O País das... Maravilhas? escrita por Lucy


Capítulo 8
Capitulo 7


Notas iniciais do capítulo

Bom, mais um capitulo para voces! espero que gostem!



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Eu estava travada, não conseguia falar, nem me mexer. Mandy tentou conversar comigo em vão, pois eu mal a ouvia... Então ela me levantou e me levou até o banheiro do quarto, me banhando com delicadeza, ainda tentando contato verbal e visual, falhando miseravelmente. No final, ela me enrolou em uma toalha e saiu do banheiro dizendo que iria buscar uma roupa... Eu aproveitei o momento sozinha e me olhei no espelho comprido no pequeno cômodo.

A maquiagem que mais cedo cobria as marcas do meu rosto havia sido completamente removida... soltei a toalha no chão, vendo meu reflexo completamente nu no espelho. Fazia tempo que eu não me via assim por completo, meu corpo era muito magro, minhas costelas eram aparentes sob a pele, assim com vários outros ossos. Se meu rosto já era bem pálido, a pele que cobria o restante de mim era como uma folha em branco, lisa e sem cor, com exceção da grande mancha negra e enrugada que vinha pelo meu rosto, descendo pelo pescoço e ocupando quase todo o lado direito do meu corpo até os dedos dos pés...Meus seios sempre foram pequenos, e com a queimadura, o direito quase não existia, sendo difícil identificar o mamilo, no meu braço a cicatriz descia como um vírus se espalhando, sendo mais grossa na altura dos ombros e afinando conforme alcançava meus dedos, como uma raiz de uma planta, minha perna tinha aparência de uma arvore velha, centenária, que exibe suas veias como sinal de sua idade.  Era monstruoso.

Eu odiava meu corpo, minha aparência... Eu me odiava. Tão impotente, dependente, incapaz de qualquer coisa, até mesmo me defender. Então, pude ver através do espelho uma sombra atrás de mim... era a silhueta de um homem, tentei focar ali e identificar quem era mas não conseguia, sentindo um vento frio me subir pelas costas nuas e arrepiar cada pelo do meu corpo, me impossibilitando de olhar para trás... Estava congelada.

A silhueta negra se aproximou devagar, me fazendo engolir o seco, e colocou a mão no meu ombro direito... Seu toque surtiu o efeito de uma descarga elétrica no meu corpo e automaticamente a adrenalina me subiu a cabeça, me fazendo recuar de forma repentina e me bater as costas contra a pia. A pancada gerou uma dor que me fez fechar os olhos por alguns segundos, enquanto alguns produtos caiam no chão, e ao abri-los novamente, a sombra estava de pé bem a minha frente, exibindo seu sorriso cheio de segundas intenções.

Automaticamente, ele me segurou pelo pescoço contra a bancada fria, enquanto sua mão livre foi direto por entre minhas pernas, acariciando de forma violenta. Por instinto, levei minhas mãos até as dele, tentando fazer força para tira-las de onde estavam, mas a falta de oxigênio pelo enforcamento não me deixava fazer muita coisa, enquanto a sensação daquilo era quente, violento e ao mesmo tempo não parecia tão ruim. De longe, ouvi uma voz familiar sussurrando no meu ouvido “Reaja Alice!”, então notei ao fundo a silhueta translucida de um gato com grandes olhos verdes.

Então a porta do banheiro se abriu novamente. A sombra se evaporou como se nunca tivesse estado ali, fazendo minhas mãos afrouxarem no pescoço e entre as pernas, e meu pulmão procurar desesperadamente por oxigênio e meu corpo relaxar de forma que escorreguei do móvel e cai sentada no chão. Mandy estava na porta, confusa e assustada, me olhando como se eu tivesse cometido um crime... mas logo correu em minha direção, nervosa.

—- Alice! O que estava fazendo?!

—- F-fo... – Minha voz não saia... as lagrimas subiam para o meu rosto, saindo de forma silenciosa, mas urgente, dificultando o trabalho dos meus pulmões. Mandy tentou me levantar e eu gemi de dor... agora de sangue um pouco mais frio, notava que a pancada havia sido um pouco pior do que eu achava.

