An Ordinary Life: The Weekend escrita por JhullyChan


Capítulo 5
Capítulo 5 - Lugares e lembranças.


Notas iniciais do capítulo

"Era uma vez
Um lugarzinho no meio do nada
Com sabor de chocolate
E cheiro de terra molhada"



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LEGENDA:

Itálico – pensamentos

Negrito – sonhos/lembranças

By Kinomoto Sakura

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Senti algo úmido no meu rosto. Franzi a testa ainda de olhos fechados e mudei de posição. Já tenho que levantar? Tentei tatear o móvel ao lado da cama, mas acabei acertando o chão. O quê? Senti que algo, ou alguém, havia acabado de subir na minha cama e quando finalmente entendi do que se tratava, fui atacada por dois Goldens travessos que haviam me acordado e estavam me lambendo.

— Kerberus, Spinel Sun, parem! – Tentei segurar os dois, mas eles eram grandes demais para fazê-lo ao mesmo tempo.

— Aí estão vocês! – Ouvi a voz de vovó e olhei para a porta. – Os dois, para fora. Agora! – Tanto o Golden de pelo dourado quanto o de pelo negro desceram da minha cama e saíram correndo porta a fora. – Me desculpe, querida. Mas eles estavam correndo atrás das galinhas e agora preciso dar um bom banho nesses dois.

Olhei para o meu cobertor e eles haviam sujado tudo. Respirei fundo.

— Tudo bem, vovó. Já estava na hora de acordar mesmo. – Sorri e mexi os ombros.

— Tire a roupa de cama e coloque para lavar, tudo bem? Depois dou um jeito nisso. – Minha avó falou enquanto saía do quarto atrás dos irmãos fujões.

Estou com a mesma roupa de ontem? Estranhei. Tirei a roupa de cama, peguei a roupa que usaria e segui para o banheiro para tomar banho. Como eu vim parar no quarto? Eu lembro de estar estudando na biblioteca. Tentei forçar minha mente, mas foi em vão.

— Tia! Titia Sakura! – Ouvi a voz de Pamy e parei na porta do banheiro. – Papai falou para você ir tomar café! Vovó quer tirar a mesa. – Abaixei, ficando da altura dela, e fiz carinho na bochecha dela.

— Obrigada, amor. Titia só vai tomar um banho rapidinho e já vai lá. Tudo bem? Você pode avisar ao papai? – Ela balançou a cabeça confirmando e saiu correndo.

...

— Alguém dormiu mais que a cama. – Ouvi a voz do meu irmão e revirei os olhos.

— Estou de folga, posso acordar a hora que quiser. – Falei de forma suave, porém sem paciência.

— Mas não fique prendendo a mesa do café da manhã. – Ele passou por mim, seguindo para a porta que dava para os fundos. Mas não sem antes me dar um cutucão na cintura.

— Chato! – Mostrei minha língua para ele.

— Às vezes me esqueço do quão implicante você consegue ser. – Ouvi a voz de Syaoran e o encarei.

— Bom dia. – Sorri e o cumprimentei.

— Bom dia. – Ele se aproximou de mim, me observando preparar meu prato. – Vai comer agora?

— Sim. Acordei agora a pouco. – Respondi um pouco envergonhada. – Acordou cedo? – Coloquei-o como centro da conversa.

— Sim, como de costume. – Ele se sentou ao meu lado, me acompanhando. – Dei uma volta na propriedade com o seu avô e seu pai. É bem grande e bonita. Aproveitei para treinar também.

— Vovô te mostrou o estábulo? – Perguntei animada.

— Sim. – Ele sorriu apenas com o canto da boca. – Conheci seu corcel.

— Ele é lindo, não é? – Não aguentei e acabei me expressando feito criança: olhos fechados, cabeça levemente inclinada, ombros levantados e um enorme sorriso no rosto.

— Sim, ele é bem calmo e adestrado. Além de que está muito bem cuidado. Todos eles.

— Vovô cuida muito bem deles. É o hobby favorito dele. E Suppy está sempre fazendo companhia.

— Suppy? – Syaoran franziu a testa.

