Princess Haylley's Diary - Volume III escrita por Haylley Ashiz


Capítulo 13
Auntie Twily's Test Subject




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Domingo, 27 de setembro de 2015

Assim que almoçamos no castelo, Twilight apareceu lá para que pudéssemos ir pra casa dela para começarmos os testes.

Segui-a até sua casa, e fomos até o seu laboratório subterrâneo.

Não sei se eles mudaram isso no desenho de propósito ou não, mas o laboratório era super assustador. Escuro pra caramba, tubos de ensaio e garrafas com substâncias fluorescentes e brilhantes (o que dava um ar mais sombrio ainda) e uma coisa...

Uma cadeira de metal cheia de fios e mais fios, com cintos de metal nos braços e perto dos pés (certeza absoluta que era pra prender alguém ali. No caso, eu), bem no meio do laboratório.

— Fique à vontade — disse ela. — Vou preparar algumas coisas...

Vou ficar super à vontade, sim. Obrigada.

Olhei em volta, com medo de encostar em qualquer coisa e quebrar cuidadosa do jeito que sou e Twilight explodir comigo.

— Então, Haylley...

Voltando meu olhar de volta para ela, percebi que usava um jaleco e um coque no cabelo (crina, sei lá. Você entendeu).

— Você era humana, foi mordida por um lobisomem, e a transformação começou. Certo?

— Bem isso — respondi.

— Teoricamente, quando um humano é mordido por um lobisomem, a transformação é imediata. Sabe explicar isso?

— Nem sei. Acho que é porque o bicho tinha DNA de humano.

— DNA humano... hm...

Twilight colocou seus óculos, pegou uma prancheta, uma pena e começou a fazer umas anotações.

— Pode sentar naquela cadeira ali? — pediu, apontando para a cadeira.

Engoli em seco.

Com um pouco de medo, sentei na cadeira.

— Você tem DNA de lobo? — perguntou Twilight.

— Sei lá — repliquei.

— Você sempre teve essa cauda?

— Sempre.

Ela veio até mim e analisou minha cauda.

— De que cor eram os pelos? — inquiriu.

— Da mesma cor do meu cabelo — respondi.

Sempre gostei muito de ciências, e tal.

Mas isso aqui tá muito chato.

E o pior: Twilight parece estar amando.

A unicónio pegou uma escova e penteou minha cauda. Depois, pegou um dos pelos que sairam e analisou-o num microscópio.

E me deixou lá, sentada naquela cadeira com a maior cara de trouxa.

— Err... Twilight? — chamei. — Eu já posso ir?

Twilight lentamente virou sua cabeça para me encarar.

— Ir?... e quem disse que você vai?

Comecei a me desesperar.

Sabe quando seu coração bate tão rápido que você consegue senti-lo?

— T-Twilight... o que você quer dizer com isso? — gaguejei.

— Quero dizer, você não vai embora — respondeu Twilight. — Pelo menos... não agora.

— Quanto tempo isso vai levar? — indaguei, nervosa.

— Se você colaborar com a titia Twily, pode ser bem rápido.

— "Titia Twily"?...

— Sim, sim!

Ela riu. Depois, limpou a garganta e ficou em silêncio.

"Colaborar" com a "titia Twily"? Okay, okay.

Depois de fazer mais algumas anotações, o chifre da alicórnio lilás começou a brilhar com aquela aura magenta.

Os cintos nos braços da cadeira automaticamente se fecharam nos meus pulsos, me prendendo ali. O mesmo aconteceu com meus tornozelos.

Twilight voltou-se para mim de novo.

— Q-Qual é a necessidade d-disso?! — indaguei.

— Só pra você não se desesperar — respondeu Twilight, sorrindo.

Parabéns, titia Twily. Você falhou.

— M-Mas o que você vai fazer comigo?...

— Testes. Não é isso o que fazemos com cobaias?

Twilight dirigiu-se até uma mesa cheia de botões, provavelmente a mesa de controle da alguma coisa.

E eu já estava tão desesperada que já estava achando que era o controle da cadeira de choque, mas okay.

Não era uma cadeira de choque.

Do nada, comecei a ouvir um barulho. Um barulhinho chato e irritante que estava começando a incomodar minhas orelhas de lobo.

— Está ouvindo? — quis saber Twilight.

— Você não? — retruquei.

— Hmm...

O barulho ficou ainda mais alto, e Twilight parecia estar super de boa com isso. Parecia um apito, um chiado, sei lá. Acho que é assim que apitos pra cachorro soam.

