She's so mean escrita por Safferena


Capítulo 4
Observadora


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que era para eu ter postado quinta-feira passada, mas surgiu várias coisas para eu fazer e ainda eu tinha que terminar de escrever o capítulo. Terminei de escrever agora, 03:35 da madrugada, estou caindo de sono. Então deixem um comentário como agradecimento para essa autora aqui, Heheh
Espero que gostem!



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Yerin

Saio do elevador com a dúvida pipocando na cabeça. O garoto que vi entrar no saguão do prédio era muito parecido com o meu vizinho, o tal de Kookie.

— Não pode ser ele, Yerin, o universo não te odeia tanto assim. — converso comigo mesma.

Vejo vários garotos em uma enorme sala de espera e presumo que estou no lugar certo para fazer a audição. Quando adentro o local, várias cabeças se viram para mim com olhares confusos. Ignoro a todos e me sento em umas das cadeiras disponíveis. Não demora muito e um garoto se levanta e vem até onde eu estava.

— O que você está fazendo aqui? — pergunta quando para em minha frente. Não me dou ao trabalho de lhe responder, tiro meu celular do bolso e começo a jogar Angry Birds.

— Ei, estou falando com você! — exclama claramente irritado. Novamente o ignoro, nem me dando o esforço de levantar o olhar para ele.

Irritado com minha falta de interesse, ele pega o celular de minhas mãos e se afasta de mim. Solto um suspiro lentamente e finalmente o encaro.

— Entrega o celular enquanto eu ainda estou sendo legal. — digo enquanto conto até dez mentalmente.

— E se eu não quiser? — ele abre um sorriso debochado — Vai sentar e chorar até alguém vir a ajudar?

Os garotos ali presentes se viram para nós dois e começam a prestar atenção, alguns até soltam umas risadas. Volto a suspirar.

É o universo de fato não gosta de mim!

—A deixa em paz, cara. — se pronuncia um rapaz que estava no canto da sala.

Mesmo sentado dava para ver que era bem alto, seu cabelo era preto e tinha um ar imponente. Tinha jeito de líder.

— A está defendendo, Daemon? — o garoto faz uma careta e se vira para mim — Encontramos um defensor para você, garotinha.

Uma coisa que eu não contei sobre mim, mas acho que já perceberam, eu não tenho paciência e me estresso facilmente e por qualquer coisa. E devido a isso que eu me meto em confusões desde pequena. Começo a contar novamente até dez mentalmente para me acalmar.

— Você ainda não me respondeu o que está fazendo aqui. — ele continua — Para fazer as audições é que não é, pois todos sabem que a Big Hit não aceita garotas como trainers.

— Vou dizer pela ultima vez: Devolva meu celular.

— Só entrego quando você me responder. — ele ignora meu aviso.

Coitado.

Levanto-me rapidamente e avanço em sua direção. Dou um chute no meio de suas pernas, quando ele se dobra sobre seu corpo com o impacto, eu arranco meu celular de sua mão e retorno para o meu lugar.

— Caramba...! — exclama com lágrimas de dor em seus olhos. Ele se ajoelha no chão com as mãos no meio de suas pernas. 

Os outros que estavam só observando me olham surpresos e se afastam de mim. A sala fica em completo silêncio, que é quebrado por uma estrondosa gargalhada. O rapaz chamado Daemon ria tanto que pensei que iria passar mal de tanto rir.

— Bem feito, Doyun. — ele fala em meio às risadas.

— Ela é louca. — Doyun se levanta devagar e vai se sentar bem longe de mim.

— E você é metido. — rebato — Não te devo explicações e nem tinhas o direito de pegar meu celular.

— Eu só queria saber o que uma garota estava fazendo aqui. — ele cruza os braços diante do peito.

Volto minha atenção para o meu celular sem a mínima vontade de continuar aquela conversa estranha.

Jeongguk

— Por hoje é só garotos. — diz nosso coreógrafo.

Sento no chão sem fôlego. Tinha perdido as contas de quantas vezes tínhamos dançado uma única música repetidas vezes.

— Estou com sono. — diz Hoseok e se senta ao meu lado.

— Estou morto. — exclama Yoongi pausadamente e se joga no chão.

— E eu preciso de um banho. — falo e passo a mão em minha testa, tirando o excesso de suar ali acumulado.

— Tá’ precisando mesmo. — Taehyung diz enquanto se senta em minha frente.

— Você é outro que precisa de um bom banho. — retruco e recebo um sorriso quadrado dele.

— Eu quero chegar logo em casa e ir direto para a minha bela cama. — se pronuncia Jimin que também se senta perto de nós.

