Here Isnt Alice escrita por Airi


Capítulo 3
Between rabbits and cemeteries


Notas iniciais do capítulo

Aeee! Achei que não ia conseguir até o final da semana, mais ai tá! Consegui no meio da semana esse que é o melhor ! X Esse ficou um pouco mais comprido que os outros, sei lá porque '-'; mas ficou! XD. uHSUAHSAUHS, enfim, espero que gostem desse novo capitulo e o que eu puder mudar para a historia ficar boa me avisem por favor! Boa leitura!



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Eram 8h da manhã quando Elizabeth entrou no quarto de Annie a chamando para seu tratamento. Ela ficou rolando na cama pedindo mais cinco minutos, até que se convenceu de que não iria para a escola e sim fazer um tratamento e se levantou.

- Bom dia Annie! - Elizabeth disse toda animada - Como foi a noite?

- Péssima... podemos acabar logo com isso? - Ela disse em tom de mau humor.

Aquele "modo" de Annie fez a senhora rir e começar a tagarelar de seus tempos de jovem, o que deixava Annie cada vez mas irritada com o seu novo dia. O tratamento foi rapido e simples, havia um médico na sala que Elizabeth tinha a levado e ele era muito simpático, se chamava Carlos e disse que seria seu médico daqui em diante. Ele fez alguns exercicios de fisioterapia, deu algumas injeções nela e fez alguns outros exames simples de toque e então Annie finalmente estava livre para passar o resto da tarde a onde quisesse e o que ela mais queria naquele momento era encontrar John e ir para o cemitério.

- Viu como não foi tão ruim? 

- Ééé, não foi... - Annie falou meio distraída - ... a onde está o John?

- Ah querida... John está dormindo ainda... ele acorda só perto da hora do almoço... 

- Mas você não disse que eu poderia ir no cemitério e... 

- Você poderá ir querida, mas... receio que hoje não dê... sabe - Ela começou a falar com uma voz um pouco preocupada - ... meu neto não anda muito bem por esses dias...

- Ah... entendo... então eu vou me deitar mais um pouco Senhora Beth, nos vemos depois... 

Annie saiu andando pelo corredor deixando a senhora falando sozinha. Como assim não poderia ir ao cemitério hoje? Eles tinham combinado! Estava tudo certo e ai ela poderia finalmente ler aquela porcaria de diário. Em meio ao seus pensamentos Annie não percebeu para onde estava indo novamente e assim foi parar em um corredor, familiar, mas agora cheio de pessoas.

- É... o que está acontecendo aqui? - Ela perguntou aletoriamente.

- Além de anti-social quer se meter no velório dos outros... ela nem te conhecia novata! Sai daqui... 

Uma menina loira bem mais alta que Annie falou com a voz bem afiada e a olhando feio enquanto esperava que Annie saísse dali, mas não foi o que ela fez. Ela estava em estado de choque ao escutar a palavra "velório", então aquela sala que tinha entrado antes era uma sala para velórios e uma garota tinha morrido.

- Morte... morte... - Annie começou a repetir para si mesma com seus olhos perdidos em um ponto fixo do chão.

A garota não estava entendendo nada daquilo e quanto mais Annie repetia a palavra, mas a garota se assustava. Antes que Annie se ajoelhasse no chão como uma louca, alguém pegou sua mão a levando longe dali. Chegando no pátio a pessoa soltou sua mão e perguntou com preocupação.

- Você está bem? Conhecia a Sophi? 

Annie se virou, agora mais calma, e encarou Richard.

- Não... eu não conhecia essa garota que... morreu... mas como assim pessoas morrem aqui! Não era para ser um centro de recuperações? - Perguntou indignada.

- E é um centro de recuperações... mas tem pessoas que não reagem ao tratamento senhorita... - Ele disse um pouco triste.

- Você conhecia ela senhor Richard?

- Ela era... amiga da minha filha... 

- Sua filha está aqui?

- Estava... ela se recuperou a um tempo já e voltou para a mãe... 

- Entendo... - Annie disse olhando para os lados - Richard... posso lhe pedir um favor? 

- Um favor? Ah, creio que sim senhorita...

- Pode me chamar de Annie, não precisa de todas essas cerimônias! - Ela disse em um tom brincalhão já se esquecendo do que tinha acontecido anteriormente - mas então... preciso ir a um cemitério, este aqui na verdade - Annie tirou de seu bolso o papel que seu pai tinha dado e entregou a Richard - ...fica aqui perto não é?

