Meu amado é um lobisomem escrita por Lailla


Capítulo 8
Capítulo 8: Fruto do amor




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O inverno estava terminando e o casamento de Sana se aproximando. Faltavam apenas dois meses, e ela estava enlouquecendo.

Como eu não sabia como era sentir-se assim, apenas a observava e dizia que tudo ficaria bem. Não era diferente do que sua mãe dizia. Porém não adiantava, ela dizia que tudo ia dar errado e chegou a dizer até que Haku a abandonaria, o que seria uma loucura. Ele me pediu ajuda para comprar coisas de casa que Sana gostaria de ter. Alguém que planeja isso não pode estar pensando em abandonar a noiva no altar. E quem arcava com essa loucura era a mãe dela. Senhora Ryoko estava prestes a enlouquecer também e quase a presenciei batendo em Sana por falar coisas sem sentido.

Coitada de sua mãe. Ela quem viu o lugar onde seria o casamento, ela quem estava vendo as flores e ela quem estava vendo a comida. As únicas coisas que Sana viu foi a Yukata e a lista de convidados, que Haku também ajudou. Não gostaria de ver como ela ficará no dia em que se casar. E me pergunto se eu ficaria dessa forma se me casasse.

Haku me chamou para encontrá-lo no parque. Ele estava preocupado com Sana. Nos sentamos em um dos bancos e ele suspirou algumas vezes até começar a falar.

— Como vai Yuzo?

— Bem. Ele viajou pra outra cidade a trabalho.

Na verdade Yuzo estava na floresta há dois dias.

— Tenho medo de ela enfartar, Tsuki.

— Sana?

— Senhora Ryoko! – ele me olhou – Sana está deixando-a maluca. O que há com ela?

— Ela pensa que você vai largá-la no altar.

— Que! – ele exclamou – Ela enlouqueceu!

— Quando isso terminar a loucura dela também vai acabar.

— Espero que sim. Ela não era assim. Agora quando nos encontramos é “o casamento isso, o casamento aquilo”.

— Ela está nervosa, Haku. Mas quando se casarem, tudo vai melhorar.

Ele assentiu, pensando. Levantou a cabeça e olhou para uma das árvores sem folhas.

— Era inverno quando começamos a namorar.

Eu o olhava, prestando atenção.

— Ela estava sentada naquele banco quando a encontrei sem querer. – ele apontou – Eu corto caminho pra casa por esse parque. Estava quase anoitecendo, eu estava voltando do mercado. Minha mãe pediu para comprar algumas coisas pra ela. Sana e eu não nos falávamos há algum tempo. Tudo mudou depois que você foi embora, sabe. Parecia que você era o elo que nos fazia ficar juntos.

Sorri levemente.

— Eu sentei do lado dela, perguntando o que ela tinha. Sana disse quase chorando que tudo estava mudando e que continuaria a mudar. As pessoas que conhecíamos iriam embora e nunca mais as veríamos. Nessa época o pai dela ficou doente, estávamos no final do primeiro ano.

— Eu me lembro. Papai me contou.

— Ele era tudo para Sana... Eu fiquei com ela, a abracei. Ela disse que eu tinha mudado. – ele sorriu, recordando – Que eu não era mais o bobão que a perturbava na aula. Eu até fiquei feliz quando ela disse isso. – Haku abaixou o olhar – Ela me pediu para nunca ir embora. E eu disse que não iria. Disse que ficaria com ela e cuidaria dela.

— Isso foi bonito.

— E ela não acreditou. – ele olhou para mim, rindo – Sana disse que eu estava mentindo e foi para casa. As coisas começaram a ser diferentes pra mim depois daquela conversa. Ela pareceu ter ficado diferente pra mim. Então a chamei para ir comigo ao parque de novo e a lembrei de tudo o que ela disse e o que eu disse. E então... Eu a pedi em namoro.

— Ela é feliz com você, Haku.

— Espero que eu continue a fazê-la feliz.

— Não pense assim. Parece até que está com medo.

— Eu estou. – ele me olhou.

Arregalei os olhos e franzi as sobrancelhas.

— O Haku que eu conheço não tem medo de nada. – falei – Ele é corajoso! Ele vai para a floresta mesmo quando a mãe o proíbe e ainda leva os amigos para o verem pular no rio. Ele sempre faz besteira, mas nunca é pego. Ele faz bagunça, mas sempre tira notas excelentes. Ele estudou e trabalhou duro para trabalhar na administração da prefeitura. E ele me pediu para ajudá-lo a comprar coisas que a namorada gostasse para fazer uma surpresa. O Haku que eu conheço encara tudo de frente.