— O Golden de pelos negros brilhantes. Não reparou ou não viu ele ainda? – Perguntei.

— Não, não o vi. Nem Kero.

— Os dois devem estar brincando pela propriedade a fora. – Coloquei mais um pouco de comida na boca. – Sempre quando eles se encontram isso acontece. Eles são irmãos. – Completei.

— Irmãos? – Balancei a cabeça confirmando. – Mas a pelagem deles é diferente.

— A Sacerdotisa, a mãe deles, tinha pelo dourado. E o Monge, o pai, tinha pelagem negra. Na ninhada deles nasceram 3 filhotes, um de cada cor, só que o que nasceu com pelo marrom foi dado para um vizinho do Touya.

— E os pais do Kero e do Suppy, estão aonde?

— Morreram ano passado. – Sorri um pouco triste. – Na época das chuvas, choveu por uma semana aqui. Eles não apareceram durante esse tempo. Só depois de quase um mês que os funcionários de vovô acharam o casal de Golden mortos na beira do lago.

— Eles se afogaram. – Balancei a cabeça confirmando.

— Vovô os enterrou atrás no estábulo. – Respirei fundo. – Foi bem triste aquele dia. – Voltei a comer, mas logo que engoli completei. – Pelo menos Suppy ainda está firme e forte, fazendo companhia aos meus avós.

— O nome dele é realmente Suppy, ou é um apelido, assim com o Kerberus?

— Apelido. – Tomei um pouco de chá. – O nome dele é Spinel Sun, mas nós o chamamos de Suppy.

— Vocês têm um dom para nomes diferentes. – Ele balançou a cabeça de um lado para o outro enquanto sorria. Mexi os ombros.

— É de família. – Sorri.

— Tia, tia! – Ouvi a voz de Pamy novamente e olhei em direção à voz dela.

— Oi, princesa. – Ela parou ao meu lado, respirando fundo, tentando regularizar a respiração.

— Você quer brincar de maquiagem comigo? – Sorri. Olhei para Syaoran, internamente perguntando se ele não ligaria de eu deixa-lo sozinho por um tempo. Ele também sorriu e balançou a cabeça positivamente de forma discreta. Voltei a olhar minha sobrinha.

— Claro. Só vou terminar de comer e nós vamos. Tudo bem?

— Yeah! – Ela deu dois pulos, bateu palmas e saiu correndo novamente. – Vou pegar minha maleta e vamos para o jardim! – Soltei uma leve gargalhada pela empolgação dela.

— Acho que vou voltar a estudar. – Syaoran se levantou, ainda sorrindo.

— Te encontro assim que terminar. Você vai ficar na biblioteca?

— Sim. – Ele respondeu enquanto saía da sala. – Tchau.

— Tchauzinho.

...

Passei o restante da manhã brincando com Pamy no jardim dos fundos. Ela havia me maquiado, pintado minhas unhas e feito penteado. Devo estar linda. Pensei de modo sarcástico enquanto ria de mim mesma. No meio da brincadeira, Kaho participou um pouco, mas logo nos deixou para ajudar a preparar o almoço.

— Titia Sakura. – Pamy segurou meu rosto, suas mãozinhas em cada bochecha minha, reivindicando minha atenção. Respondi e continuei encarando-a de forma infantil. – Você está linda! Titio Syaoran vai gostar muito. – Corei pelo comentário.

— Você gosta muito do Syaoran, não é?

— Ele é muito legal e bonito, assim como você, titia! Vocês parecem até um casal de anime. – Ri pela empolgação e sinceridade dela.

— Tudo bem, tudo bem. Mas não somos um casal, ok? Somos apenas amigos. – Passei o dedo indicador pelo nariz dela, fazendo-a rir. – Mas então, quer dizer que estou linda? – Me levantei do banquinho e dei uma volta. – Que tal?

— Linda, titia! Você está linda! – Pamy riu, enquanto dava mais pulinhos e batia palmas.

— Obrigada, obrigada. – Fiz uma leve reverência. – Vamos entrar para nos prepararmos para o almoço? – Perguntei. Ela balançou a cabeça confirmando.

