Mystic : O Segredo das Sombras escrita por Glaucia Torres, Tatiane Torres


Capítulo 4
Novas amizades.


Notas iniciais do capítulo

Hi babys.
Primeiro preciso dizer que estou muuuuuito feliz com tantos acessos e com as mensagens que recebi essa semana ^.^
E nesse capítulo...
O que será que nossa garota vai encontrar em seu primeiro dia na nova escola?
Tenham uma ótima leitura.
Espero que gostem ^.^



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O barulho irritante do despertador me acordou cedo demais. Com o coração a mil, praguejo por uns bons cinco minutos, me arrasto ainda irritada para fora da cama e vou direto para o banho. Já mais acordada e me sentindo um pouco menos pior, começo a me vestir. Coloco minha saia preta preferida de pregas com uma camisa também preta de botões brancos, calcei minhas meias 7/8 quadriculadas, que nem preciso mencionar a cor e um par de allstars, passo um pouco de rímel e gloss, pego minha bolsa e saio correndo. Me arrumei tão na pressa que quase esqueci de ouvir as reclamações do meu estomago. Fiz uma pequena parada na cozinha, mas a pobre geladeira estava praticamente vazia, penso que Lígia come fora porque não há nada além de maçãs aqui. Sem poder escolher, pego uma e saio correndo porta afora.

Durante minha caminhada até a escola, não consigo deixar de me preocupar com a possibilidade de me atrasar, o que por um momento de pura sorte não acontece. A entrada do colégio é exatamente como imaginei, grande, chique e ostensiva, típica de colégios insuportáveis.

Um grande portão duplo de ferro negro cravado em pilastras brancas e frias de mármore não faziam muito para me dar as boas vindas, entro meio exitante e me deparo com um interior elegante e sofisticado. O teto alto em madeira clara ostentava algumas pequenas luminárias dispostas simetricamente em linhas bem espaçadas formando losangos, as paredes reluziam em um tom de azul claro brilhante, quase branco. As portas parecem ser feitas do mesmo tipo de madeira que o teto.

Retiro um pequeno mapa improvisado da bolsa e tento me localizar para encontrar a sala da diretora, mas após alguns passos, o que acabo encontrando é a primeira coisa que realmente me agrada por aqui. Destacando-se por suas paredes de vidro e detalhes em aço, a lanchonete da escola me encanta completamente, acredito que o fato de eu ter comido apenas uma maçã tem sua parcela de culpa nessa atração imediata. Olho as horas e vejo que ainda tenho um bom tempo antes de ver a diretora, vou até lá, compro um smoothie de morango e um brownie e procuro um lugar para me sentar, algo bem fácil levando em consideração que este lugar está completamente vazio ainda. Sentei-me em um banco de madeira pesada suspenso por correntes em uma espécie de jardim zen cheio de flores coloridas no canto do pátio e comi minha comida. Antes que eu pudesse sair dali, vi (e fui vista) por um enorme grupo de alunos que chegaram em massa.

— Ai meu Deus! — sussurrei sem conseguir acreditar no último feito de Lígia. Ela simplesmente não me avisou sobre um detalhe desta porcaria de lugar. Uniformes! Eles usavam uniformes. Todos vestiam camisas brancas impecáveis, um blazer azul marinho com o brasão do colégio bordado na lateral e pasmem. Gravatas! Todos usavam gravatas. As diferenças nas vestimentas ficavam apenas no fato de os garotos vestirem calças bem cortadas e sapatos oxford enquanto as garotas usarem saias de pregas bem parecidas com a minha, porém tudo azul-marinho, meias brancas que iam até o meio das coxas e sapatos que pareciam de bonecas.

Senti minha dignidade se despedaçar no chão e minha chance de normalidade ir pelo ralo quando um grupo de garotas parou, apontou para mim e logo em seguida todos se viraram em minha direção, alguns me encaravam com um olhar de deboche enquanto outros pareciam mais apreensivos, como se eu de repente fosse me levantar, sacar uma arma e anunciar um assalto. — Obrigado mamãe — pensei alto — Dessa vez, você se superou.

Sai o mais rápido que pude do pequeno jardim sem tropeçar nos próprios pés. Senti meu coração acelerar e meu rosto avermelhar diante de tantos olhares atentos a mim. O corredor pareceu ainda mais longo agora e aquelas portas todas iguais não estavam me ajudando.

De repente ouço passos apressados em minha direção e fico apreensiva, mas decido não me acovardar.

— Ei você, espere! — alguém grita. Viro-me de uma vez e uma garota loira de aparência delicada quase se choca contra mim.

— Sim? — Digo em um tom questionador.

— Olá, você começou hoje, não foi? — Ela nem ao menos me deu tempo de confirmar e já continuou — Claro que é, quem mais poderia ser. Que pergunta imbecil a minha. É que não sou muito boa em começar conversas. Qual o seu nome? — falou rindo toda enrolada consigo mesma.

— Amélia. Amélia Tesla, e o seu?- algo naquela pequena menina simpática me agradou. Talvez seja seu jeito extremamente feliz e estranho, mas gostei dela.

— Érika. Érika Rabello. Sou eu. — falou imitando meu tom sério e logo depois abriu um grande sorriso.

— É um prazer conhecê-la senhorita Érika. — Meneio levemente a cabeça me sentindo meio brincalhona e logo depois fico um pouco envergonhada por ter feito isso... até ela me responder.

— Igualmente senhorita Amélia. Acredito que poderemos ser grandes amigas e até mesmo tomar um chá da tarde algum dia desses. — ela pareceu séria até o momento que fez uma reverência e nós duas começamos a rir.
Nesse instante duas garotas passaram por nós nos encarando como se fossemos completamente repulsivas.

— Acho que me darei muito bem por aqui. Veja como todos já me amam. — disse ironicamente.

— Temos isso em comum- falou meio ruborizada em tom de desdém, como se não se importasse, mas notei que seu sorriso murchou um pouco.

— Você sabe onde posso pegar meu horário? — perguntei na esperança de mudar de assunto.

— Ah claro, venha comigo! — imediatamente seu sorriso voltou e me senti bem por isso, a garota saiu meio saltitante e eu a segui.

Em uma sala ampla no final do segundo corredor, finalmente encontrei a diretora. Uma mulher de aparência rígida e cansada vestida formalmente em um terninho preto elegante. Depois de muitas perguntas e uma longa conversa sobre as regras daqui e principalmente sobre tudo o que era inaceitável, ela me passou meu horário e pediu que me retirasse.

Na porta, Érika estava a minha espera com um largo sorriso no rosto.

— A diretora te segurou um bom tempo lá, em?! isso normalmente não é bom sinal. Será que temos uma encrenqueira aqui? — falou rindo de mim.

— Ela só queria completar minha ficha. Demorei, mas consegui pegar meu horário — dou um meio sorriso orgulhosa pelo meu feito.

— Posso ver? — perguntou já estendendo a mão.

— Por que não? — entreguei-lhe a folha.

— Psicologia? — sua expressão estava divertida e curiosa.

— Sim, acho que seria bom tentar entender a mente humana. Parece que o conhecimento que tenho ainda não é nada, é completamente insuficiente. Você sabe onde é a aula de Inglês? É a minha primeira.

— Que ótimo, é a minha também, infelizmente ela é obrigatória. Venha.

Entrando na sala, fui bombardeada por mais olhares curiosos. Tentei ignorá-los e sentei-me atrás de Érika, na terceira carteira ao lado da janela. Confesso que achei bom tê-la encontrado, assim não me sinto tão isolada, tão peixe fora d'água. Agora estou mais para um peixe espremido em um mini aquário.

O professor de inglês se chamava Frederick Jones e era um homem alto com aproximadamente 30 anos. Assim que entrou, seus olhos avelã se fixaram em mim e ele fez exatamente o que eu temia.

— Bom dia alunos. Olha que interessante, temos uma aluna nova. E tão perto do fim do ano letivo, qual o seu nome? — e ele disse a pior coisa que podia dizer — Venha aqui na frente.

— Me chamo Amélia Tesla e se não se importa prefiro permanecer no meu lugar, obrigada. — pedi aos céus que ele não insistisse no assunto.

— Senhorita Amélia, não é nada inteligente recusar um pedido de seus professores. — meu único pensamento era "por favor, não!" até que ele prosseguiu — Bom, tudo bem. Peguem seus livros e vamos dar continuidade a nossa aula. Érika, ajude a Amélia. Galera, sabemos que é necessário...

Ele começou a aula e percebi que seu tom esnobe de alguma forma me irrita muito.

— Amélia, me deixa ver seu horário dinovo. — Érika pediu em voz baixa.
— Aqui. — ela o leu por alguns segundos e depois começou a conversar com um menino loiro, cheio de sardas, também de aparência simpática.

— Seu horário bate com o do Henrique, então pedi para ele te acompanhar hoje. Okay?

— Mas eu nem conheço ele— tentei argumentar.

— Você não conhece ninguém, eu apresento vocês no fim da aula.

— Tá — Minha frase foi interrompida pelo professor.

— Senhorita Tesla, como está conversando em minha aula, suponho que a senhorita seja fluente em inglês — ele não deu tempo para eu responder e continuou — explique-nos um pouco sobre a extensão de seus conhecimentos em minha matéria.

— Claro Sr. Jones — eu não deixaria um professor me diminuir, por isso nem pensei antes de responder em inglês — Actually, you're right, I'm fluent in English and three more languages. My grandmother made a point of preparing me for any situation, but I will not disrupt her class any longer. (Na verdade, você está certo, sou fluente em inglês e em mais três idiomas. Minha avó fez questão de me preparar para qualquer situação, mas não vou interromper sua aula por mais tempo.) — sua expressão por um instante foi um misto de ódio e qualquer outro sentimento de fúria.

O sinal tocou.

Érika levantou, pegou rapidamente sua coisas, fiz o mesmo e saímos da sala.

— O que foi que você disse para ele?

— Nada de mais, só falei que ele acertou em relação a minha fluência.

Naquele momento o garoto loiro se aproximou e Érika nos apresentou sem perder tempo.

— Amélia, este é Henrique e Henrique esta é a estranha de quem todo mundo está falando. Toma conta direitinho dela está bem, agora tenho que ir, já estou mais que atrasada para química, tchauzinho — dizendo isso, saiu apressada dando saltinhos pelo corredor.

— Érika volta aqui. — fico extremamente constrangida ao perceber que falei isso em voz alta.

— Então... Oi, deixa eu tentar me apresentar direito. Eu sou o Henrique, mas pode me chamar de Rick. Você deve ser a Amélia, claro que é vc, você é a única aluna nova, o que aliás é bem esquisito levando em consideração que estamos no fim do ano, ou quase isso, se é que você me entende — ele estava se enrolando nas próprias palavras.

— É, sou eu. — eu entendi o que ele quis dizer mas preferi não comentar.

— Não que eu esteja te chamando de esquisita, não foi o que quis dizer, é melhor eu parar de falar antes que diga alguma besteira que me complique. Vamos para a aula. — Ele sorriu e naquele momento percebi o quanto estava tímido sem saber como agir, o que era bem estranho levando em consideração a sua aparência. Alto, loiro, razoavelmente forte e com olhos azuis encantadores, tudo bem que é um desastre em conversas, mas em uma análise geral, ele é bem bonitinho. O tipo de cara que deixaria as garotas fúteis de minha antiga escola babando. Não deveria estar tímido na minha presença.

— Tudo bem. — eu ri um pouco— Onde é nossa próxima aula?

— Matemática. Fica praticamente do outro lado da escola.

Caminhamos pelos corredores cheios de pilastras de mármore. A arquitetura desse lugar é completamente de outro mundo para mim.

— Chegamos.

Distraída com meus pensamentos, nem percebi quando o Henrique parou em frente a uma sala semi-vazia e fez uma espécie de reverência que pareceu meio ridícula e engraçada ao mesmo tempo, deve ser um bom amigo, pensei.

— Você é sempre tão calada assim?

— Nem sempre, é que ainda estou tentando me acostumar a essa nova realidade. É muita coisa para assimilar. Entende?

— Claro... — ele faz uma breve pausa antes de continuar— Na verdade não. Sempre vivi aqui e conheço todos desde o jardim de infância. Meus pais conhecem os pais deles, enfim, aqui todos se conhecem.

— Você sabe que seu comentário não me ajuda muito, não sabe?

— Me desculpe, foi sem querer, mas veja pelo lado bom.

— Tem lado bom?

— Claro!

— Esclareça-me por favor.

— Finalmente temos algo novo nessa escola monótona— falou rindo.

— Uau. Isso conseguiu me deixar ainda pior. Obrigado mesmo!— era tão fácil brincar e rir com ele.

— Precisando é só chamar... agora vamos entrar antes que nos atrasemos. O professor de matemática é terrível e não suporta atrasos.

— Claro — imitei-o.

— Ei, não é legal imitar os outros — me encarou com falsa indignação.

— Também não é legal assustar os outros— falei tentando ser sarcástica mas saiu bem bobo. Estávamos rindo sem conseguir parar.

— Touchê. Você me pegou nessa.

As outras aulas seguiram este mesmo ritmo. Me apresentar, tentar não atrair atenção, caminhar com o Henrique até a próxima aula essa foi a rotina do dia. Almoçamos os três juntos, ambos parecem ser pessoas incríveis e apesar de não saberem nada sobre mim, foram super simpáticos e amigáveis o dia todo.

— Nos vemos amanhã? — pergunto ao fim da última aula, mas Rick responde primeiro.

— Claro. Será ótimo. — fala animado — Até amanhã meninas. — percebo que ele ficou muito mais à vontade ao longo do dia.

— Até amanhã. — Érika e eu respondemos em uníssono.

— Melhor eu também ir.

Me despeço da Érika e saio caminhando pela cidade em direção a minha nova e enorme casa vazia. Apesar de tudo, meu primeiro dia nessa escola não foi ruim e por algum motivo desconhecido um pensamento estranho invade minha mente e não consigo me livrar dele "Manhãs calmas precedem noites turbulentas".


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Notas finais do capítulo

E no próximo capítulo...
O que acontecerá com Amélia em sua primeira noite sozinha???
Só posso adiantar uma coisa. Muitas coisas estranhas acontecerão.



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