Meu amado é um lobisomem escrita por Lailla


Capítulo 30
Capítulo 30: As coisas mudam - Parte II




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Quando cheguei na frente da casa de Hanabi, Mai também havia chegado com Hayato em sua garupa. Nos olhamos e claramente ela me perguntou com o olhar sobre o que estava acontecendo, assim como eu fiz. Quando desci da garupa da bicicleta de Ichiro, me despedi dele com um suave beijo. Mai e eu nos aproximamos do portão, escutando Hayato e Ichiro dizerem que iriam à lanchonete.

Nós duas olhávamos para a entrada de Hanabi. Ao passarmos pelo portão e chegarmos à porta, tocamos a campainha.

— Não deve ser nada ruim, né? – perguntou Mai.

— Espero que não.

— Ela disse alguma coisa pra você?

— Não, apenas pediu para vir pra cá.

— Eu também.

Repentinamente a porta se abriu e Hanabi surgiu. Parecia nervosa, chocada, e abriu mais a porta para nós entrarmos.

— Entrem.

Seguimos para o quarto dela e ao entrarmos, silêncio. Nada sobre por que nos chamou ou o que estava acontecendo. Ela apenas começou a falar quando sentou na cama conosco e respirou fundo. Hanabi parecia procurar as palavras ao mesmo tempo em que não encontrava nenhuma.

— Por que nos chamou aqui? – perguntei.

— Está tudo bem? – Mai perguntou.

— Fisicamente, sim. Psicologicamente, não.

— Como assim?

Ela pensou mais, porém contou finalmente.

— Eu acho que... – torceu a expressão – Estou grávida.

O tempo pareceu parar naquele momento. Mai arregalou os olhos. Eu pus as mãos sobre a boca, apenas pensando “Shouya, seu miserável!”. Ela nos olhava, mais nervosa e pálida.

— Não sei se sim, mas não tenho dúvida.

— Desde quando vocês...? – perguntou Mai.

— No mesmo dia em que voltamos. – disse ela timidamente.

— Por que não nos contou? – perguntei.

— Foi algo íntimo, sabe. E fiquei com vergonha. Principalmente por Shouya ser seu irmão. Por favor, não fique com raiva dele. Eu que pedi.

— Bom saber. – respirei fundo – Como aconteceu? Não usaram nada?

— Nas primeiras vezes não, e ele tirava às vezes antes de... Sabe. Então depois ele começou a trazer para usarmos, dizendo que era pra não recebermos uma visita surpresa agora. – ela achou graça ao lembrar – Que droga...

— Quantas vezes exatamente foram “as primeiras vezes”? – perguntou Mai.

— Hum... Era sempre coisa de momento, então... Foi um mês assim.

Mai torceu a expressão.

— Isso não é muito bom.

Hanabi pôs a mão nos rosto.

— O que vou fazer? O que vou fazer? – se perguntava e nos olhou, perdida – Minha mãe vai me matar. E Shouya? E a escola?

— Relaxa. – disse Mai – Você não sabe ainda. Fez o teste?

— Não. Mas algumas roupas não cabem mais e hoje senti um enjoo estranho, falaram no trabalho pra eu ir para casa porque deveria ser gripe. Mas não é, estou bem. Mas nunca senti esse tipo de enjoo antes.

— Tem que fazer o teste. – falei.

— Se eu for na farmácia, a dona vai contar pra minha mãe.

— Só se comprar na cidade ao lado. Dá pra ir de bicicleta.

— Minha mãe não vai deixar eu sair agora, ela pensa que estou gripada.

— A gente vai. – falei – Não é, Mai?

— Claro! Eu pego a bicicleta com Hayato, eles estão na lanchonete.

Hanabi parecia querer chorar.

— Obrigada. Ai, por que isso foi acontecer?

— Tirar não adianta. É o que falei pra Hayato, ele não presta atenção nas aulas de educação sexual. – ela disse sem pensar, arregalando os olhos em seguida.

Hanabi e eu a olhamos, surpresas, e Hanabi acabou deixando escapar uma risada.

— Hayato e você estão fazendo? – ela perguntou, curiosa.

— Ahm... Vamos logo. Você precisa disso, né? – disse ela, indo até a porta.

Hanabi pegou o dinheiro na gaveta de seu criado-mudo e correu até Mai, dando o dinheiro à ela e dizendo:

— Nunca achei que ele fosse chegar aos finalmente com você tão rápido.