Juntamos todos os brinquedos, guardando dentro da pequena bolsa que ela havia levado, e subimos as escadas para entrarmos em casa.

Entreguei minha sobrinha para Kaho e segui para o banheiro. Será que se eu tirar a maquiagem ela vai ficar chateada? Pensei distraída.

— Uau. – Dei de cara com Syaoran assim que virei o corredor. – Você está muito bonita. – Ele pressionou os lábios em uma linha fina, se segurando para não rir. Rolei os olhos.

— Muito obrigada. – Fiz uma reverência e o encarei com a sobrancelha levantada. – Agradeça também a Pamy.

— Vou agradecer. – Ele soltou um sorriso torto. – Vou me lembrar dessa imagem por muito tempo.  – Respirei fundo e cruzei os braços.

Ouvi uma risada e me virei para encarar quem quer que fosse.

— Realmente, Kinomoto, que gracinha. – Dei de cara com Tanaka.

Senti meu sangue ferver, mas me limitei a pressionar minhas unhas nas palmas das mãos. Meu primo, Ken, apareceu atrás dela e começou a puxa-la para o outro lado do corredor.

— Deixe Sakura em paz, Sora. Ela é uma ótima tia, dê crédito a ela.  – Continuei encarando-a e só então percebi que havia prendido a respiração. Soltei o ar lentamente e abri minhas mãos, flexionando-as um pouco para que o sangue voltasse a circular.

— Vamos sair daqui. – Syaoran me puxou, me tirando da casa e seguindo para o estábulo.

Me deixei ser arrastada, tentando não pensar em tudo o que Tanaka já havia feito comigo, mas foi em vão. Senti quando meus olhos não mais se prendiam às coisas, meu corpo entrou no automático e eu revivi lembranças.

— Ainda não acredito que a professora deu o papel de princesa Aurora para a mosca morta da Kinomoto. – Ouvi a voz de Tanaka e gelei.

Da última vez que eu me envolvi com algo que ela achava injusto, tive princípio de hipotermia. Lembranças nada agradáveis do dia em que fiquei presa, ensopada em pleno inverno, numa sala sem aquecedor, passaram pela minha mente. Se eu ficar quieta aqui, talvez ela nem perceba que eu estou aqui.

— É claro que deveria ter sido você a escolhida. – Ouvi a voz de outra garota que não consegui reconhecer. – Aposto que ela é a queridinha da professora por ser puxa-saco dela.

— É impressionante como ela consegue encantar a todos. Arg! Chega a ser nojento. – A voz de Tanaka estava carregada de ódio e nojo. Olhei para cima, tentando controlar as lágrimas que teimavam em embaçar minha visão. – Todos são uns idiotas.

Vão logo embora, por favor. Supliquei aos céus. Daqui a pouco o intervalo vai acabar e eu preciso voltar para a sala.

Ouvi meu celular tocando e me odiei por não ter deixado no silencioso. Não arrisquei ver quem era, desliguei a chamada, desligando o aparelho logo depois.

— Quem está aí? – O tom que Tanaka usou me paralisou. Ouvi ela abrindo as portas dos outros cubículos e me afastei, esbarrando no vaso. Não, não, não. Implorei, mas foi em vão. Ela logo esmurrou a porta do cubículo em que eu estava. Não abri, esperando que ela desistisse. – Não vai sair? Tudo bem, tenho todo o tempo do mundo. Não ligo nem um pouco em ser chamada a atenção por chegar atrasada em sala.

— O que vocês estão fazendo aqui? – Ouvi a voz da professora Hikari.

— Já estamos indo, professora. – A outra aluna respondeu. – Só estamos esperando nossa amiga terminar. Ela está naqueles dias.

— Sim. – Tanaka confirmou. – Ela está nesse cubículo aqui. – Ouvi passos.

— Senhorita, por favor, vamos logo. O sinal já tocou. – A professora Hikari pediu. Respirei fundo. – Vocês duas, por favor, voltem para a sala. Agora.