Richard examinou o papel com cuidado e começou a murmurar algumas coisas que Annie não entendeu bem, mas pelo rosto simpático do motorista ela pode entender que ele a levaria lá sem problemas.

- Na verdade é o único cemitério desta antiga cidade, fica a alguns minutos daqui senh... quer dizer, Annie... - Ele disse se corrigindo - ... posso te levar sim...

Ele entregou o papel a Annie que abriu um largo e esperançoso sorriso para o motorista. Eles caminharam até o carro e entraram, seguindo até o endereço.

- Richard, não conte nada a Senhora Beth está bem? Não sei porque, ela está querendo prolongar essa minha viagem até lá... 

- A senhora Beth? - Ele começou a rir bem alto - Não não, deve estar vendo as coisas de um jeito errado, ela jamais faria isso com um paciente...

- Eu sei o que vi! - Annie falou emburrada - ... Agora vai dizer que ela é uma santa? Pode ser velha, mas não é boba Richard! Ela conheceu minha familia, a parte antiga claro, mas tem alguma coisa ai...

- Você mal chegou e já está querendo trazer encrenca? 

- São assim que as coisas funcionam para mim... sabe, não é encrenca, mas odeio quando escondem as coisas de mim como se eu fosse uma criança... e outra, quando estavamos vindo ontem você disse que tinha visto um coelho não é? 

- Nossa, você ainda lembra disso? Bom... 

Vendo que Annie estava seria, Richard resolveu parar de trata-la como uma pequena menininha e falar serio agora.

- ... sim Annie... mas acho que vi coisas demais...

- Não o senhor não viu! - Ela disse triunfante - ... eu o vi também, parado na frente da minha sacada, me olhando tão curioso quanto eu Richard! 

Ele não conseguiu segurar o riso e mais uma vez começou a rir alto enquanto ia parando lentamente o carro.

- Você desmaiou aquele dia Annie, deve ter apenas sonhado com o que eu disse...

- Mas eu... - Ela começou

- ... chegamos...

Annie esqueceu do que ia falar e se virou para encarar a entrada do cemitério pela janela do carro.

- Você vai me esperar aqui certo? 

- Estou a sua disposição... agora vá... 

Ela apenas assentiu com a cabeça e abriu a porta do carro indo em direção ao grande portão enferrujado. Era enorme como tinha pensado e bem velho, as paredes estavam todas cobertas por folhas e musgo, as arvores cobriam totalmente as lápides, o sol apenas iluminava algumas frestas do caminho. Annie abriu a porta com cuidado, pois parecia que ela cairia a qualquer momento, e entrou olhando atenta e curiosa para cada canto, mesmo com medo, ela estava maravilhada com os detalhes antigos e bem conservados. Dariel fazia falta nesses momentos angustiantes, ela tinha certeza que se ele estivesse lá se sentiria mais protegida, mas já que estava lá não perderia nenhum segundo a mais, já que tinha que voltar antes que Elizabeth sentisse sua falta. Foi andando por entre os caminhos entre as lapides olhando os nomes das familia e nada. Percorreu a entrada toda e só via nomes desconhecidos, até que achou um caminho diferente que dava para um túmulo enorme entre duas arvores. Annie se aproximou com cuidado olhando para ele e quanto mais chegava perto os detalhes iam aparecendo, revelando uma tremenda obra de arte. 

Não tinha erro, a placa dizia "Família kingsley" e logo abaixo tinha o nome de alguns membros da família com suas fotos. Naquele momento Annie percebeu que estava faltando algo.

- O diário... - Ela disse em um sussurro - ... não acredito...

Ela tinha esquecido o principal! E ainda por cima não sabia com quem "falar" já que tinham 3 mulheres enterradas ali. Se sentou ao lado do túmulo olhando para o céu azul daquela tarde de primavera, tudo parecia tão calmo e pacifico. Claro, era de manhã e todos ali estavam... bem, mortos. Annie fechou os olhos por um breve momento sentindo a brisa fresca assoprar sua nuca e balançar levemente seus cachos. Se ao menos soubesse voar, estaria longe de qualquer problema, de qualquer pessoa que a tentasse impedir de chegar ao seu destino, seu curso. Parecia até que as coisas estavam a guiando para os lugares."Gostaria de poder ficar assim para sempre" ela começou a pensar enquanto abria os olhos e se levantava.

