Rio de Janeiro. Segunda-feira, 23 de janeiro de 2017.

Sasuke passou o final de semana inteiro pensando em formas de esquecer que Karin existia, mas estava difícil. A devolução do anel de compromisso o havia atormentado bastante. Como ela era capaz de ser tão cruel com seus sentimentos? Não bastasse tê-lo traído com um cara famoso e sair nos sites de fofoca da cidade toda, ela ainda precisava devolver o símbolo daquela união para ele? Sasuke precisava encarar os fatos. Karin estava em outra. Ela atualmente era a namorada do nadador Suigetsu Hozuki. O que ele tinha que Sasuke não poderia oferecê-la? Sasuke não sabia essa resposta.

Ele ainda estava apaixonado por Karin e se recusando a esquecê-la de vez, apesar de dizer o contrário na frente dos outros. Tinha sido obrigado pelo seu veterano na faculdade a ficar com uma garota, mas detestou a experiência toda, pois fechava os olhos e via Karin em seu lugar. Era insano.

Sua decisão agora era focar no estudo e no trabalho voluntário no pré-vestibular que levava o nome de sua família. Sasuke estava tentando voltar ao normal.

— O que vai fazer hoje, querido? – Perguntou Mikoto ao ver Sasuke pegando uma xícara de café.

— Como ainda estou de férias, vou visitar o Naruto. – Disse Sasuke.

— Volta tarde? – Perguntou Fugaku.

— Não. Estarei em casa na hora do jantar. Devo ir à praia com Naruto. – Respondeu Sasuke.

— Quer que eu prepare um lanche para você, querido? – Perguntou Mikoto.

— Não precisa, mãe. A gente come qualquer coisa pela rua. – Respondeu Sasuke, já pegando a sua mochila e colocando nas costas.

— Olha lá onde você come, menino! – Disse Mikoto apreensiva.

— Sasuke não é mais um bebê, Mikoto. Trate seu filho como o adulto que é. – Retrucou Fugaku e Mikoto torceu o nariz.

— Meus filhos sempre serão pequenos para mim. – Disse Mikoto.

— Não discutam por minha causa, por favor! Eu já to indo. – Avisou Sasule e saiu.

— Tchau filho! – Disseram em uníssono.

[...]

O dia estava ensolarado. Céu azul, água gelava e uma leve brisa. Naruto e Sasuke largaram suas coisas na areia e em seguida caíram no mar. Precisavam de um mergulho.

— Finalmente, um mergulho pra começar bem o dia! Isso aqui ajuda a repor as energias! – Comentou Naruto, como uma criança dentro d’água.

— Não sei como você consegue acordar com esse pique todo. Eu vim me arrastando até aqui. – Disse Sasuke, ainda sonolento.

— É por isso que você está branco como um fantasma! Tem que melhorar o bronzeado, brother. – Cutucou Naruto.

— Não ligo pra isso. – Bufou Sasuke.

— Mas as garotas ligam... – Naruto disse e Sasuke revirou os olhos.

— Não quero saber de garotas no momento. – Confessou Sasuke.

— Qual foi? Virou gay? – Questionou Naruto e Sasuke o olhou feio.

— Antes fosse! Preferia eu ter trocado a Karin por um cara do que ela ter feito isso comigo. – Reclamou.

— Cara, você precisa superar! Tem seis meses já! Vida segue... – Incentivou Naruto.

— Seguiu pra ela... Aliás, como ela tá? – Perguntou Sasuke, sem conseguir esconder o interesse pela vida da ex.

— Você quer mesmo saber? Vai ajudar alguma coisa saber o que a Karin faz com a vida dela? Era melhor você não perguntar! – Opinou Naruto e Sasuke se zangou.

— Só me diz uma coisa: ela tá feliz? – Insistiu Sasuke.

— Sim, ela está. Agora, dá pra gente mudar de fita? – Pediu Naruto, pois não gostava de falar sobre a prima com o amigo.

— Tudo bem...

— E seu irmão? Ele já voltou de viagem? Itachi fica cada dia mais importante... – Comentou Naruto.

— É. Ele foi receber um prêmio por uma campanha que fez. Meus pais queriam muito que ele fosse médico, mas acho que ele fez o certo ao ir para a publicidade. Afinal, é o que ele gosta e sabe fazer. – Disse Sasuke.

— Eu entendo o seu pai. Por um lado, tem o nome da família né? A sua é ligada à medicina.

— Mas acho que o meu pai pega pesado, às vezes. Para piorar, Itachi tem um gênio difícil.