— Gente, meu olho esquerdo está piscando frequentemente, não é? — Jin se aproxima de nós e mostra seu olho.

— Lá vem você com isso novamente. — digo revirando os olhos.

— Mas é verdade quando digo que meu olho esquerdo pisca com frequência quando estou com fome! — exclama Jin com veemência.

— Então vamos nos arrumar logo para podermos comer. — Namjoon passa por nós e se dirige para o vestiário. Sigo-o e já vou direto para o chuveiro.  

Saio do vestiário um tempo depois já arrumado. Enquanto espero os outros vou para o refeitório. Quem via a Big Hit pelo lado de fora não dava nada por ela, mas por dentro ela é bem luxuosa e moderna. Tinha desde as salas de prática e estúdio até a ala do refeitório, com direito a cozinha e os cozinheiros. Era um prédio enorme.

Ao chegar lá vou direto para a vending machines* e compro uma lata de Coca Cola. Pouco tempo depois uma garota para em frente à máquina e compra uma lata de Pepsi. Ela me parece estranhamente familiar, mas a touca vermelha que usava ocultava parcialmente seu rosto. Ela abre a lata e quando se vira para sair vejo seu rosto e quase me engasgo com a bebida.

— Você?! — exclamo sem me conter. Ela se vira para mim e seus olhos se arregalam em reconhecimento.

— Só pode ser brincadeira. — solta emburrada.

— O que você está fazendo aqui?

— O que você está fazendo aqui? — devolve a pergunta.

— Eu trabalho aqui.

— O universo deve ter algum problema comigo, só pode. — ela me dá as costas e começa a caminhar até umas das mesas ali disponíveis.

Ante que eu me controle, a sigo e me sento em sua frente.

— O que eu te fiz? — solto a pergunta que queria há muito tempo falar.

— Nada, simplesmente não gosto de você. Agora me deixe sozinha. — ela levanta a mão e faz um movimento como se tivesse me enxotando.

— Mas eu nunca te fiz nada. — cruzo os braços e a encaro — Mas fique sabendo que o sentimento é reciproco.

— Fico tão feliz em saber disso.

— O que veio fazer aqui? — pergunto, mas já sei que não receberei resposta alguma.

— Vim fazer um teste. Satisfeito? — responde depois de um tempo.

Observo-a intrigado e abro a boca para responder, mas sou interrompido por ela.

— Eu sei o que vai dizer: “A Big Hit não aceita garotas trainers e blá, blá, blá”.

— Na verdade eu ia dizer que nunca me passou pela cabeça que você tem algum outro talento que não seja o de reclamar e de ser sarcástica.

Ela me encara desconcertada. Reprimo um sorriso vitorioso. Eu um x Megera zero.

— Idiota.

— Jeongguk.

— O que? — ela franze o cenho, confusa.

— Meu nome é Jeongguk, e não idiota.

— Você é bom, tenho que admitir. — Um pequeno sorriso cresce em meus lábios.

Seus gelados olhos negros me cortam, e os cantos de sua boca inclinam-se para cima. Meu coração errou uma batida e naquela pausa, um sentimento de triste escuridão pareceu deslizar como uma sombra sobre mim. Ele sumiu em um instante, mas eu ainda estava encarando-a. Seu sorriso não era amigável. Era um sorriso que soletrava encrenca. Como uma promessa.

Sentei-me perfeitamente imóvel. A bola estava no campo dela, eu tinha sorrido, e olha como isso ajudou. Enruguei meu nariz, tentando descobrir a que ela cheirava. Não a cigarros. Algo mais profundo, mais asqueroso.

Charutos.

— Qual o seu nome? — pergunto depois que percebo que ela não dirá mais nada. Abaixo meu olhar para o tampo da mesa e espero por sua resposta, que não vem.

Olhei para cima a tempo de captar outro sorriso sombrio. Esse parecia me desafiar a arrancar qualquer coisa dela.

— Seu nome? — Repeti, esperando que fosse minha imaginação minha voz ter vacilado.

— Me chama de Yerin. – Sério. Me chama.

Ela piscou quando disse isso, e eu estava bem certa de que ela estava me zoando.

— O que faz em seu tempo livre? — continuo a tentar puxar conversa, sem me abalar com seu comportamento.

Ela se reclinou em seu assento, dobrando seus braços atrás de sua cabeça.

— Tempo livre. — ela repetiu pensativamente. — Eu tiro fotos.

— Fotografia... Legal.

— Não terminei. — ela disse. — Eu também gosto de observar as pessoas e descobrir coisas sobre elas. E sou muito boa nisso.

