Algo em meu coração diz para abraça-lo, mas faço ao contrario, lhe direciono um soco que não o acerta por pouco. A presença de Peter me causa diferentes sentimentos, como amor e ódio. Peter me olha assustado, talvez esperasse que minha reação fosse outra, assim como eu, de certo modo.

— Antes de me matar, podemos conversar? — ele questiona. Seria o certo? Não sei dizer, mas apenas concordo com a cabeça.

Sigo para a cozinha a fim de me servir de um pouco de cerveja caseira de Mary. É forte e assim que engulo queima minha garganta. Droga! Estou tão confusa e desesperada. No reflexo do espelho da cozinha, vejo que Peter está atrás de mim e logo corro para o outro lado. Fito o rosto do homem em minha frente, não mudou muita coisa desde a última vez que nos vimos há alguns anos.

— Quando chegou a Beacon Hills? — pergunto.

— Eu moro aqui. — ele me responde. Arqueio uma sobrancelha, não seria possível. — Eu já lhe disse isso, não se lembra?

— Claro que lembro. — minto. — Eu só tinha esquecido por um momento.

Ficamos calados por alguns bons e irritantes minutos que parecem uma eternidade. Peter examina cada detalhe na casa e eu examino cada detalhe em seu rosto, corpo e vestimentas. Abaixo de seus olhos habitam tremendas olheiras, e parece estar mais magro, já que sua camisa está um pouco maior, suas mãos tremem a todo instante. Algo está errado, não sei se devo perguntar ou se o deixo falar primeiro. O silencio está gritante.

— Ainda bebe sangue de animal? — ele pergunta ainda olhando para tudo e ao mesmo tempo nada, porém não parece tão interessado.

— Sim. — o respondo. — O que está acontecendo, Peter?

Ele me encara. Em seus olhos percebo então, que aquele brilho que sempre existiu não habita mais Peter Hale. Eu gostaria de abraça-lo, mas todas as memórias que ele está não são nada boas. Apenas caos, tormenta e confusão... E um coração partido.

— Derek está doente. — diz ele após alguns minutos. — Há algum tempo, ele saiu de Beacon Hills e não deu noticias por mais de três meses. Quando retornou, ele estava estranho. Não comia mais nada, mal dormia e só dizia que eles estavam chegando.

— Eles quem?

— Não sei.

— Há quanto tempo ele está assim? — suspiro. Peter e Derek nunca foram muito chegados, uma linha tênue de ódio sempre habitou ambos.

— Três ou quatro dias... Eu preciso que me ajude a encontrar o que está errado em Derek. — uma lágrima escorre de seu olho direito e ele a limpa imediatamente. — Derek é minha única família.