Os Contos do Frio e do Gelo escrita por Samon


Capítulo 4
Do Rei para o Príncipe


Notas iniciais do capítulo

ei pessoal, sem avisos dessa vez.
apenas aproveitem o capítulo. :D



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Voltando para os momentos após o roubo da coroa, Finn nem sequer olhava para trás, ele podia ouvir que aquela velha tinha deixado de o perseguir, mas ele não queria arriscar, então só quando ele tinha se afastado bastante da caverna que ele se permitiu descansar.

Do lugar aonde ele estava, não iria demorar muito para retornar para casa e Finn achou que isso era mais importante do que vender a coroa imediatamente, ele tinha que chegar lá antes da Trupe do Destino.

Mas com certeza ainda haveria tempo suficiente, afinal, quando ele saiu não era nem onze horas e agora devia estar próximo das duas...? Não importa a hora exata, mas ele tinha certeza que ele ainda tinha tempo de sobre.

No entanto, quando olhou para o céu para ver o tempo, ele viu que o sol estava perto de se pôr.

— Como isso é possível?! – Ele falava consigo mesmo enquanto voltava a correr loucamente com o saco de dinheiro e a coroa na sua mochila. – Eu tenho certeza que quando eu entrei na caverna eram apenas cerca de uma hora depois do meio dia. – Estava se desesperando.

Finn gritou de frustração enquanto corria.

Aquela maldita caverna! Ele devia ter ficado tanto tempo admirando a coroa que nem tinha visto o tempo passar.

Novamente! Novamente ele tinha feito merda e agora talvez seus pais, seu irmão e seu cachorro já estejam mortos quando ele chegasse em casa.

Depois de um tempo, as pernas de Finn começaram a reclamar de dor muscular, já que ele estava correndo há muito. Mas ele não podia parar, o pôr do sol já estava quase acontecendo. E apesar dele achar que daria tempo, ele preferia não arriscar.

Até que, como por ironia do destino, Finn acabou tropeçando em uma pedra e caiu com toda força no chão. Seu tornozelo estava doendo muito, provavelmente tinha se torcido.

Então, sem nem se levantar, ele começou a chorar.

— Droga! – Gritou com fúria, socando com força o chão com as suas duas mãos.

Ele se esticou para pegar um galho grosso perto dele. Esse galho tinha mais ou menos a metade da altura de Finn. Ele o usou para se levantar e voltar a caminhar.

Claro, dessa vez ele estava bem mais lento. Então Finn só poderia contar com a sorte para chegar a tempo em sua casa.

A ideia de tentar usar a mágica da coroa passou por sua cabeça diversas vezes durante a caminhada. Mas aquela velha disse que ele não iria aguentar e ele nem sabia se a coroa podia realmente o ajudar naquela situação.

Então, por mais que ele pudesse se arrepender mais tarde, ele resolveu não usar a coroa e arriscar com a própria sorte.

Depois de algum tempo, Finn olhou no mapa novamente. Por estar fazendo uma trilha desde quando ele saiu da caverna e indo direto para a fazenda, ele estava atravessando vários lugares cheios de árvores e ela não tinha escolha a não ser olhar o mapa de vez em quando.

Ele pensou em tentar voltar para a estrada, mas iria demorar demais e aí sim ele não teria mais nenhuma chance.

Ele ficou com sede e com fome. Afinal a última vez que ele tinha comido foi na cidade e isso já tinha acontecido há muitas horas atrás. Mesmo assim, Finn não podia parar.

Quando ele viu no mapa que estava se aproximando de sua casa ele ficou mais aliviado, porque apesar de estar mais perto, ele não estava ouvindo nenhum grito ou nada que apontasse que a Trupe do Destino já tinha chegado.

Eles eram realmente barulhentos e se eles já tivessem chegado daria para escutar de muito longe.

Mas então Finn viu vários animais fugindo na direção contrária da que ele estava indo. Eles pareciam estarem fugindo da região da fazenda.

Finn estranhou, mas continuou andando.

Conforme ele ia se aproximando, ele começou a sentir o cheiro de fumaça, mas devido as altas copas das árvores tampando a maior parte do céu, ele não conseguia dizer onde estava o fogo.

Até que quando ele se aproximou o suficiente para ser capaz de ver sua casa, sua face vestiu uma feição de desespero.

Tudo estava em chamas.

As plantações, as cercas, a casa. Tudo.

Mas o pior de tudo era que ele não ouvia nada. Nem ao menos alguém pedindo socorro.

Ele jogou o galho de lado e apressou o passo. Sua face de desespero se misturava a uma de dor. Seu tornozelo doía horrores e precisava de uma parada urgente, mas Finn não tinha o luxo de parar quando tudo que ele mais amava estava sendo destruído.

Até que ele finalmente saiu da floresta.

