Corações Invencíveis escrita por alineesoaares


Capítulo 6
Presos pelo medo


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Não sei bem o que dizer, apenas espero que gostem do capítulo.

Também não sei se essa fic vai ter um final... não sei de muita coisa.

Beijinhos, boa leitura!



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O domingo amanhecera agitado na Julliard School e tudo se devia às fofocas sobre o ocorrido na noite anterior e a suspensão temporária de Colter. Emma, ao ouvir os relatos de Regina passou a noite pensando em como o diretor havia sido injusto em apenas suspender o garoto, quando o que ele realmente merecia era uma expulsão.
A maioria das outras garotas pensava o mesmo. Incluindo Zelena que embora fosse amiga de Daniel sabia perfeitamente o tipo de rapaz que era. Porém guiada pelos ciúmes que sentia de Regina em nenhum momento se manifestou contrária  a atitude do diretor, e proibiu que Belle também o fizesse. 
Sentadas ao pé da escada que dava para o segundo andar do prédio da instituição ambas perceberam a movimentação que surgiu de meninas marchando em direção a sala de Henry. Emma na frente, seguia acompanhada de várias garotas, as expressões contrariadas e os olhares firmes. A loira deu dois toques sutis na porta e foi recebida pela professora Fiona que ficou espantada com a circulação de gente naquela ala. 
— Precisamos falar com o Diretor – bradou ela solene enquanto Fiona erguia levemente a sobrancelha ainda intrigada com a posição intimidadora das garotas a sua frente. Eram pelo menos dez, contando com Emma. 
— Bem, eu estou saindo e acredito que ele não irá se importar em recebe-las – ela proferiu afastando-se do batente da porta e Emma apenas assentiu contente com sua deixa. 


As meninas marcharam em direção a sala e Emma repetiu o gesto que fizera com a porta de entrada. Henry não poderia estar mais espantado ao dar de cara com aquele mutirão a sua frente. Contudo atendeu seu pedido e o aglomerado se reuniu em sua sala que era bastante grande e aconchegante e Emma, a porta-voz da turma sentou-se na cadeira a frente do Diretor ainda em posição de defesa. 

Henry riria da situação se não sentisse a tensão pairar no mais profundo de seu ser. 


— Posso saber ao que devo a honra de tantas visitas as... – ele pigarreou e deu uma furtiva olhada no relógio da parede – Nove da manhã? 
Todas se entreolharam esperando que Emma puxasse a frente, o que ela fez em seguida ajeitando-se melhor na cadeira.
— Viemos falar sobre Daniel Colter – falou firmemente – E da injustiça que o senhor está cometendo. 
Henry arregalou os olhos e foi sua vez de ajeitar-se melhor em seu assento.
— Injustiça? – tentou, os olhos pousados na íris azul de Emma.
— É claro! – continuou – O senhor deveria expulsa-lo e tudo o que fez foi suspende-lo. Amanhã ou depois estará ai de novo e pode ser que tente algo contra Regina outra vez... ou contra qualquer uma de nós – explicou mantendo as mãos a frente de si. 



O homem admirou-se pelo afeto que as garotas mantinham para com Regina e ao mesmo tempo percebeu que elas tinham razão. Guiado por regras postas num papel e pelo sentimento de desespero ao recordar seu passado ele acabara dando uma pena muita branda a Daniel. E isso poderia acarretar consequências mais tarde, sobretudo provocaria um confronto entre Daniel e Robin, pois ele também se dera conta da maneira como o jovem Lancaster gostava da moça. 
— Voce tem razão – assentiu – Acontece que nestes casos eu agi segundo as normas da instituição. – ele proferiu enquanto Emma ainda o fitava indignada – Sinto muito por isso! Admiro a amizade que têm com Regina e a forma como vieram defende-la... Sei que errei porém agora já não poderei voltar atrás. Quando Colter voltar conversarei outra vez com ele. 
— O senhor acha que conversar com uma pessoa assim irá resolver, Diretor? – foi a vez de Mary Margareth se por diante dele, logo atrás de Emma. 



O mais velho suspirou pesado, tomando consciência do tamanho do passo que havia dado e o que ele poderia trazer consigo. 
— Garotas, não posso prometer nada a vocês agora. Tudo o que posso dizer é que quero e devo dar uma solução para isso! 
Ainda inconformada Emma foi além.


