WSU's A Frente Unida escrita por Lex Luthor, WSU
Rio de Janeiro
O repórter estava espantado. Era pior que o fatídico dia 11 de Setembro e ainda nem havia acabado. Do outro hemisfério passava toda a sua aflição para o Brasil e para o mundo, através da narração das imagens da catástrofe.
— Você vê imagens de Washington DC. — Sua voz, ofegante, falhava. — Não há palavras para expressar a sensação de um povo que vê a sua hegemonia ruir enquanto observam tudo impotentes. — Ele faz uma pausa. — Acabamos de receber a informação de que mais uma ogiva norte-coreana se aproxima agora de Nova York.
De casa, Ana observava a televisão e a voz do repórter vira som de fundo para sua aflição. Lágrimas percorrem o seu rosto. Até que observou o seu celular chamar. Era uma ligação de Carol.
Nave Carmem
Azathoth, Aracnídeo, Karen Maximus e o Soldado Fantasma estavam na sala de controle da nave, que se dirigia para a linha do trem de Madureira.
— O trem está sendo atacado por três corrompidos, de acordo com a polícia. — disse Karen. — Dentre eles estão Abdullah e advinhem? — Deu uma risada irônica. — Estão transportando o Buffalo no para o Complexo Penitenciário Jericho I.
Aracnídeo fica instantaneamente boquiaberto.
— É a Supermax federal do Rio? — indagou surpreso. — Onde está o Cobrador e uma pancada de caras maus?
Azathoth confirmou com a cabeça.
O Soldado Fantasma estava pálido, parecia estar doente. Ele aproximou-se dos outros.
— Pessoal. — disse ao chamar a atenção dos outros — Eu não tenho sido sincero com todos vocês.
Um olhar sombrio de medo tomou conta do mesmo.
— A Karen me viu fazer coisas horríveis das quais não me orgulho e tudo por conta de algo que chamo de “aura negra”. — continuou o Soldado. — É um estado de espírito que assumo e que me faz perder o controle quando entro em fúria, se isso acontecer — seus olhos fixaram-se na garota Maximus. —, não se contenham ao me neutralizar.
Desolada, Karen virou o rosto. Azathoth olhava seriamente parou o Soldado.
— Eu não acredito no que ouvi. — disse Azathoth rindo com ironia. — Se acha tão inteligente e preparado para tudo, e está me dizendo que não consegue controlar as suas emoções?
Azathoth coçou os olhos com indicador e polegar esquerdo.
— Se for isso, esta nave não é o seu lugar. — disse Azathoth. — Lá fora teremos uma batalha pelo destino de uma cidade e se você não puder controlar o seu tique nervoso, é melhor voltar para o sítio de onde saiu e trocar a espada pela enxada.
Karen tomou a frente dos dois.
— Não está vendo como ele está, Azathoth? — Olhou brava nos olhos do detetive. — Vou pedir para Carmem no pôr no trem.
Um aviso aparece no telão, a voz robótica de Carmem traduz:
— Baixos níveis de energia.
Karen se revolta ao olhar para a tela e escutar as palavras de Carmem.
— Tá me zoando — disse Karen dando uma tapa no ar. —, qual é?! Abastecemos essa droga no Recife há uns três meses.
— O senhor Fonseca subtraiu parte do combustível da nave. — respondeu Carmem.
O que o esquizofrênico queria, afinal? — pensava Karen enquanto um raio de luz emergia da nave e seguia em direção ao trem.
Apartamento do Dr. Gustaffson
O doutor segurava um tipo de palmtop com toque de tela, manuseava-o com uma caneta digital, direcionando-o os comandos ao capacitor de fluxo.
Marcos, ao telefone, conversava com Vanessa, sua filha, e a televisão ligada ao fundo, mostrava as notícias dos atentados nos Estados Unidos.
— Pai, se você sabe de tudo então responde essa: qual é o “x” da questão? — indagava a doce e inocente voz do outro lado.
Marcos cansado e abatido lamentava não ter a resposta para a pergunta da filha.
