Superando o passado escrita por HungerGames


Capítulo 12
Capítulo 12




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Não tem ninguém no apartamento e eu me jogo no sofá, ligo a tv e fico assistindo um programa de humor. Passa das dez da noite quando Vinny chega, já estou no meu quarto e ele abre a porta sem nenhuma cerimônia, quando vê que estou acordada, ele entra e se joga na minha cama.
— Adivinha quem tem show agendado no Phisys, no próximo domingo?
— No Phisys? Quer dizer na balada mais renomada da cidade onde todos aqueles granfinos metidos vão?
— Exatamente! O pessoal que vai inaugurar aquele hotel perto do Hangar vai fazer uma festa de inauguração lá e o primo do Mateus trabalha em alguma coisa importante lá e indicou a gente...
— Ah meu Deus! Meus parabéns – eu o abraço apertado e ele ri – Então finalmente vamos poder entrar lá sem vender nenhum dos nossos rins?
— De nada – ele ri orgulhoso.
— Então já temos onde comemorar – ele me olha curioso – Amanhã no restaurante do Vítor...
— Então vocês estão se entendendo?
— Estamos!
— E isso quer dizer que? – ele se arrasta e coloca a cabeça na minha barriga, me olhando com atenção.
— Que eu gosto de ficar perto dele, a gente se entende, a conversa é legal, eu não sinto que ele fica com pena ou medo do que falar, sei lá...
— E você acha que isso pode ser mais do que só gostar da companhia dele?
— Não sei! Eu... Realmente não sei – olho pro Vinny e ele sorri pra mim e toca meu queixo.
— Só deixa rolar...
— Eu tô tentando
— Continue tentando – ele se levanta, beija minha testa e se senta do meu lado.
— E como foi hoje? – ele arregala os olhos e me deixa ainda mais curiosa.
— Eles são demais – ele fala depois de todo o suspense e ri, eu dou um tapa nele mas acabo rindo também.

Eu sou a primeira a ficar pronta, como sempre, me olho no espelho, estou com uma calça jeans escura cintura alta e com uns rasgos na coxa, uma camisa xadrez preta e vermelha que eu vesti e amarrei na cintura, deixando um pouco da minha pele a mostra, fiz o mesmo rabo de cavalo do outro dia, mas passei um pouco mais de maquiagem, deixando meus olhos mais marcados com um delineador que por algum milagre da natureza saiu perfeito, passo um batom mate e vou pra sala depois de dar um grito pro Rafael e o Vinny se apressarem, pego as chaves e já deixo na porta.
— Isso tudo é pressa pra ver o Vítor é? – Rafael chega já implicando comigo.
— Eu gosto de manter o horário combinado – ele ri e eu mostro o dedo do meio pra ele.
— Crianças, comportem-se – Vinny fala enquanto vem até nós ajeitando uma toca cinza na cabeça.
— Sério? Você demora mais tempo do que eu e ainda não consegue pentear o cabelo?
— Isso é estilo – ele fala, pisca o olho e beija minha bochecha – Vamos – ele pega a chave do carro e saímos do apartamento.
Quando chegamos no restaurante Lia e Bruno já estão lá, nós vamos até eles, Lia me abraça de um jeito exagerado, mas totalmente normal dela e antes que eu me sente Vítor aparece, ele abre um sorriso largo quando me vê e Vinny que está entre nós dois, se afasta e deixa que ele se aproxime e isso faz o sorriso dele aumentar ainda mais, também sorrio, principalmente por que ele está muito bonito, sempre o achei bonito, mas hoje parece que tem algo diferente, talvez esteja apenas mais arrumado, ele está com uma calça jeans bem desbotada, com rasgos nos joelhos, uma camiseta preta de bolinhas brancas e um blazer preto por cima, só sei que realmente não consigo olhar pra outro lado.
— Você está linda – ele fala já colocando a mão na minha cintura e beijando minha bochecha, eu sorrio um pouco nervosa com essa proximidade e com o toque dele em mim, mas tento disfarçar.
— Você também está muito bonito – ele sorri e mantem os olhos fixos nos meus por um segundo e é como se tivesse passado vários minutos.
— Obrigado – ele agradece e então tira a mão da minha cintura, sinto como se meus músculos relaxassem, mas estranhamente não estão satisfeitos, ele cumprimenta os outros, Vinny explica que Bianca não poderá vir, Rafael diz que pode chamar uma amiga dele e recebe um não quase que em uníssono, ele faz uma cara de ofendido e nós nos sentamos, Vítor puxa a minha cadeira e sorri quando se senta ao meu lado, ele faz um sinal para um dos garçons e então o garçom passa pela porta que provavelmente dá na cozinha – Bom, eu já tinha feito uns pedidos, mas se quiserem pedir mais alguma coisa, podem pedir – ele avisa e Lia já está cutucando minha perna toda empolgada, eu tento dá um chute no pé dela pra ela se controlar mas é inútil.
AH MEU DEUS — ela gesticula quando os meninos estão conversando entre eles sobre o placar do futebol de hoje.
— Se controla – eu sussurro mas óbvio que ela não obedece, o que ela faz é se inclinar e aproximar a boca da minha orelha.
— Ele tá tão gostoso e cheio de atitude...
— Eu vou trocar de lugar se você não se controlar
— Que homem!— ela sussurra e ri quando eu arregalo os olhos, então Bruno chama nossa atenção quando nos chama pra conversa, eu o olho agradecendo e ele me dá um sorriso disfarçado em resposta. Logo chega uma grande barca que ocupa quase a mesa toda, dessa vez eu exagero junto com a Lia e mal esperamos eles se servirem e já estamos pegando nossos hashis e nos servimos.
O jantar todo está incrível, nós rimos, conversamos e mal percebemos o tempo passar, começa uma leve discussão sobre pagar a conta mas Vítor é totalmente taxativo quando diz que ficará profundamente chateado se mais alguém insistir.
— Por mim tá de boa – Rafael fala e todo mundo ri.
— Eu realmente queria ficar mais tempo, mas nós realmente temos que ir, eu acordo bem cedo amanhã – Bruno fala fazendo uma leve careta.
— Mas eu adorei a noite e temos que repetir isso logo – Lia complementa já ficando em pé, ela me beija, manda um beijo no ar para os outros, Bruno também acena pra eles, beija minha testa e eles saem.
— Foi mal, gente, mas eu também acordo cedo – Vinny fala fazendo uma careta.
— Tudo bem – eu coloco o lenço que estava no meu colo em cima da mesa, a mão do Vítor para em cima da minha e antes de olhar pra ele sinto um arrepio correr desde a minha mão até minha espinha.
— Será que eu posso te levar? – ele pergunta com a sobrancelha levemente erguida.
— Ótima ideia! Eu tava pensando em passar lá na Bianca rapidinho mesmo – Vinny fala já se levantando – Anda, eu te deixo no meio do caminho – ele fala dando um tapa no ombro do Rafael que sorri de um jeito divertido e se levanta.
— Não tenham juízo, por favor – ele fala sorrindo e antes que eu posso mandar ele se ferrar ele se afasta da mesa, Vinny também sai rápido antes que eu possa ter a chance de dizer alguma coisa.
— Acho que isso foi um sim – Vítor fala sorrindo.
— É isso ou eu acabei de ser despejada – ele ri, então se levanta e me estica a mão, eu a seguro e o arrepio aparece ainda mais forte, ele sorri e aperta os dedos em volta da minha mão, nós caminhamos até a saída do restaurante, ele não solta minha mão e por algum motivo eu também não solto a dele, então acabamos caminhando pela calçada de mãos dadas.
— As coisas estão indo bem pra banda né? – ele comenta e eu sorrio orgulhosa.
— Estão! Não quero parecer puxar saco nem nada, mas eles são incríveis...
— Alguma coisa me diz que esse seu comentário tem mais a ver com o vocalista
— Por que você pensaria algo assim? – tento fazer minha melhor cara de confusa.
— Sexto sentido, eu acho – ele dá de ombros e eu sorrio.
— Ele merece! De verdade, sabe? Ele realmente merece. Eu lembro da gente adolescente ainda e ele não podia ver um violão que ele logo tava lá tocando e cantando...
