Outra Dimensão escrita por ACLFerreira


Capítulo 67
Anbus




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Academia, cinco anos antes

Os três jovens recém-formados estavam sentados, impacientes, na sala da aula. Todos os outros haviam se deslocado, mas os jovens ainda esperavam pelo seu sensei. Hora ou outra um dos meninos bufava impaciente, balançando as pernas de um lado para o outro, irritando a menina, mas ela nada dizia. Claramente, eles fariam parte da mesma equipe e arrumar briga logo no primeiro dia não valia a pena.

O último membro do grupo apenas permanecia quieto, de braços cruzados e olhos fechados, alheio a inquietação e impaciência dos dois companheiros. Não parecia, mas ele também estava impaciente. Ele não era acostumado a ficar tanto tempo sem ter o que fazer, ou estava treinando ou na Academia.

De repente, o som do rangido da porta chamou a atenção dos três jovens que imediatamente se recompuseram, mas certamente não esperavam pelas figuras que atravessaram a porta.

O próprio Hokage adentrou na sala enquanto seu assistente trazia três pastas em suas mãos. O assistente colocou as pastas sobre a mesa do instrutor enquanto que Hatake analisava os três jovens atentamente.

— São eles?

Seu acompanhante assentiu, enumerando-os:

— Satoshi Yakushi, Yoko Kazamatsuri e Madara Uchiha.

O olhar do Hokage pousou sobre cada um por longos minutos antes de declarar:

— Só vou perguntar uma vez: Vocês aceitariam fazer parte da Anbu?

Os três imediatamente entraram em estado de choque. Que tipo de pergunta era aquela? Para aquela questão, só havia uma única resposta…

Em um piscar de olhos, os três saíram de suas mesas e surgiram diante do Hokage, inclinando-se com extremo respeito.

— Acho que posso entender isso como um sim – ironizou Hatake, cruzando os braços. – Se apresentem ao Centro de Treinamento Anbu logo cedo pela amanhã.

Antes do Sol nascer, os três jovens se encontraram diante do local indicado, nervosos e ansiosos. Mal haviam conseguido dormir naquela noite e mesmo agora mal podiam acreditar que tinham uma oportunidade como aquela. Parecia um sonho, mas, se fosse, não queriam mais acordar.

Mesmo o quase sempre taciturno Madara parecia estranhamente nervoso e ansioso. Seu pai fora o mais jovem ninja a fazer parte da Anbu de Konoha, considerado um verdadeiro prodígio, e sempre se cobrara para seguir seus passos. Contudo, parecia que nunca era o bastante, não para ele, e sempre se esforçava muito mais do que era adequado para sua idade, deixando seus pais de cabelo em pé.

Ele sorria, ansioso. Agora sim, podia provar ao Conselho de seu Clã que era digno para ser o sucessor de seu pai.

Dali a pouco, os três jovens foram levados para dentro do complexo onde receberam seus novos uniformes, suas máscaras e outros itens básicos. Depois de guardarem suas coisas, seguiram para o dojo interno onde já eram esperados.

— Pontuais, isso é bom! – disse o Hokage, materializando-se em frente aos três garotos, fazendo-os darem pulinhos. – Vou expor exatamente o que planejo para vocês.

Os três se ajoelharam diante do líder em silêncio.

— Permaneceram aqui, com o consentimento de seus pais, por um ano, treinando e recebendo instruções. Após isso, receberão uma missão secreta que ninguém, absolutamente ninguém além de vocês deve saber. Seu sucesso na missão determinará a permanência ou não de vocês na Instituição – disse Hatake, fazendo-os assentirem com firmeza. Ele sorriu debaixo da máscara, mais convencido ainda de sua decisão de coloca-los naquela missão.

Estalou os dedos e dois Anbus mascarados surgiram.

— Yoko, Satoshi, esses serão seus instrutores. Podem segui-los – disse, fazendo os dois se erguerem e fazerem exatamente o ordenado. Madara permaneceu no mesmo lugar, esperando.

Kakashi ficou em silêncio por longos momentos observando o menino.

— Andei lendo seus arquivos. É mesmo verdade que já foi capaz de despertar o Mangekiou?

O menino assentiu. Seus pais eram os únicos que sabiam, mas sua mãe não o possuía e seu pai, desde que adoecera e quase morrera, não usava o seu mais. Seu tio era o único que poderia ensiná-lo, mas seu pai sempre adiava afirmando que ele era jovem demais para usar seu doujutsu com desenvoltura. Ele não entendia o problema, então tentara aprender sozinho e acabara severamente ferido.

— Meu pai me proibiu de usá-lo enquanto não fosse um Chunin.

— Deve ser porque você perde gradualmente suas emoções a medida que vai usando-o com mais frequência – afirmou Kakashi, surpreendendo o garoto. Isso não parecia ser nada bom. – Ele queria apenas que você curtisse a sua infância.

O menino baixou a cabeça. Nunca pensara por esse lado, mas sabia que o Sharingan tinha esse efeito colateral. Todas as crianças de seu Clã tinham conhecimento já no inicio do treinamento.

— Posso ensiná-lo a usá-lo, mas deve ter noção de que é algo que deve usar apenas em casos extremos. Sua retina e sua córnea vão se desgastando rapidamente na medida em que o usa e, em batalha, pode acabar cego.

Madara agradeceu a máscara porque o Hokage não pode ver seu olhar assustado naquele momento. Ele engoliu em seco.

