—Nós realmente vamos fazer isso?- Henry terminava de se arrumar para encontrar Emma para almoçar enquanto conversava com a sua irmã, que estava sentada em sua cama.

—Claro! Por que está perguntando isso? - Respondeu, tentando não rir da dificuldade do irmão para abotoar sua blusa.

—Alycia, é meio perigoso não acha?- Ele diz se virando para a irmã.

—Do que você está falando? O plano é seu e nós já avisamos quem precisávamos avisar, temos toda a ajuda que precisamos. - Ele da de ombros. - Já está pronto? - Ele sorri e afirma com a cabeça - Então vamos logo, se não, vamos nos atrasar.- Os dois saíram da mansão e foram andando até o Granny's.

Regina se enrolou no trabalho e não conseguiu almoçar com os filhos, então pediu para Emma almoçar com Henry e Alycia. A morena e a loira já estavam muito próximas. Já haviam se passado quase um mês desde quando as crianças começaram os seus respectivos planos.

Henry estava com dificuldade na operação Cobra, mas ele já sabia como fazer Emma acreditar.

—Olá crianças.- Disse Emma quando os irmãos se sentaram a mesa. Henry deu um beijo em sua bochecha e Alycia lhe ofereceu um sorriso.

As duas não tinham muita intimidade, mas Alycia faria tudo pelo irmão. A sorte é que a menina não via Emma como uma ameaça. O almoço seguiu tranquilo. Uma vez ou outra Alycia fazia um comentário, mas Henry e Emma falaram na maior parte do tempo. Ela não ligava muito para isso, falar não era algo que realmente gostava.

—Então, que festival é esse que está vindo no final de semana?

—Ah, é o dia dos Mineiros. A gente já ia te convidar pra ir junto.

—Bom, acho que eu vou trabalhar lá nesse dia, mas Graham não verá nenhum problema se eu ficar um pouco com vocês.- Alycia levantou a sobrancelha com o “vocês” e sorriu de canto, não disse nada, apenas continuou a comer seu hambúrguer.

—Então Alycia, como é ter 11 anos?- Perguntou Emma com um sorriso no rosto. Fazia uma semana que a menina havia feito aniversário.

—A mesma coisa. A idade é o tempo de vida decorrido desde o nascimento até uma determinada data tomada como referência. Não tem nada demais…- Emma ficou olhando surpresa para a menina na sua frente, mas logo depois o espanto passou. Ainda mais que Henry não parecia nem um pouco assustado pelo que a irmã tinha acabado de falar.- Eu te assustei?- Perguntou Alycia erguendo o olhar até encontrar o de Emma.

—Não.- Emma abre um pequeno sorriso- Apenas acabei de perceber que você é bem parecida com a sua mãe.- Alycia sorri abertamente, o que faz Emma alargar o seu.

Emma trocava mensagens com a morena diariamente. No começo ela apenas falavam sobre Henry, marcando dias para ele dormir no apartamento que a loira dividia com Mary e David – que foram gentis o suficiente para lhe oferecer o quarto de hóspedes. Mas depois de algumas semanas o relacionamento das duas havia evoluído. Falavam sobre suas vidas e como passavam seus dias.

Regina amava tudo aquilo, mas se sentia culpada por mentir para Emma. Henry havia começado a falar do livro para Emma. Emma não acreditava, pensava que era coisa de criança. Henry já pensava em outro jeito de convencer a loira.

A semana passou rápida e o dia dos Mineiros já tinha chegado. A praça de Storybrooke estava cheia de crianças correndo e brincando, casais namorando e outras pessoas apenas apreciando o dia, Haviam várias barraquinhas espalhadas e em uma delas estava Mary Margareth e Regina. As duas vendiam velas para arrecadar dinheiro para as freiras.

Emma, mesmo trabalhando, conseguia aproveitar tudo ali. Sempre via Henry brincando com os amigos e ficava de olho em Alycia que ficou sentada em um banco lendo um livro. A feira duraria o dia inteiro, então ela havia pegado o turno da tarde, enquanto Graham ficara com o da noite e David, que também trabalhava na delegacia, já havia cumprido o turno da manhã. Agora ele ajudava Mary com as velas.

A feira iria até as 23:00 e já eram quase 20:00 e os irmãos Mills decidiram botar a Operação SwanQueen para funcionar.

—Onde esta Emma?- Perguntou Alycia depois de chegar perto de Henry.

