Festas, Drogas & Problemas escrita por Julya Com Z


Capítulo 9
Oito - Vingador sob cuidados




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Nota dessa autora que vos fala: FDP agora tem playlist, galerinha! Ainda está em construção, mesmo com mais de 300 músicas. Mas já está disponível para vocês apreciarem e conhecerem um pouquinho do gosto musical da nossa querida Naty!

Segue o link e vamos ao capítulo: https://goo.gl/iSR2j6

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Eu já te contei que adoro filmes de terror? Provavelmente não, mas agora estou contando. Eu adoro esse tipo de filme porque... bem, talvez eu seja uma grande idiota (não comente isso, por favor), mas eu adoro sentir aquele arrepio de medo que a cena antecedente a um grande susto nos causa. Aquela sensação de nervoso, de entrar na pele do personagem idiota que subiu as escadas, mesmo tendo a mais plena certeza de que o assassino ou o demônio estaria lá em cima; eu adoro aquela sensação! 

Mas apenas quando estou assistindo a um filme. Sentir aquilo de verdade, ao ver a cara do assassino pessoalmente, bem na sua frente, é uma sensação horrível. Não recomendo que você sinta isso.

Você consegue sentir a tensão no ar agora, não consegue? Imagine eu, sendo encarada bem no fundo da minha alma pelos olhos assustadoramente irritados de Max. Eu tinha certeza de que eu não sairia viva daquele parque. 

— Você esteve com o Bernardo?

Ele perguntou com a voz baixa, proferindo cada palavra com uma nota tão clara de ódio, que eu senti todos os meus órgãos internos estremecerem. 

— Eu... Eu estive sim, Max, não vou mentir para você. — respondeu a idiota que vos fala, no seu último ato de coragem.

Max explodiu. Eu me atreveria a dizer que ele literalmente explodiu, porque foi mesmo como uma bomba: o silêncio tomou conta dele, então seu rosto foi se tornando vermelho, seus punhos se fecharam, suas sobrancelhas se uniram na cara mais assustadora que eu já vi alguém fazer. Então veio o "bum".

— COMO VOCÊ PÔDE SER TÃO FILHA DA PUTA, NATY?!

Eu não respondi. Não tive tempo. Max gritava, declarando todo o ódio que sentia pelo Beck, me levando a pensar que talvez eu não fosse o problema. Beck era o relacionamento mal acabado de Max, isso ficou claro naquele momento.

Eu deixei que ele gritasse. Deixei que ele colocasse toda a sua raiva para fora, guardada há tanto tempo. Ok, ele colocou a raiva para fora quando quebrou as costelas do Bernardo, mas eu acho que ele nunca disse o que queria dizer, você entende? Aqueles gritos não eram para mim; eram para ele próprio. Então eu apenas ouvi o que ele dizia, observando seus olhos se tornarem vermelhos, ficando cheios d'água. Max estava desabafando coisas que guardava há anos. Pelo canto do olho, percebi que a Bia, a causadora daquele momento tão constrangedor, estava ligando para alguém. Pedi a Deus que fosse a polícia, porque se fosse quem eu estava pensando...

Max fez uma última pergunta. Sinceramente, eu já não estava mais prestando atenção, então me mantive estática feito uma árvore, apenas respirando, até que resolvi levantar as mãos em sua direção, como se fosse um bandido em redenção.

— Posso falar agora, Max? — ele meneou a cabeça positivamente, sem sequer abrir a boca. — Você acha que eu fui atrás do Beck?! Acha que eu seria capaz de fazer uma babaquice tão grande quanto ir atrás do cara que você odeia só para te afetar de alguma forma?

Ele baixou todas as suas guardas. As duas perguntas que eu fiz pareceram destruí-lo completamente.

— Você tem razão. Eu joguei tudo em cima de você, me desculpa, Naty. Mas é que... Eu não consigo acreditar... Como foi que você conheceu aquele cara?!

Eu não tive tempo de explicar. Uma voz absurdamente irônica soou por trás de mim, me fazendo arrepiar de agonia. Era como se a ironia tivesse criado vida e estivesse caminhando atrás de mim, pisando nas folhas secas espalhadas pelo chão.

— Eu perdi o show?! 

Adivinha só quem era? Ah, meu bem, antes fosse o Chapolin Colorado. Antes fosse o Lord Voldemort! Era ele mesmo, Bernardo e seus olhos azuis, exalando escárnio por todos os poros.

