O Primo perdido escrita por Paula Mello
Hydra sabia que a sala comunal da Corvinal ficava em uma das torres e foi tentando se guiar por onde viu alguns de seus alunos andando, já estava perdida até que finalmente viu um aluno da Corvinal no corredor.
— Ei, você, licença! – Gritou ela indo em direção a ele. O rapaz negro, alto e magro se virou assustado.
— Hydra Malfoy – Sorriu ele, Hydra reconheceu ele como Jenono Macdino um dos melhores amigos de Peter.
— Jenono, que bom! Eu estava tentando achar a sua sala comunal... – Disse ela ofegante e sem fôlego de tanto correr e Jenono parecia assustado.
— Mas por quê? – Disse ele com os olhos arregalados.
— Porque eu precisava falar com o Peter... sinceramente agora que eu estou falando isso em voz alta eu vejo que eu poderia ter esperado até amanhã, o que diabos deu em mim?
Jenono soltou uma gargalhada.
— Deve ser importante então. – Sorriu ele.
— Não, eu realmente podia ter esperado até amanhã, acho que farei isso, obrigada Jenono. – Ela ia virando as costas quando ele a interrompeu.
— Não, já que você está aqui vamos comigo, eu te levo até a nossa sala comunal.
— Mas eu posso entrar?
— Acredito que se acompanhada de um Corvino, por quê não iria?
Hydra seguiu Jenono em direção a uma escada circular (realmente estava perto).
Subiram em círculos apertados e estonteantes; Hydra definitivamente nunca estivera ali antes. Finalmente, chegaram a uma porta. Não tinha maçaneta nem fechadura: nada, exceto uma tábua lisa de madeira envelhecida e uma aldraba de bronze em forma de águia.
Jenono bateu uma vez na porta e, no silêncio, a batida pareceu um tiro de canhão. Imediatamente, o bico da águia se abriu, mas, em vez do grito do pássaro, uma voz suave e musical perguntou:
— Casca de Wiggentree ou partes de besouros fervidos, qual dessas duas são utilizadas para fazer uma Poção Wiggenweld?
— Casca de Wiggentree. – respondeu Hydra sem pensar muito.
— Muito bem Malfoy! – Sorriu Jenono, bem que o Peter disse que você deveria ser da Corvinal.
— Correto - Disse a voz, e a porta se abriu.
Hydra viu a sala comunal da Corvinal era ampla e circular, mais arejada do que a da Grifinória. Graciosas janelas em arco pontuavam as paredes, ladeadas por reposteiros de seda azul e bronze; de dia, os alunos deviam ter uma vista espetacular das montanhas ao redor. O teto era abobadado e pintado com estrelas que se repetiam também no carpete azul-escuro. Havia mesas, poltronas e estantes, lotadas de alunos que encaravam os dois novos habitantes da sala em silêncio e, em um nicho na parede oposta à porta, uma alta estátua de mármore branco. A estátua se erguia ao lado de uma porta que provavelmente levava aos dormitórios no andar de cima.
— Mas ela é da Grifinória.
— O que ela está fazendo aqui?
— Não podemos receber alunos de outras casas aqui, isso é um absurdo!
Hydra se sentiu corar fortemente já que absolutamente todos os olhos da sala a fitavam curiosos.
— Hydra, o que você está fazendo aqui, aconteceu alguma coisa? – Peter surgia do nada parecendo preocupado.
— Encontrei ela vagando pelos corredores e decidi convidar para uma visita. – Disse Jenono, piscando discretamente para Hydra, era óbvio que ela se arrependera de estar em uma sala comunal que não era sua. Logo depois, ele saiu em direção a uma poltrona. Hydra encarava tudo muda, olhando com admiração ao redor.
— Hydra, está tudo bem? – Disse Peter novamente.
— Sim, eu na verdade queria te contar sobre a visita à Hogsmade que você obviamente já deve saber e por algum motivo achei que tinha que te falar hoje, então encontrei Jenono no corredor e... Por que vocês não tem senha para entrar nas portas? – Perguntou ela, perdendo o foco, Peter sorriu.
— Porque com perguntas você aprende, o Jenono respondeu para você?
— Não, eu respondi, era fácil, era sobre poções. – Hydra falou meio como se não fosse nada e Peter sorria e parecia orgulhoso.
— Você nasceu para essa casa, eu sempre disse! – Disse a abraçando.
— Com licença, o que você pensa que está fazendo aqui? – Penelope Clearwater chegava com uma expressão irritada.
