3 ANOS DEPOIS

(POV Emma)

—Alycia! Café!.- Emma estava acabando de fazer seu chocolate quente, quando ouviu a campainha tocar. Ela correu até a porta, ainda gritando.- Alycia! Acorde seu irmão!- Abriu a porta e lá estava uma mulher morena. Ela trajava um terninho e olhava para o outro lado.- Olá...- Ela virou rapidamente e lhe lançou um lindo e timido sorriso.- Ela encarou Emma por alguns segundos, coisa que deveria ter a deixado com raiva, mas ela apenas corou.

—Oi...- A mulher parecia nervosa.- Ahn... Eu sou Regina Mills, sua nova vizinha.- Disse com um amável sorriso no rosto.- Me disseram que a chave do meu apartamento ficaria com você.

—Ah, claro.- A loira desapareceu de sua visão por alguns segundos, reaparecendo com a chave na mão.- Aqui está senhorita Mills.- disse sorrindo.- Meu nome é Emma Swan e se precisar de alguma coisa não hesite em bater em minha porta.

—Mãe!- Uma voz feminina foi ouvida dentro do apartamento.- Ah, você está aqui! Você tem que me ajudar a tirar o Henry da cama. Ele consegue ser pior que você...

—Ei!- Fingiu estar ofendida, sorrindo logo em seguida.- Alycia, essa é Regina Mills, nossa nova vizinha. Senhorita Mills, essa é Alycia.- Os olhos da morena brilhavam com aquela cena.

—Oi...- A morena não sabia o que dizer. Tinha sonhado com aquela cena tantas vezes...

—Oi senhorita Mills.- Disse estendendo a mão. Regina hesitou, mas aceitou e apertou sua mão. Era estranho ver Alycia daquele jeito. Ela parecia estar mais extrovertida.- Eu sou a filha dessa desastrada aqui.- Apontou para Emma.

—Tirou o dia para me insultar?

—Mãe, não tente negar.- A loira revirou os olhos sorrindo. De uma hora para outra, Alycia deu um enorme sorriso com a ideia que tinha acabado de passar por sua cabeça.- Senhorita Mills, por que não toma café conosco?- Emma arregalou os olhos, percebendo o que a filha estava fazendo. Tentou cutuca-la, mas ela apenas dava tapas em sua mão.

—Ahnn, eu não quero atrapalhar...- Respondeu Regina, contendo seu impulso de aceitar o convite de cara.

—Não se preocupe com isso. Hoje é sábado, ou seja, panquecas.- Alycia sorria largamente.

—Eu não acho que...

—Não.- Interrompeu Emma.- Você não vai atrapalhar, coma conosco.- A loira sorriu amavelmente. Era aquele sorriso que fazia Regina se desmontar toda. Por fim, a morena aceitou o convite e combinou de bater em sua porta em cinco minutos, ela ainda tinha coisas para fazer em seu apartamento.

24 horas atrás.

—Mary, faz três anos.- Regina falava com Snow pelo telefone de dentro de seu carro. Ela estava parada em frente ao apartamento que Emma tinha com as crianças. Havia demorado cerca de duas semanas para os acharem.

—Vai dar tudo certo Regina. Apenas os traga de volta.- De repente, ela para de falar e respira fundo.- O que foi?

—Eles estão saindo...- Henry apareceu primeiro, trajando seu uniforme escolar.- Henry está enorme.-  Disse sorrindo. Logo em seguida Alycia aparece atrás do menino.- Alycia está... usando um gorro?- Ela dá uma leve gargalhada.- Acho que algumas coisas mudaram...- O telefone fica mudo por alguns, longos, segundos.

—Regina?-  Chamou Mary, já preocupada.

—Emma... Ela... continua linda...- Disse logo após ver Emma saindo do apartamento. Viu a loira seguir até o carro e sair para trabalhar, levando seus filhos para a escola antes. Regina encosta sua cabeça no banco e deixa uma lágrima solitária cair.- Só espero que em algum momento eles se lembrem...

   Alycia olhava seu irmão dormir tranquilamente na cama. Ela pensava em como acordar Henry. Depois de ponderar por um momento, escolheu ir pelo metodo tradicional e jogou um travesseiro nele, acertando sua cabeça e o fazendo acordar em um pulo.