— Espero que sim diretor, tenho certeza que se fosse com alguém que você gosta muito, com uma filha sua, com uma amiga sua, o senhor não pensaria duas vezes. Assim como não pensamos duas vezes antes de vir falar com o senhor para dar mais tranquilidade a Regina. 
Espantado, Henry viu as garotas saírem uma por uma de sua sala enquanto as palavras de Emma seguiam ecoando em sua mente. 
“com uma filha sua....”




— É o que? – questionava Regina apavorada ao saber do plano de suas amigas, já dando passos largos em direção ao corredor onde ficava a sala do diretor – Não acredito que elas foram brigar com o diretor por minha causa! 
Robin, que sorrindo a acompanhava pelo corredor, achava graça de sua agitação. Com as bochechas vermelhas a morena seguia pelo corredor afora na intenção de evitar o inevitável pois avistou suas amigas  poucos passos a sua frente, com expressões vitoriosas nos rostos. Regina murchou e deixou os ombros caírem num momento de frustração. Recompos- se e foi ao encontro delas ainda confusa.
— O que foi que vocês aprontaram?—questionou, as mãos na cintura. Robin atrás dela de braços cruzados ria – Vocês foram brigar com o diretor? Fala sério, não posso acreditar.
— Fomos sim, brigar por um direito seu que também é nosso, Regina. Nossa segurança. – Proferiu Ruby.
— Na verdade não brigamos com ninguém, senhorita certinha! – esclareceu Emma num tom debochado fazendo Regina estreitar os olhos reprovando-a – Fomos apenas questioná-lo. Nada que possa nos prejudicar! 
Emocionada por fim, ao se dar conta de que as amigas se preocupavam com ela, abaixou a guarda. 
— Vocês foram em bando! Achei que iam causar uma rebelião! – murmurou sem jeito. – Mas obrigada! – apertou os lábios numa linha fina, segurando as grossas lágrimas que ameaçavam despencar. As garotas a rodearam abraçando-a e Robin observava tudo com um singelo sorriso no rosto. 
O almoço de domingo ocorreu no refeitório e Robin fez questão de sentar-se ao lado de Regina. Enquanto todos comiam, animados demais para prestar atenção neles, o loiro a observava sorrir encantado com o que via. E quanto ela se virava e notava estar sendo assistida ruborizava e ele se virava para seu prato rapidamente.

A morena repetia o gesto quando percebia Robin distraído demais para nota-la, e também o observava rir e conversar com os amigos com seu jeito brincalhão de sempre. 


Enquanto o filho vivia momentos preciosos na universidade, Julie procurava vestígios do que o marido estava escondendo. Sua certeza só aumentava após seu jantar com ele, percebendo a postura diferente que adquirira ao saber que a mulher sabia onde Robin se encontrava.
Seu primeiro passo foi vasculhar as contas do mês, sem querer perder nenhum detalhe aproveitou a saída do homem para um jogo de golfe, e dedicou seu domingo a descobrir o que ele escondia. 
Não havia nenhuma conta relacionada a universidade, nem nada que evidenciasse alguma ajuda a Robin. Procurando entre gavetas, Julie se deparou com uma foto.
Uma jovem mulher de cabelos ondulados e olhos negros marcantes possuía um sorriso genuíno ao ser fotografada. E a imagem ali eternizada era uma incógnita. Quem seria aquela mulher? 



Assobiando baixinho, Robin aproximava-se de Regina enquanto ela muito distraída lia um livro. Ao perceber de quem se tratava fingiu não prestar atenção e sorriu de canto. 
Com os braços para trás, numa dancinha esquisita Robin a rodeava cantarolando ao invés de falar normalmente.
— Sabe, eu estava pensando – ele murmurou e Regina seguia de olhos fixos em seu livro – Se uma certa moça de cabelos muito negros não quer dar uma voltinha comigo.... – ele seguiu fazendo voltas a sua frente.
— Essa moça estaria disposta... – ela proferiu sentindo os olhos dele pousarem e ele parar tudo o que estava fazendo – Mas somente se tiver a oportunidade de trocar de roupa antes... – Finalmente tirando os olhos de seu livro ela o fitou desenhando com os olhos um largo sorriso por sua face. 
— Então eu esperarei esta moça se vestir – ele fez um gesto com a mão sugerindo a escada que levava para o alojamento feminino – Com muito prazer. 
Regina fechou seu livro com destreza e subiu para se vestir. 


A noite em Nova York seguia seu ritmo normal, muitas luzes, sons, cores. Lado a lado, Regina e Robin se afastavam da universidade vagarosamente. Não falavam, o que não era incomodo mas também não era algo comum entre eles. Sempre tão falantes era como se ao sair do prédio onde costumavam conviver eles tivessem perdido a prática de conversar. 


