Corações Invencíveis escrita por alineesoaares


Capítulo 4
Wonderwall


Notas iniciais do capítulo

Olá garotas, apareci de novo!

Nem sei o que dizer pra vocês com esse capítulo por que ele saiu todinho no susto, geralmente quando me inspiro assim a tendencia é sair um capitulo bom... eu espero que esteja!

Obrigada pelo apoio! Boa leitura



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— O Gold anda caprichando nesses alongamentos viu? – Robin tinha as mãos nas costas e observava como David ria de suas dores – Qual foi grandão, você não sente nada?
— Vivo de pé, caminhando pra lá e pra cá na padaria do meu pai, garoto! Você que é muito sedentário! – comentou rindo. 
Encontraram Regina, Mary, Ruby e Emma, uma das companheiras de quarto de Regina e Mary. Conversavam animadas sobre um assunto qualquer em frente ao armário de Regina.
— Hum, garotas bonitas, sempre uma boa visão nesse colégio em cada canto – brincou David enquanto as garotas de inicio acharam a piada um pouco rude, o que as fez rir de verdade foi o soco que Robin deu nas costelas dele após a frase.
Robin escorou-se no armário ao lado assim que Regina fechou a porta do seu. 
— Recuperado? – questionou sorrindo.
— Como assim? Está tão estampado na minha cara que estou com dor por todo o corpo?
Ele obteve olhares sarcásticos como resposta e bufou.
— Vou me acostumar, logo todos vocês estarão com as línguas de fora e eu dando piruetas pelo salão.
— Sempre soube que seu sonho era ser bailarino, Robin – caçoou David.
— Você é um palhaço! – retrucou ele.
Sem perceber já caminhavam pelo corredor, em direção ao refeitório. Mary e David iam na frente, ele com as mãos para trás muito cuidadosamente perguntava a ela sobre seu dia. Ela corava a cada frase e os demais iam atrás apenas cuidando a movimentação. 
Ao passar pelo grupo de Zelena foi possível vê-los mais de perto. Quase sempre andavam juntos. Havia um rapaz entre eles, que era de fora. Os olhos azuis contrastavam com a boca carnuda, e os cabelos pretos desgrenhados completavam o visual. Mas o que ajudava a deixa-lo ainda mais diferente era o lápis de olhos que usava. Tudo o que sabiam dele era que seu nome era Killian.
— Ele está te encarando Emma, até demais – murmurou Ruby a meia voz num tom um tanto quando debochado. A loira revirou os olhos.
— Não faz meu tipo e ainda que fizesse, ele anda com a turma da Zelena... pelo amor de Deus essa garota se acha demais! – as duas riram. 
Junto deles ainda havia outro garoto, e todos sabiam que seu nome era Daniel. Era mais alto que Killian, os olhos claros, aparentava ser bem mais velho. Este não tirava os olhos de Regina. 
Ao entrar no refeitório se juntaram a Archie, que comia pacientemente seu almoço. 
A mesa aos poucos foi cercada por outros sons, outras conversas e outras pessoas. Mary e David foram ficando para trás do grupo. 
— Será que, poderíamos almoçar juntos hoje? – ele questionou parando em meio ao corredor. Mary o fitou maravilhada. Queria responder, mas não achava as palavras.
— Bem acho que todos vamos no final não é...? – ela desconversou.
— Sim, eu sei. Mas eu poderia fazer uma mágica, como essa daqui – e mostrou as duas mãos que nada possuíam, ele não carregava nada. Levou a mão direita a orelha de Mary e duas moedas apareceram – E poderíamos magicamente, tomar um café depois, o que você acha?
Mary sorriu, lisonjeada.
— É, você me deixou curiosa. Vou querer ver outras mágicas como essa – afirmou timidamente e os dois rumaram para onde estavam todos.



Enquanto David tentava quebrar as barreiras que Mary parecia erguer sobre ela, os outros almoçavam entre muitas risadas e conversas.
— Sabe, eu acho que esse Gold e essa irmã dele ainda vão aprontar uma boa pra gente – comentava Robin enquanto todos os outros prestavam atenção – Tipo sei lá, colocar a gente pra fazer uma versão de um grande musical da Broadway ou algo pelo estilo.
Todos riram mas Archie até que concordava
— Tem razão. Se bem que não iria ser tão ruim... um musical seria desafiador!
— Boa sorte pra vocês então, eu não sei cantar. Sorte a minha que só escrevo roteiros! 
— Ruby, você canta sim, só não mostra pra ninguém seu talento! – denunciou Regina sob o olhar de pavor da irmã.
— Tem outra coisa, pessoal – Robin começou outra vez e se curvou um pouco, num tom de voz baixo quase soletrou – Voces viram que as mãos do professor tremem de vez em quando? Será que ele é doente?
— Percebi isso também, desde o primeiro dia – comentou Regina fitando Robin intensamente. Os amigos nada diziam apesar de perceber a constante conexão de seus olhares – Mas não acredito que ele seja doente, não daria aulas numa universidade como essa se fosse.
 Todos os outros concordavam. 



Quando o almoço terminou Robin conseguiu alcançar David antes que ele fosse para a padaria de seu pai
— David, será que seu pai não está precisando de um funcionário? – ele questionou um pouco tenso, as mãos no bolso e os olhos que encaravam o amigo numa esperança descomedida.
— Olha, trabalho é o que não falta – David comentou e colocou a mão no ombro do amigo – Seu pobretão, não tem como pagar a mensalidade não é? É nisso que está pensando? 
Robin não quis dizer nada e os dois se abraçaram e foram tomando seu rumo. Até que ouviram a voz de Regina. David seguiu seu caminho lançando apenas um olhar furtivo a Robin.
— Você esqueceu sua jaqueta – a mão esquerda de Regina segurava o objeto que devolveu sorridente ao rapaz. Sem querer perder a chance, ao toma-la para si ele deslizou sua mão sobre a dela.
— Obrigada! – ele a encarou fascinado. – Qual são os planos pra hoje a tarde? 
— Estudar, aquele texto que Gold nos deu no final da aula... – ele assentia – Você pra onde vai? Quero dizer, se eu posso saber é claro – riram em uníssono.
— Ver se arranjo um trabalho. Não vou conseguir pagar essa universidade só cantando e me alongando – conseguiu faze-la rir outra vez como queria – A gente se vê? – a pergunta era mais um convite do que propriamente uma sugestão. A morena sorriu e ajeitou melhor os cabelos atrás das orelhas.
— A gente se vê...
— Regina... – ele deu um passo a frente e teve que controlar muito o impulso de beijá-la. Ela retraiu-se um pouco mas mesmo assim não o suficiente. Muito próximos um do outro os dois prenderam a respiração juntos sem se dar conta.
— Sei o que quer dizer Robin... te espero no saguão – ela sussurrou e sorriu, um misto de timidez e entusiasmo.
Robin deu dois pulinhos de costas antes de virar-se e sair correndo, sentindo-se leve e animado.



Cora subia mais uma vez no prédio onde ficava o escritório de Sidney, o detetive particular. Era um caminho conhecido, uma rotina quase diária. Eram degraus que representavam uma esperança que aos poucos ia se perdendo. E aquele ultimo fio do sentimento que ainda restava ia aos poucos se desgastando.

Afinal já eram dezessete anos sem uma única mísera pista do paradeiro de sua garotinha que a essas alturas já devia ser uma moça feita. 


