Outra Dimensão escrita por ACLFerreira


Capítulo 7
Início do Treinamento parte 1


Notas iniciais do capítulo

E os mistérios continuam... Como será a convivência dos dois irmãos?



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Uma figura sombria acompanhava a movimentação dos ninjas viajando pela floresta. Seu interesse maior era pela jovem menina que parecia totalmente alheia aos seus companheiros ou ao fato de estar sendo alvo de tanto interesse.

Como alguém, com todas as probabilidades contra si, pode se revelar a maior representante da atual geração de seu Clã? Qual era o segredo daquela menina?

Seu DNA somente revelara a verdade sobre quem era seu pai. Nenhuma surpresa claro para quem conhecia sua mãe, mas o fato dela ter sangue misto deveria trabalhar contra ela. No entanto, a estranha verdade é que a genética do Clã de seu pai era forte nela, como o era em seu meio-irmão, talvez por conta do quão poderoso fosse o pai de ambos. Era um mistério que o intrigava.

Mas, quando ele fez menção de desaparecer ao perceber que eles iriam parar para descansar, percebeu que não era capaz de se mover. Ao baixar o olhar, reparou em linhas finíssimas que prendiam seus braços.

— Está ficando mais velho e mais lento com a idade – comentou uma voz irritantemente sarcástica ao seu lado.

Um homem estava parado em um galho logo ao seu lado, seus olhos insondáveis, irritantemente muito diferente do menino arrogante e perdido que treinara tantos anos antes.

— O que faz seguindo as minhas crianças?

— Curiosidade cientifica… Sua filha é um espécime por demais interessante para passar despercebida – disse, lambendo os lábios com a língua de cobra.

— Fique longe dela – disse no mesmo tom de voz que usara quando o flagrara rondando seu menino quando o garoto tinha somente dois anos de idade.

O homem sorriu diabolicamente.

— Acalme-se, Sasuke! Não tenho interesse em me apossar de seu jovem corpo, apesar de me intrigar imensamente que ela seja tão forte mesmo tendo sangue misto. Não que Sakura se compare a mãe de Izumi, por exemplo, mas, certamente, seria esperado que, para tanto, fosse alguém do Clã Hyuuga ou um Uzumaki. Com certeza, não alguém de um Clã sem nenhuma habilidade especial. Eu ainda estou analisando…

O braço falso voou em seu pescoço, pressionando-o contra o tronco da árvore.

— Eu avisei uma vez e repito… Fique longe dos meus filhos.

Orochimaru soltou uma risada sarcástica.

— Se eu fosse você não se preocuparia comigo. Ou você realmente acreditou que o jovem Daisuke é realmente uma variação genética incomum?

Um movimento ligeiro em seu rosto lhe deu a certeza de que havia atingido o alvo.

— Comece a se perguntar o quanto seu irmão poderia traí-lo para te manter sobre seu controle – disse, se esvaindo em fumaça até sumir.

O que diabos ele quis dizer com isso?

 

Daisuke estava deitado no telhado, olhando para o céu estrelado, quando Sarada o encontrou. Apesar de seus protestos sobre querer começar logo, Sakura saíra para o hospital assim que haviam chegado, ordenando que ele acabasse de se instalar e descansasse da longa viagem.

Como toda a biblioteca de Tsunade havia permanecido em Konoha, haviam acertado permanecer seis meses treinando ali e depois mais seis meses estudando em sua Aldeia-natal. Mas agora, longe da indiferença da mãe e da opressão do tio, não tinha nenhuma pressa em voltar.

Itachi não chegara a proibir sua partida, como havia chegado a temer, mas nitidamente não estava nem um pouco empolgado. Desde bem jovem se mostrara mais forte do que seu primo Shisui, então todos o consideravam o herdeiro natural de seu tio no comando do Clã como teria sido seu pai se ele não fosse tão jovem quando da morte de seu avô. Mas, com a aprovação do pai, a liberação do Hokage e o apoio de boa parte do Clã, ele não tivera outra opção se não concordar.

Os tempos são de paz. O garoto tem o direito de seguir seus sonhos, dissera sua tia, Izumi, a única capaz de colocar um pouco de sensatez na cabeça de seu tio.

Seus olhos se desviaram do céu quando sentiu que alguém se sentava ao seu lado.

— O que faz aqui fora?

— Não consigo dormir. Sempre fui assim quando estava ansioso por alguma coisa.

A menina soltou uma risada, deitando-se ao seu lado.

— Eu também… Costumava deixar minha mãe maluca quando queria algo que ela não podia ou não queria me dar.

— Você certamente teve uma infância muito mais divertida do que a minha. Não que eu esteja reclamando.

— Por que diz isso?

