P.O.V. Luce.

Eu programei meu relógio pra apitar quando a lua de sangue nascesse, convenci a Penn a me ajudar.

—Isso é uma arma Luce?

—É. Se vai ficar aqui comigo talvez precise dela.

Eu carreguei a arma, engatilhei e dei na mão dela.

—Se eu conseguir me soltar das correntes... atire e atire pra me matar.

—Luce...

—Promete pra mim.

—Eu prometo.

P.O.V. Penn.

Tive que acorrentar a Luce na cama, com correntes pesadas. Os pés e as mãos.

—Isso é mesmo necessário?

—É. Vai ver o porque. Presta atenção, eu vou implorar, chorar e gritar pra você me soltar, mas você não vai fazer isso. Tá?

—Tá.

O relógio dela apitou.

—Começou.

Com o decorrer da noite as coisas ficaram... apavorantes. Parecia que ela tava possuída.

—Por favor Penn, me solta. Essas correntes estão me machucando.

—Não posso. Você me fez prometer lembra?

—Me solta.

—Não.

—Me solta!

Todos os móveis se moveram e as coisas começaram a ser arremessadas em mim. Tive que sair correndo do quarto.

Eu fui me esconder na biblioteca.

P.O.V. Cam.

Convidei a Luce pra outra festa, mas ela disse que não. Que hoje ela não podia, que tinha outro compromisso.

—Que foi Cam?

—Que tipo de compromisso ela poderia ter?

—Ela quem? Claro, a doidinha assassina.

Então a terra começa a tremer.

—Terremotos? Nessa área?

—É.

Enquanto isso no quarto da Penn e da Luce...

P.O.V. Todd.

Eu vim procurar a Penn e encontrei a Luce acorrentada na cama.

—Luce?

—Me ajuda. Me deixa sair daqui.

Eu comecei a tirar as correntes dela então ela me beijou e eu senti uma coisa ruim. Abri meus olhos e vi ela. Aquela coisa não era a Luce, então tudo apagou.

P.O.V. Daniel.

Luce está na ala hospitalar. Está inconsciente. Eu aproximei minha mão para tocar o rosto dela e ela pegou minha mão no ar.

—Você está bem?

—Estou. Melhor do que bem.

Ela começou a tirar os fios.

—Daniel está me deixando com vergonha. Está tudo bem.

Ela se levantou, se sentou e enrolou suas pernas na minha cintura.

—Está tudo bem.

Ela me beijou, me atacou. Logo eu estava sob ela deitada numa maca de hospital.

—Espera para.

—Não!

Ela ainda estava viva?

—Luce essa não é você.

—Sim. Sim sou eu.

Ela voltou a avançar sob mim.

—Não. Talvez você tenha que pegar leve. A senhorita Sophia disse que você poderia estar... diferente.

Ela respondeu com raiva:

—Ela saberia não é? O que? Você acha que ela não tá na sua cabeça também? Olhe pra você Daniel. Ela domou você!

—Luce, o que aconteceu com o Todd?

—O que aconteceu? Onde eu to?

—Está na ala hospitalar. Luce, você tem que me dizer o que aconteceu com o Todd. Luce o que aconteceu com ele?

Eu mostrei os óculos de grau do Todd.

—Oh Deus!

As coisas em volta começaram a dar curto, o metal a se retorcer e os parafusos a se desparafusar.

—Olhe pra mim. Luce, fale comigo. Olhe pra mim!

Ela estava de olhos fechados. Parecia desesperada.

—Não.

Ela estava chorando.

—Me mate.

—O que?

—Me mate antes que eu mate mais alguém. Por favor.

—Não diga isso.

—Por favor. Me mate.

—Ei. Vai ficar tudo bem, a senhorita Sophia pode ajudar, ela pode concertar.

—Mas, eu não quero concertar!

Senti meu corpo ser arremessado longe e Luce destruiu a porta de metal e foi embora.

Nós a encontramos no quarto. Sentada numa cadeira.

—Eu quero ajudar você.

—Me ajudar?  O que há de errado comigo?

—Absolutamente nada.

—Cameron pare!

—Não Sophia, não dessa vez. Você sempre a odiou, sempre a manteve na rédea curta.

—Para o seu próprio bem Luce.

—Fique fora da minha cabeça.

O abajur voou, as portas se fecharam e os móveis começaram a flutuar.

—Olhe pra mim Luce, eu posso te ajudar. Olhe pra mim!

—Sai da minha cabeça!

Ela empurrou Sophia com a força da mente.

—Olha o que aconteceu com Todd! Você matou um de seus amigos, o namorado da sua melhor amiga porque não pôde controlar seu poder!