— Sasuke, o importante é que está tudo bem. Ei, mudando completamente de assunto, eu tenho alguns ingressos para a estreia da nova temporada da peça “Penso em você, logo desisto”. Não quer vir não? – Convidou Naruto.

— Depende. A Karin vai estar lá? – Perguntou Sasuke.

— Não, se ela fosse eu nem convidava você. – Jurou Naruto.

— Então, eu vou. – Afirmou Sasuke.

[...]

Depois de se despedir de Sasuke, Naruto voltou para casa e lá encontrou com Karin esperando por ele na portaria.

— Que tá fazendo aqui, Karin? – Perguntou Naruto, enquanto Karin o acompanhava até o elevador.

— Você é meu primo. Preciso de motivos pra fazer uma visita? – Questionou Karin, seguindo Naruto até dentro do elevador.

— Bem, faz uns seis meses que você não vem aqui. – Respondeu Naruto, após apertar o botão do seu andar e as portas fecharem.

— Se lembra que você quem me pediu para evitar de vir aqui por causa do Sasuke? – Questionou Karin.

— Claro que eu lembro! Aliás, você por muito pouco não esbarrou com ele. Estávamos na praia e eu o convidei para o jantar, mas ele disse que precisava voltar pra casa. – Informou.

— Já faz seis meses! Eu continuo evitando encontrá-lo, mas sei que vai ser bem mais difícil isso agora. – Disse Karin, enquanto saía do elevador ao lado de Naruto e caminhava até o apartamento dele.

— Problema seu! Quem mandou trair o cara? Ele é meu melhor amigo, Karin, e você ferrou tudo! – Disse Naruto.

— Pensei que você havia dito que não ia ficar do lado de nenhum de nós? – Alfinetou Karin enquanto olhava Naruto abrir a porta e entrar no apartamento.

— Você é minha prima e eu te amo, mas o Sasuke é meu melhor amigo, foi criado junto comigo, é como um irmão. Por favor, não me pressiona pra ficar do seu lado. Eu to tentando me manter neutro nessa história. – Explicou Naruto.

— Tá, eu sei. Não vim aqui pra te colocar na parede nem anda. – Disse Karin hasteando a bandeira de paz.

— E o que te traz aqui? – Perguntou Naruto ainda de pé, enquanto Karin sentava no sofá.

— Bem, você sabe que meu pai foi transferido pra São Paulo e a minha família vai ter que se mudar, né? – Disse Karin.

— Sim, sua mãe comentou com a minha por telefone, mas o que eu tenho com isso? – Arqueou uma sobrancelha.

— É que com a ida da minha família pra São Paulo eu fico sem casa. Então, eu pensei em vir morar com você! – Karin abriu um largo sorriso e Naruto riu.

— Você só pode estar louca!

— Por que? Eu preciso de ajuda e você é meu primo! Quem melhor para me ajudar? Eu preciso me manter no Rio e alugar um apartamento seria inviável no momento. É tudo caro nessa cidade! Se dividirmos o apartamento, fica leve pra mim e pra você também! – Argumentou Karin. 

— Seu namoradinho te negou abrigo foi? – Perguntou Naruto.

— Eu e Suigetsu só estamos juntos há seis meses! Seria loucura eu pedir para morar com ele! – Disse Karin.

— Se ele te amasse, não seria tão absurdo! Sasuke se ofereceria para morar com você numa circunstância como essa! – Lembrou Naruto.

— Suigetsu é diferente de Sasuke. – Afirmou Karin.

— O que só reforça a minha ideia de que Sasuke é melhor que Suigetsu e você uma idiota. – Rebateu Naruto, irritando a prima.

— Olha só o Sasuke voltando a ser assunto! Naruto, seja direto! Você me abriga na sua casa ou não? – Perguntou Karin.

— Vou pensar. Olha, eu cheguei da praia agora. Vou tomar um banho e quando sair a gente conversa sobre isso, pode ser? – Sugeriu Naruto.

— Ok. Enquanto você toma banho, eu preparo o jantar. – Disse Karin já indo em direção a cozinha.

— Folgada! – Retrucou Naruto, deixando a prima só.

Quando Naruto saiu do banho, a mesa estava posta. O cheiro da comida era bom e a barriga de Naruto roncava.

— Tá com fome mesmo né? – Riu Karin ao ouvir o barulho da barriga do primo.

— Sim, acabou que eu e o Sasuke só comemos um sanduíche na praia um mate. Isso não sustenta ninguém em pé! – Disse Naruto esfomeado, já atacando as panelas.

— Por que você sempre coloca o nome do Sasuke do meio? – Perguntou Karin.

— Ele é meu melhor amigo, sai sem querer. – Justificou Naruto.