Haku permaneceu me olhando, surpreso. E então sorriu, abaixando o olhar.

— Obrigado, Tsuki.

Assenti e levantei.

— Espero que fique tudo bem. Yuzo disse que chegaria hoje, preciso ir.

— Eu também. Agora... Vou ver Sana.

Sorri, contente.

Voltei para casa e vi que a luz do banheiro estava acesa. Vi a silhueta de Yuzo e suas roupas do lado de fora. Olhei para a pia, surpresa, havia peixes dentro. Fui até a porta e peguei suas roupas. Sua blusa estava encharcada. Franzi a testa. Sim, ele havia pescado. E não da maneira convencional. Yuzo continuava a desaparecer de casa, porém agora eu sabia quando ele iria voltar. Sempre antes de sair ele escrevia um bilhete para me avisar quantos dias ficaria fora. Às vezes eram apenas dois como hoje, às vezes quatro e às vezes uma semana. Ele ia para a floresta simplesmente para ser um lobo ou para buscar comida para nós. Poderia ser um peixe ou até um pato, como ele já trouxera na semana passada. Mas quando a floresta o chama, ele precisava ir. Parecia instintivo. Mas mesmo assim eu ficava preocupada.

Cheirei suas roupas, a blusa estava com cheiro de peixe. Ele deve tê-la usado para trazer todos aqueles peixes. Pus as roupas num cesto e encostei as costas ao lado da porta do banheiro.

— Como foi na floresta? – perguntei, docemente.

— Ótimo. – disse ele, contente – Pesquei muitos peixes, não é?

— Sim. – sorri – Obrigada. Eu estava com vontade de comer peixe.

— Hum.

O ouvi sair da banheira. Quando saiu momentos depois, estava vestido em uma calça e uma camisa de mangas compridas. Me beijou e fomos para a cozinha.

— Foi à cidade hoje?

— Sim. Haku me chamou para conversarmos, ele não está bem.

— Por quê?

— Sana está nervosa com o casamento e está enlouquecendo todo mundo.

Yuzo sorriu, achando graça e bebendo água do copo.

— Por que as mulheres costumam ficar assim?

— Não sei. – ri – Mas eu o lembrei de como ele era. Agora ele parece estar melhor.

Yuzo lavou o copo e o guardou.

— Como ele era?

— Ah, bem... Destemido. Mas isso quando tínhamos doze anos. – sorri.

— O que ele fazia pra ser chamado assim?

— Hum... Ele queria mostrar pra todo mundo que era corajoso, então nos chamava para irmos à floresta para ele subir numa pedra grande que tinha e pular no rio. Então ele desafiava os outros meninos. Poucos aceitavam. Eu só fui com eles uma vez, tive medo que meu pai descobrisse que fui à floresta sem sua permissão.

— Acho que os vi.

— A mim? – o olhei, surpresa.

— Não. Só tinha garotos naquele dia. – ele se lembrava – Eu estava andando e me escondi pra eles não se assustarem. Pareciam estar se divertindo, então não apareci. Eles se jogavam no rio, mas eu achava que era por causa do calor. Era verão na época.

— Hum. – concordei – Como assim eles estavam se divertindo, então você não apareceu?

— Ahm... Bem...

— Você... Assusta caçadores? – perguntei, nervosa.

Yuzo abaixou a cabeça, pegando um dos peixes dentro da pia.

— Caçadores... São raros de aparecer.

— Foi assim que conseguiu aquela flecha nas costas! – exclamei, apontando para ele.

Ele me olhou, surpreso.

— Agora vai me contar tudo. – declarei e sentei na cadeira, cruzando as pernas.

Yuzo franziu a testa, sorrindo por minha atitude. Ele suspirou e largou o peixe, sentando-se.

— Era um caçador com um arco. Estava caçando pássaros. – ele começou – Prometi a você que voltaria pra te ver, mas quando o vi, percebi que me atrasaria um pouco. Ele mirou em um pássaro que passou voando, mas se distraiu quando me viu rosnando para ele por trás de uma árvore. Normalmente eles se escondem e depois vão embora. Mas ele mirou a flecha e atirou em minha direção. Acertou a árvore e eu corri, mas ele atirou de novo e me acertou.

— Nas costas. – falei, me lembrando.

— Se eu fosse para o hospital, perguntariam como isso aconteceu. E se por acaso achassem o caçador, claro que ele falaria que atirou num lobo.

Abaixei o olhar.

— Você foi atrás dele no dia seguinte, não é?

— Sim. Queria ter certeza de que fora embora.

— E se não tivesse ido?

— Eu o assustaria apenas. Não se preocupe.

— Eu me preocupo sempre que você entra na floresta. – me abracei – Não sabem que você é você. Eles veem apenas um lobo.

— Eu sei. – ele se inclinou e pôs sua mão sobre a minha, segurando-a – Mas eu sempre vou voltar pra você.

— Promete?

Ele assentiu. Limpei o canto do olho, que acumulara lágrimas e levantei.

— Me ajuda a preparar o almoço? Vai ser peixe. – sorri levemente.

Yuzo sorriu e levantou, pegando o peixe de dentro da pia. Sua mão começou a mudar, virando uma pata e surgindo garras. Ele pôs o peixe sobre a tábua de madeira que pegou e cortou sua barriga facilidade. Eu prestava atenção naquilo, era tão fácil. Ele me olhou em dúvida ao perceber.

— O que foi?

— Queria não ter que usar faca também. – me voltei para o meu peixe.

Ele sorriu e beijou minha bochecha.

Yuzo ficou quatro dias em casa, e todos os dias em que ele estava comigo eram bons. Cozinhávamos juntos e o que ele não sabia cozinhar, eu o ensinava. Ficávamos a tarde olhando para o lado de fora e vendo como a neve derretia lentamente. Logo a primavera chegaria, assim como o desabrochar das flores. Sentiria falta da neve, mas sabia que no ano que vem ela retornaria e Yuzo mergulharia comigo nela.

Numa manhã ele me acordara para ver como estava a frente de casa. Havia nevado muito durante a noite e tudo estava coberto, como quando voltei para casa. Olhei para o branco, maravilhada, e ele me pegou no colo, pulando e mergulhando na neve que nos cobriu até as costelas.

E quando não ficávamos vendo a neve derreter, estávamos no quarto. Às vezes passávamos o dia inteiro no quarto. Dormindo, conversando, comendo ou fazendo amor. E não são as melhores coisas da vida? Eu amava quando ele sorria para mim, demonstrando que queria algo mais que apenas beijos e carinhos. E quando terminávamos, ele sentava e acariciava minhas costas e meu cabelo. Eu sempre o fazia se deitar para mexer em seu cabelo ou afagar sua cabeça. Eram carinhos que eu desejava nunca ter fim. Porém nossos momentos sempre possuíam pausa quando ele decidia ir para a floresta.

Quando acordei no quinto dia, o lado da cama de Yuzo estava vazio e havia um bilhete dobrado sobre seu travesseiro. “Volto em três dias”. Três dias. Um dia a mais que antes. Me sentei. Sabia bem que ele amava a floresta, mas eu sentia falta dele e me preocupava, além de que uma despedida ao invés de simplesmente sumir seria bem vinda.

Fiquei sozinha todo aquele dia. Senhora Kei estava viajando para visitar a filha que acabara de ter um bebê. Sentia falta dela. Fiquei com vontade de comer arroz, então fiz alguns onigiris. Comi arroz o dia todo, era uma vontade incontrolável e não entendia o que estava acontecendo comigo. Foi como o peixe quatro dias atrás.

Sana me ligou no dia seguinte de manhã para eu ver sua Yukata. Cheguei a casa dela meia hora depois e senhora Ryoko me atendeu, dizendo que Sana estava bem melhor hoje. Achei graça e fomos para o andar de cima. Senhora Ryoko havia separado um quarto para as coisas do casamento e Sana estava lá, vestida em sua Yukata. Uma linda Yukata branca com flores cor de salmão. Sorri ao vê-la. Seu cabelo estava solto e ela se via no espelho, analisando a roupa.

— Está linda. – falei.

— Tsuki! – ela sorriu – Obrigada. Mas não acha que isso aqui não poderia ser de outra cor?

— Não. Está perfeito. Haku vai amar.

Ela sorriu, feliz. Creio que sua loucura estivesse passando agora. Sana saiu de frente do espelho e pediu a ajuda da mãe para tirar a roupa.

— Está tudo pronto. Falta apenas a confirmação dos convidados.

— Eu confirmo agora se quiser. – levantei a mão, sorrindo.

— É claro que vocês vêm.

“Vocês”. Precisava me lembrar de avisar a Yuzo para não ir à floresta na semana do casamento de Sana. Se ele não fosse ao casamento, ela iria até nossa casa perguntar a razão. E seria difícil ele dizer por que.

— Nossa, tenho parentes até em Tokai. – disse ela.

