—Sinto que isso tenha sido doloroso...

—Não, imagina. Nem deve doer.- Disse  Alycia com sarcasmo. Os irmãos assistiam ao filme Motorista de Táxi, enquanto esperavam sua mãe chegar do trabalho.- Sinto que não deveríamos estar assistindo isso.- Fecharam um pouco os olhos.- E... os dedos foram embora

—Vamos ver Frozen?- Perguntou Henry.

—Eu pego o filme...- Disse Alycia quase pulando do sofá. Quando estava quase colocando o filme, a campainha toca. Ela chama a atenção do irmão com a mão.- "Tem alguém na porta".

Ele atende a porta e abre um largo sorriso.

—Senhorita Mills!

—Me chame de Regina.

—Claro.- Sorriu envergonhado.- Algum problema?

—Você tem açúcar?

—Essa é velha...- Os dois riram.- Mas sim, temos açúcar. Entre.- Disse dando espaço para ela passar.

—Senhorita Mills.- Falou Alycia, a aproximando.- Regina.- Se corrigiu com um sorriso no rosto.- Quer assistir um filme com a gente? A nossa mãe deve voltar daqui a...- Olhou no relógio da sala.- Meia hora. Ela vai trazer pizza.

—Ahn... claro! Por que não?- Henry deixou o açúcar na mesa e foi para a sala.- O que você estão assistindo?

—Frozen...- Respondeu Henry. Regina ficou em silêncios, tentando lembrar do filme, o que não aconteceu.- Você nunca assistiu? Lançou a um tempo atrás.

—A cidade em que eu morava... é meio parada no tempo.

—Vamos assistir então...- Disse Alycia já se acomodando no sofá com o irmão, quando o celular e Regina toca. Ela se afasta por um momento para atender e sorri quando vê quem é.

—Emma?

—Oi Regina... eu não quero te pedir isso. Sei que você é ocupada...- Parecia nervosa.

—Emma, pode falar.

—Eu estou atolada em um caso e vou chegar tarde em casa...

—Eu já estou aqui com eles. Fique tranquila que eu peço a pizza.

—Muito obrigada Mills! Você me salvou agora.

—Sempre...- Regina corou com o que havia acabado de falar. Ficaram em um silêncio constrangedor.- Ahnn, te vejo mais tarde...

—Sim. Muito obrigada mesmo.

—Não precisa agradecer.- Desligaram e Regina chamou a atenção das crianças.

—A mãe de vocês vai se atrasar um pouco...- Viu a carinha deles ficarem tristes, então tentou animar as coisas.- Quem quer pizza?- Os dois abriram um grande sorriso e levantaram as mãos, fazendo Regina gargalhar.

                           *

3 anos atrás.

—Estamos de volta.- Disse Snow olhando em volta.

—Depois de um tempo, eu realmente comecei que nunca iríamos voltar.- Começou Ruby.-Agora eu já não tenho certeza se é algo bom.

—Eu só quero eles de volta.- Falou Regina, cabisbaixa. Cora se aproximou e segurou sua mão.

Começaram a andar em direção ao antigo castelo de Regina, quando foram surpreendidos por homens encapuzados.

—Eu realmente não senti falta desse lugar.- Disse Neal, entredentes.

                            *

Eles tinham dormido durante o filme e Regina acorda com gritos assustados de Alycia.

—Hey.- Disse preocupada, pegando na mão da menina.- Você está bem?

—Sim...- Ela tentava regular sua respiração.

—Você tem pesadelos frequentemente?

—Todos nós temos.- Se virou para Regina, mais calma.- Henry é o...o...o único que não é tão frequente...- Disse gaguejando e atropelando as palavras, fazendo Regina estranhar.-Minha... mãe. Ela tem desde sempre.- Se encostou no sofá, encarando a morena.- Ela me disse que sonha que que está perdendo algo importante e não consegue ter de volta.- Disse com o olhar baixo.

—Ela sabe o que é?- Alycia apenas negou com a cabeça e encarou o irmão dormindo no chão. Regina abaixou o olhar, sabendo de quem o sonho se tratava.

—Eu tenho problemas com as palavras...- Tentou explicar o gaguejo de antes.

