Outra Dimensão escrita por ACLFerreira


Capítulo 40
OVA 1: Acredite


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, crianças!!! Já de madrugada e estou aqui sem sono. Planejo a algum tempo esse capítulo, espero que gostem.



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A menina pequena corria o mais rápido que conseguia, as lágrimas escorrendo de seu rosto copiosamente, os olhos fortemente fechados. As vozes de seus companheiros ainda ecoavam em seus ouvidos, como se ainda estivesse lá.

De repente, tropeçou em uma raiz aparente e foi ao chão. Levantou-se lentamente, enxugando o rosto com as costas da mão, depois olhou ao redor vendo-se cercada pelas árvores da densa floresta que cercava a sua Aldeia.

Sentou-se no gramado, pensando no que faria. Desde sempre, quisera entrar para a Academia, seu sonho era ser a primeira Jounin da família que nunca tivera um ninja de renome. Seus pais tentaram de tudo para demovê-la da ideia, mas desistiram quando ela chegou em casa com o formulário de inscrição dois anos antes. Acharam que o tempo faria o que não haviam conseguido.

E fora uma aposta acertada no final. Ela socou a árvore mais próxima.

— Assim, só vai conseguir se machucar.

A menina voltou-se, assustada, corando fortemente ao se deparar com a mulher corpulenta com longos cabelos loiros. A roupa que usava era conhecida por todos da Vila: uniforme padrão dos ninjas de elite.

A mulher aproximou-se do tronco e passou a mão pelo lugar onde seu punho atingira.

— Não deveria estar tão longe da Aldeia. Não devia estar na Academia a essa hora?

— Eu fugi da aula – murmurou, baixinho, mas a mulher ouviu.

— E por quê?

— Eu vou abandonar a Academia. Eles têm razão, estou perdendo meu tempo e o dos meus professores lá.

A mulher manteve-se em silencio por longos momentos até que falou:

— Por que entrou na Academia?

— O quê?

— Você não leva qualquer identificação, qualquer marca, quer dizer que não pertence a nenhum Clã. Por que quereria ser um ninja?

A menina ficou pensativa por longos momentos.

— Queria ajudar as pessoas, fazer a diferença, ser alguém. Meus pais nunca sequer conseguiram ser promovidos a Chunin… Será que não estou sonhando alto demais achando que em somente uma geração conseguirei atingir o patamar mais alto?

— Ser um ninja famoso, ter seu nome escrito na história não depende somente do sangue correndo em suas veias, criança. Conheço muitos que pertencem a Clãs e famílias cheia de guerreiros formidáveis que mal são capazes de fazer o jutsu mais simples. Eles odeiam admitir isso, claro, mas a verdade, como meu pai diz, é que sua trajetória depende muito mais de sua determinação do que de sua herança. O sangue ajuda, mas é preciso bem mais do que isso para ser um verdadeiro guerreiro.

— O que ele sabe sobre isso?

— Meu pai não pertence a um Clã – disse a mulher, fazendo a menina se surpreender na mesma hora. – E hoje é um dos ninjas mais ovacionados e temidos em toda a história.

— Como ele conseguiu?

A mulher sorriu.

— Volte a Academia amanhã, acompanhe as aulas, e depois me encontre no Campo de Treinamento 7 e vou lhe mostrar.

A menina abriu um sorriso enorme e saiu correndo. Não havia se distanciado nem duzentos metros quando se lembrou de que não havia perguntado o nome da Jounin.

 

Nos meses que se seguiram, o que começara como uma curiosidade acabou revelando-se alguém com muito talento. A determinação da menina logo impressionou a treinadora e logo as diferenças eram facilmente percebidas, mas a maioria dos companheiros de Academia não fazia ideia do por quê.

Foi por pura curiosidade assim que Sasuke decidiu segui-la naquela tarde quente de verão e não compreendeu quando não a viu pegar o caminho de casa. A viu pegar o caminho de um dos Campos de Treinamento onde uma mulher a esperava em posição de lótus.

Ao vê-la, a mulher disse algo que não deu para ele escutar, mas viu perfeitamente quando a garota fez alguns selos antes de espalmar as mãos no chão fazendo com que uma barreira de terra de tamanho razoável se erguer. Apesar de não se comparar a que os grandes ninjas eram capazes de erguer, era impressionante para alguém que ainda não completara dez anos de idade.