— Eu me perdi e o Jenono me trouxe aqui, mas eu já estava de saída para a minha casa. – Mentiu Hydra.
— Acho bom que esteja, só alunos da Corvinal e professores podem estar aqui, Peter deveria saber disso...
— Me desculpe, Penelope. - Disse Hydra sem graça, ficando cada vez mais vermelha.
Hydra decidiu sair rapidamente e Peter a seguiu.
— Não é para você sair, Sr. Macmillan – Disse Penelope, seu tom de voz lembrava assustadoramente a do Percy.
— Eu sou monitor, você esqueceu? Eu sou tão monitor quanto você, não preciso de permissão para sair da sala comunal.
Penelope engoliu as palavras, ficou com a expressão mais irritada ainda e se virou.
— Vamos sair daqui antes que ela me exploda... – Sugeriu Peter.
Os dois desceram as escadas espirais e deixar a sala comunal, rindo da situação.
— Eu não acredito que você foi na minha sala comunal, eu sempre quis que você pudesse ficar ali comigo... – Disse Peter, sorrindo e a beijando.
— Nem eu, eu sinceramente não sei o que deu em mim, eu só queria te contar que a gente podia sair para comemorar o dia dos namorados em Hogsmeade, mas eu podia ter feito isso amanhã, eu me arrependi quando encontrei o Jenono, mas ele insistiu em me levar...
— E você acertou a pergunta da porta! – Ele sorria.
— Sim, mas era sobre poções, é difícil eu errar, na verdade, eu ia me sentir mal se errasse... Sua sala é linda por sinal, eu amei! – Disse ela, rindo.
— Eu sempre achei que seu coração pertencia a Corvinal.
— Eu gosto da sua casa, mas eu amo a Grifinória. – O sorriso de Peter diminuiu um pouco.
— Seria bom ter você na sala comigo, todos os dias, podendo ficar juntos, igual você fazia com o Olívio...
— Eu também amaria isso Peter, mas eu fico feliz em poder te ver nos corredores.
Hydra e Peter se beijaram e ficaram ali juntos por um bom tempo, namorando um pouco.
— Eu preciso ir logo, já era para eu estar na sala comunal, nos vemos amanhã. – Hydra disse e mais uma vez beijou Peter e saiu correndo para sua própria sala comunal.
— A sala deles é mais bonita que a nossa? – Perguntou Jorge, no café no dia seguinte.
— Sim, é linda, muito bem decorada e é em uma torre também. – Sorriu Hydra e Jorge pareceu insatisfeito.
— Mas a nossa é muito mais legal!
— Isso eu concordo... – Disse Hydra, apesar de não ser muito verdade.
Peter sentou ao lado de Hydra e cumprimentou a todos.
— Hydra, eu acho que hoje você deveria vir tomar café na minha mesa, eu sempre como aqui e meus amigos estão muito curiosos para conhecê-la melhor. – Sorriu ele.
Ela olhou para seus amigos como se pedisse permissão e todos eles apoiaram, dizendo que ela deveria ir, até mesmo Angelina!
— Ok, vamos lá...
— Primeiro você entra na sala comunal, depois você come na mesa deles, só falta vestir azul!– Brincou Fred.
— Jamais iria sair da Grifinória, aonde mais eu encontraria gêmeos tão maravilhosos? – Hydra deu uma piscadinha para os gêmeos, que sorriam pomposos e fingiam corar com a mão no rosto.
Ela seguiu em direção a mesa da Corvinal, muitas cabeças da mesa se viraram e cochichavam, Ameee Goat em especial parecia capaz de assassiná-la a qualquer momento. Peter a conduziu pela mão até um lugar no meio da mesa, ela então se sentou a seu lado e Peter sentou ao lado de seu melhor amigo Jenono Macdino.
— Ei menina, como vai? Gostou do passeio ontem? – Perguntou Jenono, sorrindo simpático.
— Hydra deixa eu te apresentar, o Jenono você já conhece, é claro, esses são Marilee Jone - Disse Peter apontando para a menina de cabelos louros muito claros, ainda mais brancos que os seus e curtos com olhos que pareciam de gatos sentada a sua frente –, Mark Brown – Mark era um rapaz negro de cabelos cacheados e castanho claro – e Ully Madwich – Um rapaz ruivo de cachos grossos e sardinhas acenou.
— Prazer em conhecer vocês.
— O Peter aqui só falava de você desde o ano passado, era profundamente irritante às vezes – Disse Marilee, rindo da situação.
— Só digo uma coisa, pelo menos aquela chata da Amee saiu de cena, nenhum de nós gostava muito dela! – Disse Jenono e todos concordaram.
— E já era hora de você sentar aqui conosco também né, estávamos muito curiosos em te conhecer. – Sorriu Ully.
— Me desculpem, eu estou ficando maluca, ano de N.O.M.s vocês sabem...
— Nem nos falem, nós vamos fazer os N.I.E.M.s – Disse Marilee, se servindo de ovos cozidos.
— Eu sei que você deviam me achar metida... acho que todos acham isso... – Hydra notou que todos ficaram vermelhos e calados.
— O Peter sempre nos disse que você é uma pessoa maravilhosa, pode acreditar. – Sorriu Jenono sem graça e Hydra também
— O Jenono nos disse que você acertou a pergunta da Águia ontem, bem legal isso! – Disse Marilee entusiasmada.
— A que isso... – Hydra sentiu seu rosto corar – Era uma pergunta sobre poções e eu realmente amo poções...
— O Peter comentou que você quer ser mestre em Poções, realmente você deve estar na casa errada... – Riu Mark e todos os outros amigos, mas Hydra, apesar de não demonstrar, não gostou muito da brincadeira.
— Tem muitas pessoas inteligentes na Grifinória também... – Disse ela, forçando um sorriso.
— Eles sabem, estão só brincando. – Interviu Peter, a abraçando.
— Nós nunca vimos nosso amigo tão feliz. – Sorriu Marilee.
— Nunca mesmo! – Concordo Jenono.
Hydra teve uma agradável conversa com os amigos de Peter, todos deram dicas sobre os N.O.M.s e como passar por eles.
— É só beber bastante água no dia anterior e relaxar. – Dizia Jenono.
— Tente estudar o máximo que puder no seu tempo livre. – Disse Marilee.
— Eu tomei uma poção revigorante nos dias da prova, fez toda a diferença. – Disse Ully.
O dia do passeio para Hogsmeade finalmente chegou e Hydra se despediu de seus amigos.
— Te perdoo só por causa do dia dos namorados. – Brincou Angelina partindo com Alicia.
Os dois seguiram para a Casa de Chá Madame Puddifoot, que estava decorada para o dia dos namorados como no ano anterior e cheia de casais. Hydra sentiu um pequeno embrulho no estômago de lembrar que não era com Peter que viera, mas deixou isso sair da sua cabeça e se sentou em uma mesa com Peter, pediram um chá cada e ficaram sozinhos conversando.
— Eu só vim aqui uma vez, é confortável. – Disse Peter sorrindo.
— Com a Amee? – Brincou ela.
— Na verdade não... – Peter ficou vermelho e Hydra olhou espantada
— Com quem?
— Jenny Tunner, minha namorada do quarto ano – Sorriu ele.
— Quantas namoradas você teve? – Peter corou mais ainda.
— Cinco... – Disse ele.
— Cinco? – Hydra perguntou, um pouco espantada.
— Sim, eu tenho dezessete anos, são muitos anos em Hogwarts... – Ele parecia muito sem graça – Você só namorou o Oívio?
— De verdade sim, tive um namoro bobo na Beauxbatons, mas nada demais eu acho... não pra ele pelo menos...
— Bem, os namoros mais sérios que eu já tive foram com você e com a Latrix Ginnene. – Peter parecia viajar nos pensamentos, o que deixou Hydra enciumada.
— Quem é ela?
— Ela era mais velha, se formou ano retrasado, namoramos um ano, as outras foram poucos meses.
— Eu queria lhe fazer uma pergunta, mas não sei como... – Disse Hydra vermelha.
— Pode falar Peter, qualquer coisa...
— Foi essa namorada que foi, séria, SÉRIA, sabe? – Hydra sentia que ia explodir de vergonha e Peter riu.
— Sim, também, mas não foi a primeira pessoa que eu fiquei sério, SÉRIO. – Disse ele rindo e dando ênfase no sério – A primeira foi uma trouxa durante minhas férias de Hogwarts quando eu tinha quinze anos.
Hydra olhou espantada, não esperava exatamente essa resposta.
— Uma trouxa? Você já namorou uma trouxa? – Disse ela espantada.
— Não namorei, nós ficamos juntos durante as férias somente.
— E seus pais não falaram nada?
— Eles não souberam, mas mesmo se soubessem, não iriam ligar da menina ser trouxa.
— Uau! Eu nem imagino o que meus pais fariam... Eu sempre quis conhecer um trouxa melhor... Eles parecem fascinantes! - Hydra olhava boquiaberta para Peter sentada na cadeira ao lado a sua, tentando imaginar a reação de seus pais se fosse o contrário, apesar de não achar nada demais que ele tenha namorado, ou ficado com uma trouxa.
— E você? – Perguntou ele ainda risonho.
— Eu o que?
— Você sabe...
Hydra entendeu a pergunta e corou fortemente.
— Eu realmente tive um namoro bem sério com o Olívio e foi o primeiro namoro SÉRIO.... – A expressão de Peter mudou para uma leve irritação que ele tentava disfarçar.
— Sim, sim, eu já sabia disso... – Ele disfarçou um sorriso – Provavelmente por isso foi tão difícil para você esquecer ele.
— Sim, talvez... – Hydra se sentia muito desconfortável com a conversa e um silêncio pairou no ar, sendo quebrado apenas por sons de risadinhas e beijos dos casais ao redor.
— Como vai ser Hydra, no próximo semestre, quando eu não estiver aqui? – Disse Peter quebrando o silêncio.
— Como assim não vai estar aqui?
— Eu vou me formar esse ano, não irei mais te ver todos os dias, na verdade não sei como nos veremos, como vai ser? – Ele parecia triste e preocupado.
— Eu não sei... – Hydra nunca tinha parado para pensar que esse era o último (e primeiro) ano com Peter em Hogwarts e que a partir do próximo semestre, não iria poder vê-lo nos corredores da escola.
— Você aguentaria? Me ver só nas visitas á Hogsmade, algumas vezes por ano e nos falarmos por cartas até as férias? – Peter parecia extremamente triste e Hydra ficou pensativa, mas depois, teve certeza da resposta.
— Sim, eu aguentaria, eu não gostaria, é claro, mas eu aguentaria, vai ser difícil, mas são só mais dois anos até eu me formar também. – Hydra sorriu e Peter a beijou mais apaixonado do que nunca.
— Eu vou dar um jeito, vamos ver como, mas eu vou dar um jeito de nos encontrarmos direito. – Disse Peter.
— Eu acredito em você.
— Bom, acho que podemos voltar a comemorar então o dia dos namorados, certo?
— Certo... – Respondeu Hydra, sorrindo para o rapaz.
— Aqui, eu comprei isso para você. – Peter entregou um pacote para Hydra, ela imediatamente abriu, lá dentro, tinha um coração de vidro, muito vermelho e brilhante, quando Hydra tocou nele, ele "derreteu", se transformando em um colar dourado, com pingente de coração vermelho.
— Rubi, mamãe disse que você iria gostar. – Disse Peter, colocando o colar no pescoço de Hydra.
— É magnífico, Peter, de verdade! – Disse Hydra, tentando pensar se algum dia já vira um colar tão bonito em sua vida.
— Gostou mesmo? – Perguntou o rapaz, esperançoso.
— Sim, muito, eu nunca... – Hydra realmente ficou sem palavras, achou o presente lindo e delicado, do jeitinho que ela gostava.
— Que bom, você fica linda com ele...
— Aqui está o seu! - Disse Hydra, tirando um pacote do bolso das vestes.
— Magnífico! – Disse Peter, depois de abrir o pacote e ver o lindo relógio de pulso preto que Hydra lhe dera.
— Ele avisa quando você tem um compromisso perto, aperta seu pulso um pouco, nada dolorido me falaram pelo menos... Também é só você pedir que ele te mostra a hora em qualquer lugar do mundo que você pedir e marca sozinho datas que você acha importante.
— Amei, Hydra, muito obrigado! – Disse o rapaz, sorrindo e a abraçando.
Os dois voltaram para Hogsmeade, felizes com seus presentes e com o tempo que passaram juntos.
— Que lindo esse colar... – Disse Alícia, admirando o presente de Hydra.
— Ele disse fica mais escuro conforme estivermos mais perto um do outro.
— Obrigada pelos doces, Hydra – Disse Fred, que comia satisfeito os bolinhos que Hydra comprara para ele e todos seus amigos.
— Você deu alguma coisa para o Olívio? – Perguntou Alícia, que comia um dos pirulitos em forma de unicórnio que Hydra comprara.
— Sim, doces também e ele me deu caldeirões de chocolate. – Disse Hydra.
— E o Peter sabe disso? – Perguntou Angelina.
— Nem precisa saber, foi presente de amigo, mas não sei se ele ia entender muito bem...
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