Quanto mais as chamas aumentavam, mais seu peito apertava. Ele tinha um nó na garganta e lágrimas começaram a descer incessantemente.

Mas então ele ouviu um latido.

— Jake... – Seu olhar voltou para a janela do segundo andar, vendo o cachorro chamando por ajuda através dos seus latidos.

Finn se aproximou o mais perto que podia sem ser afetado pelas chamas.

— Pule Jake! – Ele gritou, abrindo seus braços.

Mas embora Jake fosse mais inteligente que cachorros comuns, ele ainda era só um cachorro. E apesar dele querer sair daquele lugar, ele não entenderia que seu dono queria que ele pulasse.

— Droga! – Finn gritou ainda mais.

Finn chorava olhando para seu bicho de estimação, ainda com os seus braços abertos.

Primeiro tinha sido Bartram que teve de ser vendido. Agora Jake iria morrer diante de seus olhos. Isso era um verdadeiro pesadelo.

Ele não sabia se seus pais ou se seus irmãos estavam vivos. Ele também não tinha nem reparado que o pôr do sol já tinha acabado há tempos.

Só que desde que ele saiu da caverna, ele não podia ver o céu inteiramente, então ele só poderia ter alguns palpites quanto à posição do sol.

E mesmo quando tinha escurecido, na cabeça de Finn ele se recusava a aceitar e, aos seus olhos, ainda tinha tempo o suficiente.

No futuro, quando Finn olhasse para trás e se lembrasse do que tinha ocorrido nesse dia, ele certamente iria duvidar se aquele céu claro que ele tinha visto enquanto estava correndo na floresta era uma coisa da mente dele ou se era a primeira alucinação que a coroa tinha trazido.

Mas vendo que seu cachorro poderia morrer naquele mar de chamas, a única esperança de Finn residia na coroa em sua mochila.

Ele a retirou rapidamente e, no tempo de algumas respirações, ele a colocou em sua cabeça.

No instante em que fez isso, sua pupilou encolheu drasticamente e seu cérebro parecia estar sendo rasgado em dois com a influência e o poder da coroa.

Nos primeiros dois minutos, Finn recebeu toda a informação que ele iria precisar para controlar o poder do gelo que a coroa conferia, mas junto disso veio todo tipo de pensamento distorcido que ele já havia tido em sua vida.

Todas os momentos ruins de sua vida passaram diante de seus olhos e ele ouviu diversos sussurros vindos da coroa. Vários, perversos, e todos ao mesmo tempo.

Ele sentia que iria enlouquecer a qualquer minuto e sucumbir à insanidade.

Mas então, uma voz de um homem chegou aos ouvidos de Finn.

— Se estiver ouvindo isso, então você é o próximo portador da coroa. – A voz parecia estar triste e um traço de insanidade dava para ser sentido, mesmo que fraco. – Eu realmente espero que ninguém esteja ouvindo isso. Ninguém deveria sofrer a maldição dessa maldita coroa.

As imagens e os sussurros pareciam estarem muito distantes agora, apenas a voz do homem era clara para Finn, isso realmente o salvou.

— Eu devo ser o terceiro portador da coroa. -  A voz afirmou. – E a coroa sempre se referiu a mim como Rei Gelado, então você deve se lembrar de mim por esse nome.

— Eu já perdi a noção de tempo e não sei há quanto tempo estou usando ela, mas te aviso que enquanto você a colocar na sua cabeça, você poderá usar seu poder, mas você enlouquecerá mais rapidamente. – A voz avisou.

Aquela parecia ser uma gravação, porque Finn podia ouvir alguns ruídos ao fundo da voz e barulhos que pareciam ser de uma grande batalha.

— Eu não tenho muito tempo, eu devo parar a bomba que está se aproximando. – A voz estava claramente preocupada com algo. – Então sabendo que eu provavelmente não vou sobreviver, eu quero que saiba de algumas coisas...

A voz explicou apressadamente diversas coisas sobre o real funcionamento da coroa e depois falou sobre o que Finn deveria fazer em seguida.

Basicamente, o Rei Gelado iria barrar grande parte da insanidade que a coroa causava ao seu portador, mas essa proteção não era para sempre e Finn deveria rapidamente achar um jeito de se livrar da coroa.

E o primeiro passo para isso era adquirir o Enquirídio, o manual lendário para heróis.

Quando terminou de explicar tudo, Finn pôde sentir aquele fluxo de cenas ruins de sua vida desaparecerem e, pouco a pouco, os intermináveis sussurros começaram a parar, um por um.

Até que, antes do último desaparecer, Finn ouviu claramente o que ele disse.

— Vamos ver quanto tempo você vai conseguir aguentar, Príncipe Gelado... – A voz ria em expectativa.

Os Contos do Frio e do Gelo


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Notas finais do capítulo

Bom, foi isso.
Não se esqueça de comentar, favoritar e recomendar.
Até a próxima; :D



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