Ele permaneceu observando por mais algum tempo antes de perceber que estava atrasado e seguir para casa sem perceber que a treinadora havia percebido a sua presença.

Por vários dias, ele continuou observando-a alguns minutos por dia e uma semana já tinha se passado quando finalmente decidiu se aproximar. A sensei havia saído em missão e naquele dia as duas não iriam treinar. No entanto, a mulher havia passado alguns exercícios para o período em que estaria ausente.

Ela tinha feito uma pausa e bebia água, limpando o suor da testa, quando percebeu pelo canto do olho que era observada.

— Vai sair daí e me ajudar a treinar ou vai embora?

Depois de alguns segundos de hesitação, ele desceu da árvore onde estava.

— Quer uma mano a mano comigo?

A menina sorriu e ele nem percebeu de onde veio o papel-bomba que veio em sua direção e mal teve tempo de desviar. Ele mal teve tempo de se recuperar antes de um jutsu de água quase acertá-lo.

Rapidamente, ele fez alguns selos e várias bolas de fogo seguiram em direção a menina que desviou. Os dois logo passaram a uma disputa de taijutsu antes dele perceber uma abertura em sua defesa e lançou uma enorme Bola de Fogo, mas ela novamente desviou e só então perceberam que não estavam sozinhos.

— Nunca pensei que você pudesse dar uma surra no Sasuke, Sakura! Está perdendo o jeito, Uchiha? – disse Naruto, em seu habitual tom irônico.

Sasuke rosnou, colocando as mãos nos joelhos, arfante.

— Que tipo de treinamento a Senju está lhe dando?

A menina riu, afastando as mexas de seu cabelo. Ela colocou as mãos na cintura, sorrindo vitoriosa.

— Todos os dias ela me manda para casa com um pergaminho para eu estudar e me faz correr ao redor da Aldeia se eu não o decorei. E ela é uma professora bem exigente. Uma vez ela me fez passar um fim de semana inteiro meditando para dominar apenas um jutsu.

— Por que não nos mostra?

— Nem pensar! Quase me deixa sem chakra apenas se eu usar um terço do poder de fogo.

Naruto desceu da árvore, rindo. Lembrava-se que, apenas uns meses antes, ela nem mesmo conseguia socar alguém e agora dava cansaço em um Uchiha.

No dia seguinte, o jovem loiro se juntara aos dois no treinamento até a volta de Ran Senju de sua missão. Nem o mestre de um nem o do outro pareceram se importar com a ausência deles já que secretamente observavam a interação dos três companheiros e logo isso passou a se refletir na Academia.

Embora na sala ainda os três mantiveram-se separados, na hora dos intervalos estavam sempre juntos. Naruto e Sasuke continuavam em sua disputa individual, mas a garota apenas sorria ao ver os dois companheiros se provocando. Rivalidade era sempre boa para fazer os dois evoluírem, mas o problema dela acabou sendo com o fã-clube de Sasuke que via na aproximação dos dois uma forma dela cortar caminho e ultrapassá-las.

Sakura fingia que não se importava com as provocações, mesmo porque elas não se atreviam a enfrenta-la de frente desde que, em uma disputa mano a mano na Academia, dera uma surra em uma Uchiha. A luta durara dez segundos e desde então nenhuma das meninas se aproximava mais.

Os pais dela lentamente passaram a realmente acreditar que ela pudesse ser alguém. As notas da Academia sempre foram acima da média, mas fora as avaliações dos professores que haviam subitamente modificado e os fizera acreditar que sua filha tinha realmente talento. Talento talvez para realmente se tornar a primeira Jounin da família, não só uma Jounin, mas uma de Elite. O pai passou a sair do trabalho e ir pessoalmente busca-la no treinamento, às vezes até mesmo chegava mais cedo para conversar sobre a evolução da filha com Ran. Os dois se tornaram amigos e não era raro ela ir jantar na casa dos Haruno com seu marido e seus dois filhos.

Para Ran, aquela menina quase era um de seus filhos. Não era mais uma simples discípula, mas ainda a surpreendia o estranho interesse de sua mãe por aquela menina.

Certa tarde, assim, desconfiada por sua habilidade e as conversas com seu pai que revelara que a família nunca produzira um guerreiro realmente proeminente, colhera uma amostra de DNA dela e de seus pais. O exame não fora nenhuma surpresa, eram pais e filha, mas, quando jogara o DNA nos arquivos, encontrara algo que a fez escancarar a porta do consultório de sua mãe e jogar os papeis sobre a mesa.