—Hmmm. Conversando com Graham ali.- Ela olhou para o local que seu irmão apontou e viu Graham jogando todo seu charme para cima da vice-xerife.

—Isso pode ser usado como vantagem…- Disse Alycia com um olhar pensativo. Olhou em volta e sorriu quando avistou sua mãe conversando com Mary. Ela contou seu plano para Henry e os dois foram correndo até sua mãe.

—Hey, aonde vocês estavam?- Perguntou Regina que já estava ficando preocupada com os filhos.

—Procurando pela Emma, mas já achamos.-Respondeu Henry, apontando para o local que Emma e Graham estavam. A prefeita ficou olhando por um tempo até que sua filha ficou ao seu lado.

—Raiva ou ciúmes? - Perguntou Alycia com um sorriso sarcástico no rosto.

—Eu não estou com raiva, ou ciúmes…

—Então qual é a da veia?

—Veia?

—Sim, a da sua testa. Sempre que a senhora está com raiva ou ciúmes essa veia aparece.- Explicou - Ta me assustando um pouco.

—Para de olhar!

—Não dá! Ela ta me encarando…- A morena apenas virou a cara ruborizada para longe da filha.- Então…Ciúmes?- Regina olhou para ela com cara de poucos amigos.- Essa aí é de raiva…- A menina ergueu os braços em sinal de rendimento e se afastou, indo em direção a Henry que conversava com Ruby.

—Preparados?- Perguntou aos dois.

—Sim, pode deixar comigo que eu faço a minha parte.- Respondeu Ruby com um sorriso. Adorava as ideias das duas crianças.

—E o David?

—Aqui.- Disse o homem se aproximando dos três.

Sim, ele também estava envolvido, assim como Mary.

—Okay então, vamos fazer isso.- Todos saíram para fazer suas respectivas tarefas.

—Graham!- Chamou Henry, fazendo o homem parar de conversar com a loira e o encarar. - Ahnnn…eu preciso de ajuda.

—Pode falar Henry.- Diz Graham se abaixando, ficando na altura do garoto.

—Ahnnn…A minha bola sumiu! Preciso de ajuda pra achar ela.

—Henry…

—Obrigado por ajudar! Vamos!- A loira riu daquela cena, sabendo que a bola de Henry não tinha sumido, pois ele não havia levado a bola.

—Ah sim, sim.- Ele olhou para Emma e sorriu sem graça.- Eu já volto.- Ruby chegou logo depois e engatou em uma conversa animada com a amiga.

Enquanto isso David e Alycia subiam até o topo do prédio de energia da cidade.

— Como vamos fazer isso?- Pergunta David, quando os dois já estão no telhado

—Bom, a rede elétrica da cidade é bem velha, então vai ser bem fácil. Leroy já deixou a caixa de energia destrancada.- Ela se aproxima da caixa e a abre, dando um sorriso satisfeito.- Temos apenas que dar um pequeno curto circuito.

—Talvez eu devesse fazer isso…- Disse David apreensivo, com medo da menina se machucar.

—Talvez não, já que você é um policial de uma cidadezinha do Maine e provavelmente sempre tirou D's na escola. E eu sou uma criança de 11 anos com um QI maior do que de qualquer pessoa dessa cidade.- David apenas revirou os olhos.

—Sabe, você é realmente filha da sua mãe.

—Sei, sei…Já me disseram isso antes.- O homem apenas sorriu com o jeito da menina. Ele olhou para baixo e quando Ruby o viu apenas sorriu e balançou a cabeça positivamente, assim como Henry e Mary.

—Agora! - No mesmo momento as luzes da cidade desligaram, fazendo com que Emma e Regina ficassem preocupada com as crianças. Mary começou a distribuir velas para os que não tinham e minutos depois a praça inteira estava sendo iluminada pelas chamas das velas.

—O que aconteceu?- Perguntou Emma chegando perto da prefeita. No mesmo momento, as outras pessoas envolvidas no plano apareceram ao lado das mulheres.

—Bom, tudo nessa cidade é velho. Não é surpresa isso acontecer.- Todos olharam surpresos por ter sido Henry a dizer isso e não Alycia. Ele apenas deu de ombros enquanto sua irmã tentava segurar o riso.

—Acho que alguém tem que ir ligar o gerador de energia reserva.- Disse David.

—Acho que isso é um trabalho para a vice-xerife e a prefeita- Disse Alycia se pondo do lado das duas mulheres.- Vocês não acham?- Todos ali concordaram. As duas mulheres se viram sem opções e começaram a andar em direção ao gerador.