Esperei que a porta rangesse, indicando que elas já haviam ido embora, e então abri a porta.

— Kinomoto? – A mulher à minha frente franziu a testa e se abaixou ficando na minha altura. – Está tudo bem com você? Akame me disse que você estava aqui, mas estava preocupada por causa da demora. – Balancei a cabeça confirmando. Graças a Kami-Sama que Akame me ajudou.

— Obrigada. – Sussurrei.

— De nada. – Ela sorriu e eu tentei retribuir. – Agora vamos, vou te acompanhar até a sua sala e explicar o seu atraso ao professor que estiver lá.

Respirei um pouco mais aliviada, contudo paralisei ao ver Tanaka e sua amiga do lado de fora do banheiro, esperando.

— Ainda não foram para suas salas? – Professora Hikari questionou.

— Estávamos esperando a senhora, professora. – Tanaka disse sem parar de me encarar. Estou ferrada.

— Sakura. – Me assustei um pouco quando Syaoran me sacudiu levemente pelos ombros. Levantei a cabeça e olhei para ele, ainda um pouco confusa por causa da lembrança.

— Sim? – Respondi.

— Vamos? – Ele estendeu as rédeas de Yue. Observei o cavalo. – Não fui eu quem os selou. Fique tranquila. – Ele apontou com a cabeça para um senhor que estava a poucos metros de distância. Balancei a cabeça agradecendo.

Montei e aticei Yue para que ele corresse. Avancei rumo à cerca, pulando sobre ela, cortando caminho pelo pasto e seguindo para o lago. Sabia que Ruby o alcançaria. Isso se Syaoran souber como.

Precisava sentir o vento fazer meu cabelo chicotear em meu rosto para que eu conseguisse, talvez, esquecer aquelas lembranças. A adrenalina seria boa para acordar o meu corpo.

Desacelerei assim que conseguir ver a massa de água acumulada. Paramos em uma das margens do pequeno lago que ficava dentro da propriedade de vovô. Passei a mão na crina de Yue, fazendo um agrado, enquanto observava a vista. Não me canso disso, por mais que cada detalhe aqui tenha continuado da mesma forma.

— Quer ajuda para descer? – Ouvi a voz de Syaoran e olhei para ele. Levantei a sobrancelha e o encarei com tédio.

— Faço hipismo desde os oito anos de idade, Syaoran. – Apoiei melhor meu pé direito sobre a pedaleira e comecei a descer. – Sei fazer isso melhor do que você. – Disse de forma convencida assim que toquei o chão. Ele apenas rolou os olhos em resposta. É bom ter alguém para implicar às vezes.

Passei a rédea por cima da cabeça de Yue e comecei a guia-lo para próximo da margem. Syaoran fez o mesmo com Ruby Moon, deixando-a junto a Yue, e se sentou ao meu lado.

— Da próxima vez, me avise quando for sair correndo como louca.

— Aí não vai ter graça. Não será genuíno. – Respirei fundo. Ficamos um tempo em silêncio, aproveitando o momento.

— Vocês vinham para cá sempre, não é? – Ele começou. – Me lembro de você ter comentado isso.

— Meu pai vinha para cá, para aproveitar a tranquilidade e curtir de verdade as férias. – Apoiei meu corpo em meus cotovelos, levantei meu rosto para cima e fechei os olhos. – Além do mais, sempre amei passar os dias aqui.

— Não mudou muita coisa.

— Não mesmo. – Sorri.

Aquele local me trazia paz, me lembrava de dias em que treinar Yue era minha única obrigação, que eu realizava com alegria e esperava impacientemente pelo dia seguinte. Onde cada canto havia uma estória para contar, seja de dentes caídos, braços quebrados ou de tempestades tropicais.

— Está mais calma? – Ele me perguntou depois de um tempo. Respirei fundo.

— Sim. – Abri os olhos e encarei o lago. – Não acredito que ela veio para cá! Lá se foi meu final de semana perfeito.

— Ignore-a.

— Se ela fizesse o mesmo, seria fácil. Mas ela não perde a oportunidade. – Olhei para ele. – Você presenciou. Viu que ela não me deixa em paz? – Ele rolou os olhos e voltou a deitar na grama, com os olhos fechados.

