Princess Haylley's Diary - Volume III escrita por Haylley Ashiz
Domingo, 27 de setembro de 2015
Assim que almoçamos no castelo, Twilight apareceu lá para que pudéssemos ir pra casa dela para começarmos os testes.
Segui-a até sua casa, e fomos até o seu laboratório subterrâneo.
Não sei se eles mudaram isso no desenho de propósito ou não, mas o laboratório era super assustador. Escuro pra caramba, tubos de ensaio e garrafas com substâncias fluorescentes e brilhantes (o que dava um ar mais sombrio ainda) e uma coisa...
Uma cadeira de metal cheia de fios e mais fios, com cintos de metal nos braços e perto dos pés (certeza absoluta que era pra prender alguém ali. No caso, eu), bem no meio do laboratório.
— Fique à vontade — disse ela. — Vou preparar algumas coisas...
Vou ficar super à vontade, sim. Obrigada.
Olhei em volta, com medo de encostar em qualquer coisa e quebrar cuidadosa do jeito que sou e Twilight explodir comigo.
— Então, Haylley...
Voltando meu olhar de volta para ela, percebi que usava um jaleco e um coque no cabelo (crina, sei lá. Você entendeu).
— Você era humana, foi mordida por um lobisomem, e a transformação começou. Certo?
— Bem isso — respondi.
— Teoricamente, quando um humano é mordido por um lobisomem, a transformação é imediata. Sabe explicar isso?
— Nem sei. Acho que é porque o bicho tinha DNA de humano.
— DNA humano... hm...
Twilight colocou seus óculos, pegou uma prancheta, uma pena e começou a fazer umas anotações.
— Pode sentar naquela cadeira ali? — pediu, apontando para a cadeira.
Engoli em seco.
Com um pouco de medo, sentei na cadeira.
— Você tem DNA de lobo? — perguntou Twilight.
— Sei lá — repliquei.
— Você sempre teve essa cauda?
— Sempre.
Ela veio até mim e analisou minha cauda.
— De que cor eram os pelos? — inquiriu.
— Da mesma cor do meu cabelo — respondi.
Sempre gostei muito de ciências, e tal.
Mas isso aqui tá muito chato.
E o pior: Twilight parece estar amando.
A unicónio pegou uma escova e penteou minha cauda. Depois, pegou um dos pelos que sairam e analisou-o num microscópio.
E me deixou lá, sentada naquela cadeira com a maior cara de trouxa.
— Err... Twilight? — chamei. — Eu já posso ir?
Twilight lentamente virou sua cabeça para me encarar.
— Ir?... e quem disse que você vai?
Comecei a me desesperar.
Sabe quando seu coração bate tão rápido que você consegue senti-lo?
— T-Twilight... o que você quer dizer com isso? — gaguejei.
— Quero dizer, você não vai embora — respondeu Twilight. — Pelo menos... não agora.
— Quanto tempo isso vai levar? — indaguei, nervosa.
— Se você colaborar com a titia Twily, pode ser bem rápido.
— "Titia Twily"?...
— Sim, sim!
Ela riu. Depois, limpou a garganta e ficou em silêncio.
"Colaborar" com a "titia Twily"? Okay, okay.
Depois de fazer mais algumas anotações, o chifre da alicórnio lilás começou a brilhar com aquela aura magenta.
Os cintos nos braços da cadeira automaticamente se fecharam nos meus pulsos, me prendendo ali. O mesmo aconteceu com meus tornozelos.
Twilight voltou-se para mim de novo.
— Q-Qual é a necessidade d-disso?! — indaguei.
— Só pra você não se desesperar — respondeu Twilight, sorrindo.
Parabéns, titia Twily. Você falhou.
— M-Mas o que você vai fazer comigo?...
— Testes. Não é isso o que fazemos com cobaias?
Twilight dirigiu-se até uma mesa cheia de botões, provavelmente a mesa de controle da alguma coisa.
E eu já estava tão desesperada que já estava achando que era o controle da cadeira de choque, mas okay.
Não era uma cadeira de choque.
Do nada, comecei a ouvir um barulho. Um barulhinho chato e irritante que estava começando a incomodar minhas orelhas de lobo.
— Está ouvindo? — quis saber Twilight.
— Você não? — retruquei.
— Hmm...
O barulho ficou ainda mais alto, e Twilight parecia estar super de boa com isso. Parecia um apito, um chiado, sei lá. Acho que é assim que apitos pra cachorro soam.