— Oh, minha filha. — Suspirou. — Tem tanta pergunta que o papai não sabe responder: “se o pato perde a pata é manco ou viúvo?”; “se o som não se propaga no vácuo, por que Star Wars é tão barulhento?”; “who watches the watchmen?”.
Vanessa solta uma risada incontrolada, daquelas que só consegue dar na infância. Ela, então, decide mudar de assunto:
— Sabe que Marquinhos nasce a qualquer momento, não é? — indagou com a esperança de que o pai contemple o nascimento do irmão.
Dr. Gustaffson cutuca Marcos e sussurra animado:
— Eureka! — sussurrou o velho sorrindo.
Impaciente e nervoso, com o destino de uma cidade e do mundo em suas mãos, Marcos pede para que sua filha entenda:
— Olha, meu amor, o papai vai estar aí o mais rápido que puder, isso é uma promessa.
O seu coração, incerto do destino que o aguardava, apertava no peito.
— Eu te amo, muito. — Continha as lágrimas nos olhos. — Dá um abraço no barrigão da mamãe por mim. — Esperou dois, ou três segundos, e desligou a ligação.
Gustaffson com um riso de orelha a orelha, analisa o feito:
— Este palmtop — disse o doutor mostrando o objeto. — vai permitir que o usuário direcione as ondas do capacitor para este conector. — Mostrou um objeto que se assemelhava a um disco de hóquei.
— E o conector vai embora para o destino, junto de qualquer coisa que estiver conectada? — indagou Marcos.
O grisalho europeu confirma com a cabeça. Marcos observa a televisão mostrar um trem junto da manchete: “Rio é o próximo alvo de ataque nuclear? Terroristas sequestram trem que faz a rota de Madureira”.
— Vamos precisar agora — disse Marcos, ao pegar a máscara de caveira na mesa.
Gustaffson desespera-se.
— Mas ainda nem testamos! — exclamou preocupado.
— Às vezes é preciso andar antes de correr, doutor. — Marcos olhou para o nada. — Ou seria ao contrário?
O caveira pegou o palmtop e foi à saída do apartamento.
Madureira, Rio de Janeiro
O trem aproximava-se do destino aguardado pelos terroristas: o Camelódromo de Madureira. Local estrategicamente escolhido pela numerosa quantidade de pessoas. A bomba faria o estrago no populoso bairro e regiões próximas, a radiação espalhada também teria propósito na matança, e mais ainda nos que sobrevivessem a ela. Certamente teriam pré-disposição genética para tornarem-se corrompidos.
No vagão oito, uma chacina, corpos ao chão e o cofre, que guardava o prisioneiro, aberto.
Os terroristas estavam no vagão quatro, fazendo dos passageiros em pânico, seus prisioneiros. Abdullah falava com o maquinista no maquinário do trem.
— Só pare no camelódromo e deixe todos os passageiros saírem — dizia com uma arma na cabeça do maquinista. —, só você fica e move essa lata pra longe daqui.
Empurrou o cano contra o crânio do operário, que apenas gemia.
— Quando eu apertar este botão e estivermos dez minutos do camelódromo, tudo vai mudar — disse segurando um detonador na mão esquerda.
Uma fenda abriu-se no maquinário e o Soldado Fantasma desarmou Abdullah.
— Hoje não — disse o Soldado quando desferiu um soco de direita no terrorista, que caiu.
O Soldado Fantasma saltou sobre seu adversário com duas adagas em mãos, mas o homem desapareceu.
A voz de Abdullah ecoa pelo maquinário.
— Ouvi dizer, que não ver é o seu ponto fraco — disse Abdullah.
O Soldado girou em torno do próprio corpo procurando de onde vem a voz.
— Esse é o seu defeito, não vê que estamos curando o mundo que o reprova por ser diferente? — indagou Abdullah.
— Não está doente, não há o que curar. — disse o Soldado levantando a guarda — Eles apenas têm medo do que é novo.
— Seu grande cabeça de bagre — Abdullah ri. —, vou ter que enfiar bom senso em você na porrada.
O Soldado virou-se e Ibrahim Abdullah apareceu à sua frente desferindo um direto na ponta de seu queixo.
Atordoado, o Soldado recebe um cruzado de esquerdo e outro de direita e tentou um golpe de adaga em seu oponente invisível. A arma raspou no braço de Abdullah e produziu um visível filete de sangue.
