Festas, Drogas & Problemas escrita por Julya Com Z


Capítulo 7
Seis - Mais gay que eu




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Como ainda era cedo, Max sugeriu que eu e ele levássemos Alfredo para conhecer o bairro.  Minha mãe resolveu preparar o almoço e pediu que nós a deixássemos em paz. Isso significa que ela iria colocar sua playlist "Cooking time" para tocar no volume máximo. Ela fazia um grande show quando cozinhava, dizia que a comida ficava mais gostosa. Então eu tinha que ficar longe, porque ela morria de medo de que alguém a visse. O que eu, pessoalmente, acho uma tremenda idiotice. Quer dançar, cantar, falar sozinho? Pois faça tudo isso! Isso faz parte de você, ninguém pode te tirar sua essência! Eu sou louca em casa, em público, em qualquer lugar. Porque eu simplesmente sou louca. 

— Sua mãe é engraçada. — Max cortou o silêncio. Estávamos caminhando com Alfredo e o clima estava tão tranquilo, tão amigável, que não precisávamos conversar para cortar o famigerado "silêncio constrangedor". Estávamos curtindo nosso silêncio amigo; onde pensávamos em nossas próprias coisas, sem deletar a presença do outro. Era simplesmente um momento tomado por cumplicidade, sem que nada precisasse ser dito.

— Ela é maluca. — eu respondi depois alguns segundos, puxando a coleira nova de Alfredo para mantê-lo ao meu lado.

— Gostei dela.

— É bom que tenha gostado, porque vocês ainda vão passar uns dias juntos, né? Digo, até sua mãe voltar.

Ele deu de ombros, chutando para longe uma pedra da calçada.

— Bom, minha mãe deve ter voltado também. Já que você voltou.

Olhei para ele com uma cara estranha.

— O que eu ter voltado do acampamento tem a ver com a sua mãe?

Ele levantou os braços, como se dissesse "ué".

— Ela também estava lá, não estava? Você mesma disse que... espera aí; eu não te contei?!

Eu parei subitamente, puxando Alfredo com uma rispidez não calculada. Max me encarava surpreso, como se eu tivesse acabado de lhe soltar uma bomba; não o contrário. Naquele instante, mil teorias se passaram pela minha cabeça, uma mais assustadora e improvável que a outra.

— Max, o que foi que você não me contou?

Eu falei pausadamente, o que trouxe uma grande e redonda nuvem negra ao nosso clima ameno, avisando que a tempestade estava prestes a chegar. 

— A Malu é minha mãe. 

Essa foi a teoria que eu classifiquei como improvável algumas linhas acima. 

— O QUÊ?!

— Eu achei que tinha contado! Mas se serve de consolo, eu a odeio também, Naty!

— Ah, Max! Pelo amor de Deus; como eu olho para você agora sem lembrar daquela dementadora?

Alfredo estava tentando correr atrás de um pombo enquanto eu imaginava Max com o cabelo armado da Malu. O resultado ficou absurdo; mas eu não conseguia ver outra coisa. 

— Desculpa. Eu tinha certeza de que já tinha te contado isso. Desculpa, de verdade. 

— Tudo bem, é que isso é muito estranho. Eu tenho tantas perguntas agora, Max. Você já ouviu falar de mim antes de nos conhecermos, então...? E por que você odeia ela? Como é que você pode compartilhar DNA com aquele monstro?! Ah, eu não consigo acreditar. Eu estou bem triste.

Ele olhou no fundo dos meus olhos e os cantinhos da sua boca se curvaram em um sorriso um tanto calmante. Ele passou a mão no meu rosto, descendo-a até meu ombro; então me guiou até um banco do outro lado da rua, onde eu e ele sentamos, enquanto Alfredo se deitava sob o assento, para se proteger do sol forte. 

Max dobrou uma perna sobre o banco, virando de frente para mim e apoiando-se no encosto relaxadamente.

— Eu vou te explicar pela ordem cronológica das coisas, certo? — assenti em resposta, apenas aguardando a história que ele estava preparando para contar. — É o seguinte... eu não conheço meu pai. Mas não porque ele me abandonou, como no seu caso. — Não fui capaz de conter uma expressão de tristeza no rosto e ele percebeu. Apertou minha mão para me confortar — Eu não sei quem ele é, porque a minha mãe não sabe quem ele é! É isso mesmo; sua professora de matemática é uma madame muito cheia de classe, que não sabe nem quem é o pai do filho dela!

— Você está falando sério?!

