WSU's A Frente Unida escrita por Lex Luthor, WSU


Capítulo 8
VII — Apocalipse




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Rio de Janeiro, 30 minutos atrás

 

Um garoto caucasiano de cabelos e olhos negros de 18 ou 19 anos levantou-se da sua poltrona. Ele dirigiu-se preocupadamente a um segurança que estava na porta do vagão com vinte passageiros do trem com destino ao Camelódromo.

O segurança revoltou-se com a atitude do rapaz e logo o repreendeu:

— Ei, rapaz. — Estendeu a mão. — Este não é combinado, isto é uma operação sigilosa do governo. Como sabe, estamos movendo um prisioneiro altamente perigoso sem levantar suspeitas dos terroristas. — Ele apontou para a poltrona de onde o rapaz levantou-se. — Por favor, contribua e sente-se no seu lugar novamente.

 — Eu só queria... — dizia ao tirar algo do colete bege que usava.

O homem da lei à sua frente, atirou-se e imobilizou ao rapaz ao chão. Esbarrou em um passageiro de terno azul escuro. Tomou o objeto nas mãos do rapaz, era apenas um celular.

— Senhor! — gritou o rapaz enfurecido. — Eu só queria fazer uma ligação, uma moça ao lado de minha poltrona está passando muito mal.

O guarda levantou-se com ajuda do homem de terno azul escuro e ajudou o rapaz a levantar-se também.

— Mil perdões, senhor — desculpou-se o segurança.

Ambos dirigiram-se para o banco de onde veio o rapaz e, no acento ao lado, estava uma jovem garota de aparência asiática. Pálida, mal conseguia falar, apenas balbuciava.

— Ela não parece nada bem — analisou o segurança.

— Deveria chamar o paramédico do prisioneiro — sugeriu o rapaz.

O segurança olhou-o nos olhos.

— Como sabe que temos um paramédico? — indagou o segurança desconfiado.

— É um dos privilégios para prisioneiros com viagens demoradas, como se aliviar. Isto é, dar uma mijada, ou fazer o número dois — respondeu o rapaz.

Convencido, o segurança pegou o seu rádio e chamou o paramédico.

— Temos uma passageira passando mal aqui, enviem o paramédico para o vagão quatro. Repito: vagão quatro.

A porta do vagão abriu alguns minutos depois e o paramédico chegou para prestar socorros à garota.

O paramédico checou a pressão sanguínea da garota e viu que estava abaixo do normal. Ele pegou um pequeno sachê de sal em sua mala e colocou uma pitada debaixo da língua da garota.

— É só o que posso fazer daqui, — disse o paramédico, que pega suas coisas. — O sal deve aumentar a pressão sanguínea.

Ele dirigiu-se à saída e foi de vagão em vagão de volta para o último compartimento do trem, onde localizava-se Buffalo, o terrorista.

No vagão quatro, o segurança refez a contagem de passageiros e contatou uma pessoa com a lista de passageiros.

— Havia um homem aqui, de terno azul escuro. — disse o segurança. — Até esbarrei nele.

— Lamento, senhor. — disse a moça com a lista. — Ninguém comprou passagem para este acento.

O rapaz de colete bege observa discretamente a cena. O segurança, percebendo volta para a poltrona de onde o mesmo levantara mais cedo.

— Senhor — chamou o segurança.

Ao olhar para o acento, espantou-se quando viu a moça asiática com olhos totalmente negros. 

Quando chegou ao vagão oito, onde estava o prisioneiro, o paramédico começou a sentir-se asfixiado por alguém, mas não o via.

O homem de terno azul escuro revela-se enquanto sufocava o paramédico.

Era Abdullah com uma faca no pescoço do paramédico. Havia usado sua invisibilidade para transitar entre os vagões. Vários guardas apontam seus rifles com mira a laser para o terrorista invisível.

 — Poderíamos ter saído numa boa, mas conseguiram! — Abdullah disse Abdulah irônico. — Nos descobriram!

— Largue o homem agora e se entregue, Abdullah! — exigiu o comandante da operação.

Ele fez o que lhe foi pedido.

— Acabou — disse o comandante preparando-se para algemá-lo.

A porta do vagão caiu.

 O rapaz de colete bege apareceu com uma pele impenetrável de diamante. As armas apontam para o corrompido e até disparam, mas apenas ricochetearam.