— Cora! – o investigador, Sidney, deslocou-se de sua cadeira e foi cumprimenta-la. Os cabelos que agora eram um misto de branco com preto, que algum dia, Cora lembrava já foram totalmente pretos, estavam bem arrumados como sempre. Mas algo no ar e na maneira como murmurou seu nome a fez sentir que ele não estava tão contente em vê-la.  – Eu lamento dizer isso mas... 
— Já sei – ela proferiu sem emoção – Sem noticias, sem rastro. 
Pode-se ouvir o barulho de uma maquina qualquer que funcionava do lado de fora, devia ser uma obra. Mas naquele momento para Cora era como se estivesse quebrando seu coração ao invés das paredes que reformavam.
— Eu sinto muito, Cora, você sabe... Mas eu sinceramente acho que – ele suspirou – Acredito que uma criança na idade dela não tenha resistido, eu acho que sua filha...
— Nem pense em terminar essa frase, Sidney. – Cora sentiu o sangue subir ao rosto, o homem se calou no mesmo instante – Você sabe que as chances dela estar viva são muito mais altas do que imaginamos, e ela está! Eu sei, eu sinto! – vociferou. – Se você não quer seguir com a busca não há problemas. Posso seguir sozinha. O fato é que só vou desistir de Regina no dia em que eu morrer. 
— Cora, eu não disse que iria desistir! Estou tentando fazer você se conformar com essa possibilidade... por que ela pode sim ser real! – argumentava.
— Ninguém nunca te disse que não se deve duvidar de uma mãe? – ela voltou a encara-lo, os olhos rasos d’água – Se ela estivesse morta eu não sentiria esse peso no coração que sinto toda vez que penso nela, ela está em algum lugar! E eu vou encontra-la! 
— Nós vamos! Eu não vou desistir desse caso, eu acredito em você! Mas te advirto que você tem que estar preparada para tudo. – o homem continuou enquanto a mulher se esforçava arduamente para manter a calma – Me responda uma coisa, qual foi mesmo o dia em que sua filha sumiu? O dia em que sofreu o acidente?
— Vinte e nove de julho de mil novecentos e oitenta e dois. – respondeu como sempre respondia, com a firmeza que comprovava que jamais esqueceria essa data. 
— Está bem, vou voltar a procurar informações nos abrigos para menores, policia, hospitais, nessa data. Também vou procurar em datas posteriores para saber se há algum registro, alguma pista de alguém que possa ter pego Regina. 
— Vai passar por esse processo todo de novo, não achou nada e vai procurar nos mesmos lugares? 
— Detalhes podem passar despercebidos – ele deu um meio sorriso – Confie em mim! Sei o que estou fazendo. 


A fita rodava as imagens trazendo uma nostalgia incomum, e olhos vermelhos que corriam pela tela da televisão encarando a imagem do pequeno e tagarela Robin que corria pelo pátio com seu chapeuzinho em forma de cone. Seu aniversário de um aninho fora um marco na vida da família, Robin sempre fora tão querido por todos. 


Julie sempre fora uma mulher bastante forte. Ainda jovem se casou com Robert, apaixonada, cheia de ilusões e quando o filho veio ao mundo sentiu-se completa. Experimentou da felicidade da qual todas as mães diziam ter provado e que ela duvidava ser tão intensa mas que testemunhou crescer dentro de si a cada dia que passava. 

E já fazia uma semana que ele simplesmente sumira de sua vida. 


Robert aproximou-se ao vê-la sentada no sofá da sala com fotos do filho espalhadas por todos os lados, e a fita que seguia mostrando as imagens de seu primeiro aniversário. Tocou seus ombros singelamente e lhe depositou um beijo no topo da cabeça. 
Limpando as lágrimas, Julie retirou a fita. 
— Que milagre é esse? Por acaso se demitiu do hospital? – ela questionou irônica.
— Não, apenas vim dedicar um pouco mais de tempo a mulher que eu amo, é errado? 
Ela bufou e mordiscou o lábio numa tentativa vã de reprimir o que vinha a seguir
— Não acha que é um pouco tarde pra vir dedicar tempo a mim? 
— Julie, não comece.
— Robin sumiu de casa há uma semana e você não é capaz de mover um dedo pra ir atrás do seu filho e pedir desculpas, nada me tira da cabeça que você sabe onde ele está! – murmurou exaltada e virou-se para fitar o rosto insatisfeito do marido – Que tipo de coisa poderá me oferecer se não é capaz de aceitar nosso único filho como ele é!
— Só quero o que é melhor para ele – proferiu indo até a cozinha se servindo-se de whisky – Quero que ele se torne um homem decente! E não um sonhador que anda de porta em porta vendendo CDs!
— Cala essa boca! – a mulher levantou-se do nada, tremula pela raiva. Estava disposta a por tudo para fora – Você só está com medo do que seus amiguinhos médicos vão pensar, do que vão falar! Está aborrecido por que não poderá exibir seu filho como um troféu de medicina como eles fazem! Babaca!
— Eu não criei meu filho pra ser um fracassado! – gritou aproximando-se.
Julie deu um tapa no copo que segurava e a bebida esparramou-se assim como os cacos de vidro.
— Vou dar um jeito de trazer meu filho de volta pra mim. Nem que pra isso eu tenha que me separar de você.
— Julie! – no desespero agarrou seu braço.
— Me solta! – a mulher berrou tomando para si a garrafa de whisky.


