Sempre foi você escrita por Débora Silva


Capítulo 6
"Essa é a família dele..."




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/732913/chapter/6

— Você... – Ele falou com calma. – Maria, é você mesmo?

— Sim, Estevão, sou eu Maria!

Eles tinham a mirada uma na outra os olhos brilhavam com sentimentos que não se sabia bem o que era. Ela era agradecida por ele ter salvado a sua vida e ele por outro lado nem sabia que havia salvado a mulher da sua vida. Era o passado indo de encontro com o futuro, um passado que não tinha fechado portas e que agora estava ali tendo mais uma chance de fazer as coisas certas ou não.

Foram longos minutos ali apenas se olhando, mas ela precisava interrogar ele e se afastou...

— O que fazia naquele shopping no momento do atentado? - Ela o analisou e esperou a resposta.

Estevão se moveu na cama pareceu incomodado mais a olhou nos olhos e respondeu.

— Eu trabalho lá, ou melhor, depois de hoje acho que perdi meu emprego! - Suspirou.

— Você me deixou há vinte anos por um sonho e agora vai me dizer que virou um simples segurança? O que aconteceu com você? Seu sonho onde ficou? - Cobrou dele.

Estevão suspirou e se envergonhou por nada ter dado certo em sua vida, ele abaixou o olhar e pensou se contava ou não a ela, mas ao voltar seus olhos para o dela, ele percebeu ali que ela queria respostas e não sairia dali sem elas. Ele tomou ar e começou.

— Quando eu sai da sua casa naquele ano, eu arrumei um trabalho e comecei a faculdade de direito. – Suspirou. – conclui ela mais na prova da OAB eu não passei nas três tentativas. – Falou com tristeza. – Eu me revoltei, pensei em voltar mais como iria te encarar cinco anos depois do mesmo jeito como sai? Um pobretão! – Maria ficou indignada.

— Orgulhoso! Idiota! – Gritou com ele. – Seu orgulho era maior que nosso amor, você poderia ter ficado e nos dois tínhamos estudo juntos! Mas você preferiu me deixar, me deixou e virou o que segurança de shopping? – Atacou ele.

Estevão se ajeitou melhor na cama e a encarou, Maria andou pelo quarto e voltou a encarar ele como um pouco de ódio no olhar.

— Eu... Eu não podia voltar com uma mão na frente e outra atrás! – Passou a mão boa no cabelo. – Maria, eu queria ser melhor pra você mais eu nunca consegui e também depois que não consegui passar na prova minha mãe caiu doente e eu tive que cuidar dela, arrumei um bico de segurança e nele me mantive ate hoje pra cuidar da minha filha... – Soltou sem saber como ela reagiria àquela informação.

Maria arregalou os olhos e quase ofegou ali na frente dele, quis por um segundo chorar mais não o fez, ela sentiu o baque mais nenhuma reação mais foi vista em seu olhar, ele havia ido, deixado ela e ainda tinha formado família? Era muitas perguntas sem respostas, muitos "is" para ser resolvidos.

Estevão viu ali nos olhos dela que por mais dura que Maria fosse agora, ela tinha sentido mais que o normal aquela informação, ele então tratou de continuar a sua historia.

— Eloá ira completar quinze anos agora no final do mês Maria. – Ele suspirou. – Eu não te trai! Eu não te trai porque eu te amava, Eloá nasceu do acaso, foi somente uma noite de bebedeira e eu não posso dizer que me arrependo porque ela é a minha vida agora!

Maria estralou os cinco dedos do braço machucado e mordeu os lábios de nervoso, se afastou mais dele e o olhou.

— Que bom que é feliz Estevão, mas agora eu quero que me conte o que viu e ouviu naquele shopping! – Ele suspirou.

— Você é da policia? – Perguntou a ela.

— Sou juíza! – Soltou seca. – Preciso saber de tudo que se lembra! – Esperou que ele começasse a falar.

Ele a olhou e depois de segundos começou a falar.

— Eu estava fazendo minha ronda quando eu ouvi o primeiro tiro, eu me escondi e analisei a cena, vi que eram dois carros e que você estava na mira deles, eu nem pensei apenas queria ajudar. – Falava tudo que lembrava. – Derrubei dois que estavam pra te pegar por trás e foi ai que me aproximei de você... O resto da historia você conhece de cor.

— Antes de isso tudo acontecer você viu algo de diferente? – Ele negou com a cabeça.

— Não, estava tudo normal e calmo ate o carro da senhora chegar! – Ela estranhou o "Senhora" mais nada falou.