— Por nada. Meu primo Shisui seria o herdeiro do Clã… não fosse pelo fato de ser menos habilidoso do que eu. Embora eu nunca demonstrasse ter interesse, todos, principalmente meu tio, queriam me empurrar essa responsabilidade. Ele até me proibiu de fazer os cursos que eu queria na Academia, chegou a falar pessoalmente com o Diretor, e boa parte deles tive de implorar para os professores me deixarem acompanhar mesmo não tendo sido pago. Vendo que eu levava jeito, eles esconderam o fato até mesmo da diretoria.

— Minha mãe levou seis meses para entender que eu não tinha talento para seguir os passos dela. Pelo menos, sei o suficiente para fazer alguns curativos e tratamentos emergenciais, mas jamais seria capaz de fazer algo complexo como uma cirurgia ou um transplante.

— Mas ela te arranjou bons treinadores…

— É… Eles tiveram de contratar um especialista no elemento fogo para me treinar, pois não havia ninguém assim na Aldeia Oculta da Areia. Meu Sensei ficou comigo por quase quatro anos, me ensinando tudo o que sabia, e sei que está orgulhoso do meu progresso. Pedi que enviassem uma mensagem a ele dizendo que fui aprovada no Exame.

Daisuke fez uma careta. Ele não tinha sido um dos sortudos, mas sabia que tinha chance no próximo ano. Era só ter paciência.

— Você também é habilidoso, irmão, só precisa de uma chance para demonstrar.

Os dois jovens nem repararam na figura que os observava da rua, sua exaustão rapidamente esquecida pelo fato de somente vê-los juntos conversando.

No entanto, um raio chamou sua atenção e ela olhou em curiosidade:

— Sabe que não pode invadir assim uma Aldeia ninja – comentou, sorrindo sarcasticamente.

O homem parou bem ao lado dela.

— Só vim lhe dar um aviso. Encontrei o Orochimaru rondando a nossa filha. Fique de olho.

Isso não era um bom presságio.

— Era isso o que eu temia – disse, voltando a olhar o telhado onde os dois jovens conversavam alheios ao que acontecia ao redor. – Eu esperava com sinceridade que ela fosse como eu, que suas habilidades não fossem o suficiente para chamar a atenção, e por isso hesitei tanto em permitir que ela fosse a Konoha.

— Não pode protegê-la para sempre.

— É o mal de uma mãe super-protetora.

Ela lhe deu as costas, mas ele tomou a sua frente.

— Ela é minha filha também e agora não está mais sozinha no afã de protegê-la.

— Você a conhece há três semanas. O que o faz crer que conseguirá me convencer de que se importa com ela?

Ela de súbito se calou quando ele deu um tapinha em sua testa com dois dedos. Algo a atingiu de súbito e ela ficou instantaneamente congelada.

— Você me conhece melhor do que isso e sabe disso.

De repente, ele desapareceu na escuridão, deixando-a a olhar para o céu escuro.

 

Ter os dois jovens na mesma casa se mostrou um verdadeiro desafio. Longe da disputa, os dois se revelaram bons amigos fazendo não apenas companhia uma para o outro, como também treinando juntos. Além de um talento impressionante em jutsu médico, o jovem Uchiha se revelava muito habilidoso no controle de seu chakra, o que fazia com que ele pudesse estar presente no campo de batalha e cuidar de seus companheiros sem se exaurir demais.

Assim ele acabava dividindo seu tempo acompanhando-a de cima para baixo e treinando com a irmã. E no final do dia acabava desabando na cama de puro cansaço, mas não reclamava.

O pai ainda rondava a Aldeia de tempos em tempos, mas não aparecia para nenhum dos dois. Sakura sabia que ele queria que o menino soubesse que confiava nele, que podia se cuidar sozinho, mas com uma ameaça como Orochimaru por perto todo cuidado era pouco.

Já fazia dois meses que ele estava na Vila quando finalmente Sarada lhe chamou para mostrar algo. A mãe tinha sido chamada ao hospital, então os dois estavam novamente sozinhos em casa.

Ela retirou a caixa de seu lugar de descanso e lhe mostrou seu conteúdo.

— É a Equipe do meu pai… dos seus tempos como Guenin. Eu vejo sempre na mesa do Hokage.

— É sim. No dia em que eu encontrei essa caixa foi que minha mãe me contou que, ao contrário do que eu pensava, ela não era natural da Vila da Areia – disse ela, pegando a bandana de dentro da caixa. – Ela nunca mais a usou desde que deixou a Vila da Folha e sei que isso corta sua alma. Se esforçou tanto para se tornar uma ninja de renome e acabou tendo de desistir de tudo por minha causa.

Ele nada disse, apenas continuou olhando para caixa. Havia outra série de pequenas lembranças e um exame de ultrassom.

— Você tinha um irmão gêmeo? – perguntou, chocado.

Quando Sakura lhe contara sobre seu outro filho, não imaginara que este também poderia ser seu irmão.

— Seu nome era Saizo e… foi um natimorto. Nunca compreendi porque me emociona tanto vê-lo, mesmo que seja só uma sombra.

