My Hero || Flash || Livro 4 escrita por LittleMermaid


Capítulo 9
07




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Sophie encarava o seu café da manhã enquanto pensava em sua ultrassonografia, a primeira visão de seu bebê. Se lembrava da médica, e como ela foi gentil com Sophie, a deixando mais relaxada ao perceber o quão desconfortável estava. 

A ruiva colocou a mão sobre a sua barriga. Era algo tão pequeno se formando dentro de seu corpo. Ela fechou os olhos, tentando esquecer de tudo. 

E por alguns minutos conseguiu, desligou-se de tudo, se sentindo em um momento de paz.

Suspirou, voltando a encarar a fatia de pão e o copo de café com leite ainda intactos. Não sentia nenhuma fome nos últimos dias, e mesmo sabendo que deveria comer, era quase impossível. Como se tudo o que tentasse engolir ficasse preso em sua garganta. Se perguntava o porquê de ainda tentar cozinhar se ninguém iria comer.

Sophie nunca tinha pensado em ser mãe, ela não queria isso, pelo menos não tão cedo. E agora que iria se tornar uma, se questionava se seria uma boa mãe, afinal não teve um bom exemplo. Se levantou e guardou a comida na geladeira. Caminhou até a sala, onde se sentou no grande sofá branco e agarrou um dos livros sobre maternidade que Dr. Faith havia lhe presenteado. Sophie não gostava de ler aqueles livros. Descreviam como era a gravidez, mas de forma surrealista. Eles faziam parecer perfeito, como se os enjoos não existissem, e tudo o que sentisse fossem borboletas dançando em seu útero. Bobagem na sua opinião. 

Tudo parecia novo, e muito assustador. Quando o monstro que ainda a assusta em seus pesadelos morreu, pensou estar livre de suas maldades, mas aquela criança era apenas mais uma marca que iria a assombrar pelo resto de sua vida.

A ruiva se levantou e caminhou até a porta ao ouvir a campainha. Ela abriu gentilmente ao perceber ser Barry. Ele parecia nervoso enquanto segurava uma caixa e dois copos nas mãos.

"Ei, trouxe uma surpresa" ele disse levantando a tampa da caixa com um sorriso.

"Bom dia..." Sophie disse encarando as quatro fileiras de donuts, cada uma com um sabor diferente. 

"Não comeu nada ainda, não é mesmo?" ele perguntou e Sophie rapidamente negou, o convidando para entrar. Os dois se dirigiram até a cozinha e se sentaram em cadeiras próximas. "Eu tenho algo pra falar. É só uma coisa que estive pensando nos últimos dias... Acho que já estou velho demais para morar com o Joe, então-"

"Quer alugar um apartamento?" Sophie perguntou encarando a caixa de donuts. Mesmo com uma aparência boa, não sentia fome. Ela ampliou seus olhos assustada, virando seu rosto para o do moreno. "Você quer...?"

"Só se não te incomodar!" ele respondeu imediatamente. "Eu pensei... Já que estamos juntos agora, e muito bem por sinal, talvez morarmos juntos seria algo legal. Uma forma de melhorar nossa relação" Barry explicou sorridente, mas ao perceber que Sophie não parecia bem, logo imaginou que estava a incomodando. "Não gostou?"

"Não. Quer dizer, sim! Seria ótimo" Sophie soprou as palavras ao vento, pois Barry já não estava na sua frente. Ela bufou abaixando os ombros, sentia como se o peso estivesse aumentando. 

Sophie se levantou, fechando a caixa e colocando dentro da geladeira, ao lado de seu café da manhã. Ao se virar para a sala percebeu os raios vermelhos invadindo o cômodo. Barry parou de frente a ela, com duas grandes malas próximas ao seu pé.

"Vou arrumar tudo, então não se preocupe" Barry se aproximou, beijando a testa da ruiva antes de subir correndo. Ela bufou cruzando os braços, e seu breve sorriso logo desapareceu. "Pronto!" Barry se jogou no sofá ofegante. "Mudança completa. Aproveitei para arrumar o seu quarto. Quer dizer, nosso quarto" ele riu de forma alegre.

Sophie fingia um sorriso enquanto tentava encontrar as palavras corretas enquanto se perdia em seus pensamentos. O que poderia dizer? Estou grávida do monstro que matou o seu pai, Barry. Tudo o que imaginava era ruim, algo que levasse o homem que tanto amava a odiá-la. Ela deu um longo suspiro andando até Barry, que ainda tentava recuperar seu fôlego. 