Agora o Soldado pode ver onde estava seu oponente, mas não os seus movimentos. Aproveitando-se disso, Abdullah aplicou-lhe um poderoso gancho de direita no queixo.
Sem reação e caído, o Soldado observou a porta do vagão abrindo-se sozinha.
No vagão quatro, os terroristas viram entrar no local, um homem peculiar. Era Azathoth com seu sobretudo, bandana vermelha e chapéu coco a entrar no local.
— Takeda! — Buffalo chamou atenção da garota asiática para o homem. — Rock! — chama pelo rapaz fazendo gesto para que voltasse um vagão e vasculhasse o trem.
Azathoth levantou as mãos mostrando-se inofensivo.
— Talvez seja a hora de soltarem as pessoas no vagão, se não — disse Azathoth ao ser interrompido por Buffalo.
— Se não o que, homenzinho? — indagou Buffalo.
Um vulto branco passou violento e acertou Buffalo no queixo, coordenadamente o tirando em linha reta pela porta do vagão.
A garota Maximus estava parada no meio do vagão.
— Isso aí acontece — completou Azathoth.
Teias puxavam as armas das mãos dos terroristas.
— A Frente Unida chegou, babacas — disse o garoto Aracnídeo.
Desesperadas, as pessoas deixavam o vagão quatro em direção ao quinto, onde não haviam terroristas.
Karen fechou os olhos e concentrou-se, suas habilidades telepáticas uniu todas as mentes da Frente Unida.
Haverá vítimas caso esta batalha continue no trem. — analisou Azathoth em pensamento.
E se as vítimas não continuarem no trem? — indagou Karen.
Não tá pensando em — pensava o Aracnídeo preocupado.
Takeda correu em direção à Karen, que voou violentamente a agarrando e levando para fora do vagão quatro, no lado externo do trem, que passava por um túnel naquele momento.
Logo, Takeda desapareceu dos braços de Karen e surgiu dentro do vagão três ao lado de Rock e Buffalo.
Aracnídeo e Azathoth vinham logo atrás da garota.
— Não vão mais machucar ninguém — disse Karen erguendo a mão.
No gesto da garota, o vagão quatro e todos os anteriores se desprendem, com sua telecinese, do veículo que os conduzia e, aos poucos, se distanciavam do resto do trem.
Agora, o trem guiava três vagões. Como o veículo era do tipo sanfonado, um enorme buraco deixava a saída do último vagão aberta.
Rock transformou de seus antebraços em duas lâminas cortantes à base de diamante, os dois grupos avançaram um contra o outro.
Karen correu, segurou os braços de Rock.
Buffalo tentou atingir Aracnídeo, que se esquivou e juntou seus pés com teias fazendo-o cair.
Azathoth com sua faca dentada vermelha e Takeda com uma adaga ninja trocavam golpes, que passam no vazio com os apurados reflexos de ambos.
A garota Maximus acertou um chute frontal poderoso, que empurrou seu adversário para frente, no mesmo instante em que, através de seu traje, recebeu um comunicado de Carmem:
— Lady Horbury — chamou o sistema operacional.
Karen avançou para cima de Rock o derrubando, caído ao chão recebeu uma sequência de socos da garota.
— Na escuta — respondeu Karen.
— Segundo uma mensagem da senhorita Carol, uma ogiva aproxima-se da cidade de Nova York, e há realmente uma bomba atômica instalada no Rio, Madureira, precisamente. — avisou a nave. — Serão milhões de mortes.
Karen também havia conectado Carmem telepaticamente aos outros, deixando cada um ciente das ameaças.
A garota escutou as palavras da inteligência artificial e ficou preocupada, ela olhou para trás, para ver os seus companheiros e recebeu um soco de Rock. Ela levantou atordoado e olhou para seus amigos novamente.
Azathoth tentava um soco, mas Takeda sumiu numa sombra e aparecia noutra ao seu lado direito o derrubando.
Aracnídeo era prensado por Buffalo contra a parede do vagão.
