Outra Dimensão escrita por ACLFerreira


Capítulo 81
Minha motivação




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Yoko observava o grupo discretamente enquanto bebia água durante um dos intervalos. Supostamente, com a volta de Sarada, ela devia voltar a sua equipe original e, em teoria, ela não fazia mais parte do time Konohamaru. Contudo, nada a impedia de “topar” com eles vez ou outra durante um treinamento ou outro.

Supostamente!

Seu radar interno sentia a presença de seus dois outros companheiros vigiando o Campo silenciosamente. Mesmo com tudo o que acontecera desde do Exame, eles continuavam com a mesma missão mesmo como membros oficiais da Anbu. Muito embora somente seus pais soubessem... e o Conselho Uchiha já que eram obrigados a informar aos superiores dos Clãs sobre membros que fossem agregados ao esquadrão.

Faziam uma equipe concisa, Mestre Yamato não aceitaria nada menos do que isso, e aprenderam essa valiosa lição desde do início. Tanto ela quanto seus companheiros sabiam que podiam contar uns com os outros para proteger suas costas.

— Você está muito a vista - comentou uma voz a suas costas, mas a morena não se voltou.

— Ninguém enxerga o que está bem debaixo do seu nariz, querido! - ironizou, mas recebeu como resposta apenas o silêncio. - E eles já estão acostumados com a minha presença, não estranhariam.

— E ninguém estranharia se não aparecesse mais.

Ela o observou pelo canto do olho. Quando em serviço era muito difícil ver o Uchiha sem sua máscara, mas chamaria muita atenção naquele tipo de situação e levantaria questões que não poderiam responder. Claro que tinham missões convencionais como Anbus, mas em geral eram missões rápidas ou de segurança. Nessas ocasiões, outros revezavam com eles.

— O que está acontecendo, Yoko?

A moça não respondeu.

— Eu poderia perfeitamente descobrir sozinho...

— A menos que queira ter o nariz e alguns outros ossos quebrados, não se atreveria - ameaçou, séria, fazendo-o olhá-la pelo canto do olho.

— Sabe que pode confiar em mim, não é? Estamos todos no mesmo barco aqui.

Mas ela estava com os pensamentos longe dali:

 

— O que está me dizendo, sensei?

Sakura estava de costas para ela olhando para o campo no quintal de sua casa sem na verdade vê-lo.

— É isso mesmo que você ouviu, Yoko! Temos apenas mais uns anos antes que as coisas fiquem realmente graves e a segurança deles mais do que nunca deve ser uma prioridade.

A jovem baixou o olhar, suspirando. A Mestra deixara bem claro, após alguns meses de treinamento, que sabia que ela não estava ali para aprender os segredos do Clã de ambas. No entanto, ela prometera que não revelaria a ninguém, mas lhe dera valiosas lições e um excelente controle de sua kekei-genkai. Ela nunca tivera quem a ensinasse, pois sua mãe morrera pouco após ela ter nascido.

Devia muito a Sakura, pois muitas vezes ela se comportava mais como uma mãezona do que como uma Mestra linha dura.

— Não posso te adiantar muito, mesmo porque Naruto e Sasuke não querem alarmar ninguém mais do que já estão, mas recebemos de fonte confiável que nosso tempo está se esgotando.

Yoko nada disse, atenta as palavras da outra.

— Lembra quando lhe contei a história do nosso Clã?

A jovem assentiu.

— Nós sempre vivemos nas sombras, sempre guardados como um valioso recurso em tempos de guerra e cidadãos insignificantes em tempos de paz. Foi assim que ficamos reduzidos a tão poucos membros nos dias de hoje - disse a senhora, o tom de voz parecendo tão infeliz quanto suas palavras.

— Menos para os Senjus...

— E foi nossa perdição no final das contas - disse a Mestra, suspirando. - Passamos por alguns quase extermínios antes de aceitarmos que seriamos mais fortes com alguém mais forte. Um Clã de guerreiros que vivia metido em conflitos soube valorizar nossas habilidades e forjou uma aliança que perdurou por muitos anos. Até alguém decidir que éramos por demais insignificantes para ocupar o lugar que foi nosso por mais de trezentos anos.

Yoko olhou para o próprio braço.

— Poucos sabiam o que era o Rosário, alguns acreditavam que não passava de um mito, e como poucos de nós tinha o perfil guerreiro poucos eram aqueles que viram o Rosário realmente em ação. Sua bisavó foi uma das últimas guerreiras de nosso Clã, Yoko, e olha como ela terminou seus dias. A única coisa boa disso foi ela ter conseguido sobreviver ao extermínio.

— A que preço?

— Destinos como o de sua bisavó e a minha é somente para os verdadeiramente fortes. A cada vitória nos tornamos mais e mais fortes não só física como mentalmente também. Nossa genética é privilegiada, mas o que verdadeiramente nos define é nossa determinação em seguir nosso próprio caminho.

A garota manteve o olhar perdido no horizonte. Custara-lhe umas boas horas de discussão com seu pai para que ele realmente aceitasse que ela se inscrevesse na Anbu, como o Rokudaime Hokage sugerira. Ele esperava que ela escolhesse a carreira médica, como a mãe, e até hoje preferira ignorar o que a filha fazia. Não a magoava, claro, mas preferia que ele realmente se orgulhasse dela.

— Vou protegê-la, senhora, eu prometo.

— Eu sei que vai dar o seu melhor, Yoko, mas tome cuidado - disse a sensei, finalmente se voltando com um sorriso. - Odiaria perder minhas duas filhas.

A jovem corou violentamente, mas se curvou respeitosamente.

 

— Muitas coisa ainda vai acontecer, Madara - comentou, seus pensamentos voltando-se para o tempo presente. - Devemos estar mais do que nunca preparados para o que está por vir.

O rapaz suspirou, muito sério. Não era segredo para a equipe a extrema devoção que Yoko desenvolvera com relação aquela família devido a sua proximidade, mas achava que aquilo as vezes nublava seu raciocínio.

— Sei que vocês acham que eu exagero - comentou, olhando para os três que treinavam tão concentrados que não reparavam nos dois que conversavam a alguma distância.

— Às vezes - ironizou o companheiro, rindo, deixando-a com mais raiva ainda. Os dois pareciam duas crianças novamente nos tempos da Academia.

Embora normalmente o problema dela fosse Satoshi com sua falta de preocupação, Madara conseguia irritá-la sem nem mesmo se esforçar. Conseguia lidar com sua frieza característica de um Uchiha, mas perdia o foco quando ele mudava para o modo brincalhão e parecia que falava com outra pessoa. Às vezes, achava que ele tinha mais de uma personalidade.

— Dá para voltar ao “Modo Uchiha”? Não tô com saco para lidar com seu outro “eu”.

Ele riu. Divertia-se com a irritação da companheira, mas foram interrompidos por Satoshi no comunicador:

— O casalzinho encerrou a DR aí ou ainda vão demorar?

Os dois coraram, mas Yoko respondeu quase imediatamente:

— E dá para levar algo a sério pelo menos uma vez?

O rapaz resmungou do outro lado, mas podiam sentir que, ao contrário das outras vezes, sua voz soava preocupada.

— Tem uma oscilação de chakra estranha a oeste... e a essa hora não deveria ter ninguém lá.

— A central não acusou nenhuma invasão?

— Nem piscou...

Os dois companheiros acharam que talvez não fosse nada, talvez apenas um genin fazendo um treinamento solo ou aprontando travessuras, mas, como estavam a toa, não custava verificar.

Nesse meio tempo, Konohamaru analisava a evolução de seus alunos, satisfeito com o progresso. Apesar de suas severas restrições ao tipo de treinamento que os Anciões faziam, tinha de admitir que fizeram um ótimo trabalho com Sarada. Mas Boruto ainda precisava aprender a compensar a limitação de visão causada pelo tampão.

— É o suficiente por hoje - disse, fazendo os dois desabarem na relva exaustos. - Amanhã quero que traga o aparelho que a senhora Uchiha lhe deu, Boruto, quero dar uma olhada nele.

O menino assentiu, limpando o suor da testa.

— Ela me fez jurar que só o usaria em missão...

— Humm... - disse o sensei, coçando a barba por fazer. - Mesmo assim quero dar uma olhada.

Os três começaram a dispersar deixando o sensei sozinho, mas ele também estava preocupado. Também sentira a oscilação de chakra e não compreendia como os alarmes não soaram. Tinha alguma coisa estranha acontecendo, então ele foi em direção a fonte do pico.

Os três amigos caminhavam calmamente em direção a Aldeia, conversando animadamente. Era bom estarem juntos novamente e discutiam se iriam comer alguma coisa quando uma sombra surgiu em frente a eles.

Automaticamente, suas mãos foram em direção ao estojo de armas, mas os gemidos que ouviam e o cheiro de sangue que tomava o ar os levaram a baixar a guarda enquanto se aproximavam da figura encostada na árvore.

Os cabelos escuros e longos caiam sobre o rosto do homem severamente ferido, mas, quando Sarada encostou em seu ferimento, ele agarrou seu pulso, assustando-a. Ele ergueu o olhar, surpreendendo a menina e seus companheiros.


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