— Eu sei que quando traí o Sasuke acabei decepcionando você também, mas, olha, não foi intencional. Aconteceu... – Karin disse, sendo sincera.

— Não é pra mim que você deve desculpas, Karin. – Disse Naruto já pronto para dar a primeira garfada no prato.

— Eu já pedi desculpas pro Sasuke. – Lembrou Karin.

— Você terminou com ele por Whatsapp, Karin! Você nunca mais encarou o Sasuke! – Argumentou Naruto.

— Eu tenho vergonha! Eu sei que o que fiz não foi bonito, mas eu não me arrependo nenhum pouco. Eu amo o Suigetsu! – Defendeu-se Karin.

— Custava ter terminado o namoro primeiro? – Questionou Naruto encarando a prima.

— Eu só estava saindo com o Suigetsu há duas semanas quando fotografaram a gente junto. Eu ainda tava criando coragem para terminar com o Sasuke! Acabou que a foto só antecipou de uma forma cruel o que já aconteceria dali a mais algumas semanas! – Explicou Karin.

— Não posso hospedar você. – Disse Naruto.

— Por que? – Karin se surpreendeu com a resposta.

— O Sasuke jamais pisaria na minha casa de novo com você aboletada aqui dentro. Fora que eu proibiria visitas do Suigetsu à essa casa em respeito ao meu amigo. – Justificou Naruto.

— Você está escolhendo um lado, Naruto! – Acusou Karin.

— Não, você está me forçando a escolher um! – Rebateu Naruto.

— O que você quer que eu faça? – Perguntou Karin.

— Sei lá... Aluga um quitinete, um quarto, vai pra uma pensão, hotel, flat, mora na rua! Dá teu jeito! – Disse Naruto.

— Você quer mesmo que eu more na rua, Naruto? – Perguntou Karin indignada.

— Não, mas também não quero você aqui em casa cerceando a minha liberdade de receber o meu melhor amigo no meu lar. – Respondeu Naruto.

— Sua mãe vai ficar muito chateada ao saber que você se recusou a me ajudar. – Disse Karin se levantando da mesa.

— Karin, qual é? Fica pelo menos pra jantar! – Disse Naruto, mas ela ignorou completamente o pedido.

— Não, fique à vontade para jantar no seu lar, convide seu melhor amigo e esqueça que tenha uma prima! – Decretou Karin e saiu do apartamento batendo a porta com força.

— Essa mina só me arranja problema, @Deus! – Naruto disse já cansado da briga com a prima.

Quando Karin já estava no portão do prédio, ela ouviu do porteiro que recebeu ordens do Seu Naruto para não deixá-la sair. Karin ficou furiosa, começou a berrar com o porteiro, ameaçando chamar a polícia e isso durou até Naruto aparecer.

— Você tá maluco de me impedir de sair, seu imbecil? – Gritou Karin.

— Karin, vamos voltar por apartamento tá? A gente precisa conversar melhor... – Disse Naruto tentando acalmá-la.

— Eu não tenho nada pra conversar com você! Senhor porteiro, sabia que esse garoto se negou a amparar a própria prima, sangue do sangue, por causa de um amigo? – Karin começou a fazer seu drama.

— Ela tá exagerando um pouco. – Disse Naruto em sua defesa.

—Você me disse pra morar na rua! – Berrou Karin indignada.

— Eu me expressei mal. Desculpa. – Disse Naruro e Karin ficou um pouco mais tranquila.

— Só desculpo se eu puder morar aqui... – Disse Karim emburrada e Naruto sabia que era naquele ponto que ela queria chegar, uma chantagem emocional envolvendo a família para convencê-lo.

— Tudo bem... Mas, eu tenho algumas condições e você, se quiser morar aqui, vai ter que aceitar! – Impôs Naruto.

— Eu aceito! – Disse Karin animada.

— Você nem sabe quais são as condições? – Disse Naruto.

— Não preciso saber. Confio em você! – Karin então abraçou Naruto que retribuiu.

— Você é importante pra mim, Karin. Então, não faz mais isso de me dizer pra esquecer que eu tenho uma prima tá? – Pediu Naruto.

— Tá. E você me desculpa por tudo que eu fiz de ruim e que afetou a sua amizade com Sasuke. Eu prometo que vou me comportar na sua casa. – Jurou Karin.

— Vamos lá pra dentro... Precisamos conversar sobre as regras de convivência.

De volta ao apartamento, Naruto foi direto sobre quais eram os termos de convivência dentro de sua casa.

— Karin, você sabe que te acolher aqui é algo complicado. Então, eu vou te pedir coisas básicas para que a gente não se mate ok? – Disse Naruto.

— Claro! Eu até imagino que coisas são. – Concordou Karin.