—Não precisa explicar.- Deu um sorriso de cantou.- Vem cá.- Abriu os braços e Alycia deitou em seu peito.- Tenta voltar a dormir.- A garota assentiu com a cabeça e segundos depois estava dormindo. Regina dormiu de novo com um sorriso no rosto, imaginando como seria depois que eles se lembrassem dela.
                                     *

—Regina.- Chamou Emma pro terceira vez.- Você pegou no sono.- Disse ao ver A morena acordando.

—Desculpe.- Se endireitou no sofá, ainda co mm Alycia em seus braços.

—Você cuidou dos meus filhos até essa hora. Não precisa se desculpar.- Disse com um sorriso carinhoso.

—Ally... Sua mãe chegou.- Chamou baixinho, para não assusta-la.

—Hm... oi mãe.- Resmungou com voz de sono, fazendo Emma rir.

—Vamos para a cama.- A menina come vou a levantar com dificuldade.-Pode acordar seu irmão para mim?- Alycia apenas pegou uma almofada e jogou na cabeça de seu irmão, o fazendo pular de susto.

—Esse é o único jeito que você tem para me acordar?- Perguntou, esfregando a cabeça.

—Violentamente? Sim.- Dias com um sorriso no rosto.- Vamos.- Ajudou o irmão a levantar e se aproximou de sua mãe.- Boa noite mãe.- Beijou aí bochecha e se aproximou de Regina.- Obrigada pela noite Regina.- Beijou sua bochecha e começou a andar até seu quarto.- Boa noite.- Henry repetiu seus movimentos e seguiu a irmã.

—Eles gostam de você- Disse Emma depois de algum tempo em silêncio. Regina sorriu largamente.

—Eu devo voltar.- Disse se levantando.

—Er... por que não fica?- Disse Emma, tentando esconder seu rubor.- É perigoso lá fora a essa hora.

—Emma, eu sou eu vizinha.

—E o corredor por ser assombrado...- Regina revirou os olhos sorrindo.

—É... deve ser...

—Vamos conversar um pouco.

—Emma, você deve estar cansada...

—Por favor.- Regina respirou fundo, sem tirar o sorriso do rosto.

—Okay então. Sobre o que quer conversar?- sentou de volta no sofa e Emma a acompanhou.

—Sinto que você deveria saber.- Abaixou o olhar.- Sobre o acidente.

—Emma...

—Não, eu quero falar.- Puxou o ar e a encarou.- Eles estavam voltando da casa de um amigo de Henry. Foi uma festa do pijama e já que eu não poderia ir busca-lo, Alycia fez esse favor para mim. Ele tinha dez anos, eu não queria que voltasse sozinho.- Seu olhos começaram a marejar. Regina, se segurando para não chorar, segurou sua mão, a incentivando a continuar.- Eles voltavam de ônibus quando...- Sua voz falhou.- Quando um caminhão bateu contra eles. O motorista estava bêbado...- Regina tentava se manter forte, mas era difícil ouvir tal relato sobre o que havia acontecido com seus filhos. A loira já não tinha controle sobre suas lágrimas e chorava sem vergonha alguma.- Henry ficou desacordado por uma semana, seu tímpano havia sido perfurado. Os médicos fizeram tudo que eles podiam, mas quando ele acordou, tinha dificuldade para ouvir e falar. Agora ele usa um aparelho que o permite ouvir quase tudo claramente e sua fala voltou cm o tempo e muita terapia.- As lágrimas rolavam, contidamente, pelo rosto de Regina.- A Alycia... Ela passou duas semanas em coma induzido. O seu cérebro estava inchado demais. Quando ela acordou, já não era mais a mesma.- Ela olhou para Regina e deu um sorriso triste.- Ela era um gênio, literalmente. O QI dela chegava à 200. ela tinha problemas para se socializar, mas... Ela era si mesma. Mesmo sofrendo com isso, ela nunca parou de ser quem ela era. Imagina como deve ser para uma criança que antes conseguia dizer todos os elementos da tabela periódica, sem gaguejar, não conseguir falar, andar ou pensar direito? Hoje em dia é melhor. Ela conseguiu recuperar os movimentos da perna, depois de passar por uma fisioterapia intensa que durou um ano. Mas ela ainda tem problemas com as palavras as vezes e problemas de memória. Foi difícil para ela aprender *ASL, ela não precisava, mas realmente queria.- Falava com a voz embargada. Se aproximou um pouco mais de Regina.- Eu tinha alguém...- Todas aquelas palavras doíam em Regina.- Estávamos juntas à meses, mas quando as crianças sofreram o acidente, ela reclamou que eu não dava atenção o suficiente para ela. Ela terminou comigo logo após Henry acordar. Eu não tinha ninguém...