— Por que ficou tão agitada hoje pela manhã quando as garotas foram a sala do diretor? – questionou Robin por fim quebrando o silêncio. Olhando onde pisava, Regina suspirou.
— Bobagem... Na verdade só não queria que elas se encrencassem por minha causa e também... sou bolsista, Robin. Tem diretores e professores que marcam isso. – ela esclareceu.
— Você acha que será prejudicada por não vir de família rica? Só por isso? 
— Complexo de inferioridade, todo mundo tem o seu – devolveu um tanto quanto incomodada.
— Você é amada, Regina – a frase a pegou desprevenida, e ela virou o rosto imediatamente em sua direção. Para refazer a frase antes que ela percebesse o sentido duplo que continha, ele a refez – Amada por seus amigos, por sua família... Todos se preocuparam muito com você, até o diretor simpatizou bastante com você. Não há o que temer. 
Um breve instante de silêncio e os dois pararam frente a um restaurante. Ele apenas fez um gesto, e ambos seguiram pela porta de entrada. 


O ambiente intimista parecia colaborar para o que Robin planejava. Nervoso, estava decidido a declarar seus sentimentos porém algo o impedia. Sentia que Regina ainda não estava pronta, e para falar a verdade, nem ele mesmo sabia se estava pronto para transbordar o que sentia. 

O que ele não sabia era que Regina somente esperava um ato de coragem seu para também entregar-se. 


— Você acha que o diretor tomará alguma outra medida quanto a Daniel? – ela inquiriu, os olhos fixos no cardápio quando em fim se sentaram.
— Não sei... – ele pareceu franco – Tudo o que sei é que quero uma porção de fritas, pode ser?
Ela sorriu largamente e concordou. 
— Regina, não se atormente mais com isso – ele pediu calmamente – Sei que deve ter sido difícil pra você. Com toda certeza foi, mas... o que quer que aconteça – ele respirou fundo antes de continuar ainda temendo sua reação – Estarei com você. 
Seu semblante mudou de alegria para uma comoção que ela mesma não sabia explicar de onde vinha.  Sorriu sem saber o que dizer.
— Robin, o que aconteceu entre nós... – ela começou sem conseguir completar.
— Foi bom. Mas você tem medo. E eu te entendo, e não te peço nada mais do que isso. – a fitava firme, tocando sua mão para demonstra-la de qual “isso” falava. Certificando-se a todo momento de que ela entendia suas entrelinhas – Gosto da sua essência e você não precisa mudar nada disso... pra tentar me agradar. Ou ter pressa. 
Ela negou com a cabeça, atônita e sem entender como ele conseguia decifrá-la tão bem. 
— Só não sei se é o momento certo – concluiu, os cantos da boca curvados. – Eu nunca senti tudo isso por ninguém. 
Ele inclinou-se para ela e sussurrou
— Nem eu. 



Sorriram e sua porção de fritas chegou fazendo com que os dois por momentos apenas se deixassem levar, e conversassem, como se o mundo lá fora tivesse parado por alguns instantes. E era tudo o que precisavam.
O restaurante bem iluminado logo ganhou algumas luzes diferentes, e uma televisão era ligada aos fundos próximo a mesa onde eram feitos os pedidos. Dois microfones eram postos a disposição do público.


Era hora do karaokê.

Robin e Regina se entreolharam e puderam observar aspirantes a cantores de vários estilos, desde os sóbrios aos embriagados, os felizes e os tristes. Um casal apaixonado que arriscou algumas notas de “I Will always love you” de Whitney Houston.


A medida que os clientes iam ficando com vergonha de sua própria desafinação, Regina e Robin comentavam sobre suas apresentações e riram como não se lembravam de ter rido há muito tempo.
Sem mais nem menos, o loiro puxou a garota para os fundos, entregando um dos microfones a ela. Com os olhos arregalados ela o questionou três vezes se ele havia ficado maluco. Ele porém não teve tempo de responder. 
Quando a canção começou Robin se sentia preparado, mas murchou ao perceber que se tratava de uma canção em espanhol. Regina sem ter saída alguma além de encarar os rostos curiosos dos clientes cantando os primeiros versos e deixando Robin num completo estado de choque.



Corazon Partío- Alejandro Sanz
¿Quién me va a entregar sus emociones?
(quem vai me entregar suas emoções?)
¿Quién me va a pedir que nunca la abandone?
(quem vai me pedir que nunca a abandone?)
¿Quién me tapará esta noche si hace frío?
(quem me cobrirá esta noite se faz frio?)
¿Quién me va a curar el corazón partío?
(Quem vai curar meu coração partido?)
¿Quién llenará de primaveras este enero?
(quem encherá de primaveras este janeiro?)
Y bajará la luna para que juguemos?
(e abaixará a lua para que brinquemos?)
Dime, si tú te vas, dime cariño mio
(me diga, se você vai, querido)
¿Quién me va a curar el corazón partío?
(Quem vai curar meu coração partido?)



Boquiaberto diante da voz suave de Regina que pronunciava cada sílaba com tamanha propriedade, ele apenas segurou o microfone e nem se atreveu a tentar cantar. 
Quando a sala explodiu em aplausos mesmo que alguns nem tivessem entendido o que a garota havia cantado, os dois voltaram a se sentar e ela, ruborizada ria, não sabia bem se era de vergonha ou pela cara de assustado que Robin possuía.
— Você não me disse que sabia cantar em espanhol! – ele protestou diante de suas gargalhadas.
— Na rua onde morei há muita gente de descendência latina... – ela suspirou recuperando o fôlego – Como passava boa parte dos meus dias enfiada no Granny’s eu aprendi um pouquinho e aliás, adoro aprender outras línguas. 
Revelou entregando uma piscadela. 



— E sua mãe? Você tem falado com ela? – questionou Regina quando a comida já terminava e os dois já tinha esgotado seu repertório de assuntos.
— Não falei mais com ela... e ela também não veio me ver, acho que não descobriu onde estou vivendo e o que estou fazendo. – Robin suspirou pesado – No fundo é melhor assim.
— Você é filho único? 
Ele assentiu. 
Regina sorriu de canto e tentou espantar os pensamentos que lhe ocorreram. 
— Você e Ruby não são irmãs de verdade, não é? – ele leu seus pensamentos novamente.
— Não – ela devolveu rápido – A avó dela, Granny – ela sinalizou lembrando que havia mencionado o nome do restaurante da mãe minutos antes --  me adotou quando eu tinha cerca de um ano... os pais dela eram arqueólogos e infelizmente sofreram um acidente quando ela era bem pequena. – Regina engoliu em seco – Eu nunca soube nada sobre minha verdadeira família ou pelo menos, sobre minha verdadeira mãe. – concluiu por fim.
— Mães são ótimas, mas avós são mais ainda – Robin tentou aliviar – Geralmente são as que te deixam comer a sobremesa antes do almoço.
Regina riu.
— É, mas Granny sempre foi mais mãe do que avó, nunca deixou que faltasse nada para nós e sempre foi bem rígida. No fundo ela conseguiu cumprir os dois papéis ao mesmo tempo, mãe e avó. Não tenho do que reclamar – proferiu sorrindo. 
— Eu não tenho família grande... deve ser divertido... 
— Você pode comprovar isso se vier comigo. 
Ela levantou o puxando pela mão direita, o deixando surpreso, e sendo guiado para fora do restaurante.
— Regina! A conta, sua maluca! – ele gargalhava enquanto tirava a carteira do bolso. Ela fez o mesmo, recebendo um olhar de reprovação. – Na próxima eu pago!
— Nada disso! Nós dois comemos, vem! – declarou o puxando outra vez.



O Granny’s era tão aconchegante por fora quanto por dentro. Robin pôde comprovar assim que deu os primeiros passos dentro do lugar. Não tinha muita gente aquelas horas e Regina atentou-se para o detalhe de que sua avó não estava no balcão. 
Uma atendente até então desconhecida para a morena alertou-a de que sua avó não passava bem e estava em seu quarto. Qual não foi sua surpresa ao encontrar Ruby no corredor dos fundos, que ligava a casa ao restaurante.
— Gina! Onde estava? Não te encontramos em lugar nenhum! Robin... – ela afagou o braço do amigo num gesto rápido.
— O que aconteceu? – com o nó na garganta Regina já tremia pensando em mil possibilidades.
— Vovó ficou sabendo do ocorrido na universidade, sobre Daniel – ela esclareceu a meia voz – Acabou ficando muito nervosa e passou mal. Eu descobri outras coisas também mas... posso te contar depois. Vá vê-la – pediu. 
— Que outras coisas, Ruby? Fale logo! – ordenou inquieta.
— Descobri que ela não faz os exames do coração há um bom tempo, Regina e também... o restaurante está vivendo maus tempos, ela está endividada – a garota engoliu em seco – A noticia de que você foi atacada só contribuiu com o resto.
Robin estagnou no meio do corredor e Regina deu dois passos, quando virou-se os dois se comunicaram com o olhar, e ele a seguiu até a penúltima porta do corredor a esquerda. 