Abdullah tomou a arma do comandante que estava prestes a lhe algemar e atirou em uma das lâmpadas que iluminavam o vagão.

Das sombras, a garota asiática surgiu letal, fazendo vítima por vítima e espalhando sangue com uma lâmina no vagão.

 

 

 

Casa Branca

 

— Calem a boca — disse Trap, preocupada ao correr em direção à entrada.

A Casa Branca era uma zona de guerra entre sul-coreanos e estadunidenses. Carol estava impressionada com a cena que via.

— Parece que estamos num filme do Gerard Butler — disse Neverfallen, que chegava com Vésper logo atrás.

Obstinada, Trap começou a dar as ordens.

— Neverfallen, suba e arranje bons tiros — disse apontando para o andar de cima.

Neverfallen puxa um rifle, que atira uma corda para cima e o faz elevar-se ao primeiro andar.

— Vésper! Setor norte! — Vésper confirma com a cabeça. — Setor norte, não esquece!

Ela seguiu na direção sul, Vésper na direção norte. Retirou duas pistolas dos tornozelos. Viu dois guardas sul-coreanos encurralando os americanos e, por trás, acertou-os com um tiro na nuca de cada.

I’m a friend — disse Trap soltando um beijo no ar para os americanos.

Logo à sua frente um comboio sul-coreano armado com submetralhadoras, Trap jogou-se para trás de uma coluna enquanto surgia uma enxurrada de tiros. O seu celular começou a vibrar.

— Oi, amor — disse Trap ao atender o telefonema.

Carol, aonde você tá? — indagou Ana no telefone.

— Em Washington, conversando com sul-coreanos — explicou, sendo interrompida por tiros.  

Isso são tiros? — perguntou Ana preocupada.

— Claro que não, amor. — disse Trap e fingiu o riso descontraído. — É só o Opala do Temerário engasgando — um grito é ouvido. —, e ele tá putaço! — Apressada despediu-se. —Vou ter que desligar, te amo!

Trap fechou os olhos para concentrar-se na contagem de balas. Os gritos e tiros começaram a parar, era a chance de ela tentar um contragolpe.

Saiu detrás da coluna e apontou as armas para frente. Os americanos de pé, procuram entender o que aconteceu. Trap olhou para cima e viu Neverfallen com sua de máscara preta, com seu rifle de sniper

— Arrumei dezessete bons tiros em menos de vinte segundos! — exclamou Neverfallen do primeiro andar. — Térreo limpo.

Trap sobe as escadas com cautela na retaguarda. Empunhava duas armas, avistou de longe uma grande movimentação, pessoas iam para o térreo apressadamente.

Um oficial americano ao chão, Vésper apontando duas armas para Neverfallen. Um disparo. Neverfallen, o sniper mascarado, caído no chão.

Ela correu, sabia que naquele momento Vésper era um trem desgovernado.

— Ei, pagodeiro! — Tentava chamar a atenção de Vésper. — De terno branco!

Vésper virou-se, aponta duas armas para Carol e ela fez o mesmo.

— Você acabou de matar Neverfallen, seu melhor amigo. — ele parou e a escutou. — Veja dentro do terno.

Vésper lê suas notas.

— Como vou saber que você não escreveu isso? — indagou revoltado.

— Sou Carol, a Agente Trap da Frente Unida. — Ela devolve as armas aos coldres de bota. — Eu não sei como te fazer acreditar em mim, mas olha à sua volta!

Ele observa o pânico das pessoas.

— Agora você faz parte disso — explicou Trap. —, e se é da Frente Unida também vai ter que ser um herói para essas pessoas.

O smartphone de Vésper começou a tocar e vibrar. Era um alarme programado a cada vinte minutos. Um áudio foi reproduzido automaticamente, ele pôs o aparelho rente ao ouvido esquerdo.

Seu nome é James González, o Vésper. — dizia sua própria voz gravada. — Você não é um herói, foi usado por muitos e está prestes a dar a volta por cima — a voz falha com emoção. —, você está prestes a realizar o maior ato de sua vida.

Ele sentia algo mais forte do que si próprio, uma necessidade poderosa. Na sua mente, uma confusão, e a única certeza era de que o que sentia naquele momento, chamava-se altruísmo.

— Me ajude — pediu Trap.

— O que faremos? — indagou Vésper.

O oficial despertava, Trap ajoelhou-se. E perguntou em inglês:

— Onde está Park? — perguntou a agente. — Por que estão correndo?