Regina não sabia o que pensar, o que falar ou o que sentir. Os dois rostos banhados em lágrimas estavam bem próximos, os olhos de Emma estavam vidrados nos lábios da morena, mas ela apenas abaixou o olhar e deitou sua cabeça em seu peito, escondendo o rosto em seu pescoço. Regina apenas a abraçou fortemente e deixou que ela derramasse suas lágrimas ali. Emma chorava de soluçar. Quanto mais soluçava, mais apertado o abraço ficava.

—Eu queria estar aqui para você nessa época.- Emma se encolheu mais ainda em seus braços.- Eu nunca te abandonaria...

Ficaram assim por alguns minutos, até Regina perceber que a loira tinha adormecido. Se aconchegou mais no sofá, cobrindo as duas com um cobertor e começou a chorar com Emma em seus braços. Colocou toda a sua tristeza para fora, desabando em silêncio.

                          *

3 anos atrás .

—Capturada por abutres florestais...- Regina a aproximou de snow- Eu poderia incinera-los...- Sussurrou, recebendo um olhar desaprovador da mais nova.- Estraga prazeres.- Resmungou.

Andaram mais um pouco, até Regina parar subitamente.

—Regina, tudo bem?- Perguntou Snow.

—Tem alguém em meu castelo...Há algo de errado.

Macacos voadores aparecem, dando rasantes em todos. Arranhando todos que conseguiam. 

Regina acertava algum com suas bolas de fogo enquanto, Snow acertava flechas em outros. Todos estavam ajudando a combate-los.

Uma fumaça verde os cerca, fazendo todos ficarem mais juntos. Cora é a única a dar um passo a frente, encarando a figura que havia acabado de revelar.

—Eu conheço você...- A mulher sorriu.

—E deveria... Mamãe.

                          *

—Isso está indo mais rápido do que eu imaginei...- Disse Alycia ao chegar na sala com seu irmão, se deparando com sua mãe dormindo nos braços de Regina.

—Deveríamos acorda-las?- Perguntou Henry.

—É domingo. Deixe que durma mais um pouco.- Foram em direção à cozinha.

—"Você também sente que conhece ela de algum lugar?"

—"Sim... É estranho.- Começaram a fazer seus respectivos cafés da manhã."- "Amanhã você tem consulta?"- Alycia respirou fundo.

—"Sim. Eles acham que pode estar melhor..."

—"Mas se não desinchar o suficiente..."

—"Cirurgia.." - Henry sorriu tristemente para ela.

—"O café está pronto?"- Perguntou Henry para Alcycia depois de um tempo em silêncio. Ela afirmou com a cabeça.

—"O chocolate?"- Ela fez o mesmo.

Foram até a sala e colocaram as canecas sobre a mesa. Trocaram olhares e sorriram, lançando duas almofadas na direção das mulheres. Regina acordou assustada e Emma se agarrou ainda mais na morena.

—Agora eu sei como o Henry se sente...- Disse Emma. Quando percebeu a sua posição, se afastou rapidamente, corando.

—Não é fácil ser eu.- Disse Henry, segurando o riso. Eles pegaram as canecas e entregaram uma para Emma e outra para Regina, ficando com duas para eles.

—Vocês fizeram café?- Perguntou Regina com a sobrancelha levantada, sendo seguida de Emma.

—E chocolate quente?

—Somos eficientes.- Disse Alycia sentando ao lado de Emma e Henry ao lado de Regina.- Pensamos em ir no Central Park hoje. Tenho certeza que a Regina ainda não conhece.

—Isso é verdade.- Disse Regina bebericando seu café.

—Então vamos no Central Park.- Falou Emma com animação.

—Regina.- Alycia parecia nervosa.- Como você deve saber, nós sofremos um acidente alguns anos atrás e... E... E amanhã, depois da escola, eu tenho uma consulta. Você pod...pode...- Respirou fundo tentando nao gaguejar.- poderia ir conosco?- Regina abriu um largo sorriso e segurou sua mão.

—Eu adoraria.