmente sim. Eu nunca me atraso, não sei como explicar isso ao meu pai.

— Diga que estava ajudando uma garota perdida. Não deixa de ser verdade. — tento tranquilizá-lo, mas não adianta muito.

— Não sei se vai funcionar, mas posso tentar. Te vejo amanhã?

— Claro. E obrigada por tudo.

— Não me agradeça, foi divertido.

Acompanho-o até a porta e assim que a fecho, subo para o quarto me sentindo só, deixo a bolsa em sobre a cama e troco de roupa. Coloco uma calça jeans, mantenho minha camisa preta de botões e visto um casaco, na cozinha coloco alguns pacotes de biscoitos na bolsa, pego meu celular, um livro e sem pensar duas vezes, parto em direção a clareira.

Assim que ponho meus pés na trilha, minha mente se enche da harmonia que só consigo sentir aqui. Dessa vez algo parece diferente, demoro a perceber o quê, mas quando encontro a diferença não consigo deixar de admirar. A roseira do centro agora exibia brilhantes rosas negras entre as brancas, como da última vez me aproximo e fico descalça, sento-me a seu lado e com certo espanto vejo grandes espinhos que também não me lembro de ter visto antes.

— Como chegaram aqui rosas? Tão opostas e contraditórias, preto e branco, pétalas frágeis e espinhos perigosos. Gosto de vocês. — rio de mim mesma por estar falando com flores.

Fecho os olhos um instante e sinto aquele arrepio familiar junto de algo mais, desde pequena aprendi a ler os sinais que meu corpo dá quando sou observada, uma leve dormência próxima ao pescoço, um arrepio na nuca ou algo assim, mas agora é diferente. Meu coração fica levemente acelerado, como se uma faísca percorresse meu corpo e não restam dúvidas, é ele! Encho-me de coragem antes de dizer qualquer coisa.

— Se for para sumir novamente, é melhor nem aparecer. — digo antes mesmo de abrir os olhos e minha ira começa a me dominar — Já estou cheia disso! Está achando que tem direito de me perseguir? Pois tenho uma novidade para você. NÃO TEM!!! — gritei as últimas palavras para o vazio ao meu redor e quando comecei a duvidar da minha sanidade, sua voz me faz pular.

— Discurso corajoso. — ele caminha tranquilamente para dentro da clareira pela mesma entrada que usei — Pena que na prática é bem diferente.

— Nossa, ele fala! — tento soar o mais sarcástica possível..

— Desde os oito meses.

— Como? — questiono confusa e irritada.

— Você não é capaz de compreender uma simples ironia? — seu tom é irritantemente tranquilo.

— Quem é você?

— Isso importa?

—Se não importasse, eu não teria perguntado. — dou-lhe uma piscadela sentindo-me triunfante pela resposta infantil.

— Diga-me você. Quem achas que sou? — Olho em volta e observo tudo com atenção. Nada parece fora do lugar. As rosas brancas no centro da clareira, a grama fofinha e bem cuidada, as árvores formando um círculo perfeito, nada está diferente, porém ao mesmo tempo, nada parece igual, perco-me em meus pensamentos até sua voz me trazer de volta — O que houve? Nenhuma resposta espertinha?

— Você é o jardineiro? — brinco.

— Olhe bem para mim. Eu por acaso pareço um jardineiro para você? — sua expressão é sedutora e animalesca e ele se vestia da mesma forma que mais cedo no restaurante, rebelde, perigoso e extremamente sexy. Reorganizo rapidamente meus pensamentos antes de respondê-lo.

— Na verdade, parece. — aparentemente eu o estava divertindo — Mas tenho outras teorias.

— Posso ouvi-las?

— Claro, por que não? — digo com falso desdém — Primeira... Você é fruto da minha imaginação!

— Bastante coerente. Segunda...

— Você é um fantasma?

— Não passou nem perto. — disse segurando o riso — Próxima...

— Você é um psicopata perseguidor?

— Passou perto. Mais alguma?

— Sim.

— E qual seria?

— Você é o jardineiro.