David conseguira acertar com o pai alguma quantia em dinheiro que Robin receberia e assim se tornou ajudante na padaria. No inicio foi cômico, e os dois não paravam de rir um minuto até que um ou outro adulto aparecia para dar ordens e os dois fingiam que nada estava acontecendo.

Agradecido com tudo aquilo Robin mesmo sem saber muita coisa se esforçou ao máximo e no final daquele dia tudo o que ele queria era banho e cama, porem algo o despertou uma lembrança: ela o estaria esperando. 

Na verdade não estava, mas isso não o impedia de esperar a ela. O dia todo a imagem de seu sorriso vinha a mente, o remetendo um pedaço de céu, instantes em que o coração parecia sacudir seu peito ao invés de simplesmente bater. Momentos que ele queria eternizar. Todo o cansaço não era capaz de tirar o brilho que aqueles olhos traziam.

Por isso ao tomar o violão nos braços ele se sentou para espera-la fechando os olhos e inspirando lentamente. 



(Wonderwall – Oasis)
  
Today is gonna be the day
(Hoje será o dia)
That they're gonna throw it back to you
(Em que eles vão jogar tudo de volta em você)
By now you should've somehow
(Neste momento você já deveria, de algum modo)
Realized what you gotta do
(Ter percebido o que deve fazer)
I don't believe that anybody
(Eu não acredito que alguém)
Feels the way I do about you now
(Sinta o que eu sinto por você agora)
Backbeat, the word was on the street
(Por trás de você, andam dizendo por aí)
That the fire in your heart is out
(Que o fogo de seu coração apagou)
I'm sure you've heard it all before
(Tenho certeza que você já ouviu tudo isso antes)
But you never really had a doubt
(Mas você nunca teve duvida)
I don't believe that anybody
(Eu não acredito que alguém)
Feels the way I do about you now
(Sinta o mesmo que sinto por você agora)
And all the roads we have to walk are winding
(E todas as estradas que temos que percorrer são tortuosas)
And all the lights that lead us there are blinding
(E todas as luzes que nos levam até lá nos cegam)
There are many things that I
(Tem muitas coisas que eu)
Would like to say to you, but I don't know how
(Gostaria de dizer  a você mas não sei como)
Because maybe
(Por que talvez)
You're gonna be the one that saves me
(Voce será aquela que me salva)
And after all
(E depois de tudo)
You're my wonderwall
(Voce é minha protetora)




Uma segunda voz mais aguda soou o fazendo abrir os olhos e ela estava encostada em um dos pilares, os braços cruzados e o sorriso largo, completava os versos da musica.

And after all... – ela seguiu num ultimo acorde
You’re my wonderwall...


Completou deixando que um ultimo tilintar de cordas ressoasse e finalmente pode encarar aquele par de olhos dos quais sentiu falta durante sua dura tarde.

Não sabia por que a música havia combinado tão bem com seu momento. 


— Você parece triste... – Regina constatou assim que o violão deixou de ressoar.
— Cansado – ele murmurou sem jeito e deu dois tapinhas no sofá a seu lado para que ela se sentasse – E também estou com saudades da minha mãe!
Regina engoliu em seco. Embora não tivesse motivos para reclamar de sua família adotiva uma parte dela não era capaz de compreender essa dor. Ou talvez fosse, ela não sabia.
— Faz muito tempo que não a vê? – inquiriu num tom de voz doce, ele instantaneamente a fitou e sorriu de canto
— Não muito... a verdade é que eu acabei cometendo um erro. Bem, eu briguei com meu pai e, não dei mais noticias a nenhum dos dois.  – ele esclareceu e ficou em silencio.
— Está precisando de colo mas não quer telefonar e dar de cara com a voz dele não é? 


Ele se virou atônito sem entender como que com algumas poucas palavras ela havia decifrado tudo.
— Se lembra quando eu te disse que queria muito que alguém reconhecesse meu talento? E que eu amo muito essa pessoa? – ela assentiu – Então, é ele.
— Robin, eu estaria mentindo se dissesse que conheço esse tipo de sofrimento. Mas o que eu sei é que quando você ama muito uma pessoa, não é bom deixar que o orgulho fale mais alto – num instinto ela pôs sua mão sobre a dele – Ligue para ela, se quiser eu mesma peço o telefone de alguém emprestado, até do diretor. Ah! Na secretaria eles podem te emprestar! – ela sugeriu empolgada.
— Não queria deixa-la ainda mais preocupada. E se meu pai descobrir onde estou, se é que ele já não sabe, não duvido que ele venha até aqui trancar minha matricula.  – ele fitava o chão pensando, enquanto sua maior vontade era fazer exatamente o que Regina havia dito.
— Não é ele quem irá pagar sua mensalidade? É por isso que foi arrumar emprego?  -- ela voltou a apertar sua mão e Robin se derreteu com o contato.
— Por que está insistindo pra que eu converse com minha mãe? Por que quer fazer isso por mim? – ele questionou sem entender e Regina prendeu a respiração. 
— Por que você guardou essa pulseira pra me devolver, por que você foi muito gentil comigo e sobretudo – Robin pôde perceber sua voz entrecortar entregando uma emoção ate então desconhecida para ele. – Por que mãe é uma coisa preciosa Robin. A gente só tem uma.
Robin colocou a mão livre juntando a mão de Regina sobre a sua, acariciando-a com zelo.
— Vou pensar, está bem? – prometeu firmemente – Mas me diga, senhorita, você não me esperou mas eu te esperei, o que me dá chances de fazer mais perguntas! – ele tomou o violão outra vez no colo, dedilhando uma melodia qualquer sem prestar muita atenção.
— Ih, lá vem! – ela murmurou se ajeitando melhor no sofá.
— Me diga misteriosa Regina, hum, vamos ver – ele fechou os olhos a fazendo sorrir enquanto pensava numa pergunta – Ah sim, qual o dia do seu aniversário? 
— Seis de março de mil novecentos e oitenta e um! Agora por favor me deixe perguntar o seu!
— Mesmo ano, apenas quatro meses e vinte e três dias mais novo que você! – ele proferiu sorrindo ao ver Regina parecendo calcular
— vinte e nove...?  vinte e nove de julho? Vinte e nove de julho de mil novecentos e oitenta e um – ela deu um pulinho no sofá ao confirmar – Ora, ora parece que o jogo virou! – Robin estreitou os olhos – Sou mais velha então agora eu mando no jogo!
— Ah não! Como assim, Regina? – ele bradou indignado.
— Sua estação do ano favorita?
— Ótimo, papo de melhores amigas para sempre! – ele disse usando um tom de voz aguda e a risada de Regina pode ser ouvida por todo o saguão – Fala sério!
— Qual é Robin, não é coisa de garota ter uma estação do ano favorita! -- reclamou
— Primavera!
— A minha é o verão! – ela respondeu a própria pergunta – Ué mas por que primavera?
— Não sei, respondi a primeira que me veio a cabeça! – e foi a vez dele gargalhar ao observar sua expressão de frustração. 
— Sua banda favorita então? – ela continuou
— Jogo baixo, tenho várias – ele continuou se esquivando.
Ela bufou
— Você é horrível, Robin! – brincou exasperada. 
— Já sei que você gosta de Oasis – ele rebateu – Estava cantando comigo.
— É uma musica ótima! – ela concordou. 
Ele parou do nada  e a fitou se entregando com o olhar. 
— Que foi? – ela preferiu quebrar o silencio.
— Nada – ele voltou a tocar animadamente. 