— Culpa de seu pai. – disse sua mãe.

Ambas se silenciaram. Tocar no nome do pai de Sana era complicado. Ele falecera quando ela tinha 17 anos e nenhuma das duas superou. O pai de Sana era a pessoa mais importante para ela e para sua mãe. Perdê-lo partiu o coração das duas.

— Ora... – senhora Ryoko limpou uma lágrima – Ele ficaria feliz por saber que está se casando com Haku.

— Mas ele o detestava. – disse Sana, sorrindo.

— Quando vocês eram crianças. Ele fazia cada coisa, cada besteira.

Rimos.

— Ele ficaria feliz por saber que Haku mudou. – concluiu senhora Ryoko – E você, Tsuki? Como está?

— Muito bem, senhora Ryoko.

— E quando vai se casar com o rapaz Yuzo?

— Mamãe!

— Me desculpem, mas não sou do tempo de vocês. Antes esperávamos até casarmos, hoje vocês dormem com dez antes de escolherem o marido.

— Mãe! – Sana ficou vermelha de vergonha – Se a senhora quer saber tanto, me pergunte!

— Não preciso, eu sei que foi apenas Haku.

Sana pôs a mão na testa, envergonhada. Senhora Ryoko me olhou, perguntando com seu olhar intimidador.

— Foi apenas Yuzo, senhora Ryoko.

— Ah, então está tudo bem. – ela sorriu, feliz – Bem, vou fazer um pouco de chá. Tem dango ali em cima da mesa.

Sana vestiu um roupão e nos sentamos nas almofadas, começando a comer o dango. Eu amava esses doces e senhora Ryoko sabia. Quando eu ia para casa de Sana brincar quando éramos pequenas, ela sempre preparava alguns para nós.

— Desculpe por minha mãe dizer aquilo.

— Tudo bem. – sorri – Ela se redimiu com o dango. São sempre ótimos.

— Vou sentir saudade disso.

— Como assim? Vocês não vão sair da cidade. E dango tem em todo lugar.

— Sim, mas não vai ser a mesma coisa.

— Você trabalha no mercado. Vai ver sua mãe todo dia, pode apostar. – ri.

Sana sorriu.

— É, mas...

— Você não gosta muito de mudanças, não é? – perguntei já sabendo a resposta.

— Ah, você lembra quando mudamos de sala na segunda série.

— Sim. Porque passamos da primeira para a segunda série. Normalmente mudamos de sala mesmo.

— Só é mais fácil porque estou animada, mas eu fico pensando nisso. – ela dizia – Vamos nos casar, e então ter filhos e nossos filhos vão crescer.

— Vai acontecer com todo mundo. – sorri – Não fique com medo.

Sana assentiu, tentando realmente concordar. Sua mãe trouxe chá para nós e desceu novamente. Senhora Ryoko sempre preferia tomar chá sozinha. Sana bebeu seu chá e eu peguei minha xícara, porém ao aproximá-la o cheiro fez com que me sentisse mal. Afastei a xícara por um momento.

— O que foi? – perguntou Sana.

— Acho que comi dango demais.

— Mas chá é ótimo com dango.

— Sim, mas ontem eu comi muito arroz. Acho que não me fez bem.

— Quer que eu te leve para casa?

— Não, tudo bem. Avisa sua mãe por mim?

— Claro.

Fui para casa com o jipe, tentando imaginar se fora o dango ou o arroz que me fizera mal. Estava me sentindo enjoada e de repente quis vomitar. Parei o carro na estrada e saí, correndo para o acostamento e pondo tudo que havia no meu estômago para fora. Fiquei parada, apoiada na árvore. Respirei fundo e minutos depois, consegui entrar no carro e ir para casa.

Me sentei na mesa, ainda enjoada. Não era pelo arroz ou pelo dango. Sempre quando passava mal e vomitava, eu melhorava. Era diferente, porém aos poucos melhorei. Comecei a pensar na causa mais provável e arregalei os olhos. Na verdade não seria surpresa se isso acontecesse. Nunca usei nenhum método contraceptivo com Yuzo. Uma hora ou outra claro que isso aconteceria. Porém precisava ir ao médico para ter certeza.

No dia seguinte fui à cidade vizinha. Se me consultasse no hospital da cidade, logo todos saberiam. E se eu estivesse grávida, iria querer que Yuzo soubesse primeiro. Fiquei na fila por alguns minutos, que pareceram ser longos, e fiz o exame de sangue após me consultar com o médico. Precisei esperar mais um tempo até o resultado ficar pronto, mas quando ficou tive a certeza. Eu estava grávida.