— O que você está fazendo aqui?! — Max soou ainda mais irritado que antes. 

— Calma, Max! Eu não vim brigar com você. Minha irmã me ligou dizendo que você estava prestes a bater na Naty; eu só vim ver o que está acontecendo.

— Você acha que eu sou um idiota, Bernardo?! Eu jamais encostaria um dedo nela!

Bernardo ergueu as mãos.

— Tudo bem, tudo bem. Eu acredito em você. Eu sempre acredito, não é, Maxinho?

Max avançou para cima de Bernardo e agarrou a gola de sua camiseta, aproximando seus rostos de forma ameaçadora. Dei um passo para trás, na direção de Bia, que assistia à tudo em completo silêncio. 

— Nunca mais se atreva a me chamar assim.

Ele soltou Beck bruscamente e andou alguns passos, parando apenas para olhar para mim.

— Você vem comigo ou fica com ele?

Eu nem precisei responder; apenas acenei positivamente com a cabeça e Max se retirou às pressas. Meus olhos se prenderam aos de Beck por menos de um segundo, então eu comecei a seguir a bomba ambulante que já estava longe, considerando seus passos largos e cheios de ódio. Quando passei pelo Beck, ele segurou meu braço e falou em meu ouvido:

— Segure-se bem. Ele vai correr muito. Não fale nada; apenas deixe.

Não tive tempo nem de perguntar o que ele queria dizer com aquilo, pois ele me empurrou para me apressar assim que terminou de falar. Quando alcancei Max, ele não olhou para mim, apenas continuou andando em direção ao estacionamento, onde estava sua moto. Ele me entregou o capacete, subiu na moto e esperou que eu fizesse o mesmo. Quando ele deu a partida, abracei sua cintura com muita força e estremeci quando ele arrancou à toda velocidade.

Não fale nada; apenas deixe.

Meu coração estava acelerado; eu podia ouvir os batimentos. Comecei a rezar. Eu nunca fui religiosa, mas não dizem que é na hora do desespero que a gente se lembra de Deus? Pois é, foi só nessa hora que eu fechei os olhos e pedi proteção. Que aquela moto não caísse, não batesse em lugar nenhum. Que chegássemos vivos em qualquer que fosse o lugar onde ele estava me levando.

Paramos. Quando tive coragem de soltar Max, levantei e cabeça e reconheci o portão da minha casa. Não me senti aliviada, no entanto. Eu estava chorando quando desci da moto e não conseguia olhar para Max. 

— Naty. — Max chamou, colocando as mãos sobre o capacete e tirando-o da minha cabeça.

— Desculpa, Max. Não era minha intenção...

— Está tudo bem. Mas eu preciso que você me responda a uma pergunta. E será a única vez na vida que eu vou te perguntar isso. — Levantei a cabeça para olhar nos olhos dele, tentando segurar as lágrimas. — Eu posso confiar em você?

— Pode me confiar sua vida, Max.

— Sei disso. — ele sorriu, ainda carregado de tensão, mas eu vi que ele estava se esforçando para se acalmar. — Você sabe que também pode confiar em mim, não sabe? — fiz que sim com a cabeça. — É bom mesmo, sua ridícula. — dessa vez ele sorriu de verdade. — Como você foi parar na casa do Beck?!

Apoiei meu corpo na moto, afim de relaxar um pouco.

— Ele viu a foto que eu postei com você e me reconheceu na festa. Veio perguntar se era eu mesmo, quis saber se você já tinha falado de mim e, como eu já tinha exagerado na bebida, ele me ofereceu uma carona. Só que eu dormi no carro e não falei o meu endereço, então ele me levou para a casa dele e eu dormi no quarto da Bia.

— Então você mentiu sobre a Juliana.

— Ela nem estava lá.

— Que lindo, é assim que você vai ensinar seus filhos?

— Meus filhos serão livres para fazerem o que quiserem.

— Aham... sei. Você vai ser o tipo de mãe que não deixa o filho nem abrir a geladeira sozinho.

Mostrei-lhe o dedo do meio. Ele o segurou e mordeu na ponta, me fazendo puxar a mão com força e dar um tapa em sua testa. 

— Está tudo bem, então? — perguntei depois de alguns segundos em silêncio.

— Claro que sim. Eu não tenho o direito de me intrometer na sua vida, nem escolher seus amigos. Minha missão aqui é te apoiar nas suas escolhas e te dar alguns puxões de orelha quando você merecer. — ele passou a mão no meu cabelo, me deixando tranquila de verdade dessa vez. — O Beck é um cara legal, você vai gostar dele. Só não fala dele pra mim, tá? 