Deitei e fechei os olhos. Aproveitei o vento, a tranquilidade e deixei minha mente relaxar. Não queria pensar em Tanaka, ou na quantidade de coisas que teria que estudar assim que voltasse para a Kyodai. Só queria aproveitar o momento.

Ouvi a risada de Syaoran e virei a cabeça para encara-lo.

— O que foi? – Perguntei. Ele riu mais um pouco antes de me responder.

— Estava lembrando em como Pamy te deixou linda. – Ele respirou fundo, tentando controlar o riso. – Memorável.

— Pare. – O cutuquei, fazendo-o se curvar em minha direção. – Se puder, faça o mesmo com sua sobrinha, ela vai amar. – Virei meu corpo, ficando de frente para ele.

— Quando ela tiver entediada, talvez. – Ele estendeu a mão e tirou uma mecha de cabelo que havia caído no meu rosto. – Mas acho que ela tem muitas tias para poder brincar de maquiagem com ela. – Syaoran baixou a mão e apoiou na grama, chegando mais perto de mim. Não recuei. – Ao contrário de você, que vai ter que brincar várias e várias vezes disso.

Estreitei os olhos.

— Pelo menos ela terá ótimas lembranças de mim. – Mexi os ombros e mostrei a língua para ele.

Syaoran se moveu de forma rápida, me alcançou e iniciou um beijo. Confesso que demorei uns dois segundos para entender o que estava acontecendo. Senti quando ele segurou minha nuca e passou a língua por meus lábios, pedindo passagem. Sabia que me odiaria depois, mas permiti que ele aprofundasse o beijo.

Se eu havia ficado surpresa pela atitude dele de me beijar, fiquei mais ainda quando ele parou. Não por ele ter parado, mas por ele ter mordido a minha língua. Arregalei os olhos e me deparei com aquele olhar convencido.

— Eu te avisei. – Syaoran sussurrou assim que me soltou.

— Idiota. – O empurrei e ele caiu para o lado, enquanto ria. Senti alguns pingos de chuva caírem em meu rosto.

— Mais uma imagem para guardar na memória. – Estreitei os olhos e me levantei.

— Vamos. Já devem estar nos esperando para o almoço. – Montei em Yue e não esperei Syaoran me acompanhar. – Além de que acho que vamos chegar um pouco encharcados em casa.

Me repreendi por ter soado tão severa. Ainda estava surpresa por ele ter feito aquilo, mas estava com mais raiva de mim mesma por ter deixado aquilo acontecer. 

...

O almoço foi tranquilo e, devido à chuva, todos ficaram dentro de casa. Para os meus primos, foi uma ótima oportunidade de passar o dia todo jogando e aproveitando o dia de forma mais calma.

Syaoran e eu passamos o restante do dia na biblioteca. Confesso que a minha vontade era estar dormindo, mas sabia que precisava me esforçar, pois esse semestre se mostrava mais pesado que o anterior.

— Tem certeza que você está bem? – Ouvi a voz de Syaoran e levantei a cabeça para observa-lo.

— Como assim? – Perguntei sem entender. – Estou bem sim. Por quê?

— Faz quase meia hora que você está na mesma página. – Levantei as sobrancelhas e voltei a encarar o livro. Corei. Eu sabia que estava distraída, mas não que ele me observava. — Tanaka? – Lhe mostrei um meio sorriso não tão sincero. Não queria tocar no assunto naquele momento, mas queria que ele soubesse que sim, ela era o motivo de eu estar daquela forma.

...

— Então ela só pode ser boa de cama. Não tem outra explicação. – Paralisei ao ouvir a voz alterada de Tanaka atrás da porta da biblioteca.

Após o jantar, Syaoran e eu resolvemos voltar para a biblioteca, mas precisei de um caderno e voltei ao quarto para busca-lo. Contudo, ouvir aquela frase, e principalmente na voz de Tanaka, foi uma bela e desagradável surpresa para mim.