- Mas não posso... 

E assim começou a examinar os nomes e fotos, determinada a achar a mulher, dona do diário. Olhou uma tal de "Helen", depois "Carmen" e por ultimo...

- Alice... - Annie olhou para foto da menina - ... que nome bonito ela tinha... eu gostaria que o diário fosse dela... 

Ela passou a mão pela foto tirando um pouco do pó e vendo que era a foto de quando essa tal de Alice era jovem e notando o quanto elas eram parecidas, tirando alguns traços do nariz e da boca, mas os cabelos eram iguais, até o formato era, os olhos, a fisionomia, até a palidez do rosto. Mas não tinha muito tempo para se distrair com aquilo, e então fechou seus olhos.

- É... eu não sei mesmo quem é você e acho que vou descobrir quando puder abrir seu diário... então estou aqui para lhe pedir permissão e dizer que hoje irei abri-lo... - Ela disse com a voz tremula - ... vou cuidar dele como se fosse meu... eu te prometo isso... e quando eu finalmente souber quem é eu venho aqui falar.. é... com você... e te... bom, agradecer... 

Annie abriu os olhos novamente olhando em volta e vendo que estava mesmo sozinha. Que bom. Se alguém a visse daquele jeito, falando praticamente sozinha, achariam que ela estava louca, maluca, fora de si. 

Já que tinha terminado, não tinha mais nada que a impedisse de correr até o carro onde Richard estava, alias, estaria, porque quando ela saiu do cemitério não tinha mais ninguém lá, nenhum carro e nem sinal do motorista.

- Ri-richard? - Ela perguntou nervosa.

E nada. Onde ele estaria? Annie começou a passar um pouco mal, na verdade se sentindo meio tonta e seu coração estava disparado. Começou a olhar em volta e nada, não tinha uma alma viva e nem morta por ali, para ela pedir informações ou carona de volta ao centro, talvez esse era o problema de estar em uma cidade antiga no meio do nada. Não tinha outra opção a não ser andar, não sabia o caminho de volta, mas era melhor do que ficar ali achando que alguém sentiria sua falta e iria busca-la. "Grande momento para confiar no motorista Annie, da proxima vez venha de bicicleta, faça algum exercicio!" Ela dizia para si enquanto ia caminhando pela estrada de terra deserta. 

O caminho era cansativo e ela não fazia a menor ideia de onde estava, tudo o que ela via era mato, arvores, mato, arvores, coelho, mato...

- Coelho? - Ela disse parando de andar e olhando para frente com a vista já meio turva - ... coelho?

Não conseguia ver direito, mas tinha certeza de que era a forma de um coelho que estava vendo. Suas pernas cederam e ela caiu derrotada no chão. Já deveria ter tomado seu remédio, já deveria estar de volta e ela ainda queria saber onde Richard estava. Annie respirou fundo e olho para frente novamente ainda vendo o coelho ali parado, parecia até que ele estava esperando ela se levantar.

- Não sei se vai me entender, mas poderia me mostrar a onde fica o centro de recuperações? Você já me viu lá... - Ela estava arriscando falar.

Não podia ficar mais louco do que aquilo.

- Eu... eu... eu... - saiu uma voz amedrontada do coelho - ... eu... eu... posso... posso ajuda-la! Sim, sim, posso... - Ele dizia rapido começando a saltitar para frente - Por aqui sim! Por aqui menina!

Ela tinha pensado errado, podia muito bem ficar mais louco do que aquilo. O coelho falava e tinha entendido o que ela disse. 

Não perdendo mais tempo, Annie se levantou e começou a andar atrás do coelho, mesmo debilitada não iria desistir de chegar sã e salva até seu destino e mesmo sendo loucura seguir um coelho que fala e usa um colete azul ela faria aquilo. Porque? Nem ela sabia o porque. Ele começou a andar cada vez mais rapido, mantendo uma distancia que seria considerada "segura" para o pobre bichinho.

- Ei, ande mais devagar amiguinho... não consigo te acompanhar assim... - Ela disse docemente tentando andar mais rapido.

- Rapido! rapido! Estamos quase lá, quase lá, vem vem... - ele dizia apressado, equanto olhava para todos os lados - ... não desista agora, quase, quase chegando...