— Bem, primeiro e mais importante: nada de Suigetsu aqui. Ele não pode vir em hipótese alguma até essa casa. Entendido? – Pediu Naruto.

— A casa é sua, então eu concordo. – Assentiu Karin.

— Segundo e tão importante quanto o primeiro item é que você não pode estar nessa casa quando o Sasuke vier até aqui. Eu sempre vou te manter avisada para que não haja desconforto entre nenhum de vocês dois. – Estabeleceu Naruto.

— Eu já imaginava que você proporia isso e concordo.

— Ótimo! Em terceiro lugar, quero deixar bem claro que eu não to aqui fazendo caridade e você vai ter que contribuir com os gastos do apartamento. Ou seja, vamos dividir aluguel, condomínio, água, luz, gás, telefone, internet, TV a cabo, Netflix, tudo isso... Entendeu?

— Não tenho problema com isso. – Sorriu Karin.

— Quanto às tarefas domésticas, eu pago uma faxineira que vem duas vezes por semana. Então, uma das diárias dela é você quem vai pagar agora. – Disse Naruto.

— Ok.

— Outra coisa, é seu dever manter a casa em ordem, pois não é só porque a gente paga uma diarista que a casa tem que ficar desorganizada. – Lembrou Naruto.

— Tá parecendo a sua mãe falando! – Debochou Karin.

— Bem, desde que eu comecei a morar sozinho eu tive que aprender a ser um dono de casa e não tenho vergonha disso.

— Tá bom. Eu entendi tudo, Naruto. Posso me mudar amanhã? – Perguntou Karin.

— Tudo bem. Pode. Olha lá pra ver se não abusa! – Disse Naruto e ganhou um abraço da prima.

— Obrigada! Eu tava precisando mesmo de você!

[...]

No dia seguinte, Naruto foi até a casa de Sasuke. Precisava falar pessoalmente com o amigo para informa-lo sobre Karin. Seria um péssimo amigo se não fizesse isso.

— E aí, Naruto? Tá tudo bem? – Perguntou Sasuke assim que abriu a porta da sala.

— Eu espero que fique tudo bem, depois de te dizer o que vim dizer. – Afirmou Naruto, deixando Sasuke aflito.

—  Tá me deixando nervoso! Fala logo... – Disse Sasuke sentando-se com o amigo no sofá.

— É sobre a Karin. – Começou Naruto.

— Pode falar! – Consentiu Sasuke.

— Os pais da Karin vão se mudar para São Paulo, porque meu tio foi transferido no trabalho. Como a Karin precisa continuar a faculdade aqui, ela ficou sem ter onde morar. Aí, ela me pediu abrigo... Eu fiquei meio assim de aceitá-la em casa, mas ela é minha prima, cara! Não quis negar depois de vê-la implorando. Você entende? – Explicou Naruto.

— Olha, eu agradeço por você ter vindo até aqui, mas você não em que me pedir autorização para abrigar a sua prima num momento de necessidade. – Disse Sasuke.

— Fiquei com medo que você ficasse com raiva de mim. – Confessou Naruto.

— Não estou. Você não tem nada a ver com o que rolou entre mim e a Karin. Ela é sua prima e você está certo em ajudá-la. – Afirmou Sasuke.

— Bem, isso me deixa aliviado. Pode deixar que eu vou sempre despachar ela de casa quando você for lá. Ela jurou pra mim que concordou com tudo que eu impus. – Informou Naruto.

— Tá tudo certo. Você não precisa mais se preocupar com isso. – Garantiu Sasuke, o que deixou Naruto aliviado.

[...]

Naquela noite, Naruto ia jogar futebol no Aterro do Flamengo com uns conhecidos da faculdade. Por isso, Sasuke sabia que o amigo não ia voltar antes das 22h para casa. Aproveitando-se disso, ele foi até lá e usou a chave que tinha do apartamento, que tinha ganhado de Naruto para cuidar do apartamento dele durante uma viagem e que nunca tinha devolvido. Quando abriu a porta, ouviu um barulho vindo do quarto. Sabia que era Karin, então esperou por ela na sala, pois sabia que ela iria vir até ele achando que fosse Naruto que havia chegado.

— Já chegou Naruto? – Perguntou Karin dando as caras na sala e se surpreendendo ao ver Sauske.

— Oi, Karin. – Disse Sasuke.

— Oi. O que você tá fazendo aqui? O Naruto não me disse nada que você vinha. – Disse exasperada.

— É que ele não sabe. Podemos conversar? Acho que você me deve isso. – Respondeu Sasuke.

— Você veio até aqui escondido dele? Como conseguiu a chave? – Questionou Karin.