—- Se machucou? – Amanda rapidamente me virou um pouco para o lado e eu a senti tocar minhas costas, bem em cima de onde doía, me fazendo gemer novamente. – Tudo bem... nada muito sério, um pouco de gelo resolve, mas... – Então, Rafael entrou no quarto desesperado.

—- Alice? O que aconteceu? – O médico parecia assustado e preocupado, e tudo isso se intensificou ao me ver no chão com a garota ruiva.

—- Ela escorregou enquanto eu sai para buscar uma roupa! – Mentiu rapidamente a menina, me poupando explicações ao doutor... Mas ao ouvi-la falando sobre roupa, me lembrei que ainda estava nua e me encolhi, tentando cobrir minhas partes intimas. Mandy logo notou e pegou a toalha no chão um pouco mais a frente, jogando sobre mim. – Acabou batendo as costas no móvel... mas nada que um pouco de gelo não resolva. – Com um movimento rápido, ele se esticou e também olhou minhas costas, assentindo.

—- Tudo bem, vou conseguir gelo. – Disse ele, finalmente, buscando em meus olhos uma confirmação de que eu estava bem, me fazendo desviar o olhar para o chão... Ele não gostou da minha reação. – Não se preocupe, logo você estará segura no seu quarto. – Completou ele, tocando minha bochecha de forma carinhosa, eu não me mexi.

Rafael se levantou e eu acompanhei seu movimento com os olhos até que tivesse saído do banheiro. Deitado sobre a moldura do espelho, notei que o gato ainda estava ali e também acompanhou o médico, voltando a cabeça para mim assim que ele fechou a porta, abrindo seu enorme sorriso. Eu então encarei o gato, interrogando com o olhar o motivo de sua atual visita sem aviso prévio, até Mandy estalar os dedos em frente ao meu rosto.

—- Alice! Acorde! – A voz dela era urgente, como se reclamasse comigo... tive a impressão de ouvir alguém falando enquanto tentava contato com o gato. Olhei para ela, que tentava descobrir o que eu tanto encarava por cima do espelho. – O que foi aquilo? Por que estava fazendo aquilo? – O choro voltou a garganta.

—- F-foi ... – Gaguejei, sendo interrompida pela jovem impaciente.

—- Eu sei o que estava acontecendo Alice! O que estava fazendo! Quero saber o porque! – Calma... o que eu estava fazendo?

—- E-eu não fiz nada... f-foi a sombra! – As lagrimas começaram a descer e a ruiva parecia não entender.

—- Sombra?

—- Sim! – Comecei a falar entre soluços. – E-ele veio dali, -- Apontei para onde eu havia avistado a silhueta pelo espelho. – e ele me tocou... eu tentei evita-lo e bati com as costas na pia, mas ele começou a me... – as lagrimas ganharam mais força e eu me encolhi. – me bolinar e me enforcar!

—- Alice, não havia ninguém aqui... – Mandy agora parecia preocupada, parecendo escolher as palavras com cuidado, enquanto colocava uma mecha do meu cabelo molhado para trás da orelha.

—- Ela não acredita em você... – A voz do gato me assustou por um momento, eu havia esquecido da sua presença e virei a cabeça de repente em sua direção... Sua expressão serena e um tanto quando assustadora de sempre me encarava, com um enorme sorriso que literalmente ia de orelha a orelha.

—- Ele sumiu quando você apareceu! Evaporou! – Voltei a olhar para Mandy, e ela novamente pareceu procurar o que havia me chamado a atenção.

—- Alice, se acalme... – Começou Amanda, mas a voz do gato agora era mais alta, me fazendo levar uma das mãos ao ouvido por instinto, mas sem tampa-lo.

—- Ela acha que você é louca... – Cantarolou o gato, mantendo e enorme sorriso, me fazendo olhar para ele novamente – Mas você é, não é mesmo? – O animalzinho translucido desapareceu de cima do espelho, reaparecendo sentado em frente aos meus pés. Mandy ainda falava, mas eu não a ouvia.