Aquela maluca continuava aumentando o volume daquela coisa pra me deixar maluca também.

— Para, para, para! — implorei.

De repente, silêncio. Pensei que tinha ficado surda de vez, mas logo ouvi titia Twily dizendo:

— E aí?

— E aí... o quê? — questionei. — Você queria me deixar surda?!

— Não. Você não seria mais útil pra mim assim.

— "Útil"?...

— Sim, útil — repetiu Twilight, sorrindo.

Suspirei.

— Por quanto tempo você pretende me pren- quer dizer, me usar como cobaia? — perguntei.

— Algumas... — começou Twilight.

— Horas? — interrompi.

— ... semanas — completou ela.

— O quê?! Eu tenho que ir pra casa!

— Agora?

— N-Não! Quando o portal abrir!

— O que vai demorar mais ou menos o tempo que eu preciso de você.

— Que você precisa ou que você quer?

Cala a boca, Haylley!

A expressão da alicórnio se fechou. Engoli em seco mais uma vez.

— Vamos continuar — disse, virando-se.

E ela fez mais um monte de exames, como raio-x e exame de sangue, e outros tipos de testes como me fazer correr ou saber se eu conseguia diferenciar cores, e isso levou o dia inteiro.

Devia ser umas 10 da noite quando finalmente titia Twily resolveu ir para o quarto.

— Hoje foi um longo dia! — exclamou Twilight, deitada na cama.

— Nem me diga... — comentei. — Mas, hey, posso ir embora agora?

— Você vai embora quando eu terminar com os testes.

— E quando vou poder ver minhas amigas?

— Quando você for embora.

— E quando eu vou embora?

— Isso está começando a ficar repetitivo.

Suspirei.

— Se eu vou ficar aqui, onde vou dormir? — eu quis saber.

— Na cama do Spike — respondeu Twilight.

— Primeiro, cadê ele? — indaguei.

— Visitando seus amigos dragões.

— Segundo, você acha que eu caibo ali?!

Apontei para a cestinha em que Spike dormia.

— Isso não é problema — respondeu Twilight.

Ela lançou um feitiço que fez a cesta ficar umas três vezes maior.

— Mais alguma pergunta? — quis saber a unicórnio.

— Uh... sim. Posso comer alguma coisa? — perguntei.

Twilight levantou as sobrancelhas, surpresa. Pulou da cama, abrindo as asas, e disse:

— Ora, claro! Você não comeu o dia todo, não é? Desculpe por isso. Vem comigo.

Segui Twilight até a cozinha da biblioteca e ela remexeu na geladeira.

— Que tal... um sanduíche de feno? — sugeriu ela.

— Hmm, eu não sou muito fã de feno — respondi, tentando ser educada.

— Então... uma cenoura-quente?

— Cenoura...? Ah, aquele cachorro-quente de cenoura?

— O que é um cachorro-quente?

— Comida humana. O que mais tem aí?

— Acho que tem bolo.

— Bolo? Opa, quero.

Ela tirou da geladeira um prato com um bolo de chocolate com mais da metade cortada. Twilight, toda educadinha e culta como sempre, cortou dois pedaços, colocou-os em pratinhos, pegou dois garfos e me deu.

Vou ser sincera, eu até tentei pegar o garfo, mas essas patas não estão ajudando. Então eu simplesmente ignorei o talher e usei as técnicas que aprendi com Bisnaga: simplesmente peguei o bolo com a boca e comi.

Twilight riu.

— Que foi? — questionei, lambendo o focinho.

— Nada não — respondeu Twilight.

— Eu posso tentar usar o garfo se você quiser.

— Lobos não usam garfos.

— Eu não sou 100% lobo.

— Mas também não é 100% humana. Na verdade, nunca foi.

— Por quê?

— De onde você acha que essa cauda surgiu?

— Então eu sempre fui meio lobo?

— Não meio. Não sei quanto exatamente, mas agora você é 44% humana.

— Só isso?!

— É bastante coisa, considerando que estamos em Equestria, onde o tempo passa duas vezes mais rápido aqui do que no seu mundo.

— Mas e a poção que Fluttershy me deu?

— O efeito só dura uma semana. Oh, e acho que seus olhos estão ficando amarelos.

— O quê?

Me levantei da cadeira para procurar um espelho, mas Twilight me chamou:

— Haylley, espera. Não há nada que possamos fazer para parar a transformação.

— Tem, sim! — exclamei. — O meu antídoto!

— Sim, você mencionou isso!

Ela também se levantou e continuou:

— Onde conseguiu?

— Eu não consegui, só sei os ingredientes... — respondi.

— Mas como?

— Com Aslam.

— Quem é Aslam?

— Rei de Nárnia.

— Oh, e... onde fica Nárnia?

— Não faço a mínima ideia.

— Então como você foi pra lá?

— Portais.

— Oh. Claro.

A unicórnio parecia pensativa.

— Termine seu bolo — mandou. — Falo com você depois.

Ela saiu da cozinha.

Eu não vou mentir, esse bolo é muito bom.

Mas ficar mais de uma semana sem comer absolutamente nenhuma carne sendo 56% lobo?

Se alguma ovelha de Sweet Apple Acres misteriosamente sumir, não sei de nada.

Acabei comendo o bolo de Twilight também e fui procurar por ela.

— Nárnia, Nárnia, Nárnia... — ela repetia, lendo vários livros.

— Twilight... — chamei.

— Sim? — respondeu ela, olhando para mim.

— Nárnia não está em lugar nenhum. Nárnia acontece.

— Isso faz tanto sentido quanto sentido Pinkie.

— Foi Elen que me disse isso. Ela é de lá.

— Hmm...

— Pergunta pra ela. Não acho que vá encontrar nada aí.

Com isso, a unicórnio decidiu ir dormir.

 

Terça-feira, 6 de outubro de 2015

— Estou dizendo, uma das minhas ovelhas sumiu, e a única que tem um lobisomem de estimação aqui é você, Twilight!

Estávamos Twilight, Applejack, Fluttershy, Rainbow Dash e eu em Sweet Apple Acres, em frente ao curral de ovelhas. A pônei laranja ralhava com a alicórnio, enquanto as pégasus tentavam acalmá-la e eu só observava a treta que eu tinha causado.

— Você não alimenta seu animal? — continuou Applejack.

— Primeiramente, Haylley não é meu animal de estimação. Ela é minha cobaia. — começou Twilight. — Segundo, nós pôneis não comemos carne nenhuma, então eu simplesmente dou nossa comida para ela.

— É o ciclo natural, Applejack — explicou Fluttershy. — A cadeia alimentar funciona assim.

— Quem liga pra ciclos! Ela é metade humana! — exclamou Rainbow.

— 39% humana, Dash — corrigiu Twilight.

— Quem liga pra números! — gritou Applejack.

— Olha, eu sei que eu fui descuidada, mas pode ter certeza que isso não vai acontecer de novo — disse Twilight.

Nossa, estou realmente me sentindo um animal agora.

Rainbow Dash e Fluttershy conseguiram fazer Applejack se acalmar e Twilight e eu pudemos voltar para a biblioteca (claro, depois de mais umas mil desculpas e "isso não vai acontecer de novo").

— Twilight, eu-

— Haylley, não — interrompeu-me a alicórnio. — Foi culpa minha. Eu devia saber que isso poderia acontecer.

— Não, eu devia ter me controlado!

— Instinto. Como Fluttershy disse, a cadeia alimentar funciona assim.

— Desculpa...

— Tudo bem. Mas eu vou ter que tomar uma atitude.

E a tal "atitude" seria me prender dentro da biblioteca como se eu fosse um bicho mesmo.

— Tem necessidade disso? — indaguei.

— Eu particularmente acho que não — replicou Twilight. — Eu simplesmente ia pedir pra você prometer que não faria mais isso.

— E por que não fez isso?

— Porque eu não posso forçar minhas amigas a acreditar em um meio lobisomem.

— 61% lobisomem.

— Você entendeu meu ponto. A coisa é, enquanto sua transformação não for interrompida, você não vai ser nada além de uma ameaça para elas.

Então, titia Twily me prendeu pelo tornozelo com uma corrente.

— Me desculpe ter que ser assim... — desculpou-se a alicórnio.

— Tudo bem — respondi.

Os testes duraram pelo resto do mês.

E tudo acabou ficando bem repetitivo, já que eu tinha que fazer as mesmas coisas todos os dias. Twilight me deu outra poção para atrasar a transformação, especialmente pela questão do tempo passar mais rápido em Equestria.

Titia Twily me disse que em poucos dias eu seria 100% lobo.

E eu fiquei com muito medo, muito medo mesmo, e quase que eu tomei um caldeirão inteiro daquela poção, mas ela me disse que teria o mesmo efeito.

O que eu posso concluir a partir disso?

Eu quero ir embora daqui, muito.

Eu preciso sair daqui.


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