— Tenho uma cópia da chave desde as últimas férias do Naruto. Ele viajou pro Chile e aí me deixou cuidando do apartamento. – Informou Sasuke.

— Sabe, eu acho melhor a gente continuar não conversando. É mais saudável pra nós dois. – Disse Karin.

— Não acho. Desde que eu vi aquela foto sua com o seu novo namorado, eu não consigo entender o que fiz de errado pra te perder. Você não acha que me deve uma explicação? Porque terminar pelo Whatsapp e depois me bloquear não foi legal. – Contou Sasuke, finalmente, sentando-se no sofá e observou Karin ir para o seu lado.

— O que eu fiz foi errado. Nós dois sabemos. Então, pra que prolongar o sofrimento Sasuke? Trair você não foi legal, mas eu não me arrependo do que fiz. Estou apaixonada pelo Suigetsu. E não terminei com você antes só porque não sabia como fazer isso sem te magoar. Acabei adiando isso e olha no que deu... você ficou sabendo de um jeito ainda pior. Eu sinto muito. – Desculpou-se Karin.

— Foi algo que eu fiz de errado que fez você me trair? – Perguntou Sasuke ainda sem entender a motivação de Karin para traí-lo.

— Não foi você, fui eu... – Disse Karin.

— Não me venha com essas suas falas decoradas de comédias românticas! Eu quero saber a verdade! – Exigiu Sasuke.

— Mas eu estou falando a verdade! Não foi nada que você fez ou deixou de fazer, Sasuke. Você sempre foi um ótimo namorado, mas eu me apaixonei pelo Suigetsu. Eu não esperava que isso acontecesse, não queria te magoar, mas também não consegui evitar. – Explicou Karin.

— Você é mais feliz com ele? – Perguntou Sasuke.

— Sasuke, eu prefiro não responder isso. – Disse Karin e Sasuke engoliu seco o choro.

— Isso quer dizer que você é. Olha, eu já to indo. Você já me disse o que eu precisava ouvir. – Disse Sasuke, pondo-se de pé.

— Me desculpa, Sasuke, por não ter sido a garota que você esperava que eu fosse. – Disse Karin.

— Eu não consigo te desculpar. Acho que é porque eu ainda te amo. – Disse Sasuke antes de sair pela porta e deixar Karin triste por vê-lo mal.

[...]

Obviamente, Karin ligou para Naruto assim que Sasuke saiu de lá. Então, o Uzumaki sabia o quão despedaçado o amigo deveria estar. Então, foi até a casa de Sasuke de novo e mentiu para Mikoto quando ela perguntou o que ele estava fazendo ali àquela hora. A mãe de Sasuke também não havia perdoado Karin pelo que ela tinha feito. Então, Naruto disse que tinha ido combinar os detalhes sobre a peça de teatro que iam assistir na sexta-feira.

— Oi, Naruto. – Disse Sasuke já imaginando porque o amigo estava ali.

— Cara, qual é o seu problema? Por que foi lá atrás dela? – Perguntou Naruto irritado.

— Eu pensei que a gente podia se acertar, sei lá... Mas ela não tava nenhum pouco arrependida. – Confessou Sasuke.

— Eu sei que deve estar doendo, mas eu vim até aqui pra te pedir pra acordar! A vida segue, brother! Quantas vezes eu vou ter que dizer que você precisa seguir em frente e deixar a minha prima no seu passado?

— Eu vou esquecer. – Disse Sasuke.

— Você vem me dizendo isso há seis meses, cara! Tá na hora de fazer algo pra isso acontecer! – Disse Naruto.

— Tipo o que? – Questionou Sasuke.

— Conhecer uma garota nova, por exemplo... – Sugeriu Naruto.

—  Não acho que seja o momento disso. – Disse Sasuke.

— Na vida não tem isso de momento certo. As coisas simplesmente acontecem e para elas acontecerem você precisa estar fora de casa e não se lamentando porque a sua ex te trocou por um medalhista olímpico! – Argumentou Naruto.

— Obrigado pela parte que me toca.

— Ah, Sasuke! Eu só to tentando te convencer que existe vida lá fora! Vá viver! – Incentivou Naruto.

— Não quero ir para balada. – Respondeu Sasuke.

— Ok. A gente pode começar com você indo na estreia de “Penso em você, logo desisto” no teatro. O que acha? – Sugeriu Naruto.

— Ok. Eu já disse que ia mesmo. – Sasuke deu de ombros.

— Ótimo! Até porque eu disse pra sua mãe que tinha vindo para falar disso. É melhor você não comentar sobre a Karin, você sabe que a dona Mikoto detesta a minha prima agora que ela partiu seu coração. – Disse Naruto.

