Corações Invencíveis escrita por alineesoaares


Capítulo 7
Coragem


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!

Sei que demorei demais e talvez voces nem estejam mais tão interessados assim nesta humilde fic mas, eu trouxe atualização! Espero que gostem!



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— Você acha que vovó irá morrer? 
A pergunta de Ruby cortou o silencio que já durava minutos, frente a um Robin pensativo e uma Regina amedrontada.
— Vire essa boca pra lá, Ruby! – foi o que a morena mais nova conseguiu dizer. 
A outra se encolheu em seu assento. Regina respirou fundo. 
— Devíamos voltar para Julliard, Gina – pediu Robin num sussurro – Está tarde. 
Suas mãos afagavam as costas da morena, que sorriu fraco e concordou. Mas parecia não ter força nas pernas para se levantar. 
— Vou chamar um táxi – completou Ruby – aproveito e volto com vocês. 


O trajeto feito de volta era de um silencio estarrecedor. Cada um com seus próprios devaneios. Regina em seu medo de perder uma das pessoas que mais amava no mundo, Robin em sua pequena coragem de ligar para o pai e dar aquele alivio ao coração de sua amada. E Ruby entre tantas preocupações acumuladas, ainda parara para reparar nas mãos entrelaçadas do casal no caminho. 

— Regina, espere! – pediu o garoto antes que ambos se separassem no corredor da instituição após chegarem.
— Robin... – resmungou.
— Apenas escute! – ele pediu, alçando ambas as mãos no rosto dela – Durma bem e não se preocupe. Eu irei te ajudar.
— Como? – indagou. Num lampejo de percepção lembrou-se do pai de Robin. – Espera... você faria isso por mim? 

Embora o garoto jamais tivesse explicitado com palavras o tamanho de sua mágoa para com seu pai, Regina sabia que sua ruptura havia sido traumática. Sentia de alguma forma que Robin não estava apto para entender a posição do pai e vice-versa. Pensar na coragem que ele estava tendo a deixava admirada.
— Por você? Eu faço qualquer coisa – e sorriu com os lábios e com os olhos, uma imensidão azul carregada de magia. Seu ultimo gesto foi lhe entregar um beijo na testa, antes de deixa-la partir e vê-la subir as escadas com as mãos no bolso e uma certeza incontestável: estava perdidamente apaixonado por Regina.

Depois de anos de casamento, para Julie, mãe de Robin, encontrar a foto de outra mulher entre as coisas do marido foi um choque. Mas apesar do torpor, algumas de suas suspeitas que ao longo dos anos tinha, haviam se confirmado. O marido possuía um passado o qual não esquecera. E ela não sabia bem se valia a pena remexer nestas feridas. Ainda que o futuro de seu filho dependesse disso.
Após uma tarde procurando evidencias, aquele rosto da foto parecia familiar demais. Julie tinha certeza que a conhecia de algum lugar. Tinha certeza que aquelas feições não eram de todo desconhecidas. Mas preferiu deixar o registro em seu devido lugar. A descobriria de uma maneira ou de outra. 


A manhã de segunda feira amanhecera nublada, como era de se esperar, combinando com os sentimentos nada favoráveis após um fim de semana como aquele. Era incrível como a natureza parecia entender que aquele não era um dia de pensamentos bons. 
Regina decidira tomar um banho antes de descer para sua primeira aula. Talvez a água levasse também as preocupações. Uma grande bobagem pensava. Assim que seus olhos se fechavam a primeira imagem que vinha a sua mente era de sua mãe adotiva. Preocupava-se porque sabia que nada podia fazer além de esperar e confiar em alguma força maior que ajudasse Granny a se recuperar. Nunca fora uma pessoa de muita fé, mas vergonhosamente só nos apegamos a esse tipo de coisa em momentos ruins. 
Também pensava na coragem que Robin havia demonstrado, mas ainda assim duvidava que ele perdoasse seu pai pelas palavras rudes. Sabia que o rapaz só tomara aquela atitude por ela. 
Por ela... Estaria se enganando, ou os dois haviam começado uma relação sem nem perceber? Romântica como era, Regina ainda esperava um pedido concreto. Liberta das amarras, após os conselhos da mãe estava disposta a caminhar lado a lado com seu grande amor. 