— Por que eu mentiria para você? — dei de ombros, concordando. Não havia motivos para Max mentir para mim. Nossa relação era baseada em muita cumplicidade, lealdade. — Já que esse é o momento revelação... Vamos láEla falava muito de você em casa, o que me despertou um certo interesse. Eu... peguei as provas que ela estava corrigindo e tive a mais absoluta certeza de que era você quando li, na parte de preencher o nome do professor, que você escreveu "vagabunda de teta murcha" — ele parou para dar risada, o que se transformou numa gargalhada, me contagiando imediatamente. Eu fiquei decepcionada por descobrir a maternidade de um dos caras que eu mais admirava no mundo; mas saber que ele não se orgulhava de suas raízes, por mais egoísta que isso soe, foi um pouco reconfortante para mim. 

— Ah, Max — eu soltei, depois de vários minutos de risada — Você é maravilhoso, apesar da sua árvore genealógica. — Ele sorriu, conformado. — Malu sabe que você é meu amigo?

— Nem sonha. Ela acha que eu estou na casa do Beck. 

— Quem?

— Sobre ele eu já te contei, eu tenho certeza disso.

— Ah, o cara das costelas quebradas?! O apelido dele é Beck? Eu jamais me lembraria. Mas por que ela acha isso? Ela não sabe que vocês brigaram?

— Não. Eu não contei, porque sei que ela não gosta dele. Ela nunca quis saber nada a respeito dele; então sempre que eu sumo, ela acha que eu estou lá. Eu preferi não contar a ela, para ter sempre um álibi à minha disposição, entende?

Fiz que sim com a cabeça. Max é o tipo de pessoa que pensa em tudo; tem tudo planejado para a primeira emergência que surge. Ele não é qualquer bosta, não. Isso eu te garanto.

 — Só tem uma coisa que está me incomodando agora, Max. — ele me olhou, esperando que eu prosseguisse — Por que a Malu estava chorando ontem ao telefone falando com você?

Ele franziu o cenho, intrigado.

— Como sabe disso?

— Eu a ouvi dizer "feliz ano novo, filho" enquanto chorava horrores.

Suas sobrancelhas se ergueram, num sinal de que ele estava tentando lembrar do ocorrido.

— Ela me ligou, dizendo que acha que sabe quem é meu pai. Como eu odeio que ela mexa no meu passado e não faço a menor questão de saber quem é o cara, principalmente depois de tanto tempo, acabei me exaltando e briguei  com ela. Reconheço que passei um pouco dos limites, mas eu fiquei muito nervoso, Naty. Imagina você descobrir que sua mãe anda investigando coisas sobre você sem sequer te avisar. Ela me deixou uma mensagem chorando, dizendo que se eu quisesse ela pararia de procurar.

— E você quer?

— Eu não sei. Como você reagiria se descobrisse que tem um filho de 22 anos, cuja existência era completamente desconhecida até então?

— Eu daria risada; como meu filho pode ser quase cinco anos mais velho que eu?

Ele sorriu, me dando uma cotovelada fraca.

— Idiota; você entendeu o que eu quis dizer.

— A verdade é que ninguém sabe como o cara reagiria. Ninguém tem como prever isso. Deixa a Malu procurar seu pai, Max. Deixa ela fazer alguma coisa para Deus ver. Além do mais, que mal faria ter o nome do seu pai no seu registro, hein?

— Você está certa. Ok, eu vou deixá-la procurar pelo meu pai. Desde que ela não me envolva em nada até encontrá-lo.

Dei de ombros em resposta, pois já não havia muitas maneiras de prosseguir com aquele assunto. Max resolveu então que voltaria para casa, para conversar direito com sua mãe. Ele não morava longe de mim, então nós fomos juntos e ele fez uma careta entediada quando viu o carro da Malu estacionado na garagem ao lado da sua moto (eu te contei que Max tem uma moto? Ele ganhou de aniversário aos dezenove anos).

— Eu vou indo, então. Obrigada pelo presente, Max.

— Não precisa agradecer. Visitar o Alfredo será mais uma desculpa para eu aparecer na sua casa.

Eu sorri e ele me puxou para um abraço forte.

— Boa sorte com a sua mãe. Se houver algum problema com ela, meu sofá estará sempre à disposição dessa sua linda bundinha. 