— Pode deixar. Eu confirmo sua história. Obrigado por ter vindo! – Agradeceu Sasuke.

— Você é meu melhor amigo! É meu dever vir aqui puxar sua orelha toda vez que você insiste em algo que já deu errado. – Respondeu Naruto.

— Olha, toma aqui a sua chave extra. É melhor eu não ficar com isso, porque eu posso tentar invadir seu apartamento de novo e não queremos que eu me humilhe de novo pra sua prima, certo? – Disse Sasuke devolvendo a chave.

— Sábia decisão! – Disse Naruto pegando a chave.

[...]

Rio de Janeiro. Quarta-feira, 25 de janeiro de 2017.

Como havia combinado com Deidara, Sakura foi até o pré-vestibular buscar seu material. Quando chegou lá, logo deu de cara com o simpático recepcionista.

— Bom dia, Sakura! Que felicidade revê-la! – Disse Deidara animado.

— Bom dia, Deidara! Também fico feliz por te ver! Meu material já chegou? – Perguntou Sakura.

— Sim, está aqui tudo certinho. Pode conferir. – Disse entregando as apostilas.

— Tá tudo certo. Obrigada. – Disse Sasuke já guardando as apostilas na mochila.

— De nada! Ei, você vai na estreia da peça do seu pai né? A gente pode se encontrar por lá! – Comunicou Deidara.

—  Na verdade, eu não sei se vou. – Sakura disse.

— Por que? – Perguntou curioso.

— Bem, meu ex-namorado é o protagonista da peça. Vai ser estranho vê-lo. Não nos falamos desde que terminamos e eu to evitando olhar na cara dele. – Confessou Sakura.

— Quer um conselho? – Perguntou Deidara.

— Até dois! – Disse Sakura e Deidara riu.

— Não deixe de fazer as coisas que quer só por causa do seu ex. Ele não merece tanta importância! – Disse Deidara.

— Você tem razão! Vou pensar nisso que você disse. Acho que somos amigos, Dei! – Disse Sakura com um sorriso.

— Eu já considero você minha amiga desde que entrou por aquela porta pela primeira vez! – Disse Deidara.

— Obrigada! Eu precisava mesmo de novos amigos! Depois nos falamos, Dei! – Disse Sakura.

— Até mais, Sakura! – Despediu-se Deidara.

[...]

Rio de Janeiro. Sexta-feira, 27 de janeiro de 2017.

Era o dia da estreia da nova temporada de “Penso em você, logo desisto” no teatro. Kizashi estava ansioso, Mebuki orgulhosa do trabalho do marido e Sakura ainda indecisa sobre ir ou não ao evento.

— Você tem que ir, filha! – Insistiu Kizashi.

— Não force a menina a nada! – Retrucou Mebuki.

— Eu ainda não decidi. Desculpe. – Disse Sakura.

— Você precisa ir prestigiar o seu velho pai, querida. Kiba vai estar no palco, mas acho que está mais do que na hora de vocês pararem de se evitar. Já faz uma semana! – Argumentou Kizashi.

— Numa coisa seu pai está certo, filha, não dá pra evitar o Kiba a vida inteira. – Concordou Mebuki.

— Eu ainda não me sinto confortável em vê-lo. – Admitiu Sakura.

— Isso é normal, mas vai passar. – Disse Mebuki.

— Não castigue sua família por causa de um erro do Kiba! – Pediu Kizashi.

— Tudo bem. Eu vou. Por vocês, eu vou. – Garantiu Sakura, o que deixou sua família feliz.

[...]

O espetáculo aconteceu como esperado. Todos os ingressos foram vendidos. Os atores deram as interpretações de suas vidas em cima daquele palco, inclusive Kiba. Ele ficou verdadeiramente feliz ao ver Sakura na primeira fila e em seu íntimo cogitou que aquilo fosse um sinal de que ela o havia perdoado. Tenten se apresentou como uma verdadeira estrela, sendo generosa com seus parceiros de cena Temari e Shikamaru, que vez ou outra se alfinetavam mais do que o texto sugeria.

Após os aplausos, o elenco, liderado por Tenten, resolveu falar algumas palavras em agradecimento a Kizashi Haruno, que subiu ao palco para receber mais aplausos.

— Querido Kizashi, se essa peça hoje faz sucesso, nós devemos tudo a você. Obrigada por nos dar os papeis de nossas vidas! Esse trabalho mudou não só a mim, mas aos meus colegas de elenco e toda equipe de produção por trás de “Penso em você, logo desisto”. Você é nosso grande mestre e fonte inspiração. Nós te amamos! – Finalizou Tenten, então Kiba entregou um buquê de flores ao diretor e autor da peça, que ficou visivelmente emocionado e sem palavras.