Rock levantou-se e transformou novamente sua laminada mão direita, chegando a erguê-la para apunhalar a garota, até que uma corda metálica a prende no teto do vagão.
Do lado de fora do trem, a buzina com toque do trombeta militar anunciava a chegada de reforço: o Opala preto, que vinha logo atrás do trem.
O Soldado Fantasma chegou ao vagão e aproveitando a conexão telepática de Karen incentiva:
Vá, garota. Seja melhor do que eu jamais serei.
Karen voou para fora do trem e a nave logo a recolheu com um raio de luz. A conexão telepática não é mais sentida entre a Frente Unida. Aracnídeo, em cima das costas de Buffalo e segurando seus punhos com teias, percebeu.
— Gente — gritou espantado. —, o wifi caiu?
Buffalo, bruscamente, puxou os braços para frente e derrubou o Aracnídeo bruscamente.
— Garoto, desgraçado! — gritou Buffalo irritado.
Aracnídeo lançou um jato de teia que fechou a sua boca.
— Calado! — exigiu o garoto ao levantar-se com um salto.
Takeda atacava Azathoth ao chão, mas o detetive laçava o seu braço esquerdo com a perna aplicando-lhe uma chave de braço. Não imaginava ele a facilidade que a mesma teria em desvencilhar-se do golpe ao aparecer em outra sombra a dois metros dele.
— Que vadia irritante — avaliou Azathoth ao levantar-se.
Ambos lançavam olhares conflitantes entre si. Azathoth correu para a parte de trás do vagão e, passando pelo buraco no fundo, pendurou-se no teto e subiu.
Takeda faz os mesmos movimentos, seguindo Azathoth e fica de frente ao seu oponente no teto do trem.
— Está fugindo? — indagou Takeda encarando Azathoth.
O detetive sorri.
— Estou apenas nos deixando em pé de igualdade. — Abriu os braços. — Na luz do dia.
Rock tentava um direto com a esquerda e um corte de baixo para cima com a mão direita, mas o Soldado esquivava com maestria.
Porém, o Soldado sentiu como se alguém o imobilizasse por trás e isso fez com que o garoto com pele de diamante o acertasse-lhe com um soco brutal no olho.
Era Abdullah quem imobilizava o Soldado e sussurrava em seu ouvido:
— O que o mundo te ofereceu? As pessoas tem medo de você, elas o odeiam. — disse o homem invisível num tom fraternal. — Você e seus amigos tem espaço na nova era, Soldado. — Ele aumenta o tom de voz. — Viva aos corrompidos!
— Os corrompidos merecem toda a sua honra, mas não desta maneira — respondeu o Soldado.
— Eu lamento por isso, então — disse Rock.
Um cruzado de esquerda no queixo do Soldado, ele derramou o sangue de seus lábios no piso do trem.
Seus ouvidos não estão mais naquele plano. Ele olha para o lado, o Aracnídeo ao chão, tentando segurar os punhos poderosos de Buffalo enquanto sofria os ataques do brutamonte.
— Jo-nas — arquejou o Soldado, preocupando-se com seu discípulo.
Os risos dos terroristas enquanto lhe massacravam faziam sua pele começar a irradiar pequenos raios de luzes negras.
Rock colocou a ponta de seu braço-lâmina no pomo de adão do Soldado.
O Soldado fechou os olhos.
Uma runa apareceu como uma tatuagem em sua testa.
— Mas que droga é — dizia Rock num tom de indagação preocupada.
Uma aura negra envolveu o Soldado. Seus olhos abertos se mostravam vermelhos completamente.
O Soldado forçou dois passos para trás, saindo do raio de ação das lâminas de Rock. Percebeu o sangue que não é seu em seu pescoço, mas do braço que ferira de Abdullah momentos atrás.
Segurando o terrorista invisível pelo braço em seu pesco, impulsionou arremessando para frente, o jogando nas mãos laminadas de Rock.
Abdullah perdeu a invisibilidade numa morte instantânea e sangrenta pelas mãos do próprio companheiro, que ficou horrorizado.
— O que você fez, Soldado? — perguntou Rock.
— Agora sim eu sou um Soldado. — respondeu o Soldado sombrio. — Mas prefiro que me chame de Ragnar.
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