Outra Dimensão escrita por ACLFerreira


Capítulo 63
Mãe e filho


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, camaradinhas!!!



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Namikaze passou a noite inteira no quarto onde a esposa estava, esperando que acordasse, mas não conseguiu dormir. Pensava em tudo o que tinha acontecido nas últimas horas e não conseguia encontrar uma alternativa plausível.

Já amanhecia quando Kakashi retornou mais pensativo do que o habitual.

— Está tudo seguro, sensei! – disse, respeitoso, mas Minato soube imediatamente que ele não dizia tudo.

— O que foi que ele disse?

O menino ficou em silêncio por longos momentos.

— Que somente ele resta da nossa equipe.

— Não há qualquer surpresa nisso. Vinte anos, muita coisa pode ter acontecido.

O garoto nada comentou, mas a expressão em seus olhos disse muito mais do que palavras.

— O que o incomoda?

— Sei lá! Ele pareceu extremamente pesaroso e ao mesmo tempo reticente ao tocar nesse assunto. Era como…

— Como se algo terrível tivesse acontecido com vocês? É, eu também tive essa impressão.

— Você não gostaria de saber?

O sensei ficou longos momentos em silêncio antes de dizer:

— É muito pior quando você sabe o que vai acontecer e não consegue impedir. O que adianta sofrer com antecedência? A ignorância é mais uma bênção do que uma maldição, Kakashi, e talvez o que essas pessoas estejam tentando é nos proteger de algo que não podemos impedir. Ao menos, não apenas nós.

— Mas eles também disseram que já presenciamos uma visita, ou seja, os anciões também sabem. O que então poderiam nos dizer que possa comprometer a segurança da Vila ou do futuro?

Minato suspirou. Na verdade, havia se questionado sobre o mesmo ao longo daquela noite. Nunca fora de questionar ordens, mesmo quando eram absolutamente absurdas ou desnecessárias. Buscava apenas proteger seus homens e com isso conseguira respeito e admiração de todos, mas tinha consciência de que todos acabavam sendo manipulados em prol de interesses maiores. Nem sempre muito louváveis, diga-se de passagem.

— Não temos certeza de nada, Kakashi, e talvez seja melhor assim!

De repente, um som chamou a atenção dos dois que imediatamente se voltaram para onde Kushina estava sentada na cama com a cabeça entre as mãos. Ela gemia enquanto cerrava os punhos e uma aura estranha a rodiava.

— Kushina…

Ela ergueu lentamente a cabeça, seus cabelos ruivos longos em volta de seu rosto bem marcado, mas seus olhos não fitaram os dois no quarto. A kinoichi esquadrinhava o local onde estava e, de repente, jogou o cobertor para o lado e foi até a janela. Fitou o horizonte em silêncio por longos momentos.

Era tão raro vê-la quieta e parada que os dois não sabiam como agir. Nesse momento, a porta se abriu e o mesmo rapaz loiro entrou fitando a mulher em frente a janela.

— Kaa-chan…

A jovem ruía cerrou novamente os punhos e voltou-se lentamente fitando o rapaz a sua frente.

— Então, não foi um sonho?

O menino negou com um movimento de cabeça.

 

Subconsciente, alguns momentos antes

Kushina só via escuridão. Parecia correr em círculos, nunca chegando em lugar algum, e isso a estava irritando cada vez mais. Não era uma pessoa paciente, isso nunca fizera parte de sua personalidade. Só seguia a luz, mas não parecia chegar a lugar algum.

De repente, a luz tomou tudo ao redor fazendo-a proteger os olhos contra a luminosidade repentina. Após alguns momentos, baixou os braços e se viu em uma espécie de espaço vazio. Não havia nada, apenas um espaço em branco.

— Finalmente acordou…

Ela se voltou imediatamente e o que viu a fez dar um passo atrás. Uma enorme criatura em forma de raposa de pelos alaranjados estava deitada a sua frente. Como seu tamanho não fosse identificação suficiente, nove caldas balançavam de um lado para o outro.

— Não se preocupe, ele não vai te machucar…

Um rapaz surgiu como em um passe de mágica e ela ficou de boca aberta.

— Minato…

O rapaz balançou a cabeça em negativa.

— Chamo-me Naruto, sou seu filho… com o Minato.

— Como é que é…

— De alguma forma, vocês foram trazidos para o meu tempo… onde não deveriam estar porque morreram a muito tempo – disse, surpreendendo-a ainda mais. – E como pode ver, sou seu sucessor como jinchuuricki.

Ela olhou de um para o outro.

— E como podem estar na minha mente?

— Os jinchuurickis são mentalmente interligados. Se vocês souberem o caminho, podem falar uns com os outros – disse o rapaz, e uma outra figura surgiu olhando ao redor parecendo confuso. – Oi, Kurama!

— Como sabe meu nome?

— Fui eu quem disse – disse o outro Kurama, fazendo a outra besta fita-lo em desconfiança. – Você deve se lembrar de ter enfrentado uma situação semelhante quando sua jinchuuricki era a Mito, não é?

— Minha memória é excelente como deve se lembrar – disse a Besta, ironicamente, encarando os dois visitantes. – Temos mais uma visita estranha?

— Não, dessa vez vocês vieram – disse Naruto, surpreendendo a Besta.

— Caramba, é sério? Tiveram outra ideia idiota de mudar a história? Não aprenderam a lição com a Mito não?

A companheira de Naruto deu uma risadinha, lembrando-se da surra que a esposa de Hashirama dera nos primeiros viajantes. E olha que já tinha mais de oitenta anos de idade.

— Não sabemos – respondeu Naruto, sorrindo amavelmente para sua mãe. – Há poucas semanas, saímos de uma batalha que quase devastou a Aldeia, estamos ainda em reconstrução. Fora nossos companheiros caídos e os muitos feridos resultantes da última guerra.

— Guerra? A Terceira Guerra durou tanto assim? – perguntou a jovem mulher, calculando que o rapaz estava próximo dos vinte anos de idade.

— Na verdade, não! Acabou dois ou três anos depois da época em que estavam. Estou falando da Quarta, encerrada há poucas semanas – disse ele, com tristeza, fazendo-a se perguntar o que ocorrera. – Vivemos quase quinze anos de paz, ou relativamente, até que alguém decidiu que era bom demais para ser apenas um Conselheiro. Queria ser o Rei, o senhor de tudo, e não deu muito certo.

A mulher sentiu imediatamente que estava intimamente ligado ao que ocorrera com ela e seu marido, mas não tinha bem certeza se queria saber.

— Por que entrou em minha mente? Não poderia simplesmente me esperar acordar?

— Agradeça por ter herdado boa parte da personalidade de seu pai, Naruto – disse a Kurama mais jovem, revirando os olhos. – Duas Kushinas, eu não aguentaria.

A outra Besta deu uma risadinha.

— Não conte com isso!

A mulher ainda olhava o grupo esperando por uma resposta.

— Eu… eu não cheguei a conviver com vocês – disse o rapaz, fazendo-a fita-lo surpreendida. – No dia em que eu nasci, atacaram a Aldeia, você particularmente, e vocês se sacrificaram para selar a Kurama novamente. Basicamente, foi o Hiruzen-sama quem me criou.

— Basicamente? – ironizou a Kurama mais velha, revirando os olhos, mas Naruto apenas o fitou seriamente. Ela não precisava saber de todos os detalhes.

— Nossa, eu não sei o que dizer – disse a mãe, olhando com tristeza para o rapaz a sua frente. Ela também era órfã desde da infância quando seu Clã fora dizimado, mas ainda tinha lembranças preciosas de sua família. Tinha uma vaga noção do que aquele menino passara, sem ninguém para protegê-lo da incompreensão das pessoas.

— Não foi sua culpa, kaa-chan! Nenhum de nós teve culpa em tudo o que aconteceu. Os verdadeiros culpados já sofreram as consequências de seus atos e, acredite, hoje temos paz graças aos sacrifícios de todos. Nossos companheiros não morreram em vão, pode acreditar. Além disso, fui devidamente mimado por Mikoto-sama – disse, rindo, esfregando a nuca. Kushina sorriu, pois sempre pensou que, se tivesse um filho, sua amiga teria sido sua primeira opção como madrinha. – O filho mais jovem dela e a filha de Mebuki foram meus companheiros de time.

— Sério? Os filhos das minhas amigas mais próximas?

— A dona Mebuki nunca me disse que eram amigas…

Kushina sorriu.

— Ela deve ter ficado zangada por não tê-la escolhido como madrinha – comentou, fazendo com que uma gota surgisse na cabeça do rapaz. Será que finalmente descobrira de onde Sakura herdara o gênio?

A mãe o fitou por longos momentos, vendo traços esparsos que certamente não herdara do pai. Isso incluindo a cor de seus olhos, mais puxados para a cor dos dela. Esticou a mão direita e acariciou o rosto de seu menino.

— Eu sei o quanto é duro ser um jinchuuricki, eu mesma não queria esse destino, mas Mito-sama me convenceu de que eu poderia ter uma vida perfeitamente normal. Acredite, eu não desejaria o mesmo destino para o meu único filho.

O rapaz simplesmente sorriu.

— E me diz? O Sandaime cuidou bem de você?

— Na medida do possível… Sabe como é, o Conselho serve mais para atrasar nossa vida do que ajudar de verdade. Felizmente, eles foram devidamente destituídos de seus cargos há alguns anos.

— E quem conseguiu esse milagre?

— Agradeça a filha de Mebuki… Pense em alguém com gênio dela, mas muito mais forte. Pensou? Depois imagina que o Conselho odiou saber que foi revelado alguns de seus podres e tentou confrontá-la e abafar tudo.

— Não deve ter prestado…

— Considerando o fato de que essa menina era protegida de Tsunade-sama, a atual Hokage, não foi algo que alguém com um mínimo de bom-senso faria. Eu particularmente passo longe dela quando está de TPM.

Kushina se curvou de tanto rir.

— Com quem Mebuki casou?

— Kizashi Haruno que há alguns anos soubemos ser um dos últimos descendentes de Tobirama Senju e um dos últimos do Clã Haruno.

— Kizashi, um Senju? E um Haruno legítimo? Sempre achei que a família dele tivesse se apossado do nome de um Clã extinto para ganhar fama – disse, abismada, mas o menino apenas sorria. – Cara, posso imaginar quão forte essa menina é.

Naruto apoiou a mão direita nos ombros da mãe.

— Está na hora de acordar… Estão ficando preocupados com você.

Ela começava a ficar transparente.

— Nos vemos lá fora…

 

Subconsciente off

 

Kushina tornou a suspirar, olhando para o marido e o pequeno Kakashi.

— Onde estão os outros?

— Obito ainda está roncando – disse Kakashi, com ar ausente e entediado. Naruto deu uma risadinha, pensando na ironia que era pensar que o Uchiha era o preguiçoso da equipe e se tornaria de longe o mais forte deles. – Rin está tomando café e conversando com a Hokage.

Naruto assumiu um ar triste ao lembrar de um comentário no dia anterior.

— Não deveria ser tão duro com ele, Kakashi! Um dia você vai se arrepender e sentir falta desses momentos.

— Duvido muito!

— Acredite! Aproveite enquanto ainda pode, Hatake, pois Obito nunca voltou dessa missão – revelou, fazendo o jovem Hatake fitá-lo em choque. Ele se voltou para a porta, mas ainda disse antes de deixá-los: – E você nunca se perdoou pelas decisões que tomou naquele dia porque levaram a perdê-lo.

Kakashi ainda fitava o chão quando ouviu a porta se fechar com um clique. Por que sentia o peito tão apertado ao saber disso?


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Notas finais do capítulo

Revelação atras de revelação!!! Como Kakashi lidará com tanta informação?



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