— Aposto que você tinha que controlar todas as fãs
— Ah nem me fala... Elas eram tão irritantes – eu reviro os olhos e ele ri – Na verdade ainda são e pioram com o tempo. Eu não sei qual o problema dessas garotas, qual é? Um cara não pode ser gato, inteligente, ter uma voz incrível e ter aqueles olhos azuis que me matam de inveja e pronto, elas já ficam enlouquecidas?
— E você? Nunca ficou enlouquecida também?
— Ah nem um pouco! Fala sério, elas estão vendo ele assim, eu vi ele pesando 40 quilos, só tinha pernas finas e olhos esbugalhados...
— E você?
— O que tem eu?
— Como você era mais nova?
— Ah, eu... Nossa... Não sei o quanto você é ligado em moda e essas coisas, mas conhece a Gisele Bundchen? – ele me olha já rindo – Eu era quase uma cópia dela, só que morena, na verdade eu era a mistura dela com Angelina Jolie, embora muitas pessoas achassem que eu tinha uma coisa de Beyoncé...
— UAU! Você era tipo... A garota mais gostosa da cidade.
— Eu não posso dizer isso, a módestia não permite
— Eu entendo – ele me dá uma piscada e então ele aperta a mão um pouco mais a minha quando vamos atravessar a rua, acabamos dando uma corridinha no final e os dois riem.
— Eu não ia dizer nada mas... Eu moro pro outro lado – eu falo apontando pra trás, ele ri.
— Eu não ia dizer nada mas... Eu estou te sequestrando – ele coloca o dedo na frente da boca pedindo segredo, eu sorrio e continuamos a andar.
— E você? Seu passado te condena?
— Ah não, sempre fui bonitão assim mesmo – ele dá de ombros – Talvez com uma dezena de espinhas e um sério problema em trocar o R pelo L e isso pode ter me rendido o apelido de Cebolinha até meus... 14 anos, embora eu tenha parado de trocar as letras aos 11.
— Pelo menos não era o Cascão – eu dou de ombros e ele ri.
— Chegamos – ele aponta para uma sorveteria que está a alguns passos de nós, ela é grande, bem colorida e está bem movimentada, nós entramos e ele me leva até os freezers grandes.
— Você cometeu um erro – ele me olha curioso – Eu amo sorvete e não sou do tipo que pega um pouquinho...
— Perfeito, odeio esse tipo – ele revira os olhos e pega uma taça vermelha e me entrega, eu aceito e sorrio animada.
Passo vários minutos pra me decidir, olho todas as opções pelo menos umas duas vezes e então pego 3 sabores diferentes, coloco castanha e um pouco de calda de morango, a taça dele está tão cheia quanto a minha então não me sinto uma ogra – Tem uma praça ali na frente – ele fala e nós saímos da sorveteria e atravessamos uma rua até a praça, me sento no banco perto de uma arvore e ele se senta ao meu lado.
— Eu adoro isso – fecho os olhos sentindo a mistura de sabor, ele sorri – O quê é esse? – pergunto já apontando pra taça dele.
— Maracujá!
— Droga, eu não vi maracujá – ele ri, enche uma colher e então me oferece, eu aceito e arregalo os olhos com o sabor – Eu DEVIA ter pego maracujá...
— Eu não tenho problemas com dividir
— O Vinny odeia que eu faça isso, ele diz que eu quero tudo
— Então acho que eu sou mais legal que o Vinny – ele me dá uma piscada e me oferece outra colher.
— Você está me subornando – falo mas aceito – E eu adoro isso – nós dois rimos, ele enfia a colher na minha taça e pega um pouco.
Terminamos nossos sorvetes e ele jogas as taças numa lixeira próximo a nós, depois volta e se senta ao meu lado, se virando pra mim, ele me olha de um jeito engraçado e que me deixa um pouco sem graça.
— Para de me olhar assim
— Por que? – ele apoia a cabeça na mão e fica me olhando.
— Por que eu fico sem graça e é estranho...
— Não tem nada de estranho, pelo menos eu acho que não
— Isso por que você É estranho – ele ri.
— Eu só gosto de olhar pra você!
— Viu! Exatamente o que eu disse...
— Não, não tem nada de estranho em olhar pra você, na verdade é... Uma das melhores visões pra mim – eu balanço a cabeça negando.
— Isso é...
— A verdade – ele afirma e eu volto a olhar pra ele, mesmo ficando ainda sem graça, eu empurro esse sentimento pra baixo e me obrigo a encará-lo.