— Mas o que diabos é isso?

A loira mais velha lançou um olhar sobre os papeis antes de voltar-se para a filha.

— Alguém mais viu esses papeis?

— Não foi o que perguntei, mãe, não me enrole. O cromossomo Y de Kizashi Haruno é compatível com o do meu tio, Nawaki, meu avô, Itama, meu tio, Kenichi, além de Hashirama e Tobirama Senju. Não preciso dizer o que isso quer dizer…

Tsunade suspirou, olhando para a filha.

— É exatamente o que está pensando. Kizashi é bisneto do meu tio, Tobirama… desgraçadamente bastardo.

Mesmo desconfiando de algo assim, se surpreendeu com a revelação. Esperava que ela fosse dizer que era descendente de seu tio, um mulherengo inveterado que morrera em missão como membro da Anbu, não que fosse o único herdeiro de um homem considerado tão frio e sem sentimentos como seu tio-avô.

A revelação mudava totalmente as coisas. Isso explicava a rapidez com que ela dominara o Suiton, habilidade provavelmente herdada do trisavô.

— Como isso ficou escondido por tantos anos?

— Não foi escolha de nossa família – disse a mãe, cruzando os braços. – Na verdade, tio Kenichi estava inclinado até mesmo a se casar com sua mãe e registrar o menino como seu filho… honrando a memória de seu tio e garantindo o lugar do primo como membro do Clã. Digamos assim, que o Conselho não pensava o mesmo e o desterrou.

— O exilou? O único herdeiro do Nidaime Hokage?

Tsunade tornou a suspirar, lembrando-se da conversa que tivera com eles algumas horas antes.

— Quer saber uma coisa horrível? Acho que foi vingança.

— Vingança?

— Da mãe dele. Sabe que os membros do Conselho foram todos treinados por Tobirama, mas ninguém realmente conseguiu se aproximar dele, apenas aquela que veio a ser a mãe de seu único filho. Além da família, era a única pessoa que conseguia chegar no coração dele e eles a invejavam por isso. Desterrar e se negar a reconhecer sua posição foi uma forma cruel de ir a desforra. Eles ameaçaram de mandar eliminar o menino se insistíssemos a reconhecê-lo. Na época, foi tudo que até mesmo o Hokage conseguiu.

Ran desabou em uma das cadeiras do consultório, sem acreditar. Tendo sido vitima dos desmandos do Conselho quando ainda era uma criança, não a surpreendia nada a revelação. Ken, seu irmão gêmeo super-protetor, só ficara sabendo há alguns meses que o que ele achara ser uma indicação de preferência fora na verdade uma tortura pela qual seus dois irmãos passaram na forma de um treinamento brutal que nada devia a Raiz comandada por Shimura.

Seus pais nunca ficaram sabendo da profundidade da tortura física e mental, apenas desconfiavam. Depois de dezoito meses infernais, eles retiraram as crianças do treinamento, mas os danos ficaram. Ela e Akira odiavam os conselheiros e não escondiam o fato de ninguém embora a profundidade de tudo o que acontecera nunca ficara claro aos seus pais.

— Tem mais, não é?

Sua mãe pegou os papeis e os fez queimar rapidamente.

— Sakura tem um selo de retenção de chakra nela, uma das exigências do Conselho para preservar sua linhagem. Ela é muito mais do que aparenta… só posso dizer isso.

Ran simplesmente assentiu.

 

O treinamento se estendera até as vésperas de sua graduação. Na hora da despedida, a menina fora as lágrimas, mas Ran simplesmente acariciara seus cabelos carinhosamente.

— Você vai ser grande algum dia, querida! Tenha isso em mente e siga em frente.

Ela limpou as lágrimas com as costas da mão.

— Vou ver você de novo?

— Não vou a lugar algum. Só não dê trabalho ao seu chefe de equipe.

A menina corara profundamente.

Agora, quatro anos depois, a sensei apenas pensava no quão irônico tudo aquilo era. O demônio dentro dela adoraria ver os antigos conselheiros executados, mas vê-los derrubados de seus pedestais e ter suas imagens públicas destruídas fora uma vingança bem mais doce.

Sua prima fizera por eles algo pelo qual ela e Akira seriam eternamente gratos e agora os fantasmas finalmente poderiam ser enterrados.


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Notas finais do capítulo

Gostaram da OVA? Não sei se ficou bom, não tive tempo de revisar.



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