—- Xiiiu! – Disse eu, levando o indicador a boca na direção dele, deixando Amanda completamente confusa, voltando a estalar os dedos na frente do meu rosto. O gato fechou a boca e deixou apenas um leve sorriso de lado, malicioso.

—- Ninguém acredita em você, Alice. – Disse ele

—- Alice! Você esta bem? – A ruiva não estava entendendo nada, e eu tinha medo de que ela perdesse a confiança ou tivesse medo de mim, e por isso respondi automaticamente, sem pensar.

—- O gato viu! – Disse eu, apontando para o bicho na minha frente. Droga... era obvio que ela não via o gato – Ele pode confirmar o que digo! – Mandy agora parecia triste, com pena de mim.

—- O gato viu? – Ela acompanhou com os olhos para onde eu apontava, e seu rosto se iluminou de leve por um momento, se virando para onde o gato estava com um leve sorriso. – Olá senhor gato! – Ele olhou para ela e riu. – Tudo bem, agora sei que é verdade.

Mandy pareceu finalmente acreditar em mim, me dando um alivio no peito. Em seguida, ela me ajudou a levantar e a me vestir com cuidado, não fechando o corselete do novo vestido para que ela pudesse por gelo na pancada. O gato continuou nos observando, com um sorriso malicioso no rosto, se movendo para vários lugares por meio de teleporte... Era estranho ele continuar ali... Eu o conhecia o suficiente para saber que ele nunca ficava por muito tempo.

Amanda me colocou deitada de barriga para baixo na cama quando Rafael chegou com pedrinhas de gelo em um pano de prato que parecia amarelado de velho ou talvez sujo mesmo. Com cuidado, o medico colocou aquilo sobre a pancada, e eu me arrepiei com a temperatura. Ele começou a dançar aquele embrulho sobre minha pele, massageando, enquanto usava a mão livre para brincar de forma gentil a ponta de uma mechinha do meu cabelo. Enquanto isso, a jovem ruiva estava completamente aérea, sentada na minha frente, parecendo preocupada, mas ao notar que eu a observava, ela sorriu doce, se levantou e saiu do quarto.

Alguns minutos depois, Rafael terminou de por gelo e ele mesmo fechou não muito apertado o corselete, me ajudando a deitar de forma mais confortável e buscando uma coberta. O gato havia sumido em algum momento, mas por algum motivo eu ainda sentia seus olhos por perto.

—- Você precisa dormir agora... descansar. – Disse ele enquanto me cobria, com um sorriso aconchegante. Eu assenti. – Amanha mesmo voltamos para casa, tudo bem? – Apenas assenti novamente e ele me deu um beijo na testa, apagando o castiçal ao lado da cama e saindo do quarto, fechando a porta.

O ambiente ficou completamente escuro, e apenas um pouco da luz da lua lá fora estrava pela janela... assim como naquela lembrança. Gustavo... porque tinha feito isso comigo? Eu não consigo lembrar muito dele, mas não lembro de não gostar dele como eu não gostava de Elizabeth... Era tão absurdo e... Aquela sombra no banheiro, ela queria me matar? Me estuprar?  Eu não havia entendido, tinha sido um ato violento, mas... a sensação do toque era boa de certa forma... Então vi uma silhueta negra, translucida e pequena sobre a penteadeira... Seus olhos me olhavam diretamente.

—- Alice, você precisa ir embora daqui, a Anna...

—- Não gato! Mandy acreditou em mim! Rafael também vai! – disse eu, me sentando na cama com cuidado. – Ele vai me ajudar a encontrar Anna! – Ele riu, debochado.

—- A ruiva não me ve, Alice! – Sua voz ficou alta de repente, voltando a ser um sussurro no meu ouvido em seguida. – Depois de falar de mim, ela agora tem certeza que você é louca...

—- Mentira... – Rebati, cruzando os braços.

—- Louca.... louca... doida!... doidinha... – O gato começou a cantarolar repetidamente alto no quarto, me dando vontade de chorar e gritar.

—- Cale-se! – Disse eu um pouco mais alto, pensando se alguém ouviria, mas o gato continuou e continuou sem parar. Quando eu ia gritar para que calasse a boca, senti uma patinha pequena e quente nos meus lábios... O gato translucido agora estava no meu colo, e havia colocado uma de suas patas de frente na minha boca.

—- Se gritar, vão te ouvir

—- Então pare de implicar! – disse eu, balançando a mão sobre o gato, como se quisesse dispersar uma novem de fumaça, e ele se desfez na minha frente, surgindo novamente sobre meus pés.

—- Quer uma prova? Vá até a porta do quarto de Rafael... é esse do seu lado... escute a conversa, tenho certeza que estarão discutindo sobre seu frágil estado mental... – Disse o gato, começando a lamber sua patinha, despreocupado.

Revirei os olhos e deitei novamente a cabeça no travesseiro. Maldito gato... sempre sabe como me deixar com uma pulga atrás da orelha. Levantei a cabeça e olhei em volta, mas já havia partido. Com cuidado, me levantei da cama e sai do meu quarto, tentando ao máximo não fazer barulho com a porta, e logo ouvi a voz de Rafael, que parecia estar conversando com alguém.          

Me aproximei da porta ao lado do quarto em que eu dormia, e ao me apoiar, notei que estava apenas encostada. Pela brecha, pude ver o medico com uma expressão preocupa e compreensiva conversando com uma garota mais baixa de cabelos avermelhados.

—- É perfeitamente normal isso... Na verdade, estava estranhando por ainda não ter presenciado. – Disse ele, afirmando com um certo pesar.

—- E-eu não entendo... – A voz de Mandy vacilava, como se estivesse engolindo o choro. – Depois do que aconteceu eu a encontrei desse jeito... – Rafael pôs a mão no ombro dela, procurando seus olhos de forma gentil.

—- A mente dela é frágil, instável... – Disse ele, reconfortando-a – Tanto que quando eu acreditava estar progredindo... ela simplesmente fugiu!

Eu me afastei da porta. O gato estava certo, eles não acreditam em mim! Mas eu não estou louca! Tudo foi real, não foi? Eu senti aquela sombra me sufocando, não foi eu mesma... eu estava lutando contra ela, não estava? Minha mente agora girava e eu me sentia enjoada... Então, ouvi um sussurro no meu ouvido “Respire Alice, encontre a saída”... Tudo bem, gato.

Me concentrei, e prestei atenção no corredor. Quando cheguei naquele estabelecimento, Rebeca havia feito comigo uma pequena apresentação... Lembro-me mais ou menos dos andares dos quartos, da escada para o salão, cozinha e a saída dos fundos, onde provavelmente seria mais viável a fuga. Caminhei devagar pelo corredor, lembro bem dos passos do homem gordo mais cedo e como o piso fazia barulho entregando sua posição, e isso não podia acontecer comigo, em seguida desci as escadas e segui rapidamente até a cozinha, me assustando ao dar de cara com a mãe de Mandy.

—-O que faz aqui, Alice? – Disse Rebeca seca, me olhando de cima abaixo. Ao contrario de sua filha, Rafael e até de Jace, ela não parecia se importar com os eventos de mais cedo.

—- E-eu vim beber uma agua... – Menti, maldita Rebeca. Ela levantou uma sobrancelha, como se soubesse que era uma mentira.

—- Fique a vontade. – Ela respondeu se voltou a uma enorme panela que ela mexia sobre o fogo.

Tentando não chamar a atenção, fui até o pequeno reservatório de água, alcançando um copo e enchendo, devagar. Eu precisava que ela saísse da cozinha para que eu fosse embora, mas eu duvidava que ela sairia do ambiente antes que eu tomasse a água... Corri os olhos pelo lugar procurando uma solução para o problema, mas não conseguia ver ou pensar em nada útil, foi quando Rebeca me chamou de repente.

—- Sabe, não entendo o por que de tanto alarde com o que aconteceu hoje. – Claro... você não se importa nem com sua filha... – Você só fez amor, os homens vêm até aqui procurando por isso. – Eu travei com o que ela dizia, tudo voltando a mente. – Levei uma bronca do Jace por causa de uma menina louca e histérica que fez amor com um dos clientes... – Recuei... as lagrimas forçavam a sair e minha mão não tinha mais forças para segurar aquele copo, que despencou no chão.

—- E-eu não queria incomodar... – Disse enquanto dava alguns passos para trás, me apoiando no balcão.

—- Então por que ainda está aqui? – Ela me fuzilou com os olhos e eu não aguentei, começando a soluçar, travada naquele canto... Ela revirou os olhos. – Bebe chorona... Ainda molha minha cozinha inteira.

—- Bebe chorona... – Ouvi o gato novamente em algum lugar da cozinha... olhei ao redor procurando-o, que estava em outro balcão na lateral. De costas para mim, eu não via seu rosto diretamente, mas seus olhos e sorriso eram bem claros no reflexo da lâmina de uma das facas penduradas sobre o balcão.

Aquele dia tinha ido de feliz, por me ver sem cicatriz, para um verdadeiro infernos com os últimos acontecimentos, será possível que Rebeca não veja isso? Ela está me tratando mal desde quando cheguei... o que eu fiz para ela? Os enormes olhos amarelos do gato eram tão sugestivos quando seu sorriso, me fazendo caminhar em sua direção devagar. Rebeca agora tinha voltado sua atenção para a panela, enquanto eu alcançava a faca, soluçando em silencio.

A peguei e encarei meu reflexo na lâmina por um momento, escondendo o item atrás das costas.           O gato agora flutuava sobre a cabeça de Rebeca, sorrindo e com seu dedinho esticado passava sobre o pescoço, como se cortasse ao meio... O que estou fazendo? Deixei a faca cair no chão com um barulho.

—- O que é isto? – Perguntou Rebeca, me olhando com uma sobrancelha levantada.

—- Esbarrei – Falei rapidamente, me abaixando para pegar a faca e devolver ao balcão. Podia ouvir a risadinha do gato em um algum lugar.

—- Alice? – Outra voz veio da entrada da cozinha, dessa vez mais doce. Amanda. – O que está fazendo aqui? – Meu plano havia ido de água abaixo...

—- Ela veio beber água. – Respondeu Rebeca, com um sorriso debochado no rosto. Mandy revirou os olhos para a mãe e veio até mim, me abraçando de forma carinhosa, mantendo um dos braços na minha cintura, me levando de volta ao corredor.

—- Vamos, te faço companhia. --Seguimos pelo corredor até as escadas, mas antes de subir, parei de repente

—- Mandy, preciso ir embora. – Sussurrei, puxando seu braço e a segurando com as duas mãos.

—- Embora? Para onde Alice? – A ruiva parecia confusa e preocupada.

—- Preciso achar minha irmã... me deixa ir – Eu implorava a ela, falando baixo para Rebeca nem ninguém na proximidade me ouvir.

—- Alice... – Ela começou, mas eu a interrompi.

—- Vem comigo! E sua chance! Vamos embora! – Agora eu falava um pouco mais alto, percebendo que ela segurava minhas mãos com mais força, para me segurar enquanto eu tentava puxar.

—- Não Alice, você não pode! O doutor vai te ajudar! – Ela tentou argumentar, ainda segurando minhas mãos.

—- Ele não vai! Por favor... – Agora eu implorava, sentindo que minhas mãos escorregavam das dela, e logo eu poderia me soltar.

Ela fez que não com a cabeça, e antes que pudesse novamente prender minhas mãos, as puxei com força e corri em direção a cozinha, pude ouvir Mandy gritando meu nome, e em seguida por Rafael, mas continuei em frente. Passