O Primo perdido escrita por Paula Mello


Capítulo 19
Corvinal




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Hydra sabia que a sala comunal da Corvinal ficava em uma das torres e foi tentando se guiar por onde viu alguns de seus alunos andando, já estava perdida até que finalmente viu um aluno da Corvinal no corredor.

— Ei, você, licença! – Gritou ela indo em direção a ele. O rapaz negro, alto e magro se virou assustado.

— Hydra Malfoy – Sorriu ele, Hydra reconheceu ele como Jenono Macdino um dos melhores amigos de Peter.

— Jenono, que bom! Eu estava tentando achar a sua sala comunal... – Disse ela ofegante e sem fôlego de tanto correr e Jenono parecia assustado.

— Mas por quê? – Disse ele com os olhos arregalados.

— Porque eu precisava falar com o Peter... sinceramente agora que eu estou falando isso em voz alta eu vejo que eu poderia ter esperado até amanhã, o que diabos deu em mim?

Jenono soltou uma gargalhada.

— Deve ser importante então. – Sorriu ele.

— Não, eu realmente podia ter esperado até amanhã, acho que farei isso, obrigada Jenono. – Ela ia virando as costas quando ele a interrompeu.

— Não, já que você está aqui vamos comigo, eu te levo até a nossa sala comunal.

— Mas eu posso entrar?

— Acredito que se acompanhada de um Corvino, por quê não iria?

Hydra seguiu Jenono em direção a uma escada circular (realmente estava perto).

Subiram em círculos apertados e estonteantes; Hydra definitivamente nunca estivera ali antes. Finalmente, chegaram a uma porta. Não tinha maçaneta nem fechadura: nada, exceto uma tábua lisa de madeira envelhecida e uma aldraba de bronze em forma de águia.

Jenono bateu uma vez na porta e, no silêncio, a batida pareceu um tiro de canhão. Imediatamente, o bico da águia se abriu, mas, em vez do grito do pássaro, uma voz suave e musical perguntou:

— Casca de Wiggentree ou partes de besouros fervidos, qual dessas duas são utilizadas para fazer uma Poção Wiggenweld?

— Casca de Wiggentree. – respondeu Hydra sem pensar muito.

— Muito bem Malfoy! – Sorriu Jenono, bem que o Peter disse que você deveria ser da Corvinal.

— Correto - Disse a voz, e a porta se abriu.

Hydra viu a sala comunal da Corvinal era ampla e circular, mais arejada do que a da Grifinória. Graciosas janelas em arco pontuavam as paredes, ladeadas por reposteiros de seda azul e bronze; de dia, os alunos deviam ter uma vista espetacular das montanhas ao redor. O teto era abobadado e pintado com estrelas que se repetiam também no carpete azul-escuro. Havia mesas, poltronas e estantes, lotadas de alunos que encaravam os dois novos habitantes da sala em silêncio e, em um nicho na parede oposta à porta, uma alta estátua de mármore branco. A estátua se erguia ao lado de uma porta que provavelmente levava aos dormitórios no andar de cima.

— Mas ela é da Grifinória.

— O que ela está fazendo aqui?

— Não podemos receber alunos de outras casas aqui, isso é um absurdo!

Hydra se sentiu corar fortemente já que absolutamente todos os olhos da sala a fitavam curiosos.

— Hydra, o que você está fazendo aqui, aconteceu alguma coisa? – Peter surgia do nada parecendo preocupado.

— Encontrei ela vagando pelos corredores e decidi convidar para uma visita. – Disse Jenono, piscando discretamente para Hydra, era óbvio que ela se arrependera de estar em uma sala comunal que não era sua. Logo depois, ele saiu em direção a uma poltrona. Hydra encarava tudo muda, olhando com admiração ao redor.

— Hydra, está tudo bem? – Disse Peter novamente.

— Sim, eu na verdade queria te contar sobre a visita à Hogsmade que você obviamente já deve saber e por algum motivo achei que tinha que te falar hoje, então encontrei Jenono no corredor e... Por que vocês não tem senha para entrar nas portas? – Perguntou ela, perdendo o foco, Peter sorriu.

— Porque com perguntas você aprende, o Jenono respondeu para você?

— Não, eu respondi, era fácil, era sobre poções.  – Hydra falou meio como se não fosse nada e Peter sorria e parecia orgulhoso.

— Você nasceu para essa casa, eu sempre disse! – Disse a abraçando.

— Com licença, o que você pensa que está fazendo aqui? – Penelope Clearwater chegava com uma expressão irritada.

— Eu me perdi e o Jenono me trouxe aqui, mas eu já estava de saída para a minha casa. – Mentiu Hydra.

— Acho bom que esteja, só alunos da Corvinal e professores podem estar aqui, Peter deveria saber disso...

— Me desculpe, Penelope. - Disse Hydra sem graça, ficando cada vez mais vermelha.

Hydra decidiu sair rapidamente e Peter a seguiu.

— Não é para você sair, Sr. Macmillan – Disse Penelope, seu tom de voz lembrava assustadoramente a do Percy.

— Eu sou monitor, você esqueceu? Eu sou tão monitor quanto você, não preciso de permissão para sair da sala comunal.

Penelope engoliu as palavras, ficou com a expressão mais irritada ainda e se virou.

— Vamos sair daqui antes que ela me exploda... – Sugeriu Peter.

Os dois desceram as escadas espirais e deixar a sala comunal, rindo da situação.

— Eu não acredito que você foi na minha sala comunal, eu sempre quis que você pudesse ficar ali comigo...  – Disse Peter, sorrindo e a beijando.

— Nem eu, eu sinceramente não sei o que deu em mim, eu só queria te contar que a gente podia sair para comemorar o dia dos namorados em Hogsmeade, mas eu podia ter feito isso amanhã, eu me arrependi quando encontrei o Jenono, mas ele insistiu em me levar...

— E você acertou a pergunta da porta! – Ele sorria.

— Sim, mas era sobre poções, é difícil eu errar, na verdade, eu ia me sentir mal se errasse... Sua sala é linda por sinal, eu amei! – Disse ela, rindo.

— Eu sempre achei que seu coração pertencia a Corvinal.

— Eu gosto da sua casa, mas eu amo a Grifinória. – O sorriso de Peter diminuiu um pouco.

— Seria bom ter você na sala comigo, todos os dias, podendo ficar juntos, igual você fazia com o Olívio...

— Eu também amaria isso Peter, mas eu fico feliz em poder te ver nos corredores.

Hydra e Peter se beijaram e ficaram ali juntos por um bom tempo, namorando um pouco.

— Eu preciso ir logo, já era para eu estar na sala comunal, nos vemos amanhã. – Hydra disse e mais uma vez beijou Peter e saiu correndo para sua própria sala comunal.

— A sala deles é mais bonita que a nossa? – Perguntou Jorge, no café no dia seguinte.

— Sim, é linda, muito bem decorada e é em uma torre também. – Sorriu Hydra e Jorge pareceu insatisfeito.

— Mas a nossa é muito mais legal!

— Isso eu concordo... – Disse Hydra, apesar de não ser muito verdade.

Peter sentou ao lado de Hydra e cumprimentou a todos.

— Hydra, eu acho que hoje você deveria vir tomar café na minha mesa, eu sempre como aqui e meus amigos estão muito curiosos para conhecê-la melhor. – Sorriu ele.

Ela olhou para seus amigos como se pedisse permissão e todos eles apoiaram, dizendo que ela deveria ir, até mesmo Angelina!

— Ok, vamos lá...

— Primeiro você entra na sala comunal, depois você come na mesa deles, só falta vestir azul!– Brincou Fred.

— Jamais iria sair da Grifinória, aonde mais eu encontraria gêmeos tão maravilhosos? – Hydra deu uma piscadinha para os gêmeos, que sorriam pomposos e fingiam corar com a mão no rosto.

Ela seguiu em direção a mesa da Corvinal, muitas cabeças da mesa se viraram e cochichavam, Ameee Goat em especial parecia capaz de assassiná-la a qualquer momento. Peter a conduziu pela mão até um lugar no meio da mesa, ela então se sentou a seu lado e Peter sentou ao lado de seu melhor amigo Jenono Macdino.

— Ei menina, como vai? Gostou do passeio ontem? – Perguntou Jenono, sorrindo simpático.

— Hydra deixa eu te apresentar, o Jenono você já conhece, é claro, esses são Marilee Jone - Disse Peter apontando para a menina de cabelos louros muito claros, ainda mais brancos que os seus e curtos com olhos que pareciam de gatos sentada a sua frente –, Mark Brown – Mark era um rapaz negro de cabelos cacheados e castanho claro – e Ully Madwich – Um rapaz ruivo de cachos grossos e sardinhas acenou.

— Prazer em conhecer vocês.

— O Peter aqui só falava de você desde o ano passado, era profundamente irritante às vezes – Disse Marilee, rindo da situação.

— Só digo uma coisa, pelo menos aquela chata da Amee saiu de cena, nenhum de nós gostava muito dela! – Disse Jenono e todos concordaram.

— E já era hora de você sentar aqui conosco também né, estávamos muito curiosos em te conhecer. – Sorriu Ully.

—  Me desculpem, eu estou ficando maluca, ano de N.O.M.s vocês sabem...

— Nem nos falem, nós vamos fazer os N.I.E.M.s – Disse Marilee, se servindo de ovos cozidos.

— Eu sei que você deviam me achar metida... acho que todos acham isso... – Hydra notou que todos ficaram vermelhos e calados.

— O Peter sempre nos disse que você é uma pessoa maravilhosa, pode acreditar. – Sorriu Jenono sem graça e Hydra também

— O Jenono nos disse que você acertou a pergunta da Águia ontem, bem legal isso! – Disse Marilee entusiasmada.

— A que isso... – Hydra sentiu seu rosto corar – Era uma pergunta sobre poções e eu realmente amo poções...

— O Peter comentou que você quer ser mestre em Poções, realmente você deve estar na casa errada... – Riu Mark e todos os outros amigos, mas Hydra, apesar de não demonstrar, não gostou muito da brincadeira.

— Tem muitas pessoas inteligentes na Grifinória também... – Disse ela, forçando um sorriso.

— Eles sabem, estão só brincando. – Interviu Peter, a abraçando.

— Nós nunca vimos nosso amigo tão feliz. – Sorriu Marilee.

— Nunca mesmo! – Concordo Jenono.

Hydra teve uma agradável conversa com os amigos de Peter, todos deram dicas sobre os N.O.M.s e como passar por eles.

— É só beber bastante água no dia anterior e relaxar. – Dizia Jenono.

— Tente estudar o máximo que puder no seu tempo livre. – Disse Marilee.

— Eu tomei uma poção revigorante nos dias da prova, fez toda a diferença. – Disse Ully.

O dia do passeio para Hogsmeade finalmente chegou e Hydra se despediu de seus amigos.

— Te perdoo só por causa do dia dos namorados. – Brincou Angelina partindo com Alicia.

Os dois seguiram para a Casa de Chá Madame Puddifoot, que estava decorada para o dia dos namorados como no ano anterior e cheia de casais. Hydra sentiu um pequeno embrulho no estômago de lembrar que não era com Peter que viera, mas deixou isso sair da sua cabeça e se sentou em uma mesa com Peter, pediram um chá cada e ficaram sozinhos conversando.

— Eu só vim aqui uma vez, é confortável. – Disse Peter sorrindo.

— Com a Amee? – Brincou ela.

— Na verdade não... – Peter ficou vermelho e Hydra olhou espantada

— Com quem?

— Jenny Tunner, minha namorada do quarto ano – Sorriu ele.

— Quantas namoradas você teve? – Peter corou mais ainda.

— Cinco... – Disse ele.

— Cinco? – Hydra perguntou, um pouco espantada.

— Sim, eu tenho dezessete anos, são muitos anos em Hogwarts... – Ele parecia muito sem graça – Você só namorou o Oívio?

— De verdade sim, tive um namoro bobo na Beauxbatons, mas nada demais eu acho... não pra ele pelo menos...

— Bem, os namoros mais sérios que eu já tive foram com você e com a Latrix Ginnene. – Peter parecia viajar nos pensamentos, o que deixou Hydra enciumada.

— Quem é ela?

— Ela era mais velha, se formou ano retrasado, namoramos um ano, as outras foram poucos meses.

— Eu queria lhe fazer uma pergunta, mas não sei como... – Disse Hydra vermelha.

— Pode falar Peter, qualquer coisa...

— Foi essa namorada que foi, séria, SÉRIA, sabe? – Hydra sentia que ia explodir de vergonha e Peter riu.

—  Sim, também, mas não foi a primeira pessoa que eu fiquei sério, SÉRIO. – Disse ele rindo e dando ênfase no sério – A primeira foi uma trouxa durante minhas férias de Hogwarts quando eu tinha quinze anos.

Hydra olhou espantada, não esperava exatamente essa resposta.

— Uma trouxa? Você já namorou uma trouxa? – Disse ela espantada.

— Não namorei, nós ficamos juntos durante as férias somente.

— E seus pais não falaram nada?

— Eles não souberam, mas mesmo se soubessem, não iriam ligar da menina ser trouxa.

— Uau! Eu nem imagino o que meus pais fariam... Eu sempre quis conhecer um trouxa melhor... Eles parecem fascinantes! - Hydra olhava boquiaberta para Peter sentada na cadeira ao lado a sua, tentando imaginar a reação de seus pais se fosse o contrário, apesar de não achar nada demais que ele tenha namorado, ou ficado com uma trouxa.

— E você? – Perguntou ele ainda risonho.

— Eu o que?

— Você sabe...

Hydra entendeu a pergunta e corou fortemente.

— Eu realmente tive um namoro bem sério com o Olívio e foi o primeiro namoro SÉRIO.... – A expressão de Peter mudou para uma leve irritação que ele tentava disfarçar.

— Sim, sim, eu já sabia disso... – Ele disfarçou um sorriso – Provavelmente por isso foi tão difícil para você esquecer ele.

— Sim, talvez... – Hydra se sentia muito desconfortável com a conversa e um silêncio pairou no ar, sendo quebrado apenas por sons de risadinhas e beijos dos casais ao redor.

— Como vai ser Hydra, no próximo semestre, quando eu não estiver aqui? – Disse Peter quebrando o silêncio.

— Como assim não vai estar aqui?

— Eu vou me formar esse ano, não irei mais te ver todos os dias, na verdade não sei como nos veremos, como vai ser? – Ele parecia triste e preocupado.

— Eu não sei... – Hydra nunca tinha parado para pensar que esse era o último (e primeiro) ano com Peter em Hogwarts e que a partir do próximo semestre, não iria poder vê-lo nos corredores da escola.

— Você aguentaria? Me ver só nas visitas á Hogsmade, algumas vezes por ano e nos falarmos por cartas até as férias? – Peter parecia extremamente triste e Hydra ficou pensativa, mas depois, teve certeza da resposta.

— Sim, eu aguentaria, eu não gostaria,  é claro, mas eu aguentaria, vai ser difícil, mas são só mais dois anos até eu me formar também. – Hydra sorriu e Peter a beijou mais apaixonado do que nunca.

— Eu vou dar um jeito, vamos ver como, mas eu vou dar um jeito de nos encontrarmos direito. – Disse Peter.

— Eu acredito em você.

— Bom, acho que podemos voltar a comemorar então o dia dos namorados, certo?

— Certo... – Respondeu Hydra, sorrindo para o rapaz.

— Aqui, eu comprei isso para você. – Peter entregou um pacote para Hydra, ela imediatamente abriu, lá dentro, tinha um coração de vidro, muito vermelho e brilhante, quando Hydra tocou nele, ele "derreteu", se transformando em um colar dourado, com pingente de coração vermelho.

— Rubi, mamãe disse que você iria gostar. – Disse Peter, colocando o colar no pescoço de Hydra.

— É magnífico, Peter, de verdade! – Disse Hydra, tentando pensar se algum dia já vira um colar tão bonito em sua vida.

— Gostou mesmo? – Perguntou o rapaz, esperançoso.

— Sim, muito, eu nunca...  – Hydra realmente ficou sem palavras, achou o presente lindo e delicado, do jeitinho que ela gostava.

— Que bom, você fica linda com ele...

— Aqui está o seu! - Disse Hydra, tirando um pacote do bolso das vestes.

— Magnífico! – Disse Peter, depois de abrir o pacote e ver o lindo relógio de pulso preto que Hydra lhe dera.

— Ele avisa quando você tem um compromisso perto, aperta seu pulso um pouco, nada dolorido me falaram pelo menos... Também é só você pedir que ele te mostra a hora em qualquer lugar do mundo que você pedir e marca sozinho datas que você acha importante.

— Amei, Hydra, muito obrigado! – Disse o rapaz, sorrindo e a abraçando.

Os dois voltaram para Hogsmeade, felizes com seus presentes e com o tempo que passaram juntos.

— Que lindo esse colar... – Disse Alícia, admirando o presente de Hydra.

— Ele disse fica mais escuro conforme estivermos mais perto um do outro.

— Obrigada pelos doces, Hydra – Disse Fred, que comia satisfeito os bolinhos que Hydra comprara para ele e todos seus amigos.

— Você deu alguma coisa para o Olívio? – Perguntou Alícia, que comia um dos pirulitos em forma de unicórnio que Hydra comprara.

— Sim, doces também e ele me deu caldeirões de chocolate. – Disse Hydra.

— E o Peter sabe disso? – Perguntou Angelina.

— Nem precisa saber, foi presente de amigo, mas não sei se ele ia entender muito bem...


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