Você já Amou Alguém na Vida? escrita por slytherina


Capítulo 2
Capítulo 2




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Desejo



Estefânia procurou um orelhão na esquina. O sol estava a pino. O barulho de buzinas de carros era ensurdecedor. Centenas de pessoas cruzavam por ela, de todos os tipos tamanhos e cores. Ela procurava não encará-los, como se eles fossem nuvens que encobriam a visão do céu. Ela temia que eles a encarassem de volta e que houvesse ódio e desconfiança no olhar deles.



Uma vez ela esquecera de desviar o olhos, e sustentou o olhar de um homem estranho. Ele era jovem e atraente, talvez por isso ela não despregara os olhos dele, porém continuara o seu caminho. Ele a perseguiu por um quarteirão até alcançá-la. Ela entrara em pânico e concluíra que ele só não a molestara, porquê em seu desespero ela entrara em um bar e ficara quase colada a um grupo de pessoas desconhecidas. Os estranhos perceberam sua aflição e enfrentaram seu perseguidor. Ele por fim encarou Estefânia longamente até ela baixar os olhos temerosa, então ele foi embora.



"Onde diabos existe um orelhão nessa cidade?" Aquela hora do dia era uma péssima hora para a bateria de seu celular morrer. Estaria incomunicável até voltar para casa e recarregar o celular. Mas ela precisava falar com ele urgentemente. Era questão de vida ou não vida. Ela precisava falar com Hamilton, o homem que amava.



Sua amiga íntima, Cleuza, lhe avisara que Hamilton havia confidenciado a Joaquim, namorado dela, que estava a fim de Estefânia. Hamilton planejava ir para o litoral com amigos, naquele fim de semana, e estava pensando em convidá-la. Era a chance perfeita para conquistar o homem de seus sonhos. Aquele que ela sonhara que a levaria ao altar. Se ela o amava verdadeiramente poderia fazê-lo amá-la também.



"Esta foi uma péssima hora para este celular descarregar. Raios! Quando eu terei outra chance com o Hamilton?" Sem o celular funcionando ele não iria convidá-la. Ela não iria para a praia com ele. Ele não a beijaria. Eles não namorariam. Não casariam. Não teriam filhos. Não seriam felizes para sempre. Tudo por causa da maldita cidade sem orelhão.



Logo mais adiante ela viu uma fila de pessoas próximas a um arcáico orelhão. Correu estabanada para lá. Entrou na fila e sua mão automaticamente abriu a bolsa à cata do celular. "Que estúpida! Eu sempre faço isso quando estou em filas." Sorriu com a própria idiotice. Fechou a bolsa e ficou pensando no que diria a Hamilton.



Não eram namorados, nem mesmo amigos. Ela sempre tivera uma queda por ele, mas era invisível como se não fosse o tipo de mulher que pudesse chamar a atenção de um homem. Era esquisito que ele agora estivesse interessado nela, a ponto de convidá-la para um fim de semana no litoral. O que ela lhe diria no telefone? "Oi Hamilton! Lembra de mim? Sou eu, a Estefânia, a amiga da Cleuza que namora seu amigo Joaquim. Já lembrou?Então eu fiquei sabendo que talvez você quisesse falar comigo..." Estefânia mordeu os lábios. Aquilo não estava soando bem. "Que idiotice! Que estúpida que eu sou. Eu não posso ligar para ele e me auto-convidar. Maldito celular que não funciona quando deveria."



Imersa em seus pensamentos, Estefânia não percebeu que chegara sua vez de falar no orelhão. Até que uma pesada e segura mão apertou seu ombro. Ela se virou instantaneamente para ver um ser de outro mundo, um deus grego, um "Giannechini" da vida. Ela ficou suspresa, de olhos arregalados, com a boca entreaberta, como uma boneca sexual de borracha inflável. "Desculpe moça, se não vai falar no orelhão, permite que eu passe na frente?" Ele falou com a voz rouca mais sexy que ela já tinha ouvido. "Pois não!" Foi a única coisa que conseguiu balbuciar.



"Giannechini" passou por ela e foi pro orelhão fazer sua ligação. Ainda abobalhada com a visão daquele anjo na terra, Estefania achou melhor sair da fila e foi se afastando lentamente. De repente, Hamilton já não parecia o príncipe encantado da sua felicidade futura. Se um "Giannechini" se interessasse por ela, de bom grado daria um chute em Hamilton, se prostaria de joelhos diante daquele monumento de homem e mandaria ver.



Estefânia estava tão perplexa que se esqueceu de seu cuidado de não encarar as pessoas. Viu-se presa aos olhos de alguém a sua frente. Tentou desvencilhar-se da atração, mas aqueles olhos castanhos bem delineados eram hipnóticos. A dona daquele par de gemas cor de âmbar também não desviava o olhar, até que entrou em uma loja.



Estefânia a seguiu como um autômato. Estava presa a um incrível magnetismo que a aprisionara em seu raio de tração. A outra era uma mulher alta e esguia, com um vestido branco sem graça que deixava suas pernas longilíneas à mostra. Seus cabelos eram mal-cuidados e tingidos de louro desbotado, mas tinham a qualidade de combinar com ela, dando-lhe uma aura de Marilyn Monroe ou Lady Gaga.



"O que está havendo comigo? Eu não sou sapatão. Não gosto de mulheres, pelo menos não desse jeito. Por que estou admirando essa mulher como um homem faria?" Após algum esforço e concentração, Estefânia deu as costas à Vênus oxigenada e saiu da loja. Dirigiu-se ao ponto de ônibus para voltar para casa.



Afinal de contas o que havia acontecido? Ela sempre quisera Hamilton. Sempre o amara em segredo. Sempre sonhara em casar-se com aquele rapaz reservado, atraente, e muito bem situado na vida, com um excelente emprego, e boa aceitação na alta sociedade. Seria um upgrade e tanto na monótona e metódica vida que ela levava. Ele era o homem certo para ela. Bastava apenas que ele a percebesse e lhe desse uma chance.



E agora o que fora aquilo? Desistira de falar com Hamilton, porquê "Giannechini" a tocara no ombro e lhe falara com a voz rouca? Seguira uma completa estranha, que nem era tão bonita assim, só porquê sentira uma estapafúrdia atração animal pela outra? Será que os feromônios, estrogêneos, ou seja lá que nome tenham, eram os responsáveis pelo seu comportamento esquisito, como uma cadela no cio?



Será que valia a pena ficar sonhando em conquistar um homem tão chato quanto Hamilton?




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