Aquela maluca continuava aumentando o volume daquela coisa pra me deixar maluca também.
— Para, para, para! — implorei.
De repente, silêncio. Pensei que tinha ficado surda de vez, mas logo ouvi titia Twily dizendo:
— E aí?
— E aí... o quê? — questionei. — Você queria me deixar surda?!
— Não. Você não seria mais útil pra mim assim.
— "Útil"?...
— Sim, útil — repetiu Twilight, sorrindo.
Suspirei.
— Por quanto tempo você pretende me pren- quer dizer, me usar como cobaia? — perguntei.
— Algumas... — começou Twilight.
— Horas? — interrompi.
— ... semanas — completou ela.
— O quê?! Eu tenho que ir pra casa!
— Agora?
— N-Não! Quando o portal abrir!
— O que vai demorar mais ou menos o tempo que eu preciso de você.
— Que você precisa ou que você quer?
Cala a boca, Haylley!
A expressão da alicórnio se fechou. Engoli em seco mais uma vez.
— Vamos continuar — disse, virando-se.
E ela fez mais um monte de exames, como raio-x e exame de sangue, e outros tipos de testes como me fazer correr ou saber se eu conseguia diferenciar cores, e isso levou o dia inteiro.
Devia ser umas 10 da noite quando finalmente titia Twily resolveu ir para o quarto.
— Hoje foi um longo dia! — exclamou Twilight, deitada na cama.
— Nem me diga... — comentei. — Mas, hey, posso ir embora agora?
— Você vai embora quando eu terminar com os testes.
— E quando vou poder ver minhas amigas?
— Quando você for embora.
— E quando eu vou embora?
— Isso está começando a ficar repetitivo.
Suspirei.
— Se eu vou ficar aqui, onde vou dormir? — eu quis saber.
— Na cama do Spike — respondeu Twilight.
— Primeiro, cadê ele? — indaguei.
— Visitando seus amigos dragões.
— Segundo, você acha que eu caibo ali?!
Apontei para a cestinha em que Spike dormia.
— Isso não é problema — respondeu Twilight.
Ela lançou um feitiço que fez a cesta ficar umas três vezes maior.
— Mais alguma pergunta? — quis saber a unicórnio.
— Uh... sim. Posso comer alguma coisa? — perguntei.
Twilight levantou as sobrancelhas, surpresa. Pulou da cama, abrindo as asas, e disse:
— Ora, claro! Você não comeu o dia todo, não é? Desculpe por isso. Vem comigo.
Segui Twilight até a cozinha da biblioteca e ela remexeu na geladeira.
— Que tal... um sanduíche de feno? — sugeriu ela.
— Hmm, eu não sou muito fã de feno — respondi, tentando ser educada.
— Então... uma cenoura-quente?
— Cenoura...? Ah, aquele cachorro-quente de cenoura?
— O que é um cachorro-quente?
— Comida humana. O que mais tem aí?
— Acho que tem bolo.
— Bolo? Opa, quero.
Ela tirou da geladeira um prato com um bolo de chocolate com mais da metade cortada. Twilight, toda educadinha e culta como sempre, cortou dois pedaços, colocou-os em pratinhos, pegou dois garfos e me deu.
Vou ser sincera, eu até tentei pegar o garfo, mas essas patas não estão ajudando. Então eu simplesmente ignorei o talher e usei as técnicas que aprendi com Bisnaga: simplesmente peguei o bolo com a boca e comi.
Twilight riu.
— Que foi? — questionei, lambendo o focinho.
— Nada não — respondeu Twilight.
— Eu posso tentar usar o garfo se você quiser.
— Lobos não usam garfos.
— Eu não sou 100% lobo.
— Mas também não é 100% humana. Na verdade, nunca foi.
— Por quê?
— De onde você acha que essa cauda surgiu?
— Então eu sempre fui meio lobo?
— Não meio. Não sei quanto exatamente, mas agora você é 44% humana.
— Só isso?!
— É bastante coisa, considerando que estamos em Equestria, onde o tempo passa duas vezes mais rápido aqui do que no seu mundo.
— Mas e a poção que Fluttershy me deu?
— O efeito só dura uma semana. Oh, e acho que seus olhos estão ficando amarelos.
— O quê?
Me levantei da cadeira para procurar um espelho, mas Twilight me chamou:
— Haylley, espera. Não há nada que possamos fazer para parar a transformação.
— Tem, sim! — exclamei. — O meu antídoto!
— Sim, você mencionou isso!
