Jeongguk

Havia se passado uma semana desde a última vez que eu tinha visto a Yerin no fliperama. Eu sabia que ela tinha passado nas audições, a notícia de que uma garota tinha se tornado trainee da Big Hit depois de muito tempo se espalhou pela agência toda. Mas eu não a tinha visto pela agência, nem mesmo nos corredores do prédio. Era como se ela tivesse desaparecido.

Eu gostaria de dizer que tinha jogado fora o cartão com a senha do apartamento dela, mas seria uma mentira descarada. Eu não joguei fora, como também tinha decorado a senha. 

— Eu vou morrer de fome! — exclama Jin quando estaciona o van no estacionamento do nosso prédio.

— Credo, não faz nem uma hora que jantamos. — diz Hoseok.

— Até parece que você não sabe que o Jin vive com fome. — Yoongi se pronuncia.

— Você está com muita fome? — pergunta Namjoon para o Jin.

— Sim! — choraminga ele.

— Então vamos comprar algo para comermos. — diz Namjoon. Jin abre um sorriso contente.

— Eu posso ver seus olhos brilhando, hyung. — o provoco.

— Esse moleque... — ele me dá um peteleco no braço.

— Bem, então vamos logo. — diz Jimin. — Pois acabei ficando com fome também.

Namjoon, Jin, Hoseok e Jimin saem para comprar algo, mas não antes de levarem uma bronca do Yoongi por terem se esquecido de colocar a máscara e o boné para se disfarçarem.

Como se quatro homens usando bonés e máscaras pretas não chamassem a atenção.

Enquanto isso eu, Taehyung e o Yoongi entrarmo-nos no elevador.

— Hyung, vamos assistir animes mais tarde? — pergunto para o Tae. Mas o infeliz me ignora e continua a cantar Cypher. O volume do fone de ouvido nem estava tão alto e o sorriso na cara dele indicava que tinha me escutando bem.

— Vai me deixar falando sozinho? — dou um soco em seu braço, mas o miserável tem a cara de pau de rir e voltar a cantar.

Yoongi nem se dava o trabalho de nos olhar, sua atenção estava focado no celular em suas mãos.

Que hyung mais atenciosos eu tenho.

Assim que chegamos ao apartamento fui direto tomar um banho. Quando saio do banheiro ouço a campainha soar pelo apartamento, vou até a sala enquanto seco meus cabelos com a toalha. Tae já tinha ido atender, ele estava de costas para mim, não dava para ver que era a pessoa, mas parecia que estava preocupada. Dando de ombros me dirijo para a cozinha e vou pegar o suco na geladeira.

— Kookie, nossa vizinha está perguntando... — meu coração para quando ele menciona nossa vizinha.

Sem pensar duas vezes o deixo para trás falando sozinho e sigo a passos rápidos para a porta me deparando com a minha vizinha. Meus ombros caem quando a vejo.

— Oh, querido, eu só queria saber se você viu meu bichinho de estimação. — diz a senhora Cho quando surjo em sua frente.

Não era ela que eu esperava ver. Era minha outra vizinha de olhos negros e um temperamento estressado.

— Ah, desculpe senhora Cho, mas não vi nenhum bichinho. — digo educadamente.

— Ele sumiu hoje cedo, por um descuido deixei a porta aberta e ele fugiu. — ela lamenta — Acho que entrou em algum apartamento desse andar.

De repente ela move seus olhos para baixo e os arregala. Confuso com sua reação sigo seu olhar e percebo que não tinha vestido uma camiseta, estando só de samba canção. Logo sinto minhas bochechas queimarem.

Quando abro a boca para respondê-la um grito soa do apartamento a minha frente. Antes que possamos reagir, a porta da frente se abre com tudo e Yerin sai de lá de dentro em desespero. Ela corre em minha direção e pula com tudo em cima de mim, bato com as costas na parede e quase perco o equilíbrio.

— O que está havendo aqui? — pergunta Taehyung surgindo no meio da confusão.

— Eu sei lá! — Yerin segura fortemente seus braços em volta do meu pescoço e esconde seu rosto em meu peito. — Ela surgiu do nada!

A senhora Cho depois de se recuperar do susto – a maluca quase provocou um infarto na pobre senhora — tenta acalmar a Yerin.

— O que houve querida?

— Tem uma coisa no meu apartamento. Essa coisa estava andando pelo meu apartamento e me acordou. — sua voz sai abafada por ela ainda estar com seu rosto em meu peito.

Sinto um arrepio quando seus lábios roçam de leve minha pele quando ela fala. Engulo em seco e seguro seus braços e tento a afastar de mim, mas não consigo.

— Desgruda de mim! — tento a afastar novamente, sem sucesso. — Parece que tem cola.

— Deixo você em paz quando aquela coisa sair do meu apartamento!

— Mas que coisa é essa? — Tae estava mais perdido que eu.

— Ela é branca e é rápida.

— Um fantasma? — debocho, mas vejo Taehyung estremecer de leve e me lembro de que ele tem medo de fantasmas.

— Vou te dar um soco, garoto. — ela levanta a cabeça e me encaram com aqueles grandes olhos negros. Sinto-me ser sugado pela escuridão dos seus olhos, pigarreio e desvio o olhar.

— Desgruda de mim e irei tirar essa coisa do seu apartamento.

Relutantemente ela me solta e dá uns passos para trás enquanto olhava para a porta aberta da sua casa, como se esperasse que alguma coisa horrenda fosse sair dali.

A senhora Cho caminha até ela e passa sua mão gentilmente em seu braço, a reconfortando. Com passos largos adentro o apartamento, logo de início dou de cara com uma frigideira caída na entrada. Olho atentamente ao redor, mas não encontro nada. Dou mais alguns passos e vejo uma movimentação pelo canto do olho. Viro a cabeça a tempo de ver o que era.

Era um coelho!

Não sabendo se eu ria ou me irritava pelo alarde que ela fez por causa de um coelho, sigo a passos calmos e consigo pegar o animal. Saio do apartamento com ele em meus braços.

— Você viu onde ele... — ela para a frase abruptamente e arregala os olhos quando avista o coelho em meus braços.

— Fred! — exclama a senhora Cho e vem rapidamente em minha direção e paga o animal das minhas mãos. — Garoto safado, onde você se meteu o dia todo? Estava preocupada.

— O que o coelho da senhora estava fazendo no apartamento da Yerin? — Taehyung se aproxima do coelho e faz carinho em sua cabeça.

— Ele deve ter entrado em algum momento quando ela estava carregando umas compras para dentro do apartamento. A senhorita tinha deixado a porta aberta. — diz a senhora Cho.

— Yerin, você estava com medo de um coelho? —Tae tenta segurar a risada. Olho para a Yerin que se mantinha calada e encarava fixamente o coelho. Ela estava ficando pálida.

— Yerin, você está bem? — pergunto e dou uns passos em sua direção.

— Só tira essa coisa de perto de mim.

— O Fred não machuca ninguém, ele é bem calminho. — a senhora Cho se aproxima dela com o coelho. — Dê um carinho nele.

Yerin solta um gritinho e corre para trás de mim, me usando como um escudo entre ela e o coelho.

— Pelo amor da senhora das torradeiras, tira essa coisa de perto de mim agora! — ela fica histérica. Seus dedos afundam com força em meu braço.

— Você tem mesmo medo de coelhos? — disse a senhora Cho. — Achei que era brincadeira do porteiro quando este comentou sobre.

— Não é brincadeira, agora tira esse bicho do satanás de perto de mim!

— Oh, credo, que menina grosseira! — a senhora Cho nos dá as costas e volta para o seu apartamento.

  Viro-me para ela e tento segurar a risada, mas não consigo. Rio tanto que minha barriga começa a doer.

— Você tem medo de coelho! — mais risadas da minha parte. — Por essa eu não espera de jeito nenhum!

— Cala a boca, idiota. — ela me encara com o semblante sério, mas um leve rubor surge nas maças do seu rosto.

— Depois eu que sou taxado de 4D! — Tae balança a cabeça e volta para dentro de casa.

— Sabe, você está bem calmo para alguém que de samba canção no meio do corredor do edifício onde mora e qualquer um podem aparecer.

Minhas risadas cessam rapidamente e abraço meu peito constrangido. O momento de vulnerabilidade de Yerin se vai e retorna a sua habitual expressão de desdém.

— Pare de ficar me olhando como se eu fosse sua presa! — retruco.

— Não consigo, mesmo você sendo irritante, não posso negar que tem um corpo bonito. — ela abana o seu rosto com a mão. — E que corpo, hein!

Ela estava zombando de mim. Eu sabia. Mesmo um elogio que vinha dela se tornava alguma zombaria.

— Argh! – resmungo irritado e volto para o meu apartamento batendo os pés.

Garota insuportável!