— Park atacou o presidente no Salão Oval — disse o oficial com dificuldade. —, as ogivas nucleares foram para o céu.

Ela o ajudou a levantar-se.

— E a bomba do Rio? — disse ao puxar o homem para cima, ele balança a cabeça negativamente. — Sirva e proteja — pediu a agente.

Neverfallen levantou-se, seus olhos estavam regenerados como se nada houvesse acontecido.

— Vinte quatro mortes — indignou-se Neverfallen.

Puta madre! — exclamou Vésper, assustado.

— Valeu por me apagar, Dory — agradeceu Neverfallen, ironicamente.

Um grupo armado de sul-coreanos com escopetas escoltava Liu, ou como o mundo o conhecia: Park Ji Hu, o embaixador.

Castigavam os seguranças da guarda nacional estadunidense. Seguiam, por uma escada do primeiro andar, rumando o subsolo para protegerem-se do grande evento cataclísmico que estava por vir.

— Ali vai Park — disse Trap, apontando para o comboio.

— Vai parecer irônico — disse Neverfallen. —, mas vocês precisam descer e encarar o chumbo de perto. — Disse Neverfallen com uma preocupação irônica. — Só pra avisar o calibre das armas fura colete.

— Ah, então vai você! — disse Trap incomodada. — Você tem mais o quê? — deu de ombros. — Oitenta vidas?

— Eu tenho três tiros e vão ser três mortes — explicou Neverfallen. —, é o caminho mais fácil.

— Tá louco! — exclamou Vésper. — Vamos morrer!

Neverfallen olhou fixamente para o seu amigo.

— Não, Vésper. — Pôs a mão sobre o ombro direito dele. — Eu não vou deixar o nono soldado cair.

Os amigos abraçaram-se.

— Há mais uma coisa que precisa saber. — disse Neverfallen. — Você pode dobrar qualquer um à sua vontade apenas tocando a pessoa. Me pediu para nunca te revelar isso, não queria usar ninguém como te usavam.

Vésper olhava atento.

— Hoje é o dia de bater de volta. — disse Vésper ao virar para o parapeito do primeiro andar. — Bomba do Rio e ameaça aos EUA, certo? — indagou inseguro. 

O comboio de cinco, mais o embaixador, já descia as escadas.

Vésper correu, lançou-se do parapeito para o térreo. Seus pés tocaram o solo, ele rolou sobre o ombro diminuindo o impacto.

Trap o seguiu, replicando até, com maestrias, os seus movimentos.

Neverfallen observava tudo da mira de seu rifle.

— O quê?! — gritou Liu impressionado ao ver Trap e Vésper correrem em sua direção. — É a Frente Unida, abram fogo! — exclamou apontando os alvos. 

  Três dos sul-coreanos na linha de frente prepararam-se para abrir fogo, mas quase sem tempo de reação, caíram com disparos no meio da testa.

Neverfallen largou o rifle descarregado e correu para pular o parapeito. Trap dava cobertura para Vésper, restava um guarda na esquerda e outro na direita de Liu.

Trap desferiu um tiro na perna do homem da esquerda, o que o faz cair com a arma, o da direita levou um tiro no ombro esquerdo e, perdendo a força do braço, deixou a arma cair.

Vésper estava cada vez mais perto de Liu para tentar usar seu toque, foi quando sentiu o forte impacto em seu abdome.

Ele buscou forças para continuar correndo, mas não tinha mais o fôlego.

Levou a mão à cintura, tocando as vestes rasgadas e ensanguentadas, que se confundiam com o colete, que usava por baixo e viu o sangue entre os dedos. Sem forças, desabou ao chão e deixa seu chapéu Homburg branco cair da cabeça.

Do chão, o guarda da direita, que havia levado um tiro no ombro esquerdo, pegara a arma do chão e havia feito um disparo com a mão direita, que atingira Vésper.

Trap descarregou as duas armas em suas mãos no peito do mesmo.

— Não! — gritava Trap, desesperada ao disparar.

O rosto colado ao chão, o sangue saía de sua boca, escorria pelos lábios e tocava o piso. Seus olhos fechavam.

Do negro de sua mente quase inconsciente surgiu sua própria voz:

Seu nome é James González, o Vésper.

Uma força sem medidas surgiu em seus punhos que se cerraram, Vésper usou-os de apoio no chão.

...você está prestes a realizar o maior ato de sua vida.

Levantou-se encarando o inimigo à frente, tirou de seu terno branco um revólver e disparou três vezes no homem da direita que estava no chão. Enxugou o filete de sangue da sua boca.

— Não me lembro de ninguém ter me derrubado na vida — disse Vésper ao descarregar a arma no peito de Liu.

Liu permaneceu de pé, Vésper foi em direção a ele e desferiu um direto seguido de um cruzado de esquerda, mas ambos passaram no vazio. O embaixador o derrubou com um soco no abdome ferido.

O herói de vestes brancas e ensanguentas estava ao chão novamente. Liu, de cócoras, pôs a ponta do indicador esquerdo dentro do ferimento de Vésper.

Dulce dolor — disse Liu com um sorriso sádico.

A dor fez o homem de branco apertar os olhos e gemer suspirando em seguida. Vésper segura mão esquerda de Liu, que atiçava suas feridas.

Dolor se convierte en sonrisa — devolveu Vésper sorrindo.

Trap aproximou-se, observando à cena atônita, Neverfallen logo atrás transtornado. Os olhos de Liu ficaram estáticos como se estivesse em transe.

— O que queria com o desarmamento? — perguntou Vésper com dificuldade.

— Derrubar Washington, depois Nova York. As ogivas da Coréia do Norte já estão atravessando o país. — respondeu Liu sem reação. — O Rio era um subterfúgio, mas ainda é lucro caso a bomba exploda em Madureira. — Liu sorriu. — Nós vencemos, a radiação vai se espalhar e vamos ser a maioria, amigo, os humanos serão os corrompidos.  

Vésper, exaurido fez um pedido:

— Agora eu quero que vá esperar a ogiva chegar lá fora — ordenou Vésper rindo e engasgando.

— O míssil não vai me matar — Liu respondeu.

— É o que eu espero — Vésper retrucou.

Liu levantou-se e partiu em direção à saída da Casa Branca. Trap e Neverfallen ajudaram Vésper a levantar-se, ele soltou um berro de dor.

— Você vai ficar bem, parceiro. — disse Neverfallen, preocupado. — Vamos para o abrigo no subsolo.

— Não, cara. — disse Vésper suspirando. — Lá embaixo pode ter tudo, menos um hospital de ponta. Estou — engasgou. — morto. 

— Cala a boca, seu desgraçado — disse Neverfallen, nervoso ao tirar um maço de cigarros do bolso de Vésper.

Neverfallen tira também um isqueiro, acende um cigarro e põe na boca do amigo.

Trap levou as mãos à cabeça.

Uma lágrima desce do olho esquerdo de Neverfallen. 

— Bota essa porra na boca e para de falar merda — disse Neverfallen.

Um silêncio pairou entre os três por um segundo, até que Vésper decidiu o quebrar.

— Eu sou um herói? — perguntou Vésper sonolento, sua fala fraca deixara o cigarro cair, as cinzas se espalharam em sua camisa. Neverfallen pressionava o seu ferimento, enquanto tentava respirar devagar, estava confiante que o amigo ficaria bem.

Neverfallen o abraça, a mão firme de Vésper agarra o seu ombro.

— Você é o maior herói que eu jamais vou conhecer. — inspirou Neverfallen contendo as lágrimas, tirou a máscara. — É até mais do que isso — A mão de Vésper perde a firmeza. —, é o meu irmão.

Quando os braços se desprendem, Neverfallen olha o rosto sem reação de Vésper. Os olhos abertos, ainda desciam lágrimas no rosto unindo-se aos pelos, o sniper fecha os seus olhos.

Ele deita o corpo do amigo ao chão e, de joelhos, apoia a cabeça sobre seu peito.

Trap observava tudo com penúria, mas ela, com um berro, decidiu interromper.

— Vamos, Neverfallen! — disse com comoção na voz. — Ele está morto — explicou mais calmamente. —, precisamos ir.

Neverfallen pega o chapéu Homburg de seu amigo do chão e levantou-se.

Os fios de fumaça do cigarro desaparecem.  

Apenas ao cair, Vésper teve a consciência de que era um herói.

O míssil já cortava os céus da capital estadunidense. Liu, parado, contemplava a chegada da ogiva norte-coreana.

Abriu os braços em sinal de cruz.

— O Apocalipse para um novo Gênesis — disse Liu ao fechar os olhos. 

No fechar os olhos, não houve uma escuridão e sim um clarão.


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