Depois do fim do espetáculo, Mebuki foi até o camarim parabenizar o elenco e também o marido. Para evitar dar de cara com Kiba, Sakura avisou a mãe que a esperaria na porta lateral do teatro. E foi assim que Sakura esbarrou em Sasuke.

— Ei, não olha por onde anda? – Reclamou Sasuke e riu ao ver que era a menina de cabelo cor de rosa.

— Desculpa. – Disse Sakura sem reconhecer Sasuke do dia anterior.

— Não lembra de mim garota? Eu te devolvi suas chaves outro dia. – Informou Sasuke.

— Que mundo pequeno! – Exclamou Sakura.

— Minúsculo. O que faz aqui? – Perguntou Sasuke.

— Vim ver a peça, como você. – Respondeu Sakura.

— Bem, isso eu sei, mas eu quis dizer o que faz aqui sozinha? – Insistiu Sasuke.

— Estou esperando meus pais, meu pai é o diretor e autor da peça que foi homenageado lá no palco. – Informou Sakura.

— Legal. A peça realmente é muito boa.  – Resumiu Sasuke.

— E você? O que faz sozinho aqui? – Perguntou Sakura.

— Vim à peça com meu amigo, Naruto, mas ele foi para o banheiro e ainda não voltou. – Explixou Sasuke.

— As filas devem estar grandes. – Comentou Sakura, mas logo se deu conta de que Kiba e Ino apareceram em seu campo de visão e não queria que eles a vissem, então resolveu pedir ajuda ao estranho que acabara de conhecer – Olha, meu ex-namorado tá bem ali com a minha antiga melhor amiga com quem ele me traiu, então eu vou fazer algo bem estúpido agora. – Avisou Sakura.

— Tipo o que? – Perguntou Sasuke e essa foi a deixa para Sakura o beijar pela primeira vez.

Sasuke não hesitou em retribuir o beijo de Sakura. O gosto era bom, os lábios macios, ele realmente se sentiu bem em tê-la em seus braços. Foi um beijo intenso. Ele estava sendo usado para que aquela garota se escondesse do ex, mas estava gostando disso.

Enquanto isso, o coração de Kiba se partiu bem ali ao ver Sakura agarrada com outro rapaz. O ator estava com Ino ao seu lado, porque depois da peça a loura foi procurá-lo e ele exigiu que ambos fossem pedir desculpas a Sakura. Uma única lágrima grossa rolou pelo olho de Kiba e logo Ino percebeu o que estava acontecendo.

— Acho melhor a gente sair daqui. – Sugeriu Ino, puxando Kiba pelo braço, que só assentiu.

— Também acho. – Concordou Kiba, seguindo Ino.

— Vamos pra minha casa. Precisamos cuidar de você. – Disse Ino.

Quando notou que Kiba e Ino tinham sumido, Sakura parou o beijo com Sasuke.

— Pronto! Ele já foram. Obrigada! – Disse Sakura enquanto Sasuke ainda estava meio tonto por causa do beijo.

— Estou à sua disposição! Se quiser repetir... – Sugeriu Sasuke.

— Não. Eu não quero isso, você entendeu tudo errado. Só te beijei porque queria evitar que o meu ex viesse esfregar que está com a minha antiga melhor amiga na minha cara! – Explicou Sakura.

— Eu te entendo. Eu também fui trocado recentemente. Sei o que você sente. – Sasuke se compadeceu com a dor de Sakura.

— Sua namorada te traiu? Como foi? – Perguntou Sakura.

— Num dia tava tudo bem. No outro, vi uma foto dela beijando outro cara num site de fofoca. Não foi legal. E você? – Resumiu Sasuke.

— Meu namorado tava chateado comigo por não ter ido a uma festa com ele e aí ficou com a minha melhor amiga que sempre foi apaixonada por ele. Flagrei os dois se agarrando. Fim. – Contou Sakura.

— Bem, nós dois temos histórias tristes para contar. – Disse Sasuke.

— É. Temos. Qual é o seu nome mesmo? Agora que me dei conta que sequer perguntei. Lembrou Sakura.

— Meu nome é Sasuke. E o seu? – Perguntou Sasuke.

— Eu sou a Sakura. Prazer em conhecê-lo, Sasuke! – Disse estendendo a sua mão.

— O prazer foi todo meu! – Respondeu Sasuke, enquanto apertava a mão da garota e se lembrava do beijo que haviam trocado minutos atrás.

— Meus pais estão me chamando, eu preciso ir! – Disse Sakura ao avistar os pais surgirem.

