Os Contos do Frio e do Gelo escrita por Samon


Capítulo 3
Os Doces que Valem por uma Mula


Notas iniciais do capítulo

bom pessoal, trago mais um capítulo para vocês! :D
eu sempre irei postar no domingo e na quarta e, as vezes, algum capítulo extra em algum outro dia.
só isso mesmo, aproveitem o capítulo.



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Muitas horas depois, Finn já havia retornado com as compras e o dinheiro necessário para pagar a Trupe do Destino.

Na verdade, tinha sobrado algumas moedas de ouro a mais, mas Finn comprou alguns doces para ele, como de costume. Afinal, que problema teria de gastar umas moedas, desde que o dinheiro da extorsão estava intacto?

— Se eu tivesse dinheiro que nem a lady Bonnibel, eu contrataria uma gangue ainda maior para destruir a Trupe do Destino... – Ele suspirou tristemente.

Esse dinheiro que estava indo para as mãos do Destinão equivalia a quase metade dos lucros que a fazenda conseguia produzir, se os pais de Finn mantivessem aquele dinheiro, daria para comprar mais terrenos, plantar mais e, consequentemente, ganhar mais dinheiro.

Mas o mesmo também acontecia com outras fazendas. A trupe impedia as fazendas de crescerem, o que as impedia de crescer o suficiente para ir contra a ela.

Finn não podia negar que aquela ruiva tinha vindo diversas vezes à sua memória e ele gostaria de falar com ela ao menos uma vez antes dela ser transportada até a capital. Era mais a título de curiosidade sobre as terras de onde ela veio.

Entretanto, uma vez na capital, era impossível para um caipira como Finn sequer vê-la.

Mas antes que pudesse continuar suas divagações, um grito foi ouvido.

— Família Mertens! Tá na hora do dinheiro do Destinão! – A voz carregava um caráter sádico que realmente fazia os pensamentos de rebelião tremerem.

Quando ouviu isso, o pai de Finn foi o primeiro a sair da casa com um saco de dinheiro em mãos, a quantia exata que era cobrada há anos.

O membro da trupe que foi em frente e tomou o saco rispidamente era um homem grande, como uma montanha, com uma enorme e horrível cicatriz que ia do lado esquerdo da sua testa ao lado direito do seu queixo.

Ele tinha um olhar aterrorizador, como se ele fosse te matar se você o encarasse.

— Não tem o suficiente aqui. – Ele disse simplesmente, depois de jogar o saco para um dos homens atrás dele. Ao todo, tinham 4 pessoas da Trupe do Destino.

— Como assim?! – O pai de Finn começou a se preocupar. – Eu não contei errado, essa é mesma quantia de sempre!

— Mas agora o de sempre não é mais suficiente. – O montanha deu um passo para frente, fazendo o pai de Finn dar três para trás. – Eu quero mais, agora.

A mãe de Finn, junto com seus filhos, estava vendo e ouvindo tudo de dentro da casa.

— Finn, meu filho, esse foi todo o dinheiro que sobrou? – A mãe estava preocupada com seu marido, por isso resolveu perguntar novamente para o garoto mais velho.

— Sim, mãe. – Finn não ousou olhar para a sua mãe enquanto respondia.

Suor frio escorreu pelo rosto do garoto enquanto a culpa começava a corrói-lo de forma assustadora.

E se ele tivesse trazido todo o dinheiro? Com certeza não era muito, mas ele seria capaz de diminuir o desejo daquele grandão.

Se algo acontecesse com sua família por causa daqueles malditos doces, Finn não saberia o que faria. Mas talvez ele pensaria até mesmo em suicídio.

— Desculpa, mas nós não temos mais nenhum dinheiro. – O pai de Finn abaixou a cabeça e respondeu com medo. Ele esperava um milagre que faria aquela trupe ir embora.

— Não importa. Se não tem o dinheiro, então não vai ter mais a casa também. – O montanha sorriu sadicamente. Aquele cara era definitivamente doente.

Justo quando os membros da Trupe do Destino estavam prestes a pegar tochas, o pai de Finn veio com uma solução.

— Por favor, esperem até amanhã, eu vou mandar meu menino até a cidade e vou vender um dos animais. – O pai de Finn praticamente implorava.

— Então você tem até o pôr do sol. Eu vou querer, no mínimo, metade desse saco que você me deu agora. – O grandão não esperou uma resposta e já foi embora. Ao vê-lo sair, os outros seguiram atrás, mas não sem antes insultar a família Mertens.

Toda a família suspirou quando a trupe foi embora.

Finn nem esperou seu pai o chamar, ele já saiu da casa e pegou Bartram.

— Pai, qual animal que eu devo vender? – Finn não tinha ideia de que animal deveria levar, porque o único que valia tanto na fazenda era o seu amado Bartram.

— Desculpa filho, mas você vai ter que vender essa mula. – O pai sabia o quanto seu filho mais velho gostava daquele animal, mas entre a vida de seu filho ou a de uma mula, não era preciso muito tempo para fazer uma escolha.

Finn ficou parado por um tempo com uma expressão de dor. Não física, obviamente.

Ele não queria vender o Bartram, que estava com ele há tantos anos, mas ao mesmo tempo ele se sentia imensamente culpado.

Mas esse conflito interno não durou muito.

— Vamos Bar Bar, vamos para a cidade. – Ele chamou suavemente, enquanto montava nele.

— Perdão filho. – O pai se sentiu mal, então pediu mais uma vez. Finn olhou para seu velho e acenou com a cabeça. Não era culpa dele.

Dentro da pequena casa, a mãe e o irmão mais novo suspiraram. Eles não sabiam por mais quanto tempo eles teriam que viver daquele jeito.

Havia até a ideia de denunciar a Trupe do Destino às autoridades, só que nessa região, todas elas tinham sido ou compradas, ou tinham medo de agir.

E o Destinão de já tinha deixado claro que se alguém o denunciasse para alguém de fora, todas as fazendas sob sua ‘proteção’ seriam consideradas culpadas e seriam destruídas.

Consequentemente, a única alternativa restante era aguentar toda a humilhação e a extorsão que sofriam.

A vida era simples, mas dura para todos os fazendeiros perto daquela região.

Os Contos do Frio e do Gelo

Tão logo chegou na cidade, Finn passou um bocado de tempo com seu querido Bartram.

Mas isso não podia durar mais, então ele foi até a única vendedora de animais da cidade: Susana Forte. O ‘Forte’ no nome era devido aos músculos assustadores daquela mulher e ao seu jeito meio bruto, mas gentil.

E era inegável que ela tinha talento em cuidar de animais, ela parecia ter a habilidade de se comunicar com eles, então era bem famosa pelas redondezas.

— A que devo a visita do meu amiguinho Finn? – Susana perguntou.

Finn não usaria a palavra amigo, mas ele conversava as vezes com Susana, na maioria das vezes sobre Bartram ou Jake.

— Eu vim vender o Bartram para você. – Finn disse rapidamente, pois se ele demorasse muito, ele sentia que não ia conseguir dizer o que devia.

— Oh, Finn... – Susana não era muito familiarizada com ele, mas por suas poucas conversas, ela sabia que ele realmente gostava daquela mula. – Tudo bem. Então você quer quanto por ele?

Ela percebeu que se ele tinha decidido vender o Bartram, era porque ele realmente precisava de dinheiro, então ela tinha decidido tentar dar o maior valor possível para aquela mula.

Ela não era do tipo caridosa, mas para um outro amante de animais como Finn, ela decidiu fazer esse pequeno sacrifício.

— 300 Moedas de ouro. – Finn disse. Esse era o dinheiro exato que ele tinha que dar para a Trupe do Destino e esse era um valor até que justo para vender o Bartram.

Susana, por sua vez, tinha se impressionado pelo valor proposto por Finn, ela não esperava que fosse algo tão baixo. Ela estava preparada para dar até 500 moedas de ouro se ele pedisse.

— Então aqui, pegue 350 moedas e eu vou te dar esse mapa também. – Ela entregou um saco até que pesado para o garoto e um mapa um novo.

Finn tinha ficado feliz pelas moedas extras, mas o que o deixou curioso foi o mapa. Ele estava representando uma área perto da cidade e apontava para uma caverna que ficava até que escondia dentro da floresta.

— Esse mapa eu adquiri recentemente de um velho que queria me agradecer por cuidar da tartaruga dele. – Finn parecia tentar adivinhar o que esse mapa poderia estar revelando.

Poderia ser um tesouro?!

— O velho disse que ele mesmo tinha feito esse mapa e onde o X aponta é o local onde ele achou um pequeno tesouro. – Susana explicou. – Ele disse que estava velho demais para se importar com tesouros e deu para mim essa manhã. Eu realmente não entendo como essas pessoas idosas pensam...

— E eu não acho que há alguma coisa no lugar que esse mapa está levando, mas você pode tentar ir e adquirir o que tiver por lá. – Susana concluiu sorrindo.

Finn se sentia muito feliz. Ele quase queria chorar. Uma mulher que ele mal conhecia estava dando a chance que ele tanto queria para poder ficar rico.

Ele com toda a certeza não iria desperdiçar essa chance!

Os Contos do Frio e do Gelo


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Notas finais do capítulo

Obrigado por ler.
Não se esqueça de comentar o que achou e sugestões para os próximos capítulos. Além de favoritarem e recomendarem a história! :D
Até o próximo capítulo.



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