Superando o passado escrita por HungerGames


Capítulo 13
Capítulo 13




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Na sexta feira a noite eu vou pra casa da Lia por que temos que arrumar tudo para a festa surpresa do Rafael que será no dia seguinte, eu já tinha explicado tudo que queria fazer então já temos a maioria das coisas que precisaremos, mesmo assim temos que arrumar os espaços e ver onde vamos colocar as coisas, Vinny também vem, ele mente pro Rafael dizendo que vai dormir na casa da Bianca e Rafael fica sozinho no apartamento, passamos o começo da madrugada arrumando os espaços no quintal, quando já estamos cansados paramos e dormimos, Vinny dorme comigo no quarto e acordamos cedo no sábado, Bianca aparece e Vítor também, as coisas que encomendamos chegam, organizamos algumas mesas e cadeiras, não convidamos muitas pessoas, apenas um pessoal da academia, preferi não chamar ninguém do escritório por que será uma coisa descontraída e sei lá, ia ter que convidar todo mundo e ia ficar chato.
— Isso tá muito maneiro – Lia fala quando acabamos a arrumação, já está perto da hora do almoço e eu sorrio orgulhosa.
Nós almoçamos juntos e em seguida começo a terminar a decoração, só acabamos tudo no fim da tarde, então paro e olho ao redor, sorrio e Vinny também.
— Será que ele vai gostar?
— Tá me zoando? Vai valer por todos aniversários que ele perdeu – ele fala e eu sorrio mais uma vez.
Como ele nunca teve uma festa antes eu resolvi juntar tudo que as festas tem de melhor, desde uma festa de criança até a de alguém com 26 anos, por isso nas mesas tem carrinhos coloridos como lembranças, balões em formas de animais enfeitam o teto, bexigas coloridas em azul e branco faz um arco na frente do balcão que virou um bar, as garrafas de bebida já estão a postos e o barman que Vítor arrumou também, na piscina tem bolas coloridas, colocamos luzes de neon no espaço coberto em uma pista de dança improvisada, ao lado da pista, um daqueles balões grandes que ficam cheio de brinquedinhos e doces, acrescentei a purpurina apenas pelo doce prazer de ver ele reclamando depois, na lateral do quintal a cama elástica já está montada e o cheiro da pipoca num carrinho que alugamos já invade o lugar, mas o meu preferido ainda é a armação onde estão os algodões doce.
— Liga pra ele! – Lia fala já ansiosa, todo mundo já está arrumado e eu pego o celular e disco o numero dele.
— Rafael?
— Dani?! – ele parece um pouco surpreso.
— O Vinny tá aí?
— Não, tô em casa, não tem mais ninguém aqui, eu passei no mercado, comprei algumas coisas e tava pensando em fazer um jantar ou algo assim... Você vai demorar? – ele fala parecendo meio esperançoso e me sinto um pouco culpada por que nenhum de nós falou com ele hoje e provavelmente ele pensa que esquecemos, mas não posso estragar as coisas agora, então mantenho a farsa.
— Ah foi mal, não volto pro apartamento hoje...
— Ah tá! Então eu guardo as coisas pra outro dia
— É melhor mesmo... Mas eu liguei por que preciso de um mega favor, já que o Vinny não tá, você pode me ajudar?
— Fala – ele não parece irritado, só decepcionado.
— É que eu preciso muito do meu notebook e eu tô na Lia...
— Precisa dele agora?
— Não, to ligando agora mas é só pra semana que vem – ele solta uma risada divertida.
— Você não consegue ser legal nem pra pedir um favor?
— Olha só, ou você traz ou não traz, simples assim, só economiza meu tempo, pode ser? – ele ri novamente.
— Ok, eu levo, mas você realmente deveria tomar um remédio ou algo assim...
— Cala a boca e vem logo – reviro os olhos e desligo.
— Uau, bem educada – Vinny fala e eu faço uma careta.
— Ele me irrita – dou de ombros e Lia me olha de um jeito engraçado, mas quando fecho a cara, ela levanta as mãos e sai.
O pessoal que convidamos chega e riem e elogiam a decoração, me sinto orgulhosa e então ficamos esperando por Rafael, ele demora mais do que deveria e só uns 40 minutos depois que a campainha toca, eu fico nervosa e faço todo mundo calar a boca, apagamos as luzes e Bruno que vai atender o portão, ele avisa que mandará ele aqui atrás e então esperamos ansiosos ou talvez só eu esteja ansiosa, mas assim que ele abre a porta de vidro dos fundos da casa e todo mundo grita “Surpresa” e acendemos as luzes, ele ri parecendo realmente surpreso, ele está segurando a mochila onde provavelmente está o notebook e eu sou a primeira a correr até ele, abro os braços e ele me olha rindo.
— Isso foi ideia sua, não foi? – eu o abraço e ele ri mais ainda, aperta os braços ao meu redor e me faz sair do chão.
— Sua primeira festa de aniversário – ele me bota no chão e ri – Meus parabéns e desculpa por ser uma vaca com você no telefone...
— Você é uma vaca comigo todo dia – ele dá de ombros e eu faço uma cara de ofendida, nós rimos e então Lia e os outros vem cumprimentar ele, depois de todos os abraços ele dá uma volta olhando tudo, seus olhos brilham como os de uma criança e ele parece realmente desacreditado, eu vou pra cozinha e pego as bandejas colocando as coisas na grande mesa da varanda, tem cachorro quente, salgados e aperitivos, além disso Bruno e Vinny já estão na churrasqueira, Vítor coloca uma música e fica responsável pelo som e eu estava pedindo ao barman pra começar os drinks quando os braços me envolvem e me fazem sair do chão, ele me gira várias vezes e eu começo a rir, quando para eu estou meio tonta.
— Você não precisava ter feito tudo isso por mim – reviro os olhos e apoio as mãos no ombro dele pra tentar fazer tudo parar de girar.
