O Espadim e a Manopla - Uma História de Undertale escrita por FireboltVioleta


Capítulo 28
O Encontro




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/733526/chapter/28

 



NITCH





Acordei com uma terrível dor de cabeça.

Ergui o corpo, piscando de forma agoniada. As luzes ao redor pareciam atingir minha visão com a ardência e ferocidade de facas incandescentes.

— Ah… você acordou.

Reconhecia aquela voz retumbante e baixa.

— A-Aayrine?

Finalmente a focalizei, sentada diante de mim, ao lado do sofá no qual me encontrava recostado. Foi quando percebi que não havia voltado ao castelo na noite anterior.

E notei que só haveria uma razão para aquilo.

— Você… me encontrou….? - guinchei, corando.

Aayrine tomou sua mão na minha, num gesto surpreendentemente gentil.

— Sim… trouxe você para casa – sacudiu a cabeça – embriagado… - sua voz baixou até se tornar um sussurro – você realmente conseguiu me assustar, Buster. Teria batido em você - acrescentou - se não estivesse parecendo um filhotinho indefeso que mal conseguia ficar em pé.

Ela estava estranhamente insegura, falando calmamente, como se conversasse com um animal arredio, que iria atacá-la à qualquer momento.

— Percebi – choraminguei, massageando a testa – droga… eu não quis… beber tanto.

Vi-a piscar, fitando-me sem expressão.

— Não culpo você… afinal… asas coisas andaram bem complicadas pata a gente, não é? - suspirou, hesitante -  você estava… bem fora de si ontem.

Um medo assustador me corroeu.

— Fiz alguma besteira?

Observei Aayrine enrijecer, saltando o olhar quase que imperceptivelmente. A pelagem ao redor de suas bochechas se eriçou, sem dúvida devido à uma irrigação anormal de sangue sobre sua pele.

Estava corando.

— Não – respondeu, após alguns segundos.

Não havia um pingo de convicção em seu tom.

— Rine…

— Não fez nada, Nitch – cortou-me; aparentava um bizarro desespero – apenas… teve um pesadelo… e desidratou horrores, se me permite acrescentar.

— Ah.. - ainda não estava convencido, mas sabiamente decidi não insistir – e Asgore…?

Ela ergue a sobrancelha.

— O rei? Não sabe de nada. Eu disse à ele que você pernoitou na hospedaria da Rabby, após escoltar um amigo até aqui.

— Nossa… obrigado – agradeci, aliviado – você salvou minha vida, Nacabi.

A carneira abriu um sorriso de lado, humorada.

— Não fique tão animado – a diversão desapareceu de seu olhar de repente - ainda vou cobrar este favor em algum momento.

Ergui-me, começando a recolocar lentamente as peças de minha armadura, que ainda estavam sobre a mesinha de centro da sala.

— Não seja por isso, Nacabi – brinquei, tendo uma ideia repentina e genial – vamos dar uma volta em Waterfall hoje à noite… tem algo lá que eu queria te mostrar…

— Parece um encontro.

Quase enfiei a viseira do elmo nos olhos com o sobressalto.

— Ah… um encontro entre amigos… claro – assenti, ainda tenso – o que me diz? Topa?

Eu tinha a impressão que Aayrine se corroía para não rir.

— Por que não? - deu de ombros – claro… estou de folga esta noite. Aonde vai ser?

— Conhece o caminho para a Vila Temmie?

— Claro… vai ser ali? - indagou.

Neguei com a cabeça, sorrindo de maneira misteriosa.

— Ah… é uma surpresa… - ajeitei-me – nos encontramos de frente para os túneis, antes de entrar n vilarejo…. está bem?

— Excelente… - seu focinho se retraiu – precisamos mesmo conversar.

Naturalmente, bastou para que eu deixasse o local com toda a perplexidade do mundo,

E agora, mais do que ansiando pelo encontro que havia inventado de marcar.





O tempo havia esfriado consideravelmente em Waterfall, desde a última vez em que havia botado meus pés naquele lugar.

Havia me agasalhado com um suéter arroxeado, tentando ao máximo me sentir à vontade, por finalmente estar de volta ao meu antigo lar.

A roupa – presente que havia recebido das Temmies em meu último aniversário – tinha cheiro de Temmie Flakes e sereno. Aquele aroma trazia tantas lembranças….

Ergui a cabeça, ouvindo passos se aproximarem.

Das sombras, reconheci a silhueta de Aayrine surgir, olhando embasbacada ao seu redor. Era visível que nunca havia se aventurado por aquele lado dos túneis.

Também vestia um suéter rosado, e vestia luvas de couro carmim sobre as patas. Embora, à primeira vista, o conjunto causasse estranheza, era um estilo que caia muito bem nela.

— Você está bonita – comentei sem pensar.

Houve um momento de silêncio constrangido entre nós dois.

— Ahm… você também – Aayrine coçou a nuca, sem graça.

Ainda mais aturdido, meneei a cabeça.

— Certo… podermos ir agora? - sugeri – ah, espera um pouco…

Ela deu um guincho engraçado de surpresa, assim que tapei seus olhos com uma venda. Sacudiu os cabelos, risonha, tentando se desvencilhar.

— Nitch!

— Ei – censurei-a, igualmente humorado – eu disse que era uma surpresa, lembra?

— Ah – fingiu desapontamento, fazendo uma voz infantil – você é um cabrito malvado…

— Sou mesmo – concordei, achando graça, terminando de amarrar o tecido atrás de sua cabeça – agora se comporte… - tomei sua mão na minha - … e me siga, madame…

Guiei-a pelo antigo caminho que levava à bifurcação - em qual uma de suas cavernas levava até a Vila Temmie.

No entanto, tomamos o outro túnel, caminhando através de uma extensa galeria de cristais fluorescentes.

— Estamos chegando? - perguntou ela, ofegando baixo. Parecia estar se divertindo com a cegueira momentânea, esbarrando de maneira proposital e brincalhona sobre mim.

— Quase lá – respondi, também me entretendo admiravelmente com aquele joguinho.

Ela estava saltitante, alegre feito uma garotinha. Não esperava vê-la daquela forma – ainda mais depois de nossa recente briga no castelo.

— Acho que precisava disso – comentou, quando estávamos quase nos aproximando do local – sair um pouco. E relaxar…

— É, Rine. Eu também – assenti comigo mesmo, ainda a puxando, e evitando pensar no que havia acontecido alguns dias atrás – eu também.

Depois de mais alguns minutos esgueirando-nos pelo trajeto do túnel, enfim deixamos a caverna, entrando no lugar secreto que eu tanto queri lhe mostrar.

— Ótimo… - ri, desamarrando sua venda – já chegamos, Rine… pode olhar.

Ela obedeceu, reabrindo os olhos outra vez.

Vi suas pupilas rubras dilatarem de admiração, e um arquejo alto escapar de seu focinho entreaberto.

E, pelas suas palavras seguintes, só pude deduzir que estava absolutamente maravilhada, no final das contas.

— Pelo…. sangue…. dos Dreemurr…


























Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Espadim e a Manopla - Uma História de Undertale" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.