Por algum estranho motivo, ele compreendeu sua tristeza. Nunca ter conhecido o pai e de repente saber que a mãe teve de enfrentar não só a dificuldade de criá-la absolutamente sozinha, mas também ter de suprimir a tristeza pela perda do filho. Sempre soubera que era uma forte emoção, em geral de cunho negativo, que despertava o Sharingan, mas seu pai sempre o protegera. Às vezes, até mesmo acreditava que o pai não queria que ele seguisse seus passos como Shinobi e essa crença somente se confirmara quando ele aceitara com tanta rapidez sua intenção de ter aulas com Sakura.

— Foi a tristeza de saber sobre seu irmão que despertou seu Sharingan?

— Não… foi antes da minha mãe me contar a respeito dele. Até hoje eu não entendo o que senti naquela hora quando encontrei esse papel. No dia seguinte, minha mãe me levou aos Anciões, eu pensei na hora que tinha feito algo muito errado, mas eles me explicaram que meus olhos eram especiais e muito valiosos. Por isso, pessoas como eu corriam sério risco de acabarem feridas ou até mesmo mortas por causa deles. O que fizeram foi selá-los, tornando assim quase impossível alguém ser capaz de removê-los. Disseram-me que apenas um ninja muito habilidoso seria capaz de fazer a remoção sem acabar destruindo-os. Se eu sobrevivesse, poderia conseguir dois olhos substitutos, mas eles não teriam os meus reais.

— Caramba, ela pensou em tudo. Jutsus de selamento não é todo mundo que consegue fazer. O Hokage é um dos poucos que eu sei que consegue, mas tem uma justificativa. Ele é descendente do Clã Uzumaki, simplesmente os ninjas mais habilidosos nesse tipo de jutsu.

Sarada sorriu com orgulho.

— Ela me alertou, no entanto, para evitar ao máximo usá-lo porque ele sobrecarrega seus nervos visuais e, no fim da vida, eu poderia terminar cega.

— Nisso ela tem razão. Sempre me disseram isso também.

— Mexendo nas minhas coisas de novo…

Os dois olharam culpados para a porta onde a mulher estava de braços cruzados.

— Eu só estava mostrando ao Daisuke sua caixinha de lembranças.

Ela sentou-se na cama entre os dois.

— Eu tentei me desfazer de tudo que me fazia lembrar do meu passado, mas certas coisas não fui capaz de me desfazer.

— Mas você é uma Jounin. É uma posição destaque, grande parte dos ninjas passam a vida sem conseguir chegar a essa categoria. É algo que deve se orgulhar…

Ela suspirou, olhando saudosa a bandana em suas mãos.

— Ao deixar minha Aldeia sem permissão, me tornei uma desertora e indigna de ostentar um símbolo tão respeitado quanto da minha Vila.

— Mas você nunca foi oficialmente declarada como desertora. Seus amigos sempre esperaram que um dia fosse voltar para casa – disse o menino, pegando a faixa de suas mãos e prendendo-a em seu lugar. – Todos sempre falaram de você com respeito, quase com reverência. Eles tem orgulho de você e de tudo o que conquistou.

Ela sorriu, empurrando a bandana para trás, como costumava usar quando era mais jovem.

— Meu pai é o único que eu nunca vi usando a bandana dele…

— Ele tem vergonha – comentou a mulher, surpreendendo-o. – Todos que a veem começam a fazer perguntas que ele não gosta de responder. Então ele nunca mais a colocou desde do dia em que tentou matar nosso Sensei, o Naruto e eu.

— Ele tentou te matar? Por quê?

— Na verdade, ele tentou me matar duas vezes e uma terceira para me deixar fora de ação – disse ela, sorrindo, fazendo-os a encararem em choque. – Se ele realmente quisesse me matar, eu já estaria morta há muito tempo, só para constar.

Ela organizou as coisas dentro da caixa, inclusive sua bandana, e colocou-a de volta em seu lugar.

— Vamos dormir, crianças!

 

Antes que aqueles seis meses acabassem, os dois irmãos haviam se tornado inseparáveis. Ela o havia apresentado a todos os seus amigos, a maioria desconfiada com relação ao desconhecido, mas haviam sido educados. No entanto, quando viram o quanto ele sabia, logo se dispuseram a desafiá-lo, querendo aumentar suas habilidades, e acabou se tornando uma dor de cabeça para os orientadores. E para os médicos, pois os desafios quase sempre acabavam com ambos feridos, mas felizes.

Foi duro para o Kazekage acalmar os pais preocupados. Mesmo tentando convencê-los de que o intercambio traria beneficio para ambos os lados, as coisas somente se acalmaram quando ele partiu para casa. Mas, se eles pensaram que sua ausência iria fazer baixar a empolgação, estavam enganados. Os jovens passaram a treinar com mais intensidade esperando pela volta do companheiro.


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