— Então eu não seria sua amiga de verdade – ele sorri, um sorriso realmente largo e animado.
— Você é muito mais do que uma amiga – nós ficamos nos olhando por alguns segundos e então ele me abraça de novo – Você é a única pessoa que me faz querer ser melhor do que eu sou – isso me pega de surpresa e o modo como ele me abraça também, é um daqueles abraços sinceros, apertados e demorados, que são reservados apenas para as pessoas especiais e mesmo que a gente viva se implicando, percebo que isso realmente é importante pra mim, a nossa amizade mesmo cheia de altos e baixos acabou se tornando uma zona de conforto, um lugar que me faz me sentir em casa, eu posso gritar, xingar, reclamar, ser tudo de irritante que eu consigo ser e mesmo assim ele ainda não me expulsa.
— Posso confessar uma coisa? – ele afasta o rosto do meu e me olha com atenção – Você não é tão ruim assim – ele abre um sorriso e me aperta nos braços dele de novo – Droga, você vai me esmagar – ele aperta mais ainda – RAFA! – eu reclamo, mas acabo rindo, então ele me solta e me olha de um jeito engraçado.
— Você me chamou de Rafa!
— O quê que tem?
— Você nunca me chamou assim antes...
— E isso é ruim? – olho confusa e ele abre um novo sorriso.
— Isso é ótimo. Agora eu sou importante o suficiente pra ter um apelido – eu reviro os olhos e acabo rindo, então ele volta a me abraçar e tirar meus pés do chão, durante o restante da noite, eu nunca vi um aniversariante mais animado do que ele, nós comemos, bebemos, dançamos, ele me faz ir com ele na cama elástica e ri quando eu caio e não consigo me levantar, eu também vou junto com o Vítor, Vinny e a Lia, mas apenas uma vez com cada, por que logo ele os expulsa e pula comigo, na hora de estourar o balão, ele realmente parece uma criança e nem se importa por se sujar de farinha e purpurina, ele cata os doces do chão e me entrega todas as balas de coco por que eu disse que gostava.
O pessoal da academia vai embora um pouco depois de meia noite e nós ainda ficamos bebendo jogados pela varanda, Vítor pega o copo dele e se senta no chão ao meu lado.
— Difícil chegar perto de você hoje – ele fala e eu acabo sorrindo.
— Ele tá bem animado – olho pro Rafa que está conversando animadamente com o Vinny e a Bianca, fazendo gestos exagerados, mas que faz eles rirem.
— É, ele tá mesmo! Você acertou em cheio – sorrio orgulhosa.
— Mas eu realmente queria ter tido mais uns cinco minutos com você – ele confessa e sua mão encaixa na minha cintura, ele aproxima a boca do meu pescoço e quando seus lábios tocam minha pele, fecho os olhos começando a saborear o momento.
— Foi mal aí, amigão... Mas é minha primeira festa – Rafa fala com a mão no ombro do Vítor, já nos afastando, Vítor parece meio surpreso, mas Rafa me estica a mão – A cama elástica ainda tá montada – ele abre um sorriso de criança animada, eu reviro os olhos quando olho pro Vítor, mas aceito a mão e me levanto.
— Eu mal sinto minhas pernas e tenho quase certeza que bebi demais, se eu vomitar em cima de você não quero reclamações – aviso e ele ri dando de ombros, ele corre até a cama elástica, sobe e estica a mão me ajudando a subir.
— Continua tão linda como sempre – reviro os olhos.
— Acho que você também bebeu demais...
— Se eu tivesse bebido demais você saberia – ele fala e então começa a pular e eu pulo junto com ele, começamos a rir e nossas risadas se misturam me deixando sem saber o que é efeito do álcool e o que é alegria natural, de qualquer jeito me divirto como em poucas vezes me permito, até que ele me empurra e me faz cair, tento me levantar mas como ele continua pulando é praticamente impossível.
— Deixa de ser uma molenga – ele implica comigo quando caio de novo.
— Eu não sou uma molenga – consigo ficar de joelhos e ele pula forte me derrubando novamente.
— Parece uma menininha – desisto de ficar em pé e me deito de braços abertos.
— Eu sou uma menininha – meu corpo se chacoalha com os pulos dele, então ele cai deitado ao meu lado, a cabeça quase encostando na minha, ficamos em silêncio uns segundos, apenas empurrando um ao outro, com a perna.
— Ninguém nunca fez nada assim pra mim – viro meu rosto pra ele e um sorriso agradecido brinca no seu rosto e um sentimento de satisfação pessoal me atinge posso não conseguir apagar todas as lembranças de aniversários ruins que ele teve mas com certeza fiz pelo menos um valer a pena, eu passo a mão pelo cabelo dele, mas faço uma careta por que está muito suado, ele enfia a mão no bolso da calça, pega o celular e levanta acima dos nossos rostos – Diga Xiiiiiiiiiiiiiis – ele fala e fazemos caretas ao mesmo tempo.
— Agora no meu – pego meu celular do bolso e faço o mesmo, outras caretas e mais uma foto.
— Eu duvido você pular na piscina agora...
— Continue duvidando – dou uma risada e tento me sentar, mas me enrolo um pouco.
— Sabia que você não faria...
— Rafa, eu não tenho 5 anos, você não consegue me manipular assim, sabia?
— Não é manipulação, só que você tem espírito de velha, então...
— Eu não tenho espirito de velha...
— Falou a garota de 23 que só fica em casa lendo ou vendo filme
— Eu gosto de livros e filmes
— Claro que gosta – ele ri, balança a cabeça e se levanta, dando pequenos pulinhos, mas dessa vez consigo ficar de pé também.
— Eu sei me divertir, ok?
— Ok! Eu super acredito em você – ele faz uma cara fingida e isso me irrita.
— Tá duvidando?
— O quê? Eu? Nunca – ele mantem a ironia e me olha rindo.