Saí da clínica feliz, nervosa e com medo. Ter um filho era algo extraordinário, porém agora pensava como ele seria e como seria sua vida. Esperava que fosse saudável, claro, mas ele seria filho de Yuzo e com certeza herdaria seu traço de lobo. Fiquei preocupada. A infância de Yuzo foi difícil por que ele não se encaixava. Como seria a infância do nosso filho?

Esperei até o dia seguinte. Ele disse que voltaria no terceiro dia, mas não voltou. E isso fez com que eu não conseguisse dormir, pensando onde ele poderia estar. Apertava o travesseiro, aflita. Pensei em várias coisas terríveis que pudesse ter acontecido com ele. Eu não sei o que faria se ele desaparecesse para sempre. Desejava que ele soubesse que eu esperava um filho dele. Desejava que ele voltasse para mim. Ele prometeu para mim que voltaria sempre!

Consegui adormecer na madrugada, porém acordei no meio da manhã quando percebi a luz do sol na parede do quarto. Olhei para o lado e não vi Yuzo. Me sentei, começando a chorar. Pensei que o havia perdido. Vesti um casaco e decidi ir procurá-lo, porém ao abrir a porta da frente, Yuzo estava caminhando em direção de casa. Suas roupas estavam encharcadas assim como seu cabelo e ele segurava um grande peixe na mão. Quando me viu, sorriu feliz e suspendeu o peixe, me mostrando. Corri em sua direção e o abracei fortemente.

— O que houve? – perguntou.

— Você não voltou ontem. – dizia enquanto chorava – Fiquei tão preocupada.

Cessei o abraço e o olhei.

— Você disse que ia voltar em três dias.

— Me desculpa. – disse ele, segurando em minha mão – Eu queria trazer o peixe pra você.

O olhei, seu cabelo pingava enquanto ele me olhava. Limpei as lágrimas com o braço e assenti. Yuzo pôs o peixe dentro da pia e sua calda ficou para fora pelo grande tamanho. Toquei suas roupas, estavam frias além de encharcadas.

— O que houve com suas roupas?

— Eu queria esse peixe, mas ele foi difícil de pegar.

— Por que você pesca sempre como lobo?

Ele sorriu.

— Quando foi o terceiro dia, decidi ficar mais um pra tentar pegá-lo. E consegui esta manhã logo quando desisti e vinha para casa. Mas pulei na água com roupas.

— Hum. – assenti – Tire elas, se não vai se resfriar.

Yuzo o fez e foi tomar um banho quente. Quando saiu com roupas limpas e frescas, voltou para a cozinha para cuidar do peixe, porém me viu sentada com a expressão aflita.

— Tsuki, está tudo bem. – ele ajoelhou no chão, me abraçando e deitando a cabeça em meu colo.

— Você não voltou ontem. Você prometeu que voltaria.

— Mas eu estou aqui. – ele tocou meu rosto – Eu disse que sempre voltaria. Estou aqui.

— Eu fiquei com medo. – as lágrimas caíram.

— Estou mais cuidadoso, e não vejo mais caçadores há um bom tempo.

— Por isso também, mas... Não era exatamente isso.

Ele tentava entender.

— Eu fiquei com medo de você desaparecer... E não conhecer seu filho. – confessei.

Yuzo levantou a cabeça em minha direção com os olhos arregalados, deixando os amarelos nítidos. Não disse nada por um tempo, apenas me olhava com os braços ao redor do meu quadril. Então de repente ele levantou, me suspendendo e me abraçando. Me abraçou tão forte e contente, que ao me pôr no chão ainda sorria.

— Quando descobriu?

— Ontem. Eu estava enjoada e fui ao médico.

— Tsuki. – Yuzo me beijou, encostando a testa na minha ao cessar – Vamos ter mesmo um filho? Mesmo?

— Ou uma filha. – sorri.

— Você está me fazendo tão feliz. – disse ele, me beijando novamente e mais uma vez me suspendendo.

Ao cessar, Yuzo me pôs sentada em cima da mesa e sentou-se na cadeira. Ele levantou um pouco minha camisa, apoiando a cabeça em meu colo. Sorri, feliz. A felicidade dele era o que me deixava feliz. Deixei uma risada escapar por ele tentar ver a barriga que ainda não tinha.

— Ainda é cedo.

— Não importa. – ele a olhava – Eu sei que está aqui.

Passei as mãos por seus cabelos, afagando sua cabeça. Yuzo e eu teríamos um bebê.


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