— Por que você cismou comigo? Sabe, eu... Eu já disse que não tô pronta pra isso, nem sei se vou tá um dia... Tenho certeza que deve ter um monte de garotas atrás de você, mulheres que estão só esperando uma chance...
— Eu não quero elas! Nenhuma delas. Sim, você está certa, tem outras mulheres, mas nenhuma delas me fez sentir o que você faz. Desde a primeira vez que eu te vi – ele sorri lembrando – Você entrou no metro, tava cantarolando alguma música, até hoje eu tenho quase certeza que era “The Lazy song”, você parou ali do meu lado e meu dia tinha sido uma merda, juro, o dia inteiro foi horrível e quando olhei pra você de novo você tava rindo, realmente riu, o sorriso mais lindo que eu já tinha visto, eu soube naquele momento que você não podia ser só uma garota no mêtro... E agora que eu te conheço, eu só sou ainda mais encantado com você, na verdade, eu estou apaixonado por você
— Isso não faz sentido...
— Exatamente! E é assim que eu sei que é de verdade, por que eu simplesmente sinto, não é algo que eu possa controlar ou explicar, eu só... Olho pra você e sinto novamente, mais forte do que antes – ele se aproxima mais de mim e toca meu rosto, seus dedos escorregam até meu queixo e depois voltam para a lateral do meu rosto – E sinceramente... Eu acho que você sabe exatamente do que eu tô falando... Não sabe?
— Eu não posso
— Você pode e sabe por que você pode? Por que você quer! – ele dá de ombros e me dá um pequeno sorriso – Se eu estiver sendo presunçoso e um completo idiota, ok, eu paro e eu juro pra você que nós podemos ser só amigos ou não ser nada, se é o que você quiser, mas eu preciso que você diga isso... – ele tira a mão do meu rosto e continua me olhando com expectativa, eu respiro fundo, sinto todos os dilemas e duvidas gritarem dentro de mim, uma parte minha acha tudo isso errado, eu amo outra pessoa, mas outra sente algo muito forte por ele e essa parte que me impede de dizer adeus.
— Eu não posso pedir pra você ir – ele abre um sorriso – Mas eu não posso te dar nenhuma garantia de nada também, por que eu... – antes que eu possa dizer mais alguma coisa ele me beija, a surpresa me faz levar alguns segundos pra entender, mas logo estou beijando-o de volta, sua mão segura minha nuca e eu me deixo ser levada, nossas bocas se encaixam como e meu corpo reage ao dele e insiste em querer cada vez mais de todas essas sensações, o beijo avança, nossas respirações aumentam, ele coloca minhas pernas em cima das dele, sua mão na minha coxa pra que eu não caia e eu seguro o rosto dele com as duas mãos, a barba arranha meus dedos e eu gosto disso, o beijo diminui um pouco o ritmo e quando para nossas testas estão encostadas uma na outra, eu abro os olhos primeiro e vejo o sorriso que se forma na boca dele, então ele abre os olhos e o sorriso aumenta, seus dedos tocam meu rosto, escorregam até meu queixo e ele me dá um selinho rápido.
— Eu não vou te cobrar nada e isso não precisa ter um nome, somos só duas pessoas que gostam de estar perto uma da outra – ele fala e eu acabo sorrindo – Só isso, que tal?
— Parece razoável – ele sorri e me beija outra vez, porém acaba antes de ficar muito intenso.
— Eu odeio estragar esse momento mas eu preciso saber de só mais uma coisa – ele fala e afasta um pouco nossos rostos – Eu jurei que não iria perguntar, mas agora olhando pra você aqui, eu preciso saber...
— Tudo bem – tento parecer tranquila mas começo a ficar nervosa, ele respira fundo, desvia os olhos do meu e depois volta a me encarar.
— Naquele dia no mêtro, você realmente tava cantarolando “The Lazy Song”? – ele libera um sorriso e eu acabo rindo, mas empurro o ombro dele.
— Você me assustou...
— É sério, eu preciso mesmo saber, é importante...
— Idiota!
— Sim ou não?
— Sim – reviro os olhos mas estou rindo.
— Yeah – ele comemora dando um soco no ar – Eu adoro Bruno Mars
— Claro que você adora, ele é O Bruno Mars né?
