Meu amado é um lobisomem escrita por Lailla


Capítulo 31
Capítulo 31: Surpresa - Shouya e Hanabi - Parte I




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/732991/chapter/31

Para Hanabi, o melhor momento de sua vida foi quando beijou Shouya pela primeira vez. Ela finalmente beijara o rapaz de quem sempre gostou. Após começarem a namorar, viu como ele era romântico, a respeitava e fazia surpresas para ela, como vê-la na volta do trabalho ou passear com ela na floresta. Ou também como no natal em que ele quis ir com ela para a praça. Mas agora ela sabia de verdade como ele era especial. Literalmente especial.

Hanabi despertara, vendo uma vela acessa do outro lado da caverna. Notou um cobertor sobre ela, ao qual segurou na altura do peito ao se sentar. Estava nua e a caverna era suavemente iluminada pela vela.

— Oi. – disse Shouya, fazendo-a virar o rosto.

Ele estava sentado com as costas encostadas, lendo um livro e vestido em sua calça.

— Oi. – disse ela timidamente – Quanto tempo eu dormi?

— Não sei, algumas horas. – ele pensou – À noite faz frio, então cobri você.

— À noite? – exclamou ela – Anoiteceu?

Hanabi se virou e pegou seu vestido, vestindo-o às pressas e levantando. Shouya a olhava, sorrindo. Ela olhava para os lados, procurando e perguntou:

— Você viu minha calcinha? – perguntou.

Quando se voltou para ele, Shouya estava com o braço esticado e com sua calcinha na mão. Hanabi corou, pegando-a e se virando para vesti-la. Shouya levantou rapidamente e a segurou por trás, abraçando-a e fazendo-a deitar com ele. Hanabi exclamou pelo susto e olhou para Shouya, sendo beijada.

— O que...? – ela sorria.

— Nada. – ele sorriu, beijando seu pescoço.

Ela sorriu, lembrando-se do que ele lhe mostrara horas antes.

— Como é? – perguntou.

— O que?

— Ser... Metade lobo.

— Alguma vez na vida você já quis ser um animal? Só pra ter pelos e correr pela floresta?

— Já. Queria ser uma raposa. – ela sorriu – Sempre as achei lindas.

— Eu não tenho problema em tentar imaginar.

— Porque você já é? – ela riu.

— Isso.

Shouya levantou, segurando as mãos de Hanabi e fazendo-a levantar. Ela recordava cada detalhe do momento de horas antes enquanto levantava. Os beijos, os toques. As carícias, os gemidos. Agora parecia para Hanabi que Shouya fazia parte dela. E não era diferente para ele.

Shouya a levou para casa, deixando-a na porta e beijando-a para se despedir.

— Toma cuidado quando voltar. – disse ela.

Ele apenas sorriu. Hanabi entrou em casa, mordendo o lábio superior e tocando a clavícula. Fora um dos lugares de seu corpo que Shouya beijou. Ao passar pela porta da sala, distraída, Hanabi não notou sua mãe na sala de estar.

— Hanabi? – perguntou preocupada, levantando e indo em sua direção – Onde estava? Fiquei preocupada.

— Eu... – ela pensou – Estava com Shouya.

— Shouya?

— É. – ela sorriu – Nós conversamos e... Estamos namorando de novo.

Sua mãe parecia aliviada por ser apenas isso. Após o ataque, ela ficava quase todo o tempo se perguntando se Hanabi estaria bem na escola e no trabalho.

— Isso é ótimo. – ela sorriu ao suspirar ligeiramente.

— Estou bem, mãe. – Hanabi segurou sua mão.

A mãe assentiu e ela subiu para o quarto. Ao deitar-se, desejava estar novamente com Shouya na caverna e reviver aquele momento. Demorou a dormir, pois queria sentir o cheiro de Shouya para cair facilmente no sono como o fez horas antes. Após o banho, o cheiro dele não estava mais em seu corpo. Hanabi encolheu-se, ansiosa para vê-lo novamente e sentir seu cheiro.

No dia seguinte, ela não se conteve em contar que voltou com Shouya. Ela não queria guardar esse segredo, estava feliz. Não contou às meninas o que havia acontecido na caverna. Agora sabia por que Ame dizia que Shouya morava numa cabana perto da montanha. Era perto da montanha, porém não uma cabana. Era compreensível, ela é irmã dele e igual à ele.

Todos estavam no terraço, curiosos sobre o acontecido.

— A gente conversou. – disse Hanabi, comendo.

— Só isso? – perguntou Hayato – Como foi? O que houve?

— Eu estava voltando do trabalho e ele estava me esperando na trilha. Nós conversamos e voltamos.

— Simples. – Mai riu – Isso é ótimo.

— Verdade. – Ame sorriu.

Hanabi a olhou, sorrindo.

Naquele dia era folga de Hanabi, então ela foi direto para casa. Passou a tarde estudando, fazendo alguns trabalhos. Não sentiu em nada a hora passar até o momento em que foi dormir. O dia seguinte foi sábado, outra folga, então Hanabi dormiu até um pouco mais tarde que o normal e depois do almoço, voltou a estudar. Sua mãe fora trabalhar, dizendo que faria hora extra no hospital.

Hanabi estava sentada em sua escrivaninha, escrevendo sem parar enquanto olhava de vez em quando para os livros. Despertou apenas quando ouviu um som vindo da janela. Ela se voltou para lá, vendo o que parecia ser uma pequena pedra indo de encontro ao vidro.

Após ver mais uma vez, levantou-se e foi até a janela, vendo Shouya segurando outra pedra e acenando ao vê-la. Hanabi sorriu e pediu para ele esperar, descendo e indo para frente de casa. Ela correu de encontro a ele e o abraçou, sendo levantada por Shouya. Após se beijarem, Hanabi disse:

— O que faz aqui? – sorriu.

— Vim perguntar se quer passear comigo.

— Claro.

Shouya segurou sua mão, indo em direção à trilha com Hanabi. Ambos passearam e conversaram, saindo da trilha. Shouya a levou até uma toca, fazendo Hanabi sorrir por um momento enquanto tentava desvendar por que estavam ali. Se sentaram em uma pedra, esperando alguns minutos até que uma raposa saiu de dentro da toca. Hanabi sorriu, surpresa, e Shouya achou graça.

— É tão bonito.

— É fêmea. – disse ele, apontando para a toca.

Hanabi a fitou e viu alguns filhotes hesitantes saírem do buraco. Seus olhos brilharam, para ela era uma das coisas mais bonitas que já vira. Shouya a olhava, sorrindo de forma contente.

Em seguida, os dois continuaram a caminhar pela floresta, conversando.

— Você protege esses animais? – ela perguntou.

— Bem, não há mais caçadores por aqui e nem de passagem, mas sim.

Ela encolheu os ombros, orgulhosa dele.

— Quando voltarmos, quero falar com sua mãe. – disse ele.

— Ela vai fazer hora extra no trabalho hoje, mas pode falar amanhã. Por quê?

— Hum, nada demais. – ele sorriu – É que até agora não conversei com ela.

— Voltamos há dois dias.

— Pra mim é muito. E acho que pra ela também.

Ela sorriu, parando a sua frente e beijando sua bochecha.

— Você é um amor. – ela sorriu, contente.

Shouya enrubesceu levemente, sorrindo. Tocou a bochecha de Hanabi carinhosamente, fazendo-a parar de sorrir e corar. Beijou-a suavemente, segurando com uma das mãos sua cintura. Hanabi sentiu a quentura lhe subir cada vez mais e parou o beijo repentinamente.

— Que foi? – perguntou Shouya.

— Ahm, eu...

Ele a observou, vendo suas bochechas coradas e o olhar baixo.

— Está com vergonha de mim? – achou graça.

— Não... Não é isso. É que... Quando fizemos, eu tive coragem. Não hesitei. Mas agora...

— Hanabi, eu só te dei um beijo. – ele deixou uma risada escapar – Não estava pensando nisso. Você estava?

— N-Não! – ela exclamou, corando – É que...

— Não precisa ficar com vergonha. Se você quer a gente faz.

Hanabi corou mais, abaixando o olhar. Shouya então pegou sua mão e começou a andar. Ela não compreendeu, apenas o seguia. Voltaram para a trilha e permaneceram nela por mais alguns minutos, até que chegaram na ramificação que dava para a casa de Hanabi.

— O que estamos fazendo aqui?

— Sua mãe está no trabalho, não é?

— É.

— Vai voltar tarde, não é?

— Sim, mas...

Shouya parou ao chegarem à casa de Hanabi e a olhou com um sorriso intencional.

— Mas...!

— Não quero que fique com vergonha de mim quando quiser isso. Vamos devagar, quero que fale o que pensa.

Ela corou mais uma vez, porém assentiu. Ao entrarem, Shouya observou a casa de Hanabi. Ele nunca entrara lá antes e ficou curioso, olhando para todos os lados. Quando chegaram no quarto, ele enrubesceu levemente, dando-se conta de que estava no quarto de Hanabi – mesmo levando em conta as circunstâncias.