Assim que desceu as escadas que davam para o grande corredor central, Regina percebeu uma movimentação maior que o normal. Mary Margaret passou num rompante avisando que Gold e Fiona haviam convocado os alunos para o grande auditório da universidade. Sem mais delongas as duas se encaminharam para o local. 
A grande sala que acomodava muito bem as três turmas de roteiro, teatro e musica estava quase cheia. Regina encontrou a irmã que guardava assentos para Mary e ela. Não avistou Robin, e seu coração pulava num ritmo descompassado. Teria ocorrido algo? 
Não houve tempo de preocupar-se pois sua atenção foi atraída pelo zumbido agudo do microfone, que fez com que automaticamente, metade da sala ficasse em silencio e levassem as mãos aos ouvidos devido ao som estridente.
— Muito bem garotos, bom dia! – anunciava Gold, chamando atenção para si mesmo e para a bengala que o apoiava. Os alunos bem sabiam que o professor aparentava certas dificuldades de locomoção. Mas a bengala era uma novidade a parte – Antes que vocês me perguntem por que diabos estou usando este adereço – ele fez referencia ao objeto de uma maneira sarcástica – Vamos ao que interessa! Estamos aqui eu e Fiona pois queremos anunciar que seu trabalho de final de ano será um tanto quanto... diferente.
O burburinho era geral. Mas por que diabos estavam anunciando um trabalho de final de ano aquelas alturas? As aulas mal haviam começado. 
— Garotos! Garotos, por favor! – a voz de Fiona e seu inconfundível sotaque ecoou pelo salão. Nisso, Regina avistou Robin chegar apressado, e sentar-se um tanto quanto longe dela. Mesmo com a distancia, o loiro lhe atirou um beijo, e deu uma piscadela, antes que as palavras de Fiona voltassem a se fazer presentes --  O que temos para vocês é um desafio, e por isso está sendo dado tão precocemente. Seu objetivo será organizar e executar uma obra de teatro! Todas as turmas em conjunto, devem construir um musical. E o tema é: Romeu e Julieta! 

A noticia caira como uma bomba. Mais tarde Fiona explicou que a atividade seria dividida entre semestres, o primeiro semestre das turmas de teatro, musica e roteiro trabalhado juntos e assim por diante. 

Ninguém sabia o que dizer diante daquela novidade, mas uma coisa era certa, haveria tanto trabalho pela frente... Regina não conseguia pensar em nada mais além de sua mãe doente, e Robin, esmerava-se em pesquisar qual melhor horário para ir atrás de seu pai. O faria, sem duvidas, ainda que não quisesse contato. Para vê-la feliz moveria céus e terras se preciso fosse. Ainda que seu medo e dor fossem grandes. O que sentia por ela era mais forte que isso.



Já era final de tarde quando Fiona rumava pelo corredor juntamente a um oficial de justiça que aparecera buscando o diretor. Sem entender nada, ela o encaminhou até a sala cordialmente. 
— Por aqui – avisou abrindo a porta, e o homem adentrou o local seguindo a direção a segunda porta da sala, que era de fato o escritório de Henry.
— Entre – pediu o diretor calmamente. Ao avistar a figura desconhecida recostou-se melhor no encosto da cadeira.
— Diretor, este oficial esteve procurando o senhor esta tarde, mas como estava atarefado pedi que viesse num horário mais calmo – avisou Fiona antes de sair – Vou deixa-los a sós.
— Pois não, em que posso ajudar?
— Venho entregar um pedido de afastamento de suas atividades como diretor da Julliard School – afirmou o homem sem nem sequer apresentar-se --  Por suspeita de má conduta. 
Era como dar-lhe uma facada ou algo pior. Diante dos papéis nada podia fazer senão assina-los.
— Afastamento? Mas por que? Qual é a denuncia? – ele perguntava sem que o fôlego fosse suficiente para alcançar a quantidade de duvidas que possuía. 
— O pedido envolve o recente caso com o garoto Daniel Colter e a menina... – o oficial parecia haver realmente esquecido o nome da garota em questão.
— Regina! – Henry completou sua frase. Pelas palavras do oficial não precisava de muito mais fatos para chegar a conclusão. O pai de Colter, um homem de posses e advogado bastante renomado, devia te-lo denunciado, vingando-se da suspensão do filho. 
— O senhor terá o direito de deixar alguém de confiança em seu cargo, até que toda sua situação seja resolvida.