— Então, só mais uma coisa... Canta um pedacinho...
— HÁ! Não mesmo! Sem chance!
— Só um pedaço, só cantarolar... – eu começo a rir e nego – Dois versos...
— Não!
— Um verso e meio... Meio verso...
— Esquece – eu tento tirar minhas pernas de cima dele, mas ele as segura me impedindo.
— Eu canto com você, vai... – ele finge limpar a garganta e sorri, então eu começo a rir quando ele começa a cantar.
“Today I don’t feel like doing anything... — a voz não é ruim e ele consegue manter um bom ritmo, mesmo assim eu continuo rindo e ele não se intimida e continua - . I just wanna lay in my bed... Don1t feel like pickin up my phone... – ele faz o sinal do telefone e me cutuca para que eu o acompanhe mas eu nego e tampo minha boca com as mãos, ele puxa minhas mãos pra baixo e continua – So leave a message at the tone... Cause today I swear I’m not doing anything...- então quando eu continuo o próximo trecho, ele me olha sorrindo.
ISSO! – ele comemora dando outro soco no ar, em seguida segura meu rosto com as duas mãos e me beija.
— Isso foi tão ridículo, sério – como estou rindo, ele também ri e me dá outro beijo, dessa vez o beijo não acaba rapidamente, ele aperta minha cintura e eu encaixo meus dedos na nuca dele, ele desliza a boca para o meu queixo e meu pescoço, e quando volta o caminho até minha boca, a barba arranha minha pele e me faz cócegas, eu rio, mas só até ele juntar nossas bocas de novo, ficamos por alguns longos minutos apenas nos beijando – Eu não quero ser uma estraga prazer mas...
— Amanhã você acorda cedo – ele completa com a boca ainda próxima demais a minha, eu concordo.
— Tenho que deixar tudo preparado pra uma reunião logo cedo...
— Tudo bem, eu te levo! Não quero você encrencada por minha causa – ele me dá um beijo rápido e dessa vez quando tiro minhas pernas de cima dele, ele não tenta impedir, eu me levanto e ele me acompanha, nossos dedos acabam entrelaçados de novo enquanto saímos da praça, voltamos o caminho para o restaurante enquanto ele conta que acordar cedo é um dos motivos que o levou a preferir manter o restaurante, já que eles só funcionam a noite, eu implico com ele chamando-o de preguiçoso, mas ele ri e não se importa, quando chegamos ao restaurante ele me leva até uma espécie de garagem, a moto dele está lá e ele me entrega o capacete, tenho que soltar meu cabelo pra coloca-lo, ele sorri de um jeito malicioso mas apenas sobe na moto sem dizer nada, eu me agarro nele e me mantenho junto dele durante toda a viagem, quando chegamos em frente ao prédio, ele também salta da moto.
— Então... A gente se vê no sábado? É a festa surpresa do Rafael
— Com certeza – ele sorri e coloca as mãos na minha cintura, dá um passo pra mais perto e coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha – Espero que você tenha uma ótima noite e uma boa semana...
— Espero que você deixe de ser tão preguiçoso e acorde antes do almoço – ele solta uma risada.
— Vou ver o que eu posso fazer – ele faz uma cara de pensativo, nossos olhares se encontram e ele me beija.
— Até sábado!
— Até sábado!
Ele espera eu entrar no prédio pra poder ligar a moto, eu entro no elevador com um sorriso meio idiota no rosto e aperto o numero no painel, então enquanto o elevador sobe eu sinto um frio no estomago e não tem nada a ver com essa sensação do elevador, é algo mais real, mais forte, mais congelante.
A porta se abre e eu levo uns segundos pra sair e só quando a porta ameaça fechar de novo que consigo me mover, saio ainda um pouco tonta, procuro pela chave e demoro um pouco para encontrar, até que finalmente consigo abrir a porta, o brilho e o som da tv logo me chamam a atenção, os sofás estão vazios.
— Finalmente a Cinderela chegou – Rafael vem falando enquanto sai da cozinha com uma garrafa de cerveja na mão, ele passa por mim e se joga no sofá – E aí, como foi?
— O Vinny tá aí?