— Não quer sair pra tomar um café comigo qualquer dia? – Perguntou Sasuke, visivelmente interessado na garota.

— Desculpa, Sasuke. Eu decidi que esse ano não vou mais para encontros. Acabei de sair de um relacionamento. – Disse Sakura se despedindo.

— Eu entendo. – Sasuke lamentou e então viu Sakura seguir seu caminho, pensando que nunca mais a veria.

Quando Naruto voltou, ele estranhou ver o amigo com  a boca suja de batom.

— Que que aconteceu na minha ausência? – Perguntou Naruto.

— Uma garota, brother. Uma linda garota. – Respondeu Sasuke sorrindo.

— Só você mesmo pra desencalhar na saída do teatro! Cadê ela? – Riu Naruto.

— Foi embora. Ela não quer sair comigo. Me disse que só me usou para evitar o confronto com o ex-namorado que também estava aqui. Fui usado, mas não me incomodei mesmo. – Respondeu Sasuke.

— É um começo, meu amigo. Fico feliz por você estar começando a sair da fossa onde a Karin te jogou. – Comentou Naruto.

— Eu também, Naruto. Bem, vamos sair daqui. Eu preciso ir jantar. – Disse Sasuke.

— Nem me fale! Eu estou morrendo de fome! Tem um restaurante ótimo aqui perto! – Disse Naruto.

[...]

Na casa de Ino, Kiba se deitou no colo da garota e chorou, lembrando-se da cena que havia visto no teatro e que, ao contrário da dele, era real. Sakura estava mesmo beijando outro homem.

— Eu to aqui pra você. – Lembrou Ino, afagando os cabelos de Kiba.

— Ela me esqueceu. – Disse Kiba num sussurro.

— É hora de seguir em frente, Kiba. – Disse Ino.

— Você não sabe o que fala. Tudo é culpa sua! – Disse Kiba levantando-se do colo de Ino.

— Eu tenho 50% da culpa, mas você também tem! – Defendeu-se Ino.

— Ela era sua melhor amiga! Você não se arrepende do que fizemos? – Questionou Kiba.

— Não. Eu estive apaixonada por você a minha vida toda, então, não, não estou arrependida de ter te beijado. – Confessou Ino.

— Não fala bobagem. – Pediu Kiba.

— Não é bobagem! Olha pra mim! – Exigiu Ino segurando o rosto de Kiba. – Eu te amo, Kiba Inuzuka. Sinto muito que você esteja sofrendo, mas eu não me arrependo te ter te beijado.

— Você perdeu sua melhor amiga e não se importa com isso? – Questionou Kiba.

— Não, porque finalmente eu disse a verdade a ela. Eu amo você e não vou mais fingir que não sinto isso. Aliás, quando a gente se beijou, eu senti que você também sente algo por mim. – Afirmou Ino.

— É só atração. – Kiba tentou justificar.

— Não importa! Foi algo. – Disse Ino ainda segurando o rosro de Kiba.

— Você se contenta com muito pouco. – Retrucou Kiba tirando as mãos de Kiba do seu rosto.

— Se for um pouco do seu amor, eu me contento sim. – Disse Ino e em seguida beijou Kiba com delicadeza, que acabou retribuindo o carinho.

— Você é doida. – Disse Kiba entre o beijo.

— Por você. – Ressaltou Ino e Kiba sorriu.

— O que você quer de mim? – Perguntou Kiba.

— O que você puder me dar... – Disse Ino e Kiba a afastou.

— Você sabe que eu ainda não esqueci a Sakura. – Disse sério.

— Eu faço você esquecer. – Prometeu.

— Não sei Ino... – Relutou.

— Ela já está em outra, Kiba! – Lembrou Ino.

— Não dá pra acreditar nisso! Tem uma semana só e ela já me esqueceu? Não é possível! – Argumentou Kiba.

— É possível sim, você viu com seus próprios olhos! – Insistiu Ino.

— É. Eu vi. – Disse Kiba.

— Eu posso te dar amor, Kiba. Um amor que vai além do que a Sakura sentiu por você. – Disse Ino.

— Quer ser minha namorada? – Perguntou Kiba.

— É tudo que eu mais quero na vida! – Respondeu Ino abraçando Kiba com força.

— Eu vou fazer de tudo pra tirar a Sakura da minha cabeça e ser um bom namorado pra você. – Disse Kiba.

— Vai ser fácil! – Disse Ino beijando Kiba que a retribuiu na mesma intensidade. Ele gostava de Ino, se sentia atraído por ela, então, na sua cabeça, não deveria ser muito difícil se apaixonar pra valer por ela.