Ergui uma sobrancelha.

— Você sente falta dele?

— Pelo amor de Deus, Naty... Eu nem vou falar nada para você. Deixa eu ir, antes que você traga o cara aqui para fazermos as pazes.

Até que não seria má ideia... Mas eu achei melhor não falar nada; vai que aquela bomba reaparece, não é? No fim das constas, Max foi embora e eu entrei em casa a tempo de encontrar minha mãe preparando a mesa para o almoço. 

— Max não veio com você?

— Claro que veio, ele está bem aqui do meu lado, mãe! Você não está vendo?

Ela atirou o pano de prato em cima de mim.

— Só por ser tão engraçadinha, você vai lavar a louça e organizar tudo sozinha.

Dei de ombros. Ela ia arrumar algum motivo para eu fazer isso de qualquer forma. Eu estava morrendo de vontade de tomar um banho, mas ela me encheu tanto as paciências que achei melhor almoçar antes.

A comida da minha mãe poderia vencer um concurso de culinária facilmente. Falo isso por ser filha dela? Talvez. Mas para mim isso é a mais pura verdade. Quem não sabe cozinhar lá muito bem é a minha avó, a Lolita. Posso jurar que uma vez ela preparou um arroz de forno que falava em línguas demoníacas. Todo mundo passou mal depois de comer. Talvez fosse o demônio que ela invocou para temperar o arroz, eu o culpo pelos meus fracassos até hoje.

Minha mãe estava calada, fez apenas algumas perguntas sobre a festa. Ela quis saber também se Max estava bem, pois ele parecia um pouco avoado quando chegou. Eu respondi apenas que ele teve problemas familiares. Eu esperava que ela jamais descobrisse que Max era filho da Malu; a mulher que ficou com meu pai enquanto ele era namorado da minha mãe. Mas é uma onda de traições à minha volta, você já percebeu? Deus me livre!

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Enquanto eu lavava a louça, minha mãe bebia cerveja sentada no balcão da cozinha e me contava sobre a minha avó. Ela fez uma visita à Lolita, que estava começando a ficar deprimida no centro de reabilitação. Mas era óbvio, eu também estaria desesperada no lugar dela.

— Mãe, por que não trazemos a Lolita de volta?

— Eu não tenho tempo para ser babá da sua avó, filha! Ela vai voltar a se drogar e beber aquele monte de sempre.

— É bom ver o quanto você confia nela.

— Não é questão de confiança, Natalie. Sua avó é doente. Ela não pode simplesmente parar com o tratamento porque está com saudade das garrafas de vodka dela.

— Uísque.

— Tanto faz.

— Ela te mataria se você confundisse a bebida preferida dela.

Meu celular começou a tocar quando eu havia acabado de colocar um prato no escorredor de louças. Sequei as mãos e vi que era Pedro ligando.

— Pedro, eu estou ocupada.

— Eu queria falar com você, Naty. Posso ir até sua casa?

— Você não entendeu que eu estou ocupada? Depois conversamos.

Desliguei à ligação e coloquei o celular de volta sobre a pia. Minha mãe me olhou de forma estranha, como se estivesse assustada. Eu apenas a encarei, meneei a cabeça como se perguntasse "o quê?" e ela deu de ombros em resposta.

— Precisava ser grossa desse jeito?

— Não estou com paciência para o Pedro agora.

— Eu não sei quem ele é, mas não deve ser uma má pessoa. Você poderia pelo menos ter sido amigável com o menino.

Dei de ombros, encerrando o assunto. Ela não falou mais nada, o que me deixou um tanto aliviada. Eu realmente não queria conversar com Pedro naquele momento, porque sabia que ele iria me encher o saco com perguntas sobre a festa e o motivo de eu estar evitando-o a todo o custo. Sinceramente? Nem eu sabia, mas a última coisa que eu queria no momento era falar com ele.

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Depois de tomar banho, me joguei na cama ainda enrolada na toalha e dormi. Estava chovendo muito lá fora, mas ainda estava calor, o que me permitia dormir completamente sem roupa. Caso você nunca tenha feito isso na vida, sugiro que faça ao menos uma vez. Aprendi com Joey Tribbiani de Friends, que você deve ficar pelado sempre que possível. Vai por mim, é uma sensação maravilhosa.