—Ai! Porque você fez isso?- Ela aponta para alguma coisa em sua cabeceira, o fazendo pegar e colocar em sua orelha.

—Porque eu sei que se eu te chamar você não iria me escutar.

—Isso foi humor negro...

—Ah, eu sei que você ama.- Ele revirou os olhos, sorrindo, e voltou a encostar sua cabeça no travesseiro. Ela deita do seu lado.- Teremos companhia...

—Quem?- Ele olha para ela.

—A nova vizinha, senhorita Mills.

—E...

—E ela é super gata.

—Alycia, eu tenho 12 anos.

—Que? Cruzes garoto!- Disse batendo nele com uma almofada, rindo.- Ela tem idade de ser a sua mãe.

—Exatamente por isso eu disse que eu tenho 12 anos.

—Não é pra você.

—Você quer empurrar ela para a nossa mãe?- Disse em um tom zombeteiro, mas parou quando Alycia assentiu com a cabeça.- Sério?

—Olha, ela ainda está meio traumatizada do último relacionamento, e pelo o que eu vi na Regina, acho que ela faria a nossa mãe esquecer tudo rapidinho.

—Isso não é meio traumatizante?

—Eu tenho quase 16 anos e você, daqui a pouco, faz treze.- Ele deu de ombros.- E nós já somos traumatizados suficiente só por sermos filhos de Emma Swan.- Ele riu.

—Nisso eu tenho que concordar com você.- Ficaram em silêncio por um tempo. Ei, ela teve pesadelos essa noite?- Ela o olhou com confusão.

—Como você sabe?

—Eu senti você saindo do quarto...- Ela desviou o olhar.- Ela vai ficar bem né?

—Claro que vai.

—E você?- Voltou a encara-lo.- Teve mais algum pesadelo?

—Eu sei que você sabe que sim, então nem vou me dar o trabalho de mentir.- Disse com um sorriso triste, acariciando os cabelos do irmão.- Os seus não são tão frequentes.

—Não mais.- Ela o abraçou.

—Vai ficar tudo bem.- Ficaram assim por um tempo, até Alcyia dar um tapa na coxa de seu irmão e levantar da cama.- Agora tire essa bunda da cama.- Foi até a porta e a abriu.

—Eu te odeio.- Resmungou.

—Também te amo!- Disse já com a metade do corpo para fora do quarto, dando Henry a chance e arremessar uma almofada em sua direção, mas ela foi mais rápida e fechou a porta gargalhando.

—Onde está o seu irmão?- Perguntou quando Alycia chegou na sala sozinha.

—Tentando levantar da cama.- Chegou mais perto e falou mais baixo- A cama está ganhando.-  Isso tirou uma gargalhada de sua mãe, ao mesmo tempo que a campainha tocou.- Deve ser a Senhorita elegante.- Abriu a porta, cumprimentou Regina e a deixou entrar.- Pronta para as melhores panquecas de caixa que você irá comer na sua vida?- Perguntou.

—Sinto sarcasmo na sua frase.- Respondeu Regina, tirando uma risada de Alycia e uma cara emburrada de Emma. Eu realmente queria beijar essa carinha agora... Pensou Regina, triste.

—Que bom que a senhorita sabe...

—Bom, eu estou doida para experimentar.- Tentou animar Emma, o que aparentemente funcionou. Ela lhe lançou um sorriso tímido.

—Café?- Perguntou Emma com uma caneca na mão.

—Claro.- Regina pegou a caneca e, nesse processo, tocou na mão de Emma. Regina se sentiu como na primeira vez que se conheceram e acabaram dormindo juntas. Emma já não sabia o que sentir,

—Ah, esse é meu irmão, Henry. Henry essa é Regina Mills, nossa nova vizinha.- Disse Alycia ao ver o irmão entrar na cozinha, fazendo Emma e Regina se separarem por impulso.

—Prazer em conhece-la.- Disse ele estendendo a mão, que foi prontamente recebida.

—O prazer é todo meu.- Desvencilhou as sua mão da de Henry e olhou para Emma.- Você tem filhos muito educados miss Swan.- Ela deu um pequeno sorriso.

—É... acho que os eduquei direito.

—Mais ou menos...- Disse Henry, sorrindo, enquanto todos sentavam na mesa. regina percebeu que só Henry e Emma tomavam chocolate quente, enquanto Alycia tomava café. Ela riu internamente com isso.

—Vocês não tomam café?

—Não, ela que é a viciada em cafeína da casa.- Disse Henry, apontando para a irmã.- Ela não gosta de chocolate quente...

—Hey! Eu nunca disse isso. Apenas prefiro tomar café de manhã.- Disse Alycia se defendendo.

—Não sei da onde ela tirou isso.- Disse Emma. Regina sorriu e abaixou a cabeça. Sabia muito bem da onde vinha aquilo.- Antes que eu me esqueça, hoje vamos no mercado.- As crianças resmungaram algo.- Não reclamem.

—Eu posso chamar a Leonia pelo menos?- Perguntou Alycia.

—Ela não é a melhor influência para você.- Disse Emma, não gostando daquilo.

—Por favorzinho...- Fez sua melhor cara de botas, sabia que sua mãe não conseguiria resistir. Emma pensou um pouco e suspirou derrotada.

—Tá bom...- Alycia comemorou dando soquinhos no ar, tirando uma risada de Regina. A menina se aproximou mais da morena e começou a explicar.

—Leonia é a minha melhor amiga e a minha mãe acha que ela é meio...

—Vulgar?- Completou Emma.

—Bom... É... Mas ela é super gente boa.- Ela riu, lembrando da amiga. -Segunda ela vai vir aqui para fazer trabalho de escola e aí você conhece ela.

—Mal posso esperar para conhece-los.- Disse Regina com um sorriso no rosto. Comeu uma fatia de sua panqueca e sorriu para Emma.- Isso é realmente a melhor panqueca de caixa que já comi.- A loira sorriu, abaixando o olhar e corando imediatamente. Os irmãos se olharam, cúmplices. Talvez isso realmente funcione.

—Então, Regina.- Disse Emma, já recuperando sua cor natural.- Você já morava aqui?

—Ah, não. Eu morava em uma pequena cidade no Maine.- Respondeu.

—E o que fez você vir para cá?

—Eu acho que estava procurando por algo.

—Você já achou?- Perguntou Alycia. Regina olhou para todos na mesa e sorriu.

—Sim... mas ainda é complicado.

—Espero que consiga.- Disse Henry.

—Eu também...

—Tem família?- Perguntou Emma. Regina sorriu de canto e olhou para baixo.

—Meu pai morreu muitos anos a trás e...- Respirou fundo.- Minha mãe se foi mais recentemente.- Alycia segurou sua mão por cima da mesa.

—Sinto muito...

—Não sinta. Eles foram em paz, agora é só eu e minha irmã.- Sorriu.

—Você tem uma irmã?- Perguntou Henry, curioso.

—Sim, por parte de mãe. Nos conhecemos a apenas alguns anos atrás. Ela acabou ficando no Maine. Talvez algum dia vocês a conheçam.

—Esperamos que sim.- Disse Alycia. Depois de alguns segundos, começou a tocar Bitch da Meredith Brooks ao longe.- E esse é o toque da Leonia...- Regina a olhou com uma sobrancelha levantada, tentando segurar o riso.- O que? Foi ela que botou.- Falou dando de ombros.- Posso atender? Já terminei.- Perguntou para a mãe. Emma revirou os olhos e a permitiu se retirar. Logo depois Henry foi atrás.

—Eu te ajudo.- Disse Regina se referindo a louça suja.

—Ah, não é necessário...

—Emma, eu invadi o seu café da manhã de sábado. O minimo que eu posso fazer é lavar a louça.- Disse com um sorriso amável. Depois disso, Emma sentiu que se recusasse, seria pior para ela.

Limparam tudo ao som de risadas dadas após Emma contar alguma história sobre seus filhos. Quando terminaram, sentaram no sofá da sala e continuaram conversando.

—Com o que você trabalha?- Quis saber Regina.

—Eu sou uma detetive particular.- Regina parecia impressionada com a revelação.- Não é tão emocionante quanto você pensa.

—Não seja modesta detetive.- Disse sorrindo.

—E você? 

—Na minha antiga cidade eu trabalhava como prefeita.- Emma arregalou os olhos.- Não é tão emocionante quanto você pensa.- Repetiu as palavras da loira.