—Emma…-Chamou Alycia antes das duas ficarem muito longe.- Não me decepcione.- Disse o mais baixo possível para a sua mãe não ouvir

Emma parou para pensar um pouco. A mulher era lerda, mas depois de longos segundos sorriu, entendendo finalmente o que a menina queria dizer. Ela foi tirada de seus pensamente pela voz de Regina lhe chamando. Ela protegeu a chama de sua vela com uma mão e saiu andando em direção a morena.

Estava muito silêncio e isso estava deixando a loira aflita.

—Como funciona isso?- Perguntou a loira, deixando a mais velha confusa.- Alycia ser um gênio.- Regina apenas sorriu e soltou um leve “Ah”- Todas as vezes que eu, ela e Henry saímos juntos ela mal falou…

—As vezes é bem complicado…- Respondeu passando por cima de um galho- O quanto mais inteligente você é, menos você fala…

—Ela é uma ótima criança. Assim como Henry.

—O que você esperava?- Ela parou e virou para Emma.- Eles foram criados por mim.- A loira soltou uma gargalhada que ecoou pela floresta. Andaram mais um pouco até Regina parar bruscamente.

—O que? - Perguntou a loira, que tinha um semblante confuso.

—Você acha que eles estão bem apenas com as velas?

—Hmm, acho que sim…- A morena sorriu largamente.

—Vem comigo.- Pediu Regina estendendo a mão.

—Você vai me sequestrar?- Perguntou com um sorriso no rosto.

—Para de ser boba e vem!- Disse Regina rindo ao mesmo tempo. A mais nova pegou a mão da morena, que a puxou e saiu correndo pela floresta. Que bom que não estou usando salto hoje…

—Para onde nós vamos?- Perguntou Emma gritando.

—Você é muito curiosa Miss Swan!- Respondeu no mesmo tom. As duas estavam gargalhando alto, não se importando com quem ouviria.

—Onde estamos?- Perguntou Emma quando chegaram ao local. Era uma parte mais afastada da praça. Tinha apenas um banco com uma trilha ao lado.

—Você é a vice-xerife e não sabe aonde estamos?- Perguntou com falsa desaprovação e recebeu um revirar de olhos de Emma que fez a morena rir.- Na verdade, estamos bem perto do gerador. Estamos no meu lugar favorito da cidade.

—Mas só tem um banco aqui.- Disse sorrindo enquanto as duas se aproximavam do banco.

—Olhe mais de perto.- As duas se sentaram no banco e Emma fez uma careta. Regina deu leve gargalhada.- Olhe para cima vice-xerife.- Emma, com uma feição de confusão, olhou para cima e o sorriso foi inevitável.- Eu prefiro vir aqui a noite, mas de manhã também é bonito.- Daquele banco elas conseguiam ver o céu estrelado de Storybrooke.

—É lindo Gina… - A morena ergueu uma sobrancelha.

—Gina?

—Não gostou?- Regina abriu um sorriso tímido.

—Na verdade, gostei muito...- As duas haviam se perdido no olhar uma da outra. Parecia que nada mais existia. Nenhuma maldição ou nenhum outro problema. Ali ela não eram a Evil Queen e a Salvadora. Eram apenas elas, apenas Emma e Regina.

Regina foi a primeira a desviar o olhar. As duas ficaram ali olhando para o céu. Lentamente a morena encostou sua cabeça no ombro da loira, e imediatamente a mais nova botou seu braço em volta da mais velha. Depois de alguns minutos assim, Emma não estava mais prestando atenção no céu e sim na mulher ao seu lado.

—Eu consigo sentir o seu olhar sobre mim, sabia?- Disse Regina - O que?- Perguntou sorrindo e olhando para a loira.

—Regina Mills…Você é linda…- A morena ficou um pouco sem graça.- Desculpe.- Pediu Emma ficando vermelha e desviando o olhar.

—Emma Swan…- Disse se afastando um pouco e pegando o rosto na mulher, fazendo ela olhar em seu olhos.- Você é ainda mais linda…- A distância entre seus rostos era mínima. Estavam quase fazendo o que tanto ansiavam desde a primeira vez que se viram. Quando estavam quase selando seus lábios, as luzes que iluminava aquela parte da floresta acendeu, fazendo as duas pararem o que estavam fazendo bruscamente. Elas viram Graham se aproximando.

—Onde estavam?- Perguntou chegando mais perto, fazendo elas se afastaram lentamente.