"Barry" ela diz. Ele conseguiu ouvir a dor em sua voz, e então se levantou preocupado. 

"Estou indo rápido demais?" Barry disse em um tom desapontado. 

"Não é isso. Eu preciso te dizer uma coisa..." 

"Claro... O que está te incomodando?"

"Eu..." ela estava tão nervosa. Sua mãos trêmulas fez Barry se preocupar ainda mais. Ele ficou sem reação observando a ruiva caminhar até o sofá, onde se sentou nervosa.

"Sophie, o que aconteceu?"

"Eu realmente quero ter um relacionamento sério com você, Bar. E para que isso funcione, precisamos ser sinceros um com o outro"

"Claro..."

"A verdade é que, eu..." Sophie mordeu seu lábio inferior, se perguntando se conseguiria pronunciar aquelas palavras. Um som contínuo começou a tocar, fazendo a ruiva recuar em seus pensamentos. Barry agarrou o seu celular do bolso, suspirando ao ver Capitão Singh o ligar.

"Isso é novo. Eu posso ligar de volta..."

"Não! Ele é o seu chefe, Bar. Está tudo bem. Atende" 

Barry concordou e se levantou, atendendo o aparelho. Ele se afastou de Sophie enquanto conversava, a deixando sentada no sofá por um minuto. 

"É urgente. Ele quer me ver, agora, e parecia um pouco zangado..."

"Não quero ser o motivo de sua demissão. E também tenho que ir trabalhar"

"Eu posso ficar mais um pouco. O que queria me dizer?" ele perguntou e a ruiva balançou a cabeça se levantando do sofá. Ela o abraçou forte, e por um relance Barry avistou um livro sobre o sofá ao lado. Ele conseguiu ver o desenho da capa, de uma mulher com a mão sobre a barriga.

"Não é nada demais..." ela disse, enquanto levava Barry para a saída. "Eu te amo, Bar"

"Também te amo" ele sorriu nervoso e Sophie deu um selinho em seus lábios entregando seu copo com café antes de acenar com um sorriso e fechar a porta.

Barry correu por alguns minutos, ficando com a imagem do livro em seus pensamentos. Parou de frente à delegacia, e andou apressado para dentro do edifício. 

"Bom dia, Bar" Joe disse ao ver o garoto sair do elevador. "O que aconteceu? Parece ter visto um fantasma"

"Uh, não é nada. Só uma coisa com a Sophie"

"Está tudo bem entre vocês?"

"Sim. Quer dizer, eu acho. Ela me parece um pouco estranha nos últimos dias"

"Bem vindo ao mundo das mulheres" Joe brincou e balançou a pasta que carregava no ar. "O Singh quer te ver, e parece ser algo sério..."

"Já estou indo. Te vejo depois"

Barry caminhou até a sala do Capitão, batendo uma vez antes de entrar. "Desculpe, demorei um pouco porque fui ver alguém..." ele fechou a porta e só então percebeu a outra presença sentada em uma das cadeiras de frente à mesa do Capitão.

"Bem... Podemos adicionar atraso à lista, Capitão" Julian disse firmemente, e Barry suspirou, esperando o pior.

"Allen, me disseram que você tem acessado, sem autorização... Os arquivos de seu colega"

"Como?"

"Além de várias infiltrações..." Julian continuou. "Ausências constantes, sumiço durante o dia, interrupções de chamadas, estranhos no laboratório, é uma lista muito grande, Capitão"

"Desculpe, mas com todo o respeito, eu faço o meu trabalho"

"Sim. Você faz um ótimo trabalho, Allen. Mas não pense que isso te torna imune às regras. Entendido?"

"Sim, senhor"

"Desculpe, senhor" Julian se levantou inconformado. "É só isso? Listei várias violações, e você apenas conversa com ele por 15 segundos?" Julian se virou para Barry. "Deve ser ótimo" disse antes de bufar.

"Acabamos aqui. Podem ir"

Os dois concordaram e Barry abriu a porta, permitindo Julian sair primeiro. Ele apressou seus passos até o loiro, mantendo distância o suficiente para que ninguém escutasse. 

"Vai mesmo mandar uma de X9? Isso é muita sacanagem, cara"

"Quer saber?" Julian parou, e se virou para o moreno com um sorriso de raiva. "Você está certo. Fui bobo de pensar que as regras se aplicavam ao menino de ouro do laboratório criminal do DPCC" Julian bufou novamente e se virou para continuar seu caminho, passando por Joe no caminho.

"Ele é inacreditável!"

"Sabe, eu gostaria muito que vocês fossem menos água e óleo e mais óleo e vinagre. Vocês dois estão na ofensiva há um ano"

"Sim, mas na minha perspectiva, fazem duas semanas"

"Então há duas semanas vocês não eram inimigos?"

"Estou dizendo que há duas semanas, o Julian não existia"

"Por causa do Ponto de Ignição"

"Eu sei que é por causa do..." Barry ouviu o som contínuo de seu celular, fazendo parar tudo e atender. "Qual o problema, Cisco?"

"30 alertas de ataque meta-humano conta como problema?"

"Como assim, o que está vendo?"

"Nada, na verdade. Todas as câmeras de trânsito num raio de quadras foram desativadas, então estamos cegos. E os alertas estão em todo o mapa"

"Então só tem uma forma de ver o que está acontecendo" Barry desligou o celular e se virou para Joe. "Tenho que ir"

Barry vestiu seu traje e ligou o comunicador. "De onde está vindo?"

"A maioria na região do porto"

"Certo" Barry acelerou seus passos, deixando apenas um rastro vermelho para as pessoas ao redor. Ele parou ao se aproximar das pessoas correndo e gritando. "Cheguei, e é uma cena feia"

"Você está bem em cima dos alertas. O que vê?"

"Um monstro" ele disse arregalando seus olhos ao ver o gigante com quatro braços e uma enorme calda "Me ouviram? Tem um monstro em Central City!"

"Do que falamos? Do tamanho do Yao Ming, ou André, o gigante?"

"Não, isso aqui é tipo... Um monstro de verdade"

O som de uma batida fez Barry se virar, encontrando um ônibus atingido por um poste. Ele correu até a porta, encontrando uma mulher que tentava abrir a porta.

"Iris? O que faz aqui?"

"Trabalhando numa história .Acho que não preciso de super-velocidade e um traje vermelho pra ajudar as pessoas" a morena respondeu enquanto os dois se esforçavam para abrir a porta. Ao conseguirem, os passageiros agradeceram, correndo para a saída.

"Certo, saiam daqui! Vou tentar impedir aquela... Coisa" Barry correu para o lugar onde o monstro estava, não o encontrando. "Cisco, onde ele foi?"

"Não posso rastrear se não puder ver" Cisco disse, ficando alguns segundos em silêncio. "Encontramos! Vá três quarteirões ao norte" 

"Ok" Barry correu ao norte, parando ao chegar na esquina do terceiro quarteirão. "Onde está ele?"

"O perdi"

"Sim, eu também" Barry respondeu, não encontrando nada fora do normal.

*

O corpo de um homem morto estava deitado na mesa de examinação coberto por um cobertor fino e branco. Foi entregue ao Dr. Faith por parecer suicido ou assassinato. Sophie caminhou até a mesa, ficando no lado oposto de Faith.

"O que temos aqui?" ela perguntou, arrumando suas mãos com luvas.

"Um homem, aparentemente 30-35 anos de idade, sem identificação. O corpo foi encontrado em uma caixa de água, ficando aproximadamente uma semana dentro" Faith explicou.

"Algum sinal visível que indicam a causa de morte?" Sophie questionou, segurando a ponta do cobertor, pronta para abrir.

"Depende"

"Do que?"

"Sua definição de visível" Faith sorriu. Sophie continuou a puxar o cobertor, revelando o corpo sem vida. O cheiro de antissépticos, sangue e morte fez o estômago vazio de Sophie revirar. "Você está bem?"

"Sim" ela cobriu seu nariz, tentando se acostumar com o cheiro desagradável. 

"Abri seu estômago no momento em que ele chegou, por isso a bagunça no seu corpo. Mas sua pele estava intacta, nenhum sinal de ferimentos ou marcas, que indicariam uma luta pela sobrevivência. Aparentemente o homem morreu de overdose, encontrei flunitrazepam, ácido gama hidroxibutírico e cetamida em seu sangue..."

"Boa noite Cinderela..."

"Sim, mas com doses muito altas. O assassino calculou errado, e então para esconder o corpo, jogou na caixa de água do prédio. Explicaria a falta de sinais, a vítima não tinha como se defender..."

Sophie examinou Faith segurar o bisturi, onde procurava entre seus órgãos algo que poderia ajudar. Seu estômago continuou a se revirar. Ela virou o rosto, procurando algum ar puro para respirar quando sentiu a vontade intensa de vomitar. 

"Derek..." Sophie disse antes de seus olhos se virarem e então desmoronar no chão.

"Sophie!"ele gritou correndo até a ruiva, conseguindo a segurar antes que caísse no chão. "Acorde, garota" Derek balançou Sophie, ficando preocupado ao não receber nenhuma resposta.

*

Algo macio e quente tocou a testa de Sophie, uma sensação boa no momento que a deixou relaxada. Ela aproveitou aquele sentimento até que suas memórias voltaram, fazendo seu pulmão buscar por ar incondicionalmente. Ela respirou forte assim que a realidade a atingiu.

"Calma ai, Senhorita" Steve disse colocando suas mãos sobre seu ombro, a impedindo de se levantar.

"Onde estou?"

"Escritório do Dr. Faith!" ele respondeu, se sentando na mesa de centro ao lado da mulher. 

Sophie se lembrou de tudo, corpo, sangue, intestinos, sangue, sangue... Seu estômago embrulhou outra vez, ficando ainda mais pálida. Steve se levantou, arrumando uma xícara azul, onde encheu com um liquido verde e gosmento. Ele levou até Sophie, a ajudando para se sentar.

"O que é essa coisa?"

"Chá. Parece nojento, mas é gostoso"

"Chá de que?"

"É melhor não saber..." o garoto riu, levando o copo até os lábios de Sophie, que bebeu seu primeiro gole. Realmente o gosto não era ruim, mas esquisito. "Beba um pouco mais, vai ajudar no enjoo"

"Acordou" a voz de Faith invadiu a sala. O homem correu até a mulher, segurando sua mão. Ele parecia nervoso enquanto sorria. "É melhor você parar com esse trabalho, por enquanto"

"Poderia ficar na recepção comigo aqui em cima, longe de todos os futuros zumbis" Steve brincou. O telefone na recepção começou a tocar, fazendo o garoto suspirar. "De volta ao trabalho" ele andou até a saída do escritório.

"Você está bem?"

"Sim... Só foi um enjoo. Muito sangue"

"Desculpe, eu deveria ter te impedido de vir" Derek disse, e Sophie voltou a se deitar ao sentir a sala girar. "Então, como foi a ultrassonografia?"

"Estranha..."

"Dava para ver o bebê direito?"

"Eu... Pedi pra não ver"

"Por que? É um momento mágico, como pôde não ver?" ele perguntou com um sorriso, mas Sophie apenas deu de ombros. "Ei, fique animada, Sophie"

"Não consigo..." ela disse rouca, segurando para que as lagrimas não escorressem. "Eu não consigo ficar animada com isso! Eu não quero um bebê agora!"

"O que? Por que não?"

"Porque tudo o que sinto... É raiva. Eu odeio tudo isso! Tudo o que quero é que isso pare" ela gritou, agora liberando suas lágrimas enfurecidas. Derek segurou sua mão e a puxou para um abraço. Foi um momento estranho para Sophie, ela sentiu um amor paternal. Derek não era um homem velho, mas sua proteção por Sophie sempre a lembrava de seu pai, e ela se sentia tão segura quando ele a segura.

"Eu sei que é assustador, mas tudo vai mudar quando ver"

"O que?"

"Quando ouvir seu primeiro choro, quando ver seus olhos abrir pela primeira vez..." ele se afastou da mulher, limpando suas lágrimas com cuidado. "Você vai sentir amor, Sophie. Você vai querer proteger essa criança, e todo esse ódio vai desaparecer"

"Você não sabe o que eu odeio..."

"Claro que sei. Não sou estúpido, Sophie. Eu sei que o pai dessa criança é o Jay..." ele disse, mas de parecia que sabia de tudo sobre o homem. Sophie ampliou os olhos surpresa. "E eu sei que ele te fez sofrer, que machucou você e as pessoas ao seu redor... Mas você precisa entender que essa criança não é ele, e nunca será. Porque ela vai ter uma ótima mãe, e um tio perfeito" ele acrescentou e Sophie riu. Derek se levantou e estendeu o braço para a mulher com um sorriso. "Agora vamos buscar aquela ultrassonografia pra você ter o seu primeiro sentimento de mãe"


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