Quando o cansaço foi mais forte que a vontade de continuar seu jogo de perguntas e respostas, Regina se despediu solene. Já passava das onze da noite, Robin duvidava que a mãe estivesse acordada. Mesmo assim foi até a secretaria, havia apenas uma funcionária ainda àquelas horas, organizava uma pilha de papéis e permitiu que o rapaz usasse o telefone.

Ele discou o numero sem ter ideia do que ia falar, ficou imaginando as inúmeras perguntas que sua mãe faria. Mas as palavras de Regina ecoavam em sua mente. Ele não poderia ser injusto daquela maneira com ela.


O telefone tocou duas vezes e então Julie o atendeu.
— Mãe? – foi tudo o que ele disse e pôde ouvir vários ruídos do outro lado. Imaginou que a mãe já estivesse deitada e se remexeu nos cobertores ao ouvir sua voz.
— Robin? – a voz embargada soou mais alta que o necessário – Filho? É você mesmo? Por favor me diga que é realmente você! 
— Sou eu mãe, sou eu. Fique calma! – ele pediu ao ouvi-la chorar. Do nada o nó na garganta dele se formou também – E a senhora está bem?
— Meu querido, como eu poderia estar bem? Você sumiu! Onde está? Com quem está? Robin nunca mais faça uma coisa dessa!s – Do outro lado da linha Julie tinha as mãos na testa, falava rápido como se tivesse medo de que o filho sumisse dali.
— Eu estou bem mãe, mas não vou dizer onde estou... Se meu pai me achar aqui... – ele fechou os olhos, as lágrimas desenharam duas linhas cristalinas sobre seu rosto – Liguei por que estou com saudades, pra dizer que te amo muito e que eu – ele suspirou – Eu sinto muito por tudo. 
— Você não tem que sentir nada meu menino, você estava apenas tentando mostrar que é forte – o consolou penalizada – Me dê o endereço filho, juro pra você que não contarei pro seu pai!
— Mãe, ele provavelmente já sabe. No jornal dessa semana tem uma foto minha... em fim só isso que posso te dizer – ele alertou e Julie ficou intrigada ao mesmo que prestava bastante atenção nas palavras do filho – Ele pode ter visto! Ele tem lido o jornal nesses últimos dias?
Julie emudeceu, pois não se lembrava. A névoa da dor pela falta de noticias do filho a havia cegado.
— Eu não sei amor, provavelmente sim. Mas foto? O que você esta fazendo para aparecer no jornal? – questionou e Robin sorriu. 
— Logo você saberá, apenas... mãe, se lembre sempre que eu amo você! – ele murmurou por fim quando percebeu que seria difícil fugir sem revelar mais uma pista.
— Eu também amo você, Robin. Lembre-se sempre disso.
— Tenho que desligar, se cuide! – e colocou o telefone no gancho, sem coragem de continuar ouvindo-a pois sabia que choraria mais.


Antes de seguir para seu prédio, aliviado por ouvir a voz da única pessoa que era capaz de completa-lo de maneira magnífica, entende-lo e apoia-lo não importava como, ele se dirigiu até a porta de outra pessoa. Alguém que, agora ele tinha uma ponta de certeza irremediável, também era capaz de curar suas feridas. 


Felizmente achou um pedaço de papel em seu bolso, em branco e correu até seu quarto pegar uma caneta. Voltou a porta da morena e escreveu para ela algo que, ele sabia, ela entenderia mais cedo ou mais tarde colocando-o sem seguida em baixo de sua porta.



“and after all
You’re my wonderwall”


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Notas finais do capítulo

Música Wonderwall https://www.youtube.com/watch?v=bx1Bh8ZvH84



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