—Ahnn, nós acabamos nós distraindo… -Disse Emma completamente vermelha. Graham, se você não fosse meu chefe eu te dava uma porrada agora mesmo… - Nós já estamos voltando.

—Okay, mas andem rápido por que já é 23:20. O festival já acabou. Fiquem tranquilas que Henry e Alycia estão esperando vocês com os Nolans.- Ele se afasta e quando está longe o suficiente as duas soltam uma gargalhada.

—Acho melhor irmos…- Disse Emma meio cabisbaixa.

—Teremos várias outras oportunidades.- Disse Regina olhando nos olhos da loira.- Acredite nisso.- As duas sorriram amavelmente.

Se levantaram e voltaram para a praça com as mãos dadas e um sorriso no rosto. O caminho foi feito em silêncio. Esse é o melhor tipo de silêncio. Disseram as duas mentes juntas.

Elas apenas soltaram as mãos quando chegaram perto e um grupo de pessoas que ainda estavam na praça. Elas avistaram David e Mary com as crianças esperando-as.

—Desculpem a demora.- Disse Regina ruborizada. Alycia e Henry apenas sorriam de lado, enquanto os Nolans abriram um enorme sorriso.

—Sem problemas.- Disse David.- Nos vemos amanhã Regina. Vamos Emma?

—Ahnn...Sim…- Ela deu um abraço em Henry e um em Regina com direito a um beijo na bochecha, o que fez as duas ficarem mais vermelhas do que antes. Emma puxou Alycia e Henry e lado pedindo um minuto.

—Vocês fizeram tudo isso né?- Os dois apenas sorriram. Emma abraçou os dois e dando um beijo na bochecha dos dois.- Obrigado.- Sussurrou no ouvido dos dois e se afastou. Alycia mesmo não gostando muito de contato físico, sorriu.

Eles se despediram e seguiram para suas respectivas casas.

—É claro que não funcionaria, Henry.- Alycia e Henry estavam de novo na mesma posição de dias atrás. Henry se vestindo para dormir e Alycia já com seu pijama, sentada na cama de Henry. Eles conversavam enquanto Regina não subia para botar os dois na cama.

—Por que?- Perguntou Henry, olhando sua irmã com a camisa desabotoada. Ele tentava inutilmente abotoar a camisa fazia alguns minutos. A menina o chamou para mais perto e começou a ajudá-lo.

—Ela é uma adulta. Adultos não acreditam nesses tipos de coisas.

—Por que?- Perguntou de novo. Sua irmã sorriu e revirou os olhos.

—Porque adultos são chatos.- Respondeu terminando de abotoar a camisa.

— Bom, eu já sei como fazer ela acreditar.- Disse sentando ao lado da irmã imitando ela é cruzando as pernas.- Precisamos de provas

—E onde vamos arrumar isso?

—Nas minas! Lá deve ter alguma coisa.

—Henry, não. As minas são perigosas.- O alertou.- Promete que não vai lá. Aquele lugar pode desabar a qualquer momento.- Disse séria.

—Eu prometo…- Disse abaixando a cabeça. A menina respirou fundo.

—Amanhã eu prometo que te ajudo com a Operação Cobra, já que a Operação SwanQueen foi um verdadeiro sucesso hoje. - Um sorriso apareceu no rosto do mais novo, que foi retribuído por sua irmã.

Segundos depois, Regina aparece. Ela deu um beijo de boa noite em Henry e leva Alycia para o seu quarto repetindo seus gestos.

No dia seguinte, Alycia acorda como sempre: com sono. Troca de roupa calmamente, tentando manter seus olhos abertos, e segue para cozinha logo em seguida. Quando passa pela porta do irmão, percebe que a mesma está aberta e a cama já estava arrumada. Ela dá de ombros e continua seu caminho até a cozinha, onde encontra sua mãe fazendo o café da manhã.

—Bom dia, mama – fala com um pequeno sorriso.

—Bom dia meu amor – responde a morena, se aproximando da filha e lhe dando um beijo na bochecha.

A pequena olha em volta como se procurasse alguma coisa.

—Mama, cadê o Henry?

—Eu pensei que ele estava dormindo…

Alycia franze a testa, mas entende tudo logo em seguida.

—Ah não…- Ela arregala os olhos e sai correndo para o lado de fora. - Liga pra Emma! Precisamos ir nas minas!- Gritou enquanto pegava seu casaco.

Henry…o que você foi fazer…?