Assim que o oficial partiu, Henry caminhava atordoado pelo corredor sem saber exatamente o que buscava. Em meio ao turbilhão de sensações que o dominava, mal prestou atenção na jovem secretária Lily, que carregava alguns papéis consigo, chocando-se contra a moça com uma força considerável, fazendo com que os documentos se esparramassem pelo chão com facilidade.
— Ah, meu Deus, Lily me desculpe – proferiu a meia voz envergonhado. A bela jovem de olhos muito verdes apenas assentiu com um meio sorriso – Deixe-me te ajudar.
Sem nenhuma objeção, a garota abaixou-se junto do diretor para recolher os papéis. 
Mesmo que com os olhos marejados, a cabeça pesada, Henry com esmero recolheu tudo com cuidado. Quando já estavam a ponto de acabar, a ficha de matrícula de uma das alunas lhe chamou atenção. Mas seus olhos fixos na folha branca não foram atraídos pelos cabelos ruivos da foto três por quatro que vinha anexa a mesma. Seus olhos pareciam perdidos nas letras. Por um momento pensou que estivesse enxergando coisas.
— Senhor Henry? Está bem? – Lily finalmente colocou-se diante dele, espantada com seu silencio – Quer que chame alguém?
O homem apenas balançou a mão esquerda num sinal simples e pediu que a menina se retirasse, e que em seguida lhe devolveria o papel que segurava. 
A ficha de Zelena, como todas as outras, possuía informações como endereço, idade, escolaridade e principalmente, o nome de seus pais.

“Cora Mills, viúva, 34 anos, professora de música”

Nunca a havia procurado após receber uma carta sua pedindo que a esquecesse. De coração partido, ao longo dos anos, contentou-se com as doces lembranças da juventude e nada vasculhou de sua vida. Sempre a considerara um tesouro, uma jóia rara. Uma mulher única entre todas. E encontra-la era o sinal de que nem tudo estava perdido. 
Ela era a única pessoa em quem confiava para colocar em suas mãos o seu bem mais precioso. Seu patrimônio mais estimado. A instituição a qual regia. 

Teria coragem suficiente para faze-lo?