— Você e seus amigos foram selecionados por suas habilidades incomuns. Aqui poderão aperfeiçá-los, mas ninguém tem noção absoluta em como usar o Mangekiou. Apenas um usuário poderia ensiná-lo, mas seu pai não é mais capaz de acessá-lo e seu tio não deve saber, não por enquanto, que você o tem. Deve revelar um mínimo de suas habilidades daqui para frente. Por sua missão – disse Kakashi, fazendo-o assentir lentamente. – Vou passar minha posição para o meu sucessor nesse fim de semana e logo começaremos a nossa instrução.

O menino estremeceu, mas não iria voltar atrás. Era a sua chance de ser mais do que os membros de seu Clã achavam que ele era capaz.

O tempo foi passando lentamente. Em regime de internato, os três treinavam dia e noite, ao lado de outras crianças, aperfeiçoando seus talentos e logo deram frutos. Eles e seus instrutores estavam mais do que satisfeitos com o rápido desenvolvimento, mas Kakashi estava preocupado em lançar Madara naquela missão com o Mangekiou, sendo contudo muito jovem fisicamente.

Para examiná-lo e determinar qual era o grau de comprometimento de seus olhos, ele pediu a mãe de Satoshi, Shizune, uma jovem que fora aluna de Tsunade. Era a única médica habilidosa que sabia a importância daquela missão que os jovens iriam realizar, então ela foi fundo no exame. Depois de muita discussão, inclusive com a participação dos pais do garoto, resolveram que poderiam esperar mais alguns anos.

Depois daquele primeiro ano, os companheiros foram colocados como guenins, oficialmente, mas o líder da equipe sabia qual era a real função dos três companheiros. Por isso, ele foi escolhido como instrutor deles. Para aparar as arestas e ele foi bem exigente quanto ao sucesso daquela missão. Sabia do potencial deles, lera os arquivos de cada um e suas avaliações tanto físicas quanto psicológicas. E suas árvores genealógicas que ajudou-o a compreender de onde saiu seus poderes.

E assim o tempo foi passando. Yoko foi apresentada a Sakura como uma aprendiz pelo próprio Hatake. Quando a jovem médica questionara o porquê já que a menina não tinha perfil de uma iro-nyn, seu ex-sensei tornara a surpreendê-la revelando que a garota era descendente dos Harunos, neta de uma Renegada capturada anos atrás e integrada a Aldeia depois de exames genéticos terem revelado que ela era filha de uma jovem integrante do Clã desaparecida em missão muitos anos antes. E como Sakura era a única a possuir o Rosário…

Enquanto isso, os dois meninos facilmente passaram a seguir Boruto pela Aldeia e rapidamente se afeiçoaram ao garoto. Afinal, ele era inteligente, arrogante, artreiro e bocudo, mas tinha um grande coração. Ninguém conseguia ficar com raiva dele por mais do que algumas horas. E os dois Anbus às vezes se pegavam rindo de suas travessuras ao lado dos amigos e do exercito de primos.

E assim foi até todos se formarem na Academia. E a missão deles terminaria quando o Exame Chunin se encerrasse e fossem efetivados como Anbus.

Era só nisso que pensavam.

 

Atualmente

Madara caminhava tranquilamente pelas ruas do Distrito vendo as pessoas indo e vindo realizando os afazeres do dia-a-dia.

— Ora, ora, quem nós temos aqui? – ironizou alguém, fazendo-o se deter e olhar pra o lado. – O filhinho inútil do chefe…

— Não estou com tempo, Ikari – disse, voltando a caminhar despreocupadamente em direção a sua casa. – Se não sabe, amanhã começa o Exame…

— E o covarde vai finalmente participar? Resolveu sair da barra da calça de seu pai?

Madara continuou a não lhe dar atenção, então ele puxou uma adaga e lançou em sua direção, mas ela mudou de direção e se cravou em seu ombro. O movimento foi tão rápido que Ikari nem teve certeza se fora seu interlocutor que lançara. Ele ainda gemia no chão, segundo o ombro que sangrava, enquanto Madara sumia em uma curva.

A casa estava vazia quando ele chegou, então ele foi para o campo de treinamento particular da família e começou a meditar, sua espada sobre suas pernas cruzadas devidamente embainhada.

Foi assim que o pai o encontrou horas depois tão relaxado e concentrado que nem pareceu perceber sua aproximação. Mas, quando ele estava a apenas dois metros de onde o filho estava sentiu uma lamina em sua garganta.

— Está ficando velho? – disse o garoto, rindo, mas a espada estava firme, mas, segundos depois, Itachi estava fora de seu alcance.

— Vejo que Kakashi e Yamato fizeram um bom trabalho – elogiou, enquanto o rapaz guardava a espada com um sorriso orgulhoso. – Mas não precisa andar se exibindo por aí!

— Ikari vive me provocando, só lhe dei uma lição. Contudo, acho que ele nem percebeu de onde veio a pancada.

Itachi sorriu de lado.

— Sabe que o sucesso de sua missão depende de sua capacidade de ser discreto, de fazer as pessoas acreditarem naquilo que você quer que acreditem. Se demonstrar tudo o que sabe, vão começar a questionar porque ainda é um guenin.

— Não se preocupe com isso! Aquele lá é tão arrogante e presunçoso que jamais vai admitir que foi o guenin que o derrubou.

O pai deu uma risadinha, batendo em seus ombros.

— Vamos lá, então. Está na hora do jantar, sua mãe e sua irmã estão nos esperando.


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