Acordei com o som de um trovão muito forte. Levantei e fui até meu guarda-roupas, onde peguei meu pijama mais leve. Meu cabelo ainda estava um pouco molhado, mas eu não estava afim de secá-lo com o vento quente do secador, então apenas prendi-o para cima e deixei que secasse naturalmente. 

Minha cabeça começou a repetir incansavelmente o meu tom de voz quando falei com Pedro ao telefone. Eu fui tão grossa assim com ele? Achei melhor ligar e pedir desculpas. Da primeira vez que tentei, chamou até cair na caixa postal. Na segunda vez, uma mulher atendeu.

— Esse é o número do Pedro, não é?

— Sim, mas ele não está. Brigou com o pai e saiu. Ele deixou o celular aqui, disse que ia na casa de uma amiga.

— Obrigada.

Eu aqui preocupada com o Pedro e ele "na casa de uma amiga". Depois reclamam por eu ser grossa com as pessoas. Ah, cara, o Pedro me ligou do nada para vir até minha casa e depois que levou uma invertida foi à casa de uma amiga! Claramente ele não se abalou nem um pouquinho.

Não que eu queira abalá-lo. Eu só achei estranho ele superar tão rápido. Você me entende, não entende? 

De qualquer forma, eu perdi o sono e resolvi descer para assistir ao primeiro programa legal que estivesse passando às duas e meia da manhã. Parei em uma maratona de um programa sobre irmãos gêmeos que reformavam e vendiam casas. Os dois eram bem bonitos, preciso reconhecer. E o programa era realmente interessante; então perdi completamente o sono, assistindo concentrada a todos os episódios que passavam. 

Perto das cinco da manhã, meu sono começou a dar as caras. Dormi no sofá mesmo, já que eu ainda estava de férias e o máximo que eu faria no dia seguinte era levantar do sofá e ir dormir na minha cama.

Minha mãe tinha apenas mais dois dias de folga, o que a fez ir à um spa para fazer todas aquelas massagens e tratamentos relaxantes. Todos os anos ela fazia isso, mas nunca me deixava ir porque eu "não passava por tanto estresse quanto ela". Adoro essas pessoas que ficam brincando de quem é mais problemático.

A chuva ainda estava fortíssima, eu arriscava dizer que mais forte que antes. Alfredo estava dormindo na poltrona ao lado do sofá, tão enrolado que parecia pequeno. Fiquei admirando meu cachorro por um tempo, até que tocaram a campainha.

Quinze vezes seguidas.

Quase gritando de raiva, mandei Alfredo parar de latir e não funcionou. Joguei um biscoito para ele, então fui atender a porta.

Pedro estava lá. Completamente ensopado, tremendo de frio.

Ah, mas que droga.

Peguei o meu guarda-chuva, que sempre ficava pendurado num gancho ao lado da porta e saí correndo para abrir o portão.

— Que diabo você está fazendo aqui, garoto?!

— Não sabia mais para onde ir.

Ah, merda. Agora eu sou o refúgio dos outros. Legal, muito legal.

Puxei Pedro para baixo do guarda-chuva e fui com ele até a porta da minha casa. Pedi que ele esperasse e tirasse toda a roupa molhada para eu colocar na secadora, então fui até o segundo andar e peguei três toalhas. Quando voltei à porta, Pedro estava apenas de cueca, tremendo de frio.

— Sua cueca também está molhada, Pedro.

— Eu não vou tirar agora.

— Você acha que vai me assustar, é? Toma — joguei uma toalha por cima do ombro dele e as outras duas lhe entreguei para que ele se enrolasse e tirasse a peça de roupa restante em seu corpo. — Vai lá pra cima tomar um banho quente antes que você fique... — Ele espirrou — gripado.

Mostrei onde era o banheiro para ele e fui levar suas roupas até a secadora. Alfredo estava pulando do meu lado, querendo atenção, mas eu estava nervosa demais para brincar.

O que Pedro estava fazendo na minha casa, todo molhado?!

Após ligar a secadora, fui até meu quarto, peguei um cobertor e o deixei sobre o aparador perto do banheiro, com um post-it dizendo que era para Pedro se enrolar nele. Eu não tinha nenhuma roupa que lhe servisse, então o garoto teria de andar nu por aí.

Quando ele terminou o banho, desceu as escadas completamente enrolado no cobertor. Estava tremendo de frio, mas lá fora fazia um calor de 28 graus, mesmo com a chuva.