Ao fechar a porta, Hanabi disse:

— É o meu quarto.

— Bonito. – disse ele, observando-o e parando o olhar sobre o criado-mudo.

Shouya andou até o criado-mudo, pegando o copo circular com a vela onde estavam escritos seus nomes. Ele sorriu ao lê-los.

— Ainda tem isso? – perguntou – Pensei que... Tinha jogado fora.

— Não. – ela sorriu, se aproximando – Guardei um tempo depois que terminamos, mas ontem quando fui pegar meu carregador, o vi e coloquei no lugar.

Ele sorriu, nostálgico. Ao colocar o copo no lugar, virou-se para Hanabi, beijando-a. Ela ofegou, surpresa. Shouya a levou para a cama e se sentaram. Ele a olhou, pegando uma mecha de seu cabelo e percorrendo seu comprimento.

— O que quer que eu faça?

— Não sei... – ela corou.

— Então... – ele achou graça – Se não gostar de algo, me fala.

Ela assentiu. Shouya aproximou-se, beijando sua bochecha e pescoço, deitando-a. Como fora na primeira vez, ele a beijara e acariciava, tirando as peças de sua roupa tanto quanto as dele. Debaixo das cobertas, Hanabi o sentia mais uma vez. Não havia mais dor como antes como ela receava, apenas prazer.

E assim foram as vezes seguintes. Quando estavam com vontade de fazer amor, faziam. E não mais com restrições de local, como apenas na caverna ou na casa de Hanabi. Shouya a levara para nadar algumas vezes antes do inverno. Eles não levavam roupas de banho, o que deixou Hanabi sem jeito. Ele a beijou e a convenceu a entrar na água. Fizeram amor dentro do rio com Hanabi sobre Shouya, sentindo a correnteza passar por eles.

Um mês após voltarem, Shouya começou a comprar camisinhas para usarem. Não custava nada ter precaução. Numa noite em que a mãe de Hanabi fez hora extra de novo, Shouya foi para sua casa e disse à Hanabi para se precaverem de agora em diante. Ela concordou – em vista que não tomava contraceptivos – e passaram a usar proteção.

Duas semanas depois, Hanabi fora trabalhar num sábado. Chegou cedo, usava uma calça jeans e o uniforme do mercado. Ao chegar, foi para o caixa em que normalmente ficava, porém antes de tirar a placa onde estava escrito “fechado”, seu gerente a chamou da entrada de um dos corredores.

— Minagashi, venha aqui por um momento.

— Sim, senhor.

Ela o fez e ao chegar no corredor, viu seu gerente acompanhado por Shouya, que usava uma calça jeans, tênis e o uniforme do mercado. Ela o olhou sem entender, ele apenas sorriu.

— Esse é Yoshiro Shouya. Ele vai trabalhar no mercado a partir de hoje e preciso que você mostre a ele tudo no depósito e os melhores caminhos para as entregas de bicicleta. Você é ótima no que faz, não me leve a mal, mas não posso sobrecarregá-la.

— Ahm, não... Tudo bem. Shouya é meu namorado.

— Ora, por que não me disse, rapaz? – o gerente riu.

— Não pensei que o senhor escolheria Hanabi para me mostrar tudo.

— Ela é nossa melhor funcionária, uma ótima menina. Bem, então você está em ótimas mãos mesmo. – ele sorriu – Mostre tudo a ele e volte ao trabalho sem pressa.

— Tudo bem. – ela sorriu.

O gerente se foi e Hanabi olhou para Shouya.

— O que está fazendo? – perguntou.

— Esperando você me mostrar tudo por aqui. – ele sorriu – Vamos?

— Mas... Shouya. – ela pensou – Se trabalhar, vai deixar de ficar na floresta.

— Eu sei. – ele sorria – Mas quero ajudar no seu plano. Ajudar com o dinheiro. Não quero que tudo fique nas suas costas.

— O que?

— Você disse que quer construir uma vida comigo. Eu também quero com você.

Ela corou, no fundo feliz.

— Mas... Não quero que deixe de fazer o que gosta por minha causa.

— Tudo bem. – ele sorriu – Vamos, me mostre o depósito.

— Hum, tá.

Hanabi mostrou tudo à Shouya, que prestava atenção em todos os detalhes. Após uma semana, Shouya estava trabalhando tão bem quanto Hanabi. Ele aprendera a pôr todos os produtos em seus lugares corretos e os melhores caminhos para as entregas. Hanabi não sabia, porém agora ele também tinha um plano. Um plano que em alguns meses ele tinha esperança de concretizar.