Robin hesitou diante da porta de madeira escura. Suas mãos pareciam não obedecer seus comandos. Dizem que tudo que é feito com amor carrega certa magia. E foi por isso que seu punho se ergueu frente a ornamentada porta antes de bater. Três toques sutis o fizeram recuar, esperando algum barulho ou sinal. Assim que abriu, seus olhos pousaram em um Julie que, igualmente abalada, tinha os olhos arregalados ao ve-lo. Robin levou a mão esquerda a cabeça, um gesto de puro nervosismo, e que a mãe sabia bem que era um sinal claro de que ele esboçava esse sentimento.
O próximo passo foi atirar-se no pescoço do garoto que um pouco desajeitado a recebeu nos braços. 
— Robin! Meu filho você esta aqui – ela acariciava seu rosto com desvelo. Era como se tivesse ficado fora por uma eternidade – Entre, vamos! Onde estão as suas malas? -ela questionava – Por favor me diga que está voltando para casa! 
— Eu vim falar com o papai... – ele torceu a boca numa expressão de tristeza – E ver você, é claro – continuou. 
Perante a negativa os dois adentraram a ampla sala da casa. Robert foi surpreendido pela presença do filho e igualmente a sua esposa nada disse por alguns segundos. 
Porem ao contrario de Julie ele não correu ao encontro do filho para depositar seu afeto. Apenas fechou-se em copas, e Robin, que conhecia bem aquela cara, sabia que sua missão não seria nada fácil. 
Postrou-se mais ereto e respirou concentrando sua força em suas palavras e não nas lembranças que o acometiam ao estar naquela casa outra vez. 
— Vim falar com você – proferiu quebrando o silencio. 
—Bem, eu sou todo ouvidos – disse Robert dirigindo-se até o sofá. – Pelo que me consta, se veio ate aqui atrás de mim é por que esta precisando de dinheiro.... – ele começou percebendo que quase se desmentia para Julie, a mesma que já sabia toda a verdade. Pigarreou nervoso antes de prosseguir – Quero dizer, para a Julliard não é mesmo? 
Robin estreitou os olhos. Mais tarde lembrou-se que sua mãe sabia onde ele estava e que provavelmente seu pai a essas alturas também já tinha conhecimento desse fato.
—Não... eu não vim falar de mim... na verdade vim conversar com o Dr. Robert. Não com meu pai. 
O mais velho observou o filho colocar se diante dele no sofá marrom. 
— Prossiga – pediu. 
— Eu conheci uma garota. E ela... ela é muito especial, pai! – seus olhos resplandeciam luz ao falar de Regina - mas a mãe dela esta muito doente e precisa de um especialista. – a face de Robert também se iluminava ao perceber que o filho finalmente reconhecia o bom médico que era – Mas há um detalhe. Elas não tem dinheiro. Então eu prometi a ela que buscaria ajuda... 
Robert ponderava as frases do filho sem nada comentar.
— Esta me pedindo que eu faça a cirurgia dessa mulher ou que quer que seja... de graça? 
O mais novo apenas assentiu. 
— Se veio da Julliard ate aqui para me pedir isso, você deve gostar dessa moça... 
— Eu a amo – confessou. Sentiu por ainda não poder ter dito as mesmas palavras a ela. 
Robert jamais havia se aproximado do filho o suficiente para falar de amor. Ou talvez de qualquer outro sentimento. Mas vendo a empolgação do garoto, padeceu e abaixou a guarda
— Deixe-me conhecer essa garota, já que você a ama tanto. Nada mais justo que a conheçamos não é mesmo Julie? – a mulher que até então esteve apenas observando concordou com um sorriso no rosto. Robin encheu-se de esperança. Pareciam ser os primeiros passos para aliviar o coração de Regina. 

Já era meia noite, um horário considerável para chegar na casa de alguém assim sem avisar... ainda mais depois de dezesseis longos anos sem te-la visto.
Henry desceu do carro apreensivo, as mãos no bolso, chutava as pedrinhas do caminho indo de encontro a casa dela. Ao levantar o olhar, a mansão chamou atenção. 

“Eu teria lhe dado tudo isso” pensou “se ela não tivesse desistido de mim....” 

A raiva foi maior naquele instante e ele deu meia volta, decidido a renunciar aquela ideia, só então ele a escutou. 
As notas agudas que tão logo se tornarão a melodia de “Somewhere over the rainbow” o fizeram parar onde estava e voltar-se outra vez ate a casa. A luz acesa da sala de estar contra a cortina o fizeram ver sua silhueta. E era tudo o que precisava... a música seguia ecoando e ganhando ritmo. A inconfundível precisão de seu toque que ele tanto amava. 
Apenado por chegar ate a porta e pensar que suas batidas atrapalhariam o doce som ele nada fez... e então percebeu que a porta estava aberta. E mesmo que a musica já tivesse acabado, ele tomou o impulso de abri-la e a passos lentos adentrou o casarão.
Diante do piano, onde tantas vezes afogara suas mágoas, Cora mantinha os olhos fechados... inspirava lentamente, até que seu sentido aguçado sentiu um perfume e num rompante ela se virou. Emudeceu porem ao vê-lo e ao invés de ralhar com o homem ali parado por entrar sem nenhuma autorização, sua visão ficou turva. Ele não havia mudado nada. E o mesmo pensava ele sobre ela...
— Henry?!


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Notas finais do capítulo

A música que Cora tocou antes de Henry entrar
https://www.youtube.com/watch?v=IJ6lLia2wnU



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