— Outra vez essa de jardineiro? Achei que fosse mais criativa Amélia, mas a terceira teoria é bem interessante.

— Psicopata perseguidor? — Coloco as mãos nos bolsos do casaco na intenção de esconder o leve tremor.

— Com medo? — pergunta irônico e dá mais um passo em minha direção.

— Não. — recuo um pouco.

— Garota burra— seu tom é apático.

— Você ofende uma completa desconhecida e eu sou burra? — tento parecer sarcástica. Ele não diz nada de imediato, vejo sua mandíbula se contrair e por um segundo sinto medo, mas logo ele reassume aquela postura relaxada e torno a ficar tranquila.

—Onde arrumou este colar? — vejo que ele olha fixamente para meu pescoço.

— Isso não é do seu interesse! — Cubro-o com a mão e dou mais um passo para trás, encostando-me a roseira e me arranhando em um espinho. Uma gota solitária de sangue escorre pelo meu braço e a ignoro.

— Com medo agora? — ele sorri em triunfo.

— Não tenho medo de você. — minto.

— Mas deveria. Se não notou, estamos sozinhos e quem dá as cartas nesse jogo inútil sou eu!! — sua voz foi gélida.

— Quer saber, eu não preciso e não vou ficar aqui discutindo com você.

— chegou a minha vez de extravasar meu ódio, imito seu tom frio — E so para constar... Não faço parte dos seus jogos. — Pego minhas coisas e caminho em direção a saída da clareira, mas antes de alcançar as roseiras, ouço sua voz.

— Você realmente não faz ideia, não é Amélia?

Desejo loucamente saber do que ele está falando, mas algo que antes passou despercebido, agora começa a me incomodar.

— Como sabe o meu nome?

— Eu sei de coisas que você nem mesmo ousa sonhar.

Encaro-o em silêncio a espera de mais alguma resposta, mas ele não diz mais nada. Cansada daquele jogo, que nem mesmo quero jogar, simplesmente dou-lhe as costas e saio da clareira.

Assim que entro em casa vejo que o grande relógio da cozinha já marca sete horas em ponto, resolvo então tomar um banho para tentar me acalmar e tirá-lo de meus pensamentos. A água quente parece ser capaz de dissolver e remover todas as minhas preocupações, minha vontade é de permanecer ali para sempre, mas meu estômago teimoso começa a reclamar, encerrando meu banho cedo demais. Visto uma camiseta macia com um shortinho do pijama, deixo meu cabelo enrolado na toalha e vou para a cozinha, onde preparo uma lasanha, que orgulhosamente fica comestível.

Depois de colocar a louça na lavadora volto a meu quarto para ler um pouco e acabo me perdendo por horas. Quando fecho o livro uma luz brilhante entra por baixo da porta, um barulho no andar de baixo atrai minha atenção.
Abro a porta com cuidado, mas não há nada ali. Silenciosamente deço as escadas, na sala nada parece diferente, novamente ouço aquele barulho, sobresaltada olho para o lado e vejo a origem do som. Uma das janelas está aberta, logo a que possui uma cortina com uns metais pendurados na parte de baixo, sempre que o vento a levanta, ela volta rapidamente devido ao peso e se choca contra a parede. Me sinto uma idiota por isso, mas confesso que estava com medo. Antes de subir, aproveito para pegar uma água na cozinha.
Já com o copo em mãos abro a porta do quarto, que não me lembro de ter fechado, coloco o copo sobre a mesa de cabeceira e sento-me em minha cama.

— Você demorou. — uma voz me paralisa.

Não grito, nem dou um salto, na verdade meu corpo está neutro. Quando consigo pronunciar qualquer coisa, as palavras que saem da minha boca soam idiotas até mesmo para mim.

— Quem é você?


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Notas finais do capítulo

Como esse estranho sabe o nome de Amélia?
Desde quando ele a observa?
Será ele um maluco psicopata ou bem mais que isso?

Espero que tenham gostado e até o próximo baby's.
Dúvidas, sugestões e tudo mais que queira me dizer... comentem ^.^



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