— Já pedi para que se retire, senhorita Tanaka. – Ouvi a voz de Syaoran e arregalei levemente os olhos.

— Não saio enquanto não tiver uma resposta satisfatória. – Eles continuaram em silêncio e eu estranhei. – Não há a menor possibilidade de você ter me rejeitado por um motivo tão insignificante.

— É a minha vontade. E ela não é insignificante para mim. – O tom de voz de Syaoran se tornou frio. Respirei fundo. Não posso ficar aqui, tenho que agir.

— Sakura? – Ouvi Ken e me virei para ele sorrindo.

— Ei! – Esperei que ele desse o próximo passo.

— Indo para a biblioteca? – Ele me perguntou e eu balancei a cabeça confirmando.

— Estava estudando com Syaoran, mas esqueci um caderno no quarto e fui buscar. Então sim, estou voltando para a biblioteca. – Coloquei a mão na maçaneta. – Você vem?

— Estou procurando Sora.

— IDIOTA! – Ouvimos a voz de Tanaka atrás da porta e Ken logo se adiantou, abrindo caminho.

Syaoran estava sentado em uma das poltronas, com o notebook na sua frente, apoiado na mesa de centro. Tanaka estava a uns dois metros de distância, nervosa por algum motivo.

— O que está acontecendo aqui? – Ken perguntou.

— Nada, Ken-kun. – Tanaka sorriu, tentando disfarçar, mas eu conhecia aquele sorriso. Syaoran havia negado algo a ela e ela estava a ponto de matar o primeiro que visse. – Apenas o idiota do meu irmão que deixou a janela do meu quarto aberta e permitiu que Xgaku fugisse. – Ela se aproximou dele. – Sabe que eu idolatro aquela gata. – Ela deveria ser atriz, sabe representar muito bem. Pensei. Se eu não tivesse ouvido parte da conversa, talvez acreditasse nela também. – Eu vou matar aquele idiota quando chegar em casa.

— Tudo bem, agora vamos. Seus pais estão te procurando. – Ken passou o braço sobre os ombros dela e começou a retira-la da sala.

Me sentei no braço da poltrona em que Syaoran estava, ainda observando a cena. Acompanhei Ken e Tanaka saírem da biblioteca e presenciei quando ela olhou para Syaoran da mesma forma que olhava para mim na época da escola secundária.

— O que ela tentou? – Perguntei minutos depois que eles saíram.

— Como?

— Eu peguei o final da conversa, antes dela gritar. Então não adianta dizer que nada aconteceu. – Olhei diretamente para ele. Sua mandíbula estava destacada, o que indicava que ele estava tenso.

— Ela é uma oferecida, oportunista. – Ele disse entredentes. Apoiei minha mão esquerda sobre seu ombro direito, fazendo com que ele olhasse para mim.

— Me desculpe. Deveria ter imaginado que ela faria algo do tipo e não te avisei.

— Não se preocupe. – Ele fechou os olhos e recostou na poltrona. – Já estou acostumado com essas situações, Sakura. Fazer parte de uma família influente e rica, atrai certas pessoas indesejadas. – Ele passou a mão sobre os cabelos, bagunçando-os mais ainda. – Eu só preciso tomar um ar e voltar a estudar.

Me levantei e estendi a mão para ele.

— Então vamos. Vou te mostrar meu segundo lugar favorito dessa propriedade.

— E qual é o primeiro? – Ele me perguntou, mas eu reconhecia aquele sorriso implicante.

— O lago, idiota. – Dei uma cotovelada nele, sorrindo.

— Sem agressão física, por favor. – O retirei da biblioteca e segui para os fundos.


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Notas finais do capítulo

Olá, pessoas.

Cara, como Vanne uma vez disse, oh vontade de pegar uma bazuca e acabar com a raça da Takana -.-' Vey, essa garota me estressa... #Argh #InspiraExpiraNãoPira

Agradecimentos especiais para:
— Keylitinha tsubasa, Pandinha e Suzzane ♥ Muito obrigada pelo carinho, girls. Vocês são demais ♥ ♥ ♥ ♥

Até terça, people! #Beijos



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