Annie andou por mais alguns minutos e sua visão ficou totalmente escura. Ela apenas conseguia escutar "Isso isso! Você chegou, isso!" ele dizia satisfeito com o proprio trabalho e logo uma voz familia foi se aproximando a passos rápidos.

- Annie? Annie - John dizia preocupado - O que aconteceu com você, fala comigo! Porque está aqui deitada no chão? A onde estava? 

As perguntas se embaralhavam na mente de Annie a deixando ainda mais confusa, desse jeito ela não iria conseguir pensar, precisava mesmo de silêncio e era o que menos estava tendo.

- John? O que é isso ...

Ela escutou a senhora Beth se aproximando

- ... achou Annie? Oh meu deus - ela disse mais proxima a eles - ... vou chamar o doutor Carlos... o que aconteceu a ela?

- Não sei vovó ... - ele disse perturbado - ... quando cheguei eu a vi assim...

E então Annie apagou de vez, não podendo mais ouvir ou saber quem estava a sua volta. John a levou para dentro, a colocando em sua cama e a cobrindo. Logo o doutor Carlos chegou com o tipico remédio que ela tomava para melhorar. O problema dos desmaios de Annie era que quando eles aconteciam, seu corpo parava totalmente de trabalhar, como se ela estivesse morrido, então se não tomasse seu remédio logo ela simplesmente ficaria daquele jeito para sempre. Por sorte, o medico chegou a tempo e Annie voltou a respirar, como se estivesse dormindo.

- Acho que ela fez muito esforço... por isso o desmaio... sabem de alguma coisa? - Carlos perguntou calmo, ja aliviado por sua paciente.

Os dois balançaram a cabeça negativamente. Ninguém sabia o motivo de Annie ter desmaiado e nem sabiam onde ela estava antes. Carlos chegou a conclusão de que apenas perderia tempo ali e então mandou a Senhora Beth o acompanhar até os outros pacientes e pediu a John que tomasse conta de Annie.

- Sem problemas! - Ele disse meio entusiasmado - ... agora que ela está bem, tudo bem...

A tarde passou e a noite estava já sendo anunciada pelas sirenes do lugar. Todos os que estavam lá fora começaram a entrar. Os poucos raios de sol que ainda tinha no céu entraram pela janela do quarto de Annie e a acordaram. 

- Annie... - John disse feliz segurando a mão dela - ... você está bem? O que aconteceu com você!

- Coelho... o .. coelho - ela disse meio tonta - ... ele me ajudou a chegar aqui...

- Coelho ? - John começou a rir - Ah claro... acho que você bateu a cabeça com bastante força, por isso estava caída no chão da entrada...

- Eu estava? - Ela perguntou chocada.

- Tanto estava que nem se lembra... Annie, você está aqui a dois dias contanto com hoje, onde pensa que estava indo?

- Na verdade... eu tinha... bom... - Annie começou a enrolar - ... é...

- Fala logo... - ele disse impaciente.

- Eu tinha ido naquele cemiterio para pedir a permissão... ah, você lembra... ficamos de ir juntos ontem... - Ela disse sem jeito.

- Porque não me esperou? Ir sozinha... sem ninguem é perigoso! 

- Mas o Richard foi comigo! - Ela retrucou nervosa - ... eu não estava sozinha! Mas quando eu voltei ele sumiu John, a culpa não é minha! Ele que me deixou sozinha...

Annie começou a tossir depois de seu excesso de raiva e então John resolveu ceder e deixar quieto aquele assunto, pelo menos ninguem tinha sumido ou se ferido.

- Tá... tudo bem Annie, mas pelo menos fez o que queria?

Ela balançou a cabeça positivamente e pegou o diário que estava ao seu lado.

- Finalmente poderei ler ele... ee... então, quer escutar pelo menos o inicio?

Como John estava curioso, ele abriu um grande sorriso esperando Annie abrir o diário e revelar todo o misterio que o seguia desde que ela tinha chegado. Com cuidado, ela pegou a chave que estava pendurada em seu pescoço e abriu o cadeado, tirando ele e abrindo o pequeno caderno, ali, logo na primeira pagina tinha a foto da dona.

- Aliice! - Ela gritou satisfeita - .. era dela John! Olha olha! - Ela pegou a foto e mostrou para o amigo - ... não somos parecidas?

- Assustadoramente parecidas... - ele disse pegando a foto e olhando mais de perto - ... é como uma versão sua... loira... 

- Ou... - ela disse pensativa - ... eu sou uma versão morena dela...

- Pode até ser... mas então, o que tem escrito na primeira pagina?

Ele disse tentando olhar o diário enquanto devolvia a foto para Annie.

- Vejamos...

Ela parou de falar por alguns instantes lendo mentalmente o que tinha ali. A letra minuscula e meio tortinha dizia muitas coisas sobre a forma de Alice se expressar, pelo menos para Annie dizia muita coisa. 

- E então? - John perguntou com expectativa.

- É o seguinte... aqui diz que ela...

- Não! - John disse a interrompendo - Você tem que ler com as palavras dela, o que ela escreveu se não não tem graça Annie...

- Tem certeza disso? Pelo que li aqui, ela era mais doida do que eu John...

- Chega de frescuras e começa a ler...

- Está bem... - ela disse derrotada.

"20 de Maio de 1868,

 

Estou começando a escrever nesse pequeno caderno sobre minhas aventuras em "Underland", que descobri que antigamente eu chamava de "Wonderland". Não quero me esquecer novamente deles, pois temo jamais poder voltar para lá. Estou em meio a uma viagem para o Oriente Médio, não sei mesmo o que vou encontrar lá e nem o tempo que vou demorar para voltar, mas a viagem está sendo muito divertida, melhor do que casar com Hamish, o filho dos Ascot. Consegui me livrar deste tipo de vida, por enquanto. Não sinto que estou pronta para casar e consegui tomar essa decisão graças aos meus amigos de Underland. Bom, vou escrever um pouco das caracteristicas de cada um e o que eu mais sinto falta. Eles são especiais para mim e fico muito contente em ter descoberto que eles não eram apenas um sonho e sim a realidade. Estou atrasada para a reunião, vou terminar isso rápido e poderia passar o resto da tarde descrevendo todos os meus amáveis amigos. Mesmo se passando apenas alguns dias, já sinto a falta da loucura deles que me fazia parecer tão normal."

 

- e... fim. - Annie disse enquanto fechava o diário.

- Só isso ? 

- Claro que não John! Esse foi o fim do primeiro dia em que ela escreveu no diário...

- Ah... entendo... não pode ler mais? Isso realmente parece invenção de alguém, não pode ser real essa coisa que ela está dizendo...

- Como sabe se ela nem descreveu? Estou tão curiosa quanto você para entender que lugar é esse que ela está falando...

- Mas agora... - Uma terceira voz veio da porta do quarto - ... o John vai sair e eu vou conversar com a nossa querida fujona...

Elizabeth abriu a porta do quarto e foi em direção de Annie se sentando ao seu lado na cama e olhando para John, que na mesma hora se levantou e sorriu para as duas enquanto saia do quarto. 

- Finalmente a sós... e fique calma, já sei onde esteve, Richard não foi o culpado... não... totalmente...

- Como assim? 

- Eu o chamei até aqui, e na intenção de portege-la ele veio correndo com o carro e não me disse nada, fiquei sabendo agora a pouco por ele mesmo, que está lá embaixo todo arrependido por saber que você poderia ter se machucado feio...

- Não... - Annie disse paciente - a culpa não é mesmo dele, se eu não tivesse pedido isso, jamais teria ficado sozinha lá...

- Mas está tudo bem agora e você está aqui conosco e fez tudo o que tinha que fazer... esta se sentindo melhor não é mesmo? - Ela perguntou preocupada pegando na mão de Annie.

- Sim sim... - Ela respondeu confiante - ... melhor impossivel! 

- Então... - Elizabeth tirou um papel e uma caneta de sua pequena bolsa e entregou nas mãos de Annie - ... escreva sua carta semanal para seus pais... como ela vai demorar pra chegar é melhor escrever hoje...

- Aqui não tem telefone não é mesmo? - Annie perguntou emburrada.

- Infelizmente, não tem... as unicas coisas eletronicas que temos aqui ficam ligadas por um gerador..

- Ooh... entendo... então vou escrever a carta, muito obrigada Senhora Beth...

Elizabeth se levantou e saiu do quarto, deixando Annie com um pouco de privacidade para poder escrever sua carta para a familia. 