—Não seja modesta Madame Prefeita.- Regina sorriu largamente com aquilo.

Emma estava um pouco confusa. Conhecia aquela mulher a pouco tempo, mas parecia anos. O "Madame Prefeita" saiu tão naturalmente de sua boca que parecia que ela já havia dito isso antes várias vezes para Regina

Emma viu o olhar de Regina abaixar. Ela já tinha uma noção do que era, mas não sabia interpretar a expressão da mulher.

—Pode perguntar.- Disse calmamente. Regina a olhou e soltou de uma vez.

—Aquilo na orelha dele...- Emma sorriu de lado e respirou fundo.

—Alguns anos atrás, ele e Alycia sofreram um acidente. Henry perdeu parte da audição...- Regina não sabia como processar aquela informação. Sua cabeça girava, pensando em várias coisas ao mesmo tempo.

—Eu sinto muito.- Foi a única coisa que ela consegui dizer, recebendo um sorriso de Emma.

Suas mãos brincavam uma com a outra. Era algo que parecia tão natural, que nem uma das duas se deram conta de quando isso tinha acontecido. Quando perceberam, nenhumas das duas quebrou o contato de primeira, elas apenas sorriram timidamente uma para a outra.

—Acho melhor eu ir.- Disse Regina.- Já incomodei vocês bastante hoje e preciso voltar a arrumar meu apartamento.- Emma sorriu e revirou os olhos.

—Você não incomoda Regina.- Elas sorriram e Emma a acompanhou até a porta.

—Foi muito bom te conhecer Swan.

—Eu digo o mesmo Mills.

Elas se despediram, e quando Emma fechou a porta, se encostou na mesma, fechando os olhos e colocando um grande sorriso em seu rosto.

—Viu.- Disse Alycia para Henry, fazendo Emma abrir os olhos e verem seus dois filhos de joelhos no sofá, olhando para ela.- Eu disse que iria dar certo.

                                                 *

—Eu só disse que a Leonia e o Pozzato são duas pessoas que eu jamais imaginaria serem um casal.- Disse Emma, subindo as escadas. Eles tinham acabado de voltar do mercado.

—O que se pode fazer? Eles estão apaixonados.- Disse Henry.

—Acho que a parte que realmente me incomoda é ela dar em cima de tudo e de todos, mesmo namorando.

—Acho que ela só faz isso por gostar da aventura.- Disse Alycia.- Eu conheço a minha amiga e ela realmente ama o Pozzato.

—Acho que nunca irei entender amor adolescente.- Disse Emma, fazendo seus filhos rirem.

—Será que a senhorita Mills ainda está arrumando o apartamento dela?- Perguntou Henry ao ver a porta do apartamento de Regina entre aberto.

—Hmm... Vamos colocar as compras em casa e vemos se ela precisa de algo.- Disse Emma.

Foram em casa, guardaram as compras e seguiram para o apartamento de frente ao seu.

—Senhorita Mills?- Gritou Henry. Segundos depois a mulher apareceu vestindo um short bem curto, de chinelos, com uma regata e uma blusa xadrez por cima.

—Olá vocês.- Disse com um enorme sorriso.

—Precisa de ajuda?- Perguntou Alycia.

—Se estiverem dispostos...- Henry e Alycia tiraram os casacos e começaram a organizar a sala.

—Senhorita Swan.- Chamou Regina pela loira, que em nenhum momento, tirou os olhos da morena. Ela apenas a olhou.- Você poderia pegar essa caixa que está do seu lado e me ajudar no quarto?- Emma piscou algumas vezes, tentando não entender o duplo sentido da frase.- Ou você vai ficar me admirando por mais um tempo?- A loira abriu a boca algumas vezes, mas nada saía. Regina riu do seu desconcerto, tinha sentido muita falta de ver sua cabeça oca assim. Ela pegou uma caixa, revirando os olhos e foi para o quarto.

—Mãe.- Chamou Alycia, tirando Emma de seu transe.- Fecha a boca, vai entrar bicho.- Disse e saiu rindo. Emma limpou a garganta e pegou a caixa que a morena tinha indicado, seguindo para o quarto. Aquela noite iria ser longa.