— Você vai ter que prestar depoimento na delegacia assim que estiver de alta! – Ela se aproximou e deixou o colar dele ao lado da cama. – Eu tenho que ir minha família me espera! Que você melhore logo e mais uma vez muito obrigada por me saltar e salvar o meu filho. – No mesmo momento Estevão olhou a mão dela.

E para a tristeza dele, Maria portava uma aliança na mão esquerda que fez com que ele sentisse certa raiva...

— Você tem um filho? – Ela confirmou que sim. – Quantos anos? – Maria molhou os lábios que estavam secos.

— Três meses e dez dias. – A surpresa foi maior ainda e ele deduziu que o casamento era recente ainda.

— Parabéns Maria! – A voz soou fraca.

— Obrigada Estevão! Bom estimo melhoras e muito obrigada de novo.

— Não precisa agradecer esse é o meu trabalho! Proteger e guardar vidas. – Ela assentiu.

— O meu é fazer com que desgraçados como esses que nos atacou seja preso pelo resto da vida! – Ele sentiu uma fisgada na espinha. – Ate breve Estevão. – E sem mais ela se retirou dali.

[...]

CINCO DIAS DEPOIS...

Os que não foram mortos no shopping já estavam de alta e encaminhados para a prisão, nenhum deles abriu o bico o que deixou Maria ainda mais revoltada. Ela queria agredir cada um deles ate tirar a verdade mais não foi possível e ela jurou que os dias deles na cadeia não seriam nada fáceis.

Ela não viu mais Estevão que também já estava de alta e ao chegar ao trabalho para entregar o atestado foi prontamente demitido sem pena ou uma justificativa plausível o que o deixou furioso, ele saiu bufando do estacionamento e se perguntou o que iria fazer logo depois de colocar um processo nas costas da empresa.

Ele saiu de dentro do estacionamento e como se não fosse piorar uma forte chuva começou e ele não teve nem tempo de se abrigar, a raiva tomou ainda mais conta dele e ele gritou no meio da rua mais não correu ficou ali na chuva e andou ate o ponto de táxi.

Estevão parou se protegendo da chuva mais um ônibus em alta velocidade veio e como a chuva estava forte jogou muita água nele, ele xingou ate a sétima geração daquele desgraçado e como foi possível ele conseguiu um táxi que o levou para sua casa. Nada que não estava ruim que não poderia piorar pensou ele.

Minutos depois ele chegou à porta de sua casa e a chuva já era mais fraquinha, ele entrou em casa o mais rápido possível e foi para um banho, quando terminou ele desceu e não encontrou nenhuma de suas mulheres em casa, foi à cozinha e pegou um pouco de leite o braço doía mais ele não colocou a tipoia. Estevão ia sentar quando ouviu a campainha.

Rapidamente Estevão foi ate a porta e quando abriu ele ate tomou um susto, Maria o encarou por um momento, ela segurava o guarda chuva entre os dedos e esperou que ele saísse de seu assombro.

— O que faz aqui? – Foi direto. – E como sabe onde eu moro? – Ela sorriu de leve.

— Eu poderia te encontrar ate do outro lado do país Estevão! Será que eu posso entrar? – Ele saiu do assombro mais não a deixou entrar.

— O que quer aqui? – Tornou a perguntar.

Maria percebeu como ele estava de guarda armada com a presença dela ali e depois de um suspiro falou logo de uma vez...

— Quero que trabalhe para mim! – Estendeu a mão com uma pasta. – Eu sei que esta sem emprego no momento e por esse motivo eu quero que trabalhe para mim! – Ele pegou a pasta.

— Você quer que eu trabalhe pra você? – Ela assentiu. – Me quer por perto pra provar pra eu sou de verdade um fracassado?

Maria abriu e fechou a boca assustada com o que ele acabara de falar e quando foi responder ambos ouviram uma voz...

— Papai... – Eloá se aproximou.

Maria virou seu corpo e olhou a menina de cabelos escuros e olhos claros como os dele, seu coração bateu em um ritmo ainda mais forte quando viu a mulher que vinha junto a ela. Uma mulher loira aparentava ter a mesma idade de Maria e ela deduziu que era a esposa dele, ela o olhou e não disse mais nada apenas saiu dali indo embora.

Estevão não entendeu mais também não a impediu de ir embora, Eloá se aproximou dele e com cuidado o abraçou sabia que o pai estava recém operado e não o queria machucar. Maria os olhou de dentro do carro e sussurrou para si mesmo.

— Essa é a família dele...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sempre foi você" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.