— Pedro, você está bem?

Ele negou com a cabeça. Ah, não. Pedi que ele fosse até o sofá e preparei uma caneca de chocolate quente, peguei um remédio para gripe na gaveta de primeiros socorros que a minha mãe mantinha em casa e levei para ele, que estava deitado, com os olhos quase fechados. Dei o remédio para ele tomar com o chocolate e esperei que ele terminasse.

— O que foi, Pedro?

— Posso dormir um pouquinho?

— Claro.

Ele deitou no sofá e apoiou a cabeça no meu colo. Estava muito quente, então eu comecei a suar imediatamente, mas Pedro estava muito mal. Eu só queria saber o que foi que aconteceu.

Ele teria de ficar nu até suas roupas secarem, pois a secadora era muito antiga. Eu nem sabia como aquilo ainda funcionava, honestamente. Então Pedro estava ali, dormindo nu no meu sofá, enrolado em um cobertor, com febre e sendo cuidado por mim. Bela quinta-feira essa, você não acha?

Quando vi que Pedro estava em seu estágio mais profundo de sono, levantei do sofá e busquei meu celular para ligar para a minha mãe. Ela não me atendeu; devia estar recebendo uma massagem sueca com óleos da Irlanda àquela altura. Então resolvi ligar para a pessoa mais indicada no momento.

— Eu não estou afim de sair de casa agora, Natalie! Minha ressaca ainda não acabou.

— Mas eu nem tive tempo de falar "oi", Olivia! Como sabe que eu vou te chamar para sair?

— Você só me liga quando tá dando merda. Ou vai me pedir para te ajudar a enterrar um corpo, ou para matar alguém.

— Na verdade, não.

— Ah, meu Deus, você já enterrou?!

— Não! Eu não enterrei ninguém! Só me responde uma coisa. Que remédio faz baixar a febre?

— Paracetamol. Você está com febre?

— Não, é o Pedro. Depois eu te explico. Obrigada, tchau.

— Pedro está aí? Ih, vai dar o...

Desliguei na hora certa. Olivia não tinha noção das coisas que falava.

Voltei à cozinha e abri a gaveta de remédios em busca do Paracetamol. Encontrei um vidrinho do remédio em gotas e encontrei na bula a dosagem certa. Acordei Pedro e pinguei as gotas do direto em sua boca.

— Acho que agora você vai melhorar. Precisa tomar de novo daqui a algumas horas, ok?

— Ok... Obrigado, Naty. Me desculpe fazer você passar por isso.

— Não tem problema, Pedro. Eu só queria saber uma coisa. O que aconteceu para você vir parar aqui mais molhado que um peixe?

Ele respirou fundo, tossindo um pouco. Olhou para baixo e, antes de responder, soltou um suspiro desapontado.

— Eu briguei com meu pai ontem e saí andando por aí, na chuva. Pensei que me faria sentir melhor. Eu andei a noite toda e resolvi vir até sua casa.

— Por que a minha casa, Pedro?

— Porque você faz eu me sentir bem.

Mas eu mal te conheço, garoto! Ah, dá licença, pelo amor de Deus!

— Eu não consigo entender isso.

— Eu estou muito afim de você, Naty. E achei que... Se aparecesse aqui assim, seria uma oportunidade de tentar fazermos aquele beijo dar certo.

Ah, mas vá à puta que pariu, eu não mereço isso, não!

— Ai que caralho, Pedro... não é possível isso!

— O quê?

— Eu não estou afim de você, cara! Aquele beijo não deu certo e eu não quero tentar outra vez, entendeu? E tem... Tem outra pessoa. Eu gosto de outra pessoa.

— Ah.

Você se lembra que no começo deste capítulo eu falei sobre a sensação de entrar na pele do personagem e sentir tudo o que ele sente? A tensão, o nervosismo...? Pois bem, desta vez o personagem era Pedro, o garoto sentado bem à minha frente, com os olhos cheios d'água. O garoto cujo coração eu acabei de destruir sem dó e nem piedade. Eu me arrependi de ter sido tão estúpida. Mas de que outra forma eu poderia deixar claro que o casal Natalie e Pedro jamais aconteceria?

E nem adianta você tentar me convencer a ficar com o Pedro, porque realmente não vai rolar. Tem uma coisa que eu ainda não te contei sobre ele, mas você saberá em breve. Aguenta firme, logo você entenderá tudinho, assim como eu entendi.


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