— Minha linda bundinha agradece. — ele então me lançou mais um daqueles seus sorrisos. Ah, o sorriso do Max, como eu queria que você pudesse vê-lo. — Eu vou lá, então. Obrigado por me acolher, como sempre, Naty. — Ele abaixou para se despedir do Alfredo e, quando levantou, tirou uma mecha de cabelo da frente do meu olho, me encarando de uma forma intensa, como nunca havia me olhado antes. Eu senti que havia algo diferente, mas não consegui identificar o que era. — Ah, quer saber?! Eu já enrolei demais, vem aqui.

Max me beijou. Assim mesmo, desse jeito, no meio da rua, na frente da casa da pessoa que mais me odeia no mundo, que por ironia da vida (ou karma), era mãe dele! Max segurou meu rosto com as duas mãos com uma força estranhamente romântica e começou a me beijar, enquanto o cachorro que ele acabou de me dar latia, como se estivesse comemorando. Eu sentia que ele estava sorrindo, mas eu estava atordoada demais para fazer qualquer coisa que não fosse retribuir seu beijo, agarrando com força a coleira do Alfredo com uma mão e, com a outra, segurando na nuca do cara que tinha (finalmente) dado aquele segundo passo, que eu ansiava em segredo há tanto tempo.

E que beijo maravilhoso, minha gente! Carregado de vontade, de desejo e... química.

A mais pura química.

Quando nos soltamos, meus olhos se recusavam a abrir. Eu queria ficar ali, com a luz do sol atrapalhando minha visão, contornando o corpo de Max, fazendo-o parecer uma imagem angelical de um galã de cinema em um filme épico de cavaleiros.

— Max, eu...

— Antes de você me dar uma chinelada, eu preciso dizer que fazia muito tempo que eu queria te beijar. Pensei que aconteceria quando te dei o Alfredo, mas...

— Eu não vou te dar chinelada nenhuma, idiota. Eu só quero saber por que você não fez isso antes.

— Você não vai me agredir?! — ele estava realmente surpreso. Eu sou tão agressiva assim? Não responda.

— Claro que não, Max! Eu jamais agrediria você.

— O controle remoto que você arremessou na minha clavícula discorda.

Eu sorri, fazendo-o sorrir também. Sugeri que tirássemos uma foto eu, Max e Alfredo. Ele aceitou e nós nos sentamos na calçada para ficarmos da altura do cachorro. Eu queria poder te mostrar essa foto, ficou tão bonita. Aproveitei a luz alaranjada do sol, então não precisei editar a imagem com filtros; apenas postei, fazendo questão de marcar Max e colocando uma legenda fofa, agradecendo pelo presente. 

— Vou entrar, Naty. Cuide bem desse garoto.

— Pode deixar. E não se esqueça de dizer à sua mãe que ela é uma desgraçada.

— Claro, vai ser a primeira coisa que eu vou dizer.

Antes de entrar, ele me deu um beijo rápido, que eu preciso admitir que estava esperando que acontecesse. 

Mas que droga é essa que está acontecendo? Eu sabia que era muito afim do Max, não te contei porque imaginei que você já soubesse, mas... Aquela sensação na barriga durante o beijo; o que é aquilo? São essas as famosas borboletas?

  ⌘  

Eu e Alfredo caminhamos de volta até minha casa sob as sombras das casas, árvores e postes projetadas na rua, calmamente e em silêncio. O cachorro parecia saber que eu estava plena. Eu sentia como se houvesse alguém atrás de mim, puxando para cima os cantos da minha boca e formando um sorriso teimoso, que estava desesperado para mostrar-se às pessoas na rua. 

Quando entrei em casa, minha mãe protestou por Max não ter voltado comigo. Havia comida para metade de um batalhão do exército naquela mesa! Como era possível em tão pouco tempo minha mãe fazer tanta comida? Enquanto dançava Sidney Magal e cantava "ah, eu te amo, meu amor"...

...Seria sempre um mistério.

— O que eu faço com toda essa comida agora?

— Calma, eu vou dar um jeito. 

Peguei o telefone e o primeiro número que começou a gritar na minha cabeça foi o de Olivia. A melhor companhia do mundo para qualquer tipo de evento gastronômico é essa loira, você pode apostar. 

— Pode encher meu prato; chego em três minutos.

E ela chegou mesmo. Com Leo no encalço.

— Olha, eu vim mesmo, porque só de ouvir falar na comida da sua mãe eu já fico desesperado, querida! 

— Eu ia te chamar, mesmo, meu amor. 

Ele fez um movimento com a cabeça, como se dissesse "é bom mesmo". E eu sei que ele estava dizendo aquilo. Com os novos convidados para o almoço — que, diga-se de passagem, estava mais para café da tarde —, minha mãe ficou tão feliz que resolveu fazer brigadeiro de sobremesa, e todo mundo comeu até não sobrar nem a lembrança do doce.

— Dona Sophia — Leo disse, lambendo o resto de brigadeiro  da sua colher — A senhora libera Naty para ir conosco à inauguração da Psycho? É uma boate que vai abrir hoje e vai ser muito boa.

— Só se eu puder ir junto.

O coro que eu, Leo e Olivia fizemos de um lindo e sonoro "O QUÊ?!" não pode ser ser reproduzido com um simples travessão. Foi uma surpresa tão grande, que foi digna de uma trilha sonora em um filme de terror, eu juro! No clímax do filme, quando o demônio finalmente mostra sua face, no lugar daquele som assustador poderia facilmente ser colocado o nosso grito de surpresa. Qualquer filme venceria um Oscar de melhor trilha sonora rapidinho.

— Era brincadeira, gente! Podem ir, mas eu quero juízo. — ela riu, levantando da mesa — Depois desse espanto todo eu vou para o meu quarto assistir àquela série maravilhosa sobre o professor de química que trafica metanfetamina.

— Sua mãe assiste Breaking Bad?  — Olivia perguntou, enquanto respondia a uma mensagem no celular. — Ela precisa me indicar alguma coisa para assistir, o gosto dela para séries é ótimo! Mas chega de papo, você precisa se arrumar para irmos. A festa começa em três horas, e ainda tem fila para entrar.

Eu não estava entendendo nada; de onde eles tiraram uma inauguração de boate no primeiro dia do ano? 

— Eu tenho o contato de um promoter e ele me convidou, já que está cheio de segundas intençõesNão que eu queira algo com ele, além dos convites para a festa...

— Você podia prestar um pouco mais, Olivia. — Leo comentou, balançando a cabeça em negativa, demonstrando desgosto. 

— Entrada VIP na balada, cara!

Leo deu de ombros e pegou o controle da tevê. Colocou em um canal onde passava um programa sobre dois irmãos gêmeos que constroem e vendem casas pelos Estados Unidos e eu subi para me arrumar. Estava completamente exausta, pois desde que cheguei do acampamento não parei para descansar de verdade; mas valeria à pena, imagino eu. Enviei uma mensagem ao Max convidando-o e ele respondeu que jantaria com a mãe, para conversarem sobre seus "possíveis pais". Não seria nada fácil, mas o que eu poderia fazer para ajudar, além de desejar que Malu e seu cu explodissem?

Pedro me enviou uma mensagem, dizendo que estava a caminho dessa mesma festa, o que eu recebi de uma forma pouco positiva. Meu medo no momento era que Pedro grudasse em mim, porque ele parece ser do tipo que quando gruda, é impossível de desgrudar sem quebrar o coração do garoto em trezentos pedaços. Me entenda, eu não sou uma má pessoa, não queria quebrar o coração de ninguém; mas também não queria ninguém pendurado no meu pescoço o tempo todo.

  ⌘ 

O lugar era ótimo, apesar de ser apenas mais uma boate na Avenida Piazon, a rua mais cheia de coisas para fazer e lugares para ir de toda a cidade. Mas, considerando que eu já conhecia aquelas boates até do lado avesso, seria legal ao menos uma novidade.

Devia ter gente saindo pelas caixas de som; era inacreditável a quantidade de pessoas naquele lugar. Eu estava suando feito um condenado ao inferno, então resolvi pegar alguma bebida gelada no bar.

— Pega uma cerveja para mim, Naty? — Pedro falou muito perto do meu ouvido, o que deveria ter me causado um arrepio, mas causou uma irritação. Eu não sei por que estava irritada com Pedro, eu só não queria ele muito perto de mim, cara! 

Pedi a cerveja e lhe entreguei. O barman me entregou um drink azul com muito gelo e, quando me virei para voltar onde estavam Leo e Olivia, dei de cara com Pedro, derrubando grande parte da minha bebida em cima dele. 100% sem querer, eu juro por Deus!

— Você não me viu aqui, não?! — ele ficou irritado. Eu ficaria também, se derrubassem uma bebida estupidamente gelada na minha camiseta branca.

— Não, foi de propósito! Claro que eu não te vi, Pedro. Desculpa, vamos ao banheiro, vou lavar isso para você.

— Não precisa, eu vou jogar fora. Vai ficar manchada, mesmo. Vou me limpar e uso só a camisa de cima.

Ele me deu as costas e saiu de perto, correndo em direção ao banheiro. Quando cheguei onde meus amigos estavam, Leo deu um gole na minha bebida, analisando minha expressão de puro ódio.

— O que foi, chuchu?

— Derrubei bebida no Pedro e agora ele está putíssimo, vai jogar sua camiseta fora e usar apenas aquela camisa xadrez horrorosa que está por cima da outra. Alguém avisa que eu não estou afim?! Não estou querendo ficar com ele, gente. Eu quero beber, sem ninguém me enchendo o saco!

— Relaxa, minha filha! — Leo olhou em volta, procurando alguém. — Tive uma ideia; fiquem aqui.

Ele chamou um garoto que estava próximo de nós, falou algo em seu ouvido e fez um sinal com a mão, como se estivesse lhe explicando alguma coisa. O garoto fez que sim com a cabeça, estendeu a mão e Leo lhe entregou uma nota de vinte reais.

— Você tem certeza de que Pedro vai ficar só com aquela camisa que estava por cima? — ele perguntou ao voltar.

— Sim, foi o que ele me disse.

Dito e feito. Quando Pedro voltou, estava sem a camiseta branca que eu e meu drink pintamos de azul. A camisa xadrez de flanela que ele usava por cima apenas para "completar o visual" estava agora como única peça de cima, fechada até o penúltimo botão. Era uma camisa muito feia, meus queridos. E Pedro estava assustadoramente mal humorado.

— Pedrinho, deixa eu te falar uma coisa — Leo abraçou Pedro pelo ombro, falando mais alto que a música. — Com essa camisa toda engomadinha e perfeitinha, você está mais gay que eu! Pode ir trocar, eu estou perdendo todos os boys por sua causa!

Então Leo fez um sinal muito discreto para o garoto com quem havia conversado antes, que veio se aproximando de nós, por trás de Pedro e falou perto do ouvido dele:

— E aí, quer beijar?

Leo levantou uma sobrancelha pra mim, como se dissesse "missão cumprida".    

Pedro olhou assustado para cima — o cara era pelo menos trinta centímetros mais alto que ele.

— Não, valeu. Eu sou hétero.

O cara riu.

— Com esse look? Era mais fácil apenas dizer que não quer, lindinho.

Quando o cara saiu, Pedro olhou para mim, que estava fazendo o possível para não rir. Foi em vão, pois eu fiz um barulho de pum com a boca e comecei a gargalhar muito alto, acompanhada de Olivia. Leo deu dois tapinhas no ombro do Vingador e disse "eu não falei?".

— É melhor eu ir embora; hoje claramente não é o meu dia.

Ele esbarrou em mim ao passar. 

— Ele ficou chateado.

— E eu com isso, Liv?! Vamos dançar, por favor!

Rapidamente, me esqueci de Pedro e de seu mau humor. Leo depois me contou que o cara nem era gay, Leo havia apenas pedido a ele que desse em cima de Pedro, pois ele estava "incomodando suas amigas". Não que ele estivesse errado, mas e se o cara resolvesse partir para a porrada? Leo nem se importou quando eu fiz essa pergunta, disse apenas que, como nada aconteceu, não havia com o que se preocupar.

Sabe qual termo é praticamente sinônimo de "inauguração de balada"? Exatamente, "open bar". Você sabe o que significa quer dizer? Exatamente, que eu bebi até não aguentar mais! Já estava com a visão embaçada quando sentei em um banco perto da parede para me recompor e voltar a dançar. Olivia estava ao meu lado, ainda sóbria (se comparada a mim) e estava quase completando uma hora que Leo sumiu com um garoto. 

Notei que um cara muito bonitinho não parava de me olhar, mas eu não estava nem um pouco afim de conversar no momento.

— Natalie, aquele cara tá vindo aqui. — Olivia me cutucou no ombro e quando eu percebi já era tarde; o cara já estava bem na minha frente.

 — Oi! — ele gritou para ser ouvido por cima da música. Eu dei um sorrisinho em resposta. — Você é a Natalie, não é?

Ok, agora eu posso conversar.

— De onde você me conhece?! — Eu não fazia a menor ideia de quem era aquele cara, gente!

— Você postou uma foto com o Max hoje, não postou?

— Ah, você é amigo dele?

Ele levantou os ombros, fazendo uma cara estranha.

— Mais ou menos.

— Qual é o teu nome?

— Bernardo. Mas pode me chamar de Beck.

Ah, fodeu. Fodeu e não foi pouco não, galera. 


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