O rosto de Mai ficou completamente vermelho. Ela se virou e saiu.

Fomos correndo até a lanchonete e aparecemos para os meninos na janela de repente. Mai chegou balançando os braços e pedindo para Hayato emprestar sua bicicleta à ela. Acho que ele ainda estava se recompondo do susto. Ambos arregalaram os olhos quando chegamos.

Por fim, ele emprestou a bicicleta após Mai entrar na lanchonete e dizer que precisava muito dela. Fomos para a cidade vizinha e mesmo sem pedalar, acabei chegando suada pelo nervosismo de estar na garupa de Mai. Ela pedalou rápido, como louca, e chegamos em menos de vinte minutos numa viagem de bicicleta que deveria ser de trinta.

Quando Mai parou em frente a uma farmácia, consegui finalmente respirar sem que meu coração quase chegasse à minha garganta.

— Vamos logo, Ame! – disse ela.

— Tá... – tremia.

Deixamos a bicicleta ao lado da entrada e Mai andou, porém eu parei, pensando.

— O que foi? – ela perguntou.

— Quem vai comprar?

— O que isso tem a ver?

— Vão pensar que você está grávida se você comprar, ou eu se eu comprar.

— Nós duas compramos. Que achem o que quiser, nunca vão saber quem é. Principalmente por que ela nem está aqui.

— Ok. – assenti e entrei com ela.

Percorremos os corredores até acharmos a área onde os testes ficavam e nos entreolhamos, pensando qual seria melhor comprar.

— Quantos pegamos? – perguntei.

— Quantos? – ela me olhou.

— Pra ter certeza.

Mai contou o dinheiro que Hanabi nos dera.

— Desse dá pra comprar três.

Assenti, pegando três pacotes. Fomos para o caixa e a moça que nos atendeu olhou rapidamente e consecutivamente para nós duas. Tentei manter o olhar fixo, porém desviei o olhar por um momento. Ao comprarmos o teste, saímos da farmácia e fomos até a bicicleta. Mai montou nela e me olhou.

— Que foi?

— Como é? – perguntei.

— O que?

— Sabe...

Ela corou por um momento, suspirando.

— É... Diferente. – falou – Dói na primeira vez, mas depois fica bom. Vocês nunca...?

Neguei com a cabeça, corada. Mai sorriu singelamente e montei na garupa. Chegamos rápido como na ida e praticamente invadimos a casa de Hanabi. Ela estava no quarto, mordendo a ponta de seu dedo de forma preocupada e ficou surpresa pela quantidade de testes. Se os três dessem positivos, já era. Mas se pelo menos um deles desse negativo, ela tinha uma chance de não estar.

Hanabi se trancou no banheiro e minutos depois, abriu a porta. Para o resultado aparecer, precisava passar pelo menos cinco minutos. Ficamos sentadas no chão do banheiro, esperando.

— Se der positivo, o que vai fazer? – perguntou Mai.

— Falar com Shouya. – ela suspirou – Como vou contar pra ele? E o pior. Como vou contar pra minha mãe? Nem terminei o colégio ainda.

— Shouya é um idiota. – falei.

Hanabi achou graça.

— Mas tenho certeza que ele não vai fugir. – concluí.

Ela me olhou e sorriu, feliz.

— E de toda forma, está feito. – disse Mai – Não interessa a ninguém sobre o que está acontecendo ou o que vai acontecer. Vocês vão ter esse bebê... Se você estiver mesmo.

Hanabi sorriu. Olhei para o relógio de pulso de Mai.

— Passaram os cinco minutos.

Hanabi hesitou, porém do chão, pegou o primeiro teste em cima da pia. Esperávamos o resultado enquanto ela o olhava. Ligeiramente, deu um sorriso.

— Positivo. – gaguejou.

Engolimos em seco. Hanabi pegou o segundo.

— Positivo.

Ao pegar o último, já sabíamos o que viria.

— Positivo. – disse ela, por fim.

Hanabi respirou fundo, recostando as costas na parede. Seus olhos marejaram, ela realmente teria um filho.

— Não é de todo ruim... – ela disse, nos olhando – Eu já queria ter uma família, principalmente com Shouya. Sempre foi o que quis. Só veio mais cedo né...

Sorrimos para ela.

— E agora? – perguntei, abraçando meus joelhos – O que vai fazer?

Ela me olhou com seus grandes olhos verdes cheios de lágrimas acumuladas. Limpou as lágrimas antes que caíssem, e disse:

— Contar para Shouya.


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