Hanabi conversou com Ame na escola quando ela notou sua expressão. Ela a convenceu de que o que Shouya estava fazendo era por gostar de Hanabi, e isso melhorou seu modo de ver o que ele estava fazendo. Porém quando dezembro chegou, ela começou a notar que algumas de suas roupas não estavam mais cabendo em seu corpo, como algumas calças e blusas. Hanabi precisou comprar duas calças novas e algumas blusas de frio. Ficou com raiva, pois nunca foi o tipo de garota que engordava. Seu peso sempre era o ideal para sua altura.

Ao se vestir para o trabalho, jogou outra blusa longe. Sua mãe passava pelo corredor e a viu fazê-lo.

— Perdeu outra blusa?

— Sim. – disse ela, irritada – Já é a quarta. Acho que vou parar de comer tanto doce.

— Shouya que te dá doces?

— É. – ela sorriu sem jeito – Ele é carinhoso, mas não posso perder mais roupas.

— Boa sorte.

Hanabi riu, indo trabalhar. Ao chegar, disse à Shouya para parar de dar doces à ela, pois estava engordando. Ele riu. Mas não parou.

O natal chegou rápido, assim como as arrumações para a festa de natal na praça. As meninas e Hanabi planejavam as roupas que iriam usar e Hanabi comentou que algumas não cabiam mais nela e que não tinha ideia do que usaria. As meninas riram, dizendo que o que falam é verdade sobre relacionamento e engordar. Porém naquele momento Hanabi começou a desconfiar de algo, convencendo a si mesma de que era coisa da sua cabeça.

No dia 24 todos na cidade foram ao festival de natal. Hanabi e Shouya se encontrariam na praça, e quando ela chegou vestida em um vestido azul, de meia-calça, botas, o casaco branco no ano anterior e o cachecol vermelho, Shouya sorriu ao ver como ela ficava linda a cada dia que passava. Ao se aproximar e pôr uma mecha solta de seu coque atrás da orelha dela, mostrou-lhe um copo circular com uma vela dentro. Ela o olhou, surpresa.

— Shouya! – falou, pondo as mãos sobre a boca. Seus olhos brilharam.

— Pensei que poderia ser uma tradição nossa. – ele sorriu, oferecendo a ela uma caneta – Todo natal poderíamos escrever nossos nomes nessas velas.

Ela assentiu, mais feliz do que poderia imaginar. Pegou a caneta e escreveu seus nomes no vidro e ao lado o número 1.

— Por que um?

— Por que estaríamos fazendo um ano. – ela sorriu.

— Mas estávamos separados. – ele riu – Não conta.

— Eu sei. – ela deu de ombros – Mas é bonito.

Ele achou graça.

À meia noite os dois acenderam a vela e puseram debaixo da grande árvore de natal, assim como os outros casais que compraram. Como os pais de Shouya, Haru e Takashi, Ame e Ichiro, e Hayato e Mai. Todos olhavam juntos como as velas iluminavam ainda mais a árvore de natal. Naquele momento, Shouya aproximou a mão da mão de Hanabi enquanto os dois observavam as velas. Ela sorriu, corando suavemente ao darem as mãos.

Dois dias depois, Hanabi acordou em sua cama e olhou para a vela da noite anterior. Desejou que a cada ano que passasse, o número de velas aumentasse. Desejo bobo, ela pensou. Mas era o que desejava. E pelo que Shouya disse, ele também queria.

Ao voltar para o quarto após o café da manhã, abriu seu armário para pegar algumas roupas. Sua mãe apareceu na porta, dizendo:

— Hanabi, vou à farmácia. Quer alguma coisa?

— Acho que não.

— Ainda têm absorventes?

— Tenho. – ela assentiu da cama.

Após sua mãe sair, Hanabi percebeu algo que já não vinha há três meses. De fato, ela era naturalmente irregular. Sua menstruação às vezes demorava a chegar, e às vezes nem vinha por dois meses. Ela pegou um caderninho na escrivaninha, onde anotava as datas para não se perder, e lá estava: não vinha há quase quatro meses.

Hanabi perdeu o ar por um momento, nunca havia atrasado tanto. Guardou o caderno e pegou o celular, hesitando. Naquele momento viu que precisava de ajuda, mas não queria alarmar Shouya. Então ligou para as meninas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Meu amado é um lobisomem" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.