Ela também se levantou e continuou:
— Onde conseguiu?
— Eu não consegui, só sei os ingredientes... — respondi.
— Mas como?
— Com Aslam.
— Quem é Aslam?
— Rei de Nárnia.
— Oh, e... onde fica Nárnia?
— Não faço a mínima ideia.
— Então como você foi pra lá?
— Portais.
— Oh. Claro.
A unicórnio parecia pensativa.
— Termine seu bolo — mandou. — Falo com você depois.
Ela saiu da cozinha.
Eu não vou mentir, esse bolo é muito bom.
Mas ficar mais de uma semana sem comer absolutamente nenhuma carne sendo 56% lobo?
Se alguma ovelha de Sweet Apple Acres misteriosamente sumir, não sei de nada.
Acabei comendo o bolo de Twilight também e fui procurar por ela.
— Nárnia, Nárnia, Nárnia... — ela repetia, lendo vários livros.
— Twilight... — chamei.
— Sim? — respondeu ela, olhando para mim.
— Nárnia não está em lugar nenhum. Nárnia acontece.
— Isso faz tanto sentido quanto sentido Pinkie.
— Foi Elen que me disse isso. Ela é de lá.
— Hmm...
— Pergunta pra ela. Não acho que vá encontrar nada aí.
Com isso, a unicórnio decidiu ir dormir.
Terça-feira, 6 de outubro de 2015
— Estou dizendo, uma das minhas ovelhas sumiu, e a única que tem um lobisomem de estimação aqui é você, Twilight!
Estávamos Twilight, Applejack, Fluttershy, Rainbow Dash e eu em Sweet Apple Acres, em frente ao curral de ovelhas. A pônei laranja ralhava com a alicórnio, enquanto as pégasus tentavam acalmá-la e eu só observava a treta que eu tinha causado.
— Você não alimenta seu animal? — continuou Applejack.
— Primeiramente, Haylley não é meu animal de estimação. Ela é minha cobaia. — começou Twilight. — Segundo, nós pôneis não comemos carne nenhuma, então eu simplesmente dou nossa comida para ela.
— É o ciclo natural, Applejack — explicou Fluttershy. — A cadeia alimentar funciona assim.
— Quem liga pra ciclos! Ela é metade humana! — exclamou Rainbow.
— 39% humana, Dash — corrigiu Twilight.
— Quem liga pra números! — gritou Applejack.
— Olha, eu sei que eu fui descuidada, mas pode ter certeza que isso não vai acontecer de novo — disse Twilight.
Nossa, estou realmente me sentindo um animal agora.
Rainbow Dash e Fluttershy conseguiram fazer Applejack se acalmar e Twilight e eu pudemos voltar para a biblioteca (claro, depois de mais umas mil desculpas e "isso não vai acontecer de novo").
— Twilight, eu-
— Haylley, não — interrompeu-me a alicórnio. — Foi culpa minha. Eu devia saber que isso poderia acontecer.
— Não, eu devia ter me controlado!
— Instinto. Como Fluttershy disse, a cadeia alimentar funciona assim.
— Desculpa...
— Tudo bem. Mas eu vou ter que tomar uma atitude.
E a tal "atitude" seria me prender dentro da biblioteca como se eu fosse um bicho mesmo.
— Tem necessidade disso? — indaguei.
— Eu particularmente acho que não — replicou Twilight. — Eu simplesmente ia pedir pra você prometer que não faria mais isso.
— E por que não fez isso?
— Porque eu não posso forçar minhas amigas a acreditar em um meio lobisomem.
— 61% lobisomem.
— Você entendeu meu ponto. A coisa é, enquanto sua transformação não for interrompida, você não vai ser nada além de uma ameaça para elas.
Então, titia Twily me prendeu pelo tornozelo com uma corrente.
— Me desculpe ter que ser assim... — desculpou-se a alicórnio.
— Tudo bem — respondi.
Os testes duraram pelo resto do mês.
E tudo acabou ficando bem repetitivo, já que eu tinha que fazer as mesmas coisas todos os dias. Twilight me deu outra poção para atrasar a transformação, especialmente pela questão do tempo passar mais rápido em Equestria.
Titia Twily me disse que em poucos dias eu seria 100% lobo.
E eu fiquei com muito medo, muito medo mesmo, e quase que eu tomei um caldeirão inteiro daquela poção, mas ela me disse que teria o mesmo efeito.
O que eu posso concluir a partir disso?
Eu quero ir embora daqui, muito.
Eu preciso sair daqui.
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