 

"Papai, mamãe e irmão,

Como estão? Por aqui está tudo... indo. Confesso que tudo o que eu esperava acontecer não aconteceu, tanto as coisas boas, quanto as ruins, engraçado não? Mamãe, você tinha razão, fiz amigos... quer dizer, um amigo, o John neto da Senhora Beth que por sinal, tambem é doente. Estou fazendo direitinho o tratamento e hoje foi o meu segundo dia aqui, estou escrevendo agora porque até chegar ai vai demorar um pouco, então tudo bem. Papai, já fui no cemitério e comecei a ler hoje o diário, realmente interessante e eu e a Alice(a dona do diário) somos muito parecidas! Fiquei muito feliz em saber que estou lendo o diário de uma ancestral minha que tenha a minha cara! Estou mandando a foto para vocês verem e Bill você odiaria aqui, o lugar é escuro, não tem sinal de tecnologia e estamos no meio do mato! Quero noticias logo está bem? Sinto muito a falta de vocês, mesmo só se passando dois dias. Amo todos,

Com carinho,

                        Annie."

 

Ao terminar Annie saiu de seu quarto e foi andando no corredor até achar Elizabeth.  Entregou a carta a ela e acompanhou John até o refeitório, só aquela hora que ela descobriu que estava morrendo de fome, porque não tinha comido nada o dia todo. Após o jantar nada muito novo, ela ficou conversando com John por mais algum tempo e voltou para o quarto se deitando junto com Dariel. E pela primeira vez sentiu um aperto enorme em seu peito, como se seu coração tivesse sumido, ela estava sentindo falta de sua familia. Algumas lagrimas começaram a cair tímidas por seu rosto, até tomarem um rumo descontrolado. Dariel ficou fazendo carinho nela, como se estivesse preocupado e assim Annie continuou chorando, agarrada a Dariel, até dormir.

A mesma coisa foi durante quatro meses. Ela lia sempre um pedaço por dia do diário com John, eles discutiam sobre o que era e não era loucura, todo dia de manhã ela tinha tratamentos e remedios para tomar, a tarde ela e John sempre iam passear pelo bosque e durante os fins de semana eles passavam a noite acordados vendo o céu e contando as estrelas enquanto os outros adolescentes brincavam e se divertiam com as coisas da sala de jogos. Annie tinha finalmente aprendido que podia gostar das coisas mais simples da vida, como apenas deitar na grama e olhar para o céu sem fazer absolutamente nada e o mais engraçado era que ela sempre tinha abominado aquilo e agora estava gostando. Eles ignoravam completamente todo o resto dos jovens agora, não era necessario ficarem chateados por não terem muitos amigos ou serem o centro das atenções, dividiam historias boas e ruins e micos da escola de quando eram menores por causa das doenças. 

John fazia parte de sua vida agora, tinham se tornando melhores amigos e isso era muito importante para a saúde deles tambem, um apoiava o outro e sempre dividia suas preocupações. Na maioria das vezes era Annie que chorava descontroladamente por falta de seus pais e John a confortava. Apesar da dor ela tinha se acostumado a viver daquela maneira e sempre que recebia a resposta de sua carta ficava animada, porque seus pais sempre mandavam um presente, as novidades e palavras de incentivo e conforto. Isso ela evitava se fazer com John por saber que era dificil para ele lembrar que não tinha seus pais ali com ele.

O coelho tinha parado de aparecer de dois meses em diante e tudo parecia estar indo ou voltando ao normal. Mas a pior de todas as noticias estava por vir e ela chegou em uma manhã fria de inverno.

Annie estava deitada em sua cama dormindo aconchegada com Dariel, quando escutou algumas batidas rápidas em sua porta.

- O que fooi? - ela disse sonolenta - estou dormindo John, volte mais tarde...

- Annie? - A voz de Elizabeth soou pelo quarto enquanto ela entrava - acorde...

- Senhora Beth? - Ela perguntou estranhando e logo se levantando - O que aconteceu?

- Se acalme... está bem... preciso conversar com você sobre uma coisa seria que aconteceu esta madrugada...

- O que aconteceu? Alguma coisa com os meus pais? 

- Não... eles estão todos bem... é... o... - Ela parou respirando fundo - ... John...

- O que tem o John? 

- Venha comigo... - Elizabeth abraçou Annie de lado a levando para fora de seu quarto.

 

 


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Notas finais do capítulo

E... FIIM! Do terceiro capitulo obvio '-'; UASHUAHSUAHS, ficou bom? :X ; preciso muito saber viu povo! enfim, acho que daqui a alguns dias ja venho com o quarto capitulo! Claro, se voces gostarem deste né '-' ; Bejinhos e até a proxima :*



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