— Ainda não, deve tá dando uns amassos ainda – ele fala rindo e continua falando mais alguma coisa sobre ter que aproveitar a vida, mas eu já não estou escutando mais, por que aquele frio na barriga agora parece ter se espalhado por todo meu corpo, sinto como se as energias estivessem sendo sugadas e meu corpo fica dormente, eu praticamente caio sobre o sofá, sem forças pra conseguir me controlar – Tá tudo bem? – ele pergunta chamando minha atenção, ele sai do sofá e vem até a mim passando a mão na minha testa – Você tá gelada e pálida... O que houve?
— Eu... Beijei ele
— Eu sei, beijar é legal!
— Não, eu não... Ah meu Deus, o que eu fiz? – tento tampar meu rosto com minhas mãos, mas ele as segura – Eu não podia ter feito isso...
— Claro que podia! Você pode beijar quem você quiser...
— Não, não posso, eu tenho namorado, eu... Eu tinha um namorado...
— Você não tem mais
— Eu beijei outro cara, eu estava até agora beijando outro cara e sabe o que é pior? Eu... Eu gostei! Eu realmente gostei de ter beijado ele. Isso é tão errado, tão errado...
— Não! Isso é muito certo
— Eu não deveria gostar de beijar outro cara se eu ainda amo o Lipe! Você entende isso?
— Eu sei, todo mundo sabe, mas isso não é traição! Você continua viva, tem todo direito do mundo... – eu fecho os olhos e tento apagar tudo da minha mente – Eu sei que sou a ultima pessoa pra dar algum tipo de conselho amoroso pra alguém mas como só tem a mim por perto, você vai ter que se contentar comigo... – eu abro os olhos e ele parece sério de verdade – Se tudo que você diz sobre o amor de vocês, seu e do Lipe, for verdade então ele iria querer que você continuasse vivendo, por que eu sei, que se eu amasse alguém tanto quanto você o ama, eu nunca iria querer ver essa pessoa infeliz, desperdiçando a vida e se afastando de qualquer chance de felicidade que aparecesse pra ela... Se eu um dia amar alguém de verdade, como você o amou, então não importa como ou com quem, eu ia querer ver essa pessoa feliz e se eu não fosse bom o suficiente pra ela, eu iria torcer pra que ela encontrasse alguém, eu iria ficar por perto estivesse por perto e garantiria que ela achasse alguém que a merecesse como eu não mereço, eu... Eu ia querer que ela encontrasse alguém que cuidasse dela, que a amasse e que a fizesse tão feliz quanto eu quis fazer um dia... Então, mesmo sem entender droga nenhuma sobre o amor, eu tenho certeza que o Lipe está torcendo pra você ser feliz – eu não consigo dizer nada em resposta e de algum jeito eu me sinto mais calma e menos culpada – Você só precisa ir devagar e se dar outra chance, só isso...
— E se eu não conseguir fazer isso?
— Bom, aí foda-se! Pelo menos você tentou – ele sorri de um jeito animador – Não é você mesma que vive me dando seus discursos de “viva sua vida, você só tem uma”? Então! Siga seu próprio conselho e viva um dia de cada vez – ele me dá uma piscada e levanta a mão esperando que eu bata nela, eu acabo sorrindo e bato na palma da mão dele – Isso! Eu vou ser seu padrinho mágico – eu o olho confusa e meio que rindo – É tipo os alcóolicos anônimos, alguém pra ajudar nos passos e tal...
— Eu tenho quase certeza que não é padrinho mágico...
— Então agora você virou uma especialista em AA’s? – eu acabo rindo.
— Cala a boca – eu puxo a garrafa de cerveja da mão dele, bebo a metade e ele não reclama, depois devolvo pra ele e me levanto do sofá – Eu vou tomar um banho e dormir...
— Se precisar de ajuda no banho – ele dá uma piscada.
— Sonha!
— Mas eu faço isso todo dia – ele fala mordendo o lábio e fechando os olhos, eu acabo rindo, mas mostro o dedo do meio pra ele.
— Você é doente – falo e entro no corredor pro quarto, já estava abrindo a porta do meu quando, mas paro e volto – Obrigada! – ele faz uma careta, volto pro meu quarto e vou direto pro banheiro, tiro minha roupa, entro debaixo do chuveiro e deixo a agua morna cair em mim.


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