— Vamos ver se é tão boa assim. — recosto-me na cadeira e a encaro com um sorriso presunçoso. — Me observando o que tens a dizer sobre mim?

— Você gosta de jogar vídeo game, escreve poesia em segredo e não gosta de se expressar.

Eu a encarei por um momento, balançado por ela ter acertado na mosca. Eu não tinha o pressentimento de que era um chute. Ela sabia. E eu queria saber como agora.

Ela disse:

— Embora você demonstre ser um garoto educado e tímido por fora, mas por dentro esconde outra personalidade. Julgar é sua terceira maior fraqueza.

— E minha segunda? — Eu disse com bastante raiva. Quem era essa garota? Essa era algum tipo de piada perturbadora?

— Você não sabe como confiar. Retiro o que eu disse. Você confia, só que nas pessoas erradas.

— E meu primeiro? — exigi.

— Você mantém a vida numa coleira curta.

— O que isso quer dizer?

— Você tem medo daquilo que não consegue controlar.

O cabelo na minha nuca ficou de pé, e a temperatura no refeitório pareceu esfriar. Normalmente eu teria me levantado e a deixado falando sozinha. Mas eu me recusava a deixar Yerin pensar que ela podia me intimidar ou assustar. Senti uma necessidade irracional de me defender e decidi bem ali e agora que eu não recuaria até que ela recuasse.

— Você dorme pelado?

Minha boca ameaçou cair, mas eu a segurei no lugar. Que pergunta era essa?

— Você está longe de ser a pessoa a quem eu contaria.

— Fez algo ilegal?

— Não. — Ocasionalmente passar do limite de velocidade não contaria. Não com ela. — Por que não me pergunta algo normal? Como... Meu tipo favorito de música?

— Não irei perguntar algo que eu posso adivinhar.

— Você não sabe o tipo de música que eu gosto.

— Pop. Aposto que você toca... Violão. — ela disse com se tivesse chutado do nada.

— Errado. — uma mentira, que me enviou um arrepio pela minha pele que deixou meus dedos formigando. Quem era ela, realmente? Se ela sabia que eu sobre essas coisas, o que mais sabia?

De repente a ficha cai. Ela leu sobre essas coisas na internet, é óbvio. Se bem que a maiorias das coisas que falou não tinha como achar na internet.

— Eu não pesquisei sobre você. — sua voz me faz despertar dos devaneios.

— Como você sabe que era isso que eu estava pensando? — engulo em seco.

— Eu não finjo ler mentes, eu leio mesmo. — ela pisca para mim e repentinamente estava de pé, caminhando para a porta.

— Espera! — chamei. Ela não se virou. — Com licença! — Ela tinha passado pela porta. — Yerin! Não peguei nada sobre você.

Ela se virou e andou na minha direção. Tomando minha mão, rabiscou algo nela antes de eu a puxar.

Olhei para baixo para os sete números em tinta vermelha na minha palma e fechei a mão ao redor deles. Eu queria dizer que de jeito nenhum seu telefone tocaria hoje à noite. Eu queria dizer que era insolente e que se achava demais. Eu queria um monte de coisas, mas só fiquei parado lá parecendo como se não soubesse abrir minha boca.

Por fim eu disse:

— Estou ocupado hoje à noite.

— Assim como eu. — Ela sorriu e se foi.

Fiquei pregado no lugar, digerindo o que tinha acabado de acontecer.

— Eu não vou ligar! — Gritei para ela. — Nunca!

Yerin.

 Saio do refeitório e ando calmamente para a sala de espera, ainda não tinha chego a minha vez para a terceira fase da audição. A primeira fase tinha sido de canto, e tivemos que cantar em a capela e a segunda fase era a dança. Tinha muitos jovens para fazer à – finalmente – ultima fase, eu era uma das últimas.

Passo por um corredor com um pôster grande, dou alguns passos para trás e encaro a grande imagem e meu queixo quase cai. Ali estava o meu vizinho. Jeongguk. E os seus amigos.

— Eu passei por esses pôsteres mais cedo e não tinha nem reparado neles! — exclamo em voz alta — Eles são realmente famosos.

Volto a caminhar ainda matutando aquilo na cabeça. Isso é muita coincidência ou muito azar vir parar na mesma agência que meus vizinhos?

Eu te odeio com todas as minhas forças, universo.


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Notas finais do capítulo

*vending machines : Máquinas automáticas de venda de produtos.
O que acharam? Deixem um comentário, please!
próximo capítulo irá ser postado domingo dia 25-06.
Até lá, beijos jujubas. ♥



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