—Não, para com isso!

As janelas explodiram e tudo voou longe.

—Luce, me deixe entrar.

Sentimos o prédio sair do chão.

—Não Luce! Luce!

—Não permita que controle você.

—Sophia!

Ela matou a Senhorita Sophia.

—Venha minha querida.

—Cam, não!

Cam levou a Luce com ele. Mas, eu a encontrei numa instalação militar.

—Parado.

—Eu não quero brigar. Eu quero a Luce.

—Como achou esse lugar garoto?

—Eu já to por aqui a muito tempo. Garoto. Eu quero a Luce.

Tive que matar os guardas para poder passar.

—Você. Afaste-se dela!

—O volume de água que caiu sob Luce deveria tê-la desintegrado. A única explicação para sua sobrevivência é que seus poderes a envolveram num casulo de energia telecinética.

—Quem é você? Ela vai ficar bem?

—Eu sou o Professor Xander. Lucinda Price é a única mutante classe cinco que eu já encontrei e que tem potencial praticamente ilimitado. Além disso ela é uma bruxa, uma descendente de Merlin, essa menina é um milagre. No entanto, parte de sua mutação está localizada na parte inconsciente de seu cérebro e é ai que mora o perigo. Quando ela era criança eu criei uma série de barreiras psíquicas para isolar os poderes dela da parte consciente e como consequência Lucy desenvolveu uma dupla personalidade. Um alter-ego que em nossas sessões se auto-intitulava a Fênix Negra.

—Como assim?

—Existe a Lucy consciente cujos poderes sempre estiveram sob seu controle e o lado adormecido. A Fênix Negra, uma criatura puramente instintiva, feita de desejo, alegria e fúria.

—O que ela sabia?

—Ainda não está claro. O importante é saber se essa garota que está diante de nós é a Lucy Price que conhecemos ou a Fênix lutando furiosamente para se libertar.

—Ela não parece uma ameaça.

—Porque eu estou fazendo-a ficar assim.

—O que fez com ela?

—Estou tentando restaurar as barreiras psíquicas para prender a fera.

—Está falando da mente de uma pessoa. Da Luce! Da minha Luce!

—Daniel ela tem que ser controlada.

—Controlada? Quando você prende uma fera, a fera fica furiosa.

—Você não tem ideia. Você não tem a menor ideia do que ela é capaz. A magia negra da Luce está tirando forças da lua de sangue para resistir.

—Eu não tinha ideia do que o senhor era capaz.

—Eu escolhi o menor dos males.

—Parece que a Luce não teve escolha alguma. Afaste-se dela.

Eu o afastei da Luce e peguei ela no colo.

—Daniel.

—Oi. Vai ficar tudo bem.

—Eu quero ir pra casa.

Tive que carregá-la para fora. E eu a levei para sua casa.

—Luce?

—Oi mãe. Sentiu saudade?

As coisas na casa estavam se movendo sozinhas. E dois homens entraram na casa, um deles era o professor Xander.

—Sabia que viria.

—É claro. Eu vim para levá-la pra casa.

—Eu estou em casa.

—Não Luce. Você tem uma casa e uma família.

O outro homem se pronunciou:

—Ele acha que seus poderes são grandes demais pra você controlar. Todos eles acham.

—Erik!

—Os seus joguinhos mentais não vão funcionar mais Xander.

—Você quer me controlar?

—Não.

—Quer sim.

—Não. Só estou querendo te ajudar.

—Me ajudar? O que há de errado comigo?

—Absolutamente nada.

—Eric pare!

—Não. Desta vez não! Sempre a impediu de evoluir.

—Para o seu próprio bem Luce.

A cena que aconteceu com Sophia começou a se repetir.

—Não entre na minha mente.

—Olhe para mim Luce, posso ajudar você. Olhe para mim.

—Na minha mente não vai entrar!

—Acho que você devia escutá-la.

—Tem que confiar em mim! Você é um perigo para todos e para si mesma, mas eu posso ajudar!

—Você quer dar a ela a cura. Quer consertá-la.

—Eu não estou quebrada!

—Olha o que aconteceu com Cameron! Matou um homem que te amava porque não consegue controlar os seus poderes!

—Não para com isso!

Então tudo explodiu.

—O que será de Daniel?!

—Basta. Você está estressando ela.

—Luce, deixe-me entrar.

Ela começou a fazer com o homem o que fez com Sophia.

—Não Luce! Luce!

A casa saiu do chão.

—Não permita que controle você.

—Xander!

O outro homem se aproximou.

—Minha cara, venha comigo.

—Daniel, não me abandone.

—Nunca.

O homem, Eric levou Luce e eu fui com ela.