— Querida... – os lábios de Granny ajeitaram-se num sorriso comedido. Sem poder fazer esforços maiores ela estendeu o braço o quanto podia. Nervosa, Regina pousou sua mão sobre a palma da mão da mais velha – Seu amigo? – questionou observando a figura do rapaz com as mãos no bolso, apreensivo.
— Robin, mãe, o nome dele é Robin e ele é meu colega na Julliard... – ela completou e os olhos azuis de Robin apertaram-se num cumprimento tímido.
— Ah sim... Robin – ela sorriu – Isso me lembra Robin Hood – Granny tentou desviar do olhar aflito da filha adotiva, que seguia nervosa pelo que acabara de saber.
— Não mude de assunto, mãe – pediu – Por que não está se cuidando? Me prometeu que o faria mesmo que fossemos embora.
— Esses médicos não sabem de nada! Querem que eu fique de repouso, como ficarei de repouso? Tenho um restaurante pra cuidar! E ele está falindo... – ela a encarou, os olhos marejados – Mas não se preocupe com isso Regina... não quero te ver assim. – carinhosa, levou a mão até o rosto ruborizado da menina. 
— Foi um erro eu te deixar aqui e não vir te ver, me perdoe – pediu choramingando – Se algo acontecer com você por minha culpa...
— Shhh, nada aconteceu comigo por sua culpa! Estou assumindo a responsabilidade de não ter me cuidado, filha. Nada do que aconteceu aqui é culpa sua. – respondeu, e por fim sussurrava – Esses exames são caros, essas coisas todas, Regina, eu não tenho como continuar com nenhum tratamento.
A todo momento, Granny percebeu o olhar que Robin tinha pousado sobre a morena. 
O rapaz pigarreou e pousou sua mão sobre o ombro de Regina.
— Vou deixar vocês a sós, para conversarem a vontade. Eu te espero lá fora – lançando um ultimo olhar se despediu. 
O silencio se persuadiu enquanto Regina afagava as costas da mão de sua mãe com zelo.
— Este garoto adora você, Regina. – a menina levantou os olhos espantada.
— Mãe, não comece... – pediu envergonhada.
— E o que há de errado? Apenas vi como ele te olha.
— E como ele me olha? – questionou ela brincalhona.
— Do jeito que meu marido costumava olhar para mim – esclareceu ela deixando Regina ainda mais tímida – Com amor nos olhos. 
— Acabamos de nos conhecer, mãe. Não há como ele sentir tudo isso que você acha que sente por mim em questão de dias.
— O amor não tem tempo determinado. Nem prazo de validade. – Granny concluiu, levando outra vez o polegar sobre a bochecha de sua filha – Sei que você tem medo meu amor, pelos traumas que carrega. Por achar que será abandonada... Mas não se deixe prender por este medo. Não pare de sentir por temer o futuro, você precisa viver o hoje e o amanhã... Deus é quem sabe. 
— Por que está me dizendo isso? – inquiriu ainda intrigada.
— Porque eu não vou viver para sempre, Regina. Porque você merece encontrar outros amores, outros caminhos. 
— Não diga isso, mãe! Como se estivesse se despedindo, detesto quando você faz isso! – pediu exasperada.
— Só estou te dizendo querida, que a vida é curta demais para pensar no “se”. E se você está agitada assim é porque também sente algo por ele. – ela sorriu quando Regina por fim se entregou com o próprio sorriso. – Não se preocupe comigo, ficarei bem. E se esse menino te faz bem como acho que faz, ele continuará fazendo. – ela juntou as duas mãos da menina entre as suas – Vá em frente!
Robin tinha a solução na palma das mãos, só não tinha a coragem. O pai poderia ajuda-lo, mas o faria se pedisse? O pai poderia ser a solução para a calma da menina que ele amava.
Ele amava Regina, teve a plena certeza ao vê-la desesperada no corredor e querer arrancar sua dor para colocar nele.
Teve a mesma sensação quando a viu no corredor e ela correu para seus braços.
O amor havia nascido. Dependia deles deixar que crescesse.


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