— Veja e aprenda – dou um pulo pra fora da cama elástica, jogo o celular em cima dela e corro até a piscina, pulo e sinto o fundo da piscina, submerjo e sacudo os cabelos, ouço a risada alta dele e o grito surpreso da Lia, quando olho ele está rindo, pula da cama elástica, pega impulso, corre e se joga na piscina espalhando agua pra todos os lados, ele nada até a mim e para na frente do meu rosto – Não acredito que deixei você me enrolar... – ele ri.
— Primeira lição... Conheça seu oponente!
— Eu não sou sua oponente – ele sorri, um sorriso de orelha a orelha.
— Não, você é a melhor coisa que aconteceu na minha vida – sorrio, mas como não sei ao certo como responder, faço o que sabemos fazer de melhor, coloco as mãos na cabeça dele e o afundo na água.
Acordo e estou no chão da sala da casa da Lia, Rafa está deitado com a cabeça na minha barriga.
— Bom dia – Rafa fala levantando a cabeça da minha barriga e sorrindo.
— Minha cabeça tá explodindo – ele sorri.
— Ontem foi incrível. Obrigado – sinto a dor até diminuir e sorrio em resposta.
— Finalmente – Lia fala e me sento encostando no sofá, Rafa também, aperto os olhos e vejo ela e Bruno na cozinha tomando café – O Vinny e a Bianca já foram, hoje é o show da banda...
— E o Vítor?
— Eu disse que você tinha bebido demais... Ele foi embora um pouco antes de vocês dois iniciarem o karaokê – ela fala fazendo uma careta com a imagem, Rafa me olha e nós rimos.
— Ainda bem, não tenho certeza se ele ainda iria me querer por perto depois de me ouvir cantar – falo e Rafa me olha confuso.
— Achei que não queria nada sério...
— Também não quero espantar ele né? – ele me observa alguns segundos e depois se levanta.
— Eu já vou indo!
— Eu vou com você – aviso e me levanto.
— Melhor você tomar um café e lavar o rosto, tá com uma cara horrível – mostro o dedo do meio pra ele.
— Quer saber, pode ir, eu não vou com você – ele dá de ombros sem tentar me convencer do contrário, então vai até a Lia, abraça e agradece por tudo, cumprimenta Bruno, sai da cozinha e vai embora sem se despedir de mim, reviro os olhos e vou pra cozinha.
— Vocês dois precisam se resolver – ela fala e eu dou de ombros.
— Nós somos amigos que se odeiam, já estamos resolvidos – Bruno ri de um jeito divertido, eu o olho e ele levanta as mãos em inocência – Vocês vão no show né? – mudo de assunto e combinamos como iremos.
Bruno sai pra um futebol com alguns amigos e eu fico com a Lia, nos jogamos no sofá e conversamos por horas, até que chegamos ao assunto que ela tanto queria. O Vítor. Ela insiste que eu devo me soltar mais e arriscar mais, mesmo assim ainda sinto algo me prendendo e ela diz que é coisa da minha cabeça.
— Então por que mesmo assim continuo com esse sentimento que tô traindo o Lipe? – ela me dá um sorriso triste e segura minha mão.
— Dani, você e o Lipe se amaram muito, tiveram uma história maravilhosa juntos, fizeram planos e promessas e mesmo que isso tenha acabado de um jeito horrível, essas coisas não tem data de validade, não se apaga essas coisas da memória, não dá pra fingir que tá tudo normal. Você perdeu um grande amor e passou 4 anos sobrevivendo a essa nova realidade, tentando cicatrizar isso tudo e talvez agora esteja finalmente acontecendo, talvez você esteja se curando...
— Ah não, você prometeu que não me analisar, eu não sou sua paciente...
— Não! É mais do que isso, é minha melhor amiga e tudo e qualquer coisa que eu disser é com base nisso e não como profissional, eu espero que você saiba disso – ela fala séria e um pouco magoada.
— Eu sei, eu sei... Me desculpa – ela balança a cabeça como se não tivesse importância.
— Esquece... Eu só estou dizendo que talvez você esteja se curando, só isso...
— E se eu não quiser me curar?
— Você quer sim, só está com medo! Você acha que se deixar a ferida fechar ou cicatrizar você vai se esquecer, mas não vai. Só vai te libertar! A cicatriz vai continuar ali, você sempre vai se lembrar de como foi, de tudo que vocês viveram, ele ainda vai ser importante pra você e vai continuar amando ele, só não vai doer mais e você não precisa sentir essa dor pra sempre, é isso que você precisa entender...
— Eu tô com medo... Medo de se eu deixar fechar não sinta mais nada... Se... Se eu me esquecer como era o sorriso dele ou a voz ou como ele me fazia rir ou como era o riso dele, entende? Eu não quero esquecer, eu só... Tô com muito medo de esquecer essas coisas – ela me puxa pra um abraço.
— Eu ficaria preocupada se não estivesse, mas eu tô aqui, se você esquecer então a gente te lembra de como era – ela sorri e me abraça mais forte – Você não tá sozinha...
— Obrigada
— Só me prometa que não vai deixar o medo tomar conta de você...
— Eu prometo – ela sorri orgulhosa e me abraça de novo.
Acabo voltando pro apartamento e combinamos deles passarem aqui pra me pegar a noite, vou pro quarto e já estava começando a me arrumar quando batem na porta do quarto, Rafa coloca a cabeça pra dentro e eu faço sinal pra entrar, ele tem uma sacola na mão.
— Você vai no show hoje né?
— Claro que vou – ele sorri satisfeito e então me estica a sacola que é de uma loja famosa, eu olho confusa.
— Eu vi e não consegui deixar outra pessoa usar... É a sua cara.
— Não precisava!
— Eu sei que não, mas eu quis... Encare como um agradecimento por ontem – eu fecho o sorriso.
— Eu não fiz aquilo esperando nada em troca. Você pode levar – estico a sacola pra ele e ele revira os olhos.
— Ai meu Deus, você não pode só aceitar um presente, sem tentar me agredir pelo menos uma vez na vida? – encaro ele decidindo – Por favor... Eu só tô tentando ser legal – reviro os olhos.
— Não sei se isso é possível – libero um sorriso e ele ri.
— Você é insuportável, sabia? – dou de ombros e então tiro o que tinha dentro da sacola e eu ainda estou surpresa – Usa hoje – ele fala e então dá meia volta e sai do quarto, fico parada olhando o vestido sem saber o que dizer, mas como preciso me arrumar, sorrio e vou pro banheiro, faço a maquiagem, coloco o vestido, um salto alto e então saio do quarto, Rafa está na cozinha mexendo em algo na geladeira.
— E então? - paro no meio da sala com a mão na cintura, ele fecha a geladeira e se vira pra mim, ele avança até a sala e para na minha frente, um sorriso aparece no rosto dele e não sei por que sinto meu rosto esquentar.
— Eu sabia! Esse vestido foi feito pra você – ele sorri e continua me olhando e tenho que concordar que ficou perfeito, o vestido é preto e longo, mas com um rasgo alto até a metade da coxa, nas duas pernas, ele também tem um decote em V, tem também duas aberturas laterais que mostram um pedaço da minha pele e um pedaço da minha barriga e mesmo sendo bem ousado eu não minto quando digo que realmente amei, ele se aproxima mais de mim e me oferece o braço dele, sorrio e aceito, ele está muito bonito, embora não seja nenhuma novidade, ele está com uma camisa branca social, ela tem desenho de penas em preto, um blazer preto que parece ter sido costurado no corpo dele, calça preta e sapatos sociais, o cabelo está num bagunçado milimetricamente calculado.
— Formamos uma bela dupla – eu sorrio e concordo, então meu celular vibra.
— Eles chegaram! Você vem com a gente?
— Posso? – reviro os olhos e ele sorri entendendo como um sim, nós descemos e encontramos o carro nos esperando.
Chegamos ao Phisys num horário bom e os olhares nos recebem, dessa vez eu realmente tenho que concordar que estamos muito bem, Lia está em um vestido curto vermelho, costas nua e de mangas compridas, ela colocou um salto alto, está perfeitamente maquiada e os cabelos loiros descem pelos ombros dela, os olhares são tantos que Bruno faz questão de passar o braço pela cintura da Lia e Rafa faz o mesmo comigo, olho pra ele pronta pra rebater, mas ele está encarando um cara que me olhava de cima a baixo, então coloco a mão por cima da dele e o cara se manca e desvia os olhos, a entrada já está iluminada, os seguranças estão na porta e uma fila já está se formando, pegamos as pulseiras que Vinny nos deu e colocamos nos pulsos, Bruno fala com o segurança, então ele libera nossa entrada, passamos por um corredor escuro apenas com uma luz azul indicando o caminho e então entramos, alcançamos o espaço movimentado, tem um palco já iluminado, com os instrumentos esperando, mas por enquanto a música vem de um Dj no canto do salão, pessoas muito bem vestidas estão em todo lado, homens de terno e mulheres que parecem ter saído de uma revista de moda passam por nós a toda hora, Bruno aponta o bar e nós vamos direto pra lá, a festa é open bar e as opções são ilimitadas, eu peço uma caipiroska com maracujá e Lia uma com kiwi, Rafa pede um uísque e nós duas olhamos pra ele ao mesmo tempo.
— Cerveja eu pago em qualquer lugar – ele dá de ombros e nós rimos.
Recebemos nossos drinks e nos sentamos em uns dos bancos acolchoados que estão na lateral do bar, no espaço com luz de neon e algumas mesas e poltronas, Rafa faz uma piada sobre estar perdendo o paladar de bebidas caras quando no meio da risada eu olho pro lado e vejo Vítor, ele nos alcança, o sorriso no rosto, ele cumprimenta todos e só depois olha pra mim, Rafa se afasta e Vítor sorri, coloca a mão na minha cintura, na abertura do vestido, então sinto exatamente o calor da mão dele na minha pele e torço pra que ele não perceba o arrepio que se espalha pelo meu corpo.
— Você está linda – ele garante me dando um olhar demorado.
— Você tem que parar de ficar dizendo isso, é meio constrangedor...
— Então não apareça tão linda...
— Bom, talvez eu esteja tentando te acompanhar – eu falo olhando pra ele e fazendo uma cara de impressionada, ele ri – É sério, você tá um gato – ele ri de um jeito divertido, mas é a verdade, ele está com uma regata mais cavada preta, um blazer vinho por cima dobrado até o cotovelo, calça jeans escura, a barba está bem aparada e combina perfeitamente com ele, o corte feito a maquina no cabelo deve ter sido feito hoje por que ele está mais careca do que ontem, mas combina perfeitamente com ele, então não é nenhum exagero.
— Eu tava procurando vocês – Bianca aparece meio ansiosa.
— A gente chegou quase agora...
— Eles estão lá atrás passando o repertório e eu não conheço mais ninguém...
— Fica aqui com a gente – eu falo já dando espaço pra ela se juntar a nós e ela conta sobre como o Vinny está nervoso, mas fingindo que está tudo bem, nós rimos e tentamos desvendar qual serão as musicas já que ele nunca conta quais irão tocar.
— Quer beber alguma coisa? – Vítor pergunta sussurrando no meu ouvido, um novo arrepio se espalha no meu corpo e eu tenho que aprender a controlar isso.
— Eu vou com você – ele abre um sorriso satisfeito, nós saímos de fininho enquanto eles conversam, a mão dele se encaixa na abertura do meu vestido e eu sorrio sentindo o calor da sua mão, alcançamos o balcão e ele pede nossas bebidas.
— Ele gostou de você – ele fala indicando discretamente o cara a alguns metros de nós.
— Ele só tá tentando se dar bem – eu dou de ombros sem me importar muito.
— Tenho que admitir que ele tem bom gosto – quando eu o olho, ele finge que não está me olhando.
— Deixa de graça – ele ri.
— Você realmente é a garota mais gata daqui – ele dá de ombros e nossas bebidas chegam.
— Eu vou parar de falar com você se continuar jogando todas essas cantadas em cima de mim – acabo sorrindo.
— Então talvez eu devesse falar menos...
— É, talvez – eu dou de ombros e bebo um gole do meu drink olhando pra ele que solta um riso divertido, então quando eu abaixo o copo ele se aproxima de mim, inclina um pouco e nossos rostos ficam extremamente perto, mas sem se tocarem.
— Falar nunca foi meu forte mesmo – ela dá de ombros e então me beija, sua mão aperta minha cintura e sua boca toma a minha com desejo, minha mão se encaixa na sua nuca e quando o beijo para os dois estão sorrindo, eu passo o dedo em volta da boca dele pra limpar o batom e ele sorri ainda mais.
— Eles devem estar procurando a gente...
— Claro – ele ri e voltamos pra junto deles.
O lugar já está bem cheio quando anunciam a banda, nós ficamos logo na frente e quando Vinny aparece no palco é impossível saber quem grita mais, eu, Lia ou Bianca. O show dura um pouco mais de 30 minutos, eles cantam várias músicas conhecidas e duas originais, são aplaudidos e ovacionados por todos, eu quase tenho um ataque de tanto orgulho e quando ele aparece pra se juntar a nós quase o derrubamos no chão de tanto que o abraçamos, ele sorri orgulhoso e agradece ao carinho, algumas pessoas pedem pra tirar foto com ele e nós rimos e ficamos zoando ele que está ficando famoso, ganhamos entrada para uma parte mais VIP e então o DJ assume o controle da festa, nós fazemos vários brindes e tomamos uma rodada de tequila, e quando começa a tocar funk Lia já está descendo até o chão e quando toca Bang, ela vem pra cima de mim e me puxa pra onde tem mais espaço, eu ainda tento resistir um pouco mas quando a música começa me deixo levar e danço junto com ela, nós rimos e quando a música acaba eu já ia parar quando as mãos na minha cintura me impedem de sair, ele está por trás de mim e me puxa me fazendo encostar nele, a barba roça no meu rosto quando ele se inclina pra falar no meu ouvido.
— Por favor – ele pede e quando eu olho pra trás ele está com um sorriso malicioso então em resposta, eu apenas começo a dançar, as mãos continuam na minha cintura e ele dança junto comigo, nossos corpos se encostando e se provocando, nem eu mesma sabia que conseguia ser tão sensual e ao mesmo tempo divertida e quando eu me viro de frente pra ele, uma das mãos que estavam na minha cintura se encaixam na minha nuca e ele me puxa pra junto dele num beijo forte e intenso, não me importo em estar no meio de outras pessoas e só o beijo de volta com todas as sensações aumentando cada vez mais, quando o beijo para, ele sorri e me olha apontando um canto na lateral de onde estamos, lá é mais escuro e tem algumas cadeiras e bancos, os casais que querem mais privacidade vão pra lá e dessa vez eu não paro pra pensar muito em nada, apenas seguro a mão dele e sorrio, vamos pra lá, um casal está se agarrando logo no primeiro sofá, nós passamos por mais dois até chegarmos ao final do corredor onde tem apenas uma poltrona, eu já estava começando a pensar demais quando ele me puxa pela cintura e me beija com a mesma intensidade de antes, é como se o beijo não tivesse parado, apenas aumentado, ele se senta e me puxa pra sentar no colo dele, o beijo é forte, quente e cheio de tesão, sensações que eu já tinha esquecido completamente como eram, mas que queimam cada pedaço do meu corpo e me dão a nítida sensação de estar pegando fogo e qualquer movimento dele só faz isso aumentar ainda mais, a mão na minha coxa, subindo e descendo, apertando minha pele e me puxando pra mais junto dele como se ainda não fosse suficiente e realmente não é, minhas mãos também não conseguem ficar paradas, eu encaixo-a na sua nuca e a outra aperto sua cintura contra mim, sinto o corpo dele reagindo ao meu toque, o volume de dentro da calça dele mostra que ele está sentindo exatamente a mesma coisa que eu, sua boca escorrega da minha descendo pelo meu pescoço, eu jogo a cabeça pro lado dando espaço pra ele, sua barba arranhando minha pele e me despertando ainda mais, quando ele arranha minha pele com seus dentes tenho que me controlar pra não soltar o som engasgado que se prendeu a minha garganta, aperto minhas mãos no ombro dele e ele volta a me beijar, ele ameaça separar nossas bocas e é a minha vez de descer a boca pelo pescoço dele, arranho o caminho até sua orelha e isso faz ele apertar ainda mais forte minha coxa, eu sorrio e ele me traz de volta pra sua boca, nossas respirações começam a ficar ofegante e mesmo assim eu ainda não me sinto satisfeita, ele para o beijo e me olha sorrindo, eu sorrio mas volto a beijá-lo, mordo seu lábio e ele sorri me beijando novamente, dessa vez quando paramos o beijo nossas testas ficam encostadas e ele toca meu rosto lentamente, escorregando eles até meu queixo.
— Eu sou um sortudo desgraçado – ele sorri, eu também sorrio mas nego.
— Você só é exagerado
— Não é exagero!
— Nem sorte! – nós dois ficamos nos olhando e ele ri.
— Ok! Então é o destino...
— É, talvez – eu sorrio e ele não desvia os olhos de mim, o que começa a me deixar sem graça e isso me faz ver onde e como eu estou, o que me deixa sem graça – Acho que a gente devia voltar – eu falo já saindo de cima dele, ele não tenta me impedir, mas quando fico em pé, ele continua sentado e segura minha mão.
— Tudo bem? – ele pergunta já reparando algo diferente, mas em resposta eu sorrio, me inclino e lhe dou um beijo rápido o que faz ele sorrir, então se levanta, passa o braço em volta da minha cintura e me dá um beijo que demora um pouco mais do que o que eu dei nele.
— Vamos! – Lia já nos olha sorrindo daquele jeito de quem quer fazer milhões de perguntas e logo vem pra cima de mim.
— Eu preciso beber alguma coisa – gruda o braço no meu sem me dá tempo de resposta – E aí? – ela pergunta antes que a gente alcance o bar.
— Você realmente não sabe se controlar né?
— Nem um pouco! Agora fala...
— Foi bom, muito, muito bom – eu acabo sorrindo.
— AAAAAAAI isso é tão legal – ela me abraça me balançando para os lados.
— Se controla!
— E você não tá se sentindo estranha, tá? – ela pergunta com aqueles olhos curiosos e preocupados.
— Não, eu tô... ótima – minto forçando o sorriso mais animado que eu consigo, por que sei que se eu disser algo diferente disso ela irá começar com uma sessão de auto ajuda e não é o que eu quero agora, eu prometi a ela que não ia me esconder mais e é o que eu estou tentando fazer, ela acredita e me abraça de novo, beijando meu rosto várias vezes.
Bruno vem até nós e nos olha de um jeito curioso, tenho certeza que ele ia perguntar algo, mas Vítor se aproxima, ele passa o braço pela minha cintura e me olha sorrindo.
— Quer beber alguma coisa?
— Depois – então ele inclina o rosto até minha orelha e coloca um beijo logo abaixo dela, o que acaba me dando um arrepio e um choque que se espalha pelo meu corpo, eu acabo rindo e me encolho um pouco, ele também ri e logo sua boca se junta a minha em um beijo rápido, quando o beijo termina Lia já está com um sorriso que pode muito bem partir o rosto dela ao meio.
— Anda, vamos dançar – ela fala segurando a mão do Bruno e nos chamando pra ir junto com eles, olho pro Vítor e ele está sorrindo animado com a ideia, eu faço uma careta e reviro os olhos, mas vou e logo estamos dançando os quatro juntos, isso dura por alguns minutos até que eu e Vítor acabamos nos beijando de novo, a pegação começa a ficar mais intensa, então saímos do meio da pista e vamos para um canto menos movimentado, cada beijo e cada puxão dele na minha cintura me deixa ainda mais desperta e desejando mais do que já temos, é como se não fosse o suficiente, por isso quando percebo já estou com uma das pernas em volta dele enquanto ele beija meu pescoço, sua boca e sua língua desvendando e brincando com minha pele, a barba arranhando e me deixando ainda mais ofegante, quando nossas bocas se juntam é como se nada mais existisse, eu mal reconheço meu próprio corpo.
— Acho que agora eu aceito aquela bebida – eu falo e ele ri, eu abaixo a perna que estava em volta dele e endireito meu vestido, ele sorri me vendo desse jeito, eu pego o elástico para cabelo e ele rouba da minha mão e levanta pra que eu não alcance.
— Eu adoro seu cabelo – ele fala e sorri.
— Isso deve ser por que você não tem nenhum – falo e passo a mão na careca dele, ele solta uma risada tão alta que me faz rir também, ele segura meu rosto com as duas mãos e aproxima o rosto do meu.
— Você é a melhor coisa que aconteceu comigo – por um segundo eu não sei direito o que dizer, ouvi essas mesmas palavras ontem e ainda não entendo.
— Você tá exagerando. De novo... Anda, a Lia já deve tá procurando a gente...
— Ela tá certa, tá de olho em você, te protegendo...
— Eu preciso ser protegida? – ele sorri e toca meu rosto, escorregando os dedos até meu queixo.
— O que você acha?
— Que ela realmente vai me fazer um interrogatório se a gente não voltar – eu falo pra poder fugir do assunto e do clima, ele ri e recua um passo me dando passagem, eu sorrio e ando a frente dele, mas logo ele está ao meu lado, agora Vinny e Bianca reapareceram, embora ainda estejam entre alguns beijos enquanto riem e dançam, Bruno está implicando com Lia por causa de algum passo de dança que ela fez, Rafa desapareceu desde o fim do show da banda, provavelmente foi atrás de alguma garota e quando olho pro Vítor ele está me olhando de um jeito suspeito e tudo que eu consigo pensar quando olho pra ele é no quanto eu quero continuar o que paramos, mas ao mesmo tempo todos os meus medos me impedem e isso está me deixando louca, eu penso em chamar Lia, mas sei que qualquer coisa que eu disser vai servir pra ela me analisar ou me fazer me sentir bem, Vinny está se divertindo tanto com Bianca que eu não tenho coragem de interromper, peço aos céus que alguma coisa aconteça e então o vejo passando sozinho, deixo Vítor conversando com Mateus, da banda, e me aproximo dele, seguro o braço do Rafa que já estava alcançando o bar.
— Vem! – puxo-o junto comigo, mas ele segura o passo.
— Tem certeza que não errou de pessoa?
— Você não disse que é meu padrinho mágico? – ele me olha mais curioso, depois olha na direção do Vitor que está entretido na conversa e não percebe – É urgente – ele aceita e anda junto comigo até o bar.
— O que tá pegando? – ele pergunta, mas já fazendo sinal pro barman – Duas tequilas – ele volta a me olhar – Achei que as coisas estavam indo bem, aliás, pelo pouco que eu vi, eu diria que as coisas estavam ótimas – os shotts de tequila são colocados na nossa frente e eu viro o meu em menos de um segundo, ele me olha impressionado – Uau!
— Eu não sei o que tá acontecendo comigo
— Nem eu, mas isso foi incrível, consegue fazer duas vezes? – ele empurra o shott dele pra mim, eu ergo a sobrancelha aceitando o desafio e viro do mesmo jeito que fiz antes, ele ri e bate palma – Eu adoro você assim, quer saber? Só teremos tequila no apartamento agora...
— Cala a boca e deixa eu falar... – ele levanta as mãos em inocência – Eu não sei o que tá acontecendo comigo, quando eu fico perto dele, eu... Sei lá... Nada mais passa na minha cabeça, só ele e... E...
— E?
— E o quanto eu quero agarrar ele em qualquer canto que eu encontrar – ele ri – Não ri, é sério, isso tá me deixando maluca! Ele é todo bonito e cheiroso e gostoso...
— Isso é normal – ele fala e eu levanto o rosto pra olhar pra ele – Quando foi a ultima vez que você deu uns amassos em alguém? Eu não quero te provocar, só que eu acho que já tem muito tempo, não é?
— 4 anos!
— Então! Você tá há quatro anos solteira, você não ficou com ninguém, nem deu uns amassos em ninguém, então basicamente você tá com tudo guardado aí esse tempo todo, isso é normal...
— Pra você, talvez...
— Isso é desejo, tesão, sei lá, chame do que quiser, mas todo mundo sente...
— Eu nunca senti nada disso por outro cara – eu admito um pouco com vergonha – Nunca nem vi graça em ninguém, mas aí agora é só ele chegar perto de mim e... – eu paro de falar quando olho na direção dele e o vejo rindo – Merda! – eu bato a cabeça de leve no balcão tentando apagar todos os pensamentos que surgem.
— Olha só, você tem 4 anos de castidade guardados e mais alguns litros de álcool, então acredita em mim, você tá bem controlada ou já teria dado o bote nele há muito tempo – eu acabo rindo pelo jeito como ele fala.
— Eu tô falando sério, Rafa... – ele sorri de um jeito bobo.
— Nem parece que você é uma megera comigo quando me chama de Rafa – eu o encaro reprovando seu exagero e ele ri – Mas eu tava falando sério antes, você tá indo bem...
— Ah eu não tô, não – eu acabo rindo de nervoso.
— Tesão é normal, se você não tivesse sentindo nada que seria estranho...
— Tá, e se for normal, e agora o que eu faço? Se eu ficar perto dele mais cinco minutos e ele chegar muito perto, eu... Eu não sei o que vai acontecer – dou de ombros.
— Ele não vai te forçar a nada, pode ter certeza disso, eu conheço um pouco do cara, a gente se aproximou e isso eu garanto...
— Eu sei, não tenho duvidas disso, eu confio nele... Só não sei se confio em mim...
— E nem deveria! Essa provavelmente vai ser uma coisa estranha saindo de mim, mas, você não pode transar com ele hoje...
— Eu não vou transar com ele – falo rápido e defensiva.
— Não é por que é errado. É só por que você bebeu demais, só isso! Você não pode arriscar jogar tudo fora agora, entende? Vocês estão indo bem, ele gosta mesmo de você, de verdade, pode acreditar... Ele nunca faria nada que você não quisesse e nem encostaria um dedo em você só por que você está bêbada, mas porra, olha pra você... – ele sorri de um jeito meio perturbador enquanto me olha meio demorado, eu preciso dá um tapa nele pra ele parar – Você tá linda, tipo, muito mesmo, mais que o normal e fica muito louca bêbada, cara, você dançou Baile de favela e rebolou até o chão – ele ri e eu também, mas escondo meu rosto com as mãos – Por mais que ele goste de você e queira esperar a hora certa e o jeito certo, acredita em mim quando digo que especialmente hoje, é meio impossível resistir a você, eu mesmo tô quase furando o olho dele – eu solto uma risada.
— Nem no seu sonho
— Ah não faz assim – ele sorri e se levanta chegando perto de mim.
— Posso saber o que vocês tanto falam? – Lia aparece já empurrando o Rafael pra longe de mim e o olhando desconfiada.
— A gente tá decidindo se vai embora de metrô ou uber – ele fala e me olha esperando confirmação.
— Como assim embora? Ah não, você não pode ir agora. E por que você vai com ele?
— Por que a partir de hoje eu sou oficialmente o melhor amigo dela – Rafael fala passando por ela e me abraçando.
— Como é que é? – Vinny aparece encarando ele.
— Foi mal, irmãozinho, perdeu – ele dá de ombros e Vinny puxa ele pelo braço e o afasta de mim.
— Que porra é essa?
— Não é nada, ele tá provocando a Lia...
— Ela querer ir embora – ela fala batendo o pé como uma criança contrariada.
— Aconteceu alguma coisa? – Vítor se junta ao pequeno círculo que já se forma.
— Não, eu... – eu olho pro Rafael e ele faz sinal pra que eu fale, então me aproximo mais do Vítor – Eu acho que bebi demais, tô começando a ficar um pouco tonta, meio enjoada também...
— Então senta um pouco! Quer uma agua? Por que você não pediu uma agua pra ela? – Lia toma a frente já me abanando toda preocupada, eu acabo rindo.
— Quanto você bebeu? Eu disse que já tinha bebido demais – Vinny reclama.
— Viu! Por isso eu comentei com Rafa e não com vocês
— Podia ter falado comigo – Vinny fala meio enciumado.
— Claro, só tava esperando você parar de agarrar a Bianca– ele me mostra o dedo do meio – Aliás você pode pedir ajuda se ele tiver passando dos limites – eu falo pra Bianca e ela ri.
— Ainda não tenho do que reclamar...
— É, imaginei!
— Eu levo você – Vítor fala com um sorriso que arrepia minha espinha e me faz ter pensamentos completamente inapropriados.
— É que o Rafael disse que tava querendo ir embora, então a gente pensou em dividir o Uber, a gente já tá indo pro mesmo lugar mesmo...
— Mas tá tudo bem mesmo? – ele pergunta afastando o cabelo que descia pelo meu ombro, seus dedos tocam minha pele e sobem pelo meu pescoço, até minha orelha, sinto uma onda de choque acompanhando seu toque e fecho os olhos apreciando essa tentação.
— Tô só um pouco bêbada, talvez...
— Então é só isso mesmo? – ele me olha com atenção, como se quisesse desvendar qualquer outro motivo oculto, seus olhos também carregam uma onda de preocupação que me deixam um pouco culpada, por isso ignoro os outros, seguro sua mão e o puxo para longe deles, numa parte do bar que está vazia.
— Eu bebi demais, não tô acostumada a isso, aliás, a nada disso que aconteceu essa noite, então eu acho que só preciso ir pra casa, tomar um banho e dormir, eu juro que é só isso – ele sorri e segura minha outra mão, levanta nossas mãos e olha enquanto encaixa os dedos entre os meus.
— Eu acredito em você
— Que bom, por que eu... Realmente gostei de hoje – eu admito e um sorriso escapa.
— Eu também! Muito mesmo – ele sorri sem tentar disfarçar a animação, então se aproxima mais ainda de mim, nossos corpos encostados um ao outro, ele abaixa nossas mãos e a outra ele remexe no meu cabelo – Eu espero que aconteça de novo...
— Eu acho que isso é bem possível – ele ri e toca meu queixo.
— Vou esperar por isso – então sem perder mais tempo ele me beija, solto minha mão da dele pra poder encaixá-la na sua nuca enquanto a dele segura meu cabelo e me conduz no ritmo que ele estabelece, quando o beijo para estou sem ar e ele sorrindo.
— Eu também – lhe dou um selinho e então recuo um passo indicando com a cabeça o pessoal que nos espera no mesmo lugar, ele sorri e encaixa a mão na minha de novo.
Vinny e Bianca decidem ficar mais um pouco e acabam convencendo Lia e Bruno a ficarem junto com eles, Vítor pede um Uber também mas vai pra casa dele enquanto eu e Rafael entramos em outro para o apartamento.
— Não acredito que ele te deixou ir...
— Como você mesmo disse, ele sabe respeitar, diferente de certas pessoas – falo com ironia.
— Eu nunca me aproveitei de uma mulher bêbada, disso eu tenho muito orgulho, todas e eu repito TODAS as mulheres que eu já fiquei sabiam exatamente o que estavam fazendo...
— Não sei se sinto orgulho de você ou pena delas...
— AI! – ele coloca a mão no coração fingindo magoa - No dia que você provar, você vai mudar de ideia...
— Quando isso acontecer me interne que eu vou ter perdido qualquer controle mental.
— Observe que você disse “quando” e não “se” – dessa vez até o moço que estava dirigindo ri – Viu, até ele ouviu...
— Não sei de nada – o homem fala depois dá outra risada.
— Ele sabe sim – Rafael finge sussurrar e eu finjo rir, em poucos minutos estamos parando em frente ao prédio, eu saio primeiro e vou logo entrando, Rafael corre antes que o portão bata e consegue entrar – Obrigado!
— Você tá precisando fazer exercícios...
— É isso que a gente recebe por ajudar uma amiga – ele faz uma cara de impressionado enquanto entramos no elevador.
— Aliás... Por que essa ajuda toda? – ele dá de ombros.
— Não posso querer ajudar uma amiga sem esperar receber nada em troca – ele ri, a porta do elevador abre e ele me indica pra sair, assim que entramos no apartamento eu me jogo no sofá tirando minhas sandálias e sentindo o alivio percorrer por todo meu pé, fecho os olhos aproveitando a sensação, quando os abro ele está parado na minha frente com a garrafa de vodka.
— Achei que tínhamos concordado que eu bebi demais...
— Pra ficar perto do cara que você queria agarrar sim, mas acho que comigo você não corre esse risco ou corre? – pego o copo que ele segura e ele ri enquanto coloca uma dose – Não vou beber isso puro – aviso sentindo o cheiro forte de álcool, ele revira os olhos e volta pra cozinha – Tem suco de uva na geladeira – eu grito avisando e logo ele volta com a garrafa de suco de laranja – Eu disse uva – ele apenas enche meu copo e o dele, depois se joga no sofá ao meu lado.
— Vocês vão sair de novo? Digo, quando você não tiver mais bêbada e tiver que fugir pra não agarrar ele em cima de alguma mesa na balada...
— Cara, como você é idiota, eu nunca mais te conto nada – reclamo mas estou rindo e ele também.
— Isso é um sim?
— É um sim! – ele levanta o copo em um brinde.
— Você bem que podia me apresentar alguma amiga... Aquela Melissa da contabilidade parece legal... – eu o encaro reprovando – Eu sei que você pensa as piores coisas de mim, mas eu não sou um vilão
— Não acho que você seja...
— Ah não?
— Não! – dou de ombros e bebo um gole – Só acho que você tá tão perdido que acaba procurando a coisa certa só que em lugares errados e pode acabar machucando alguém...
— Eu não quero machucar ninguém – ele fala e mesmo com álcool turvando minha mente, percebo claramente a mudança no humor dele, sua voz parece até mais sentimental – Eu só não quero ME machucar mais – sinto o peso das palavras dele e não existe nada que eu possa dizer pra fazê-lo se sentir melhor, por isso não digo nada, apenas o abraço, ele parece levar um susto mas logo me abraça de volta e ficamos assim por alguns segundos.
— Talvez você precise de uma madrinha mágica também – ele ri, o abraço termina e ele me olha de um jeito curioso.
— Então você aceitaria o cargo?
— Provavelmente isso é efeito de todas aquelas tequilas mas... É, eu aceito – ele me estica a mão e apertamos – Agora é melhor eu dormir antes que eu prometa algo realmente comprometedor...
— Essas são as melhores promessas
— Boa noite, Rafa...
— Eu realmente ganhei o direito a ter um apelido, né?
— Parece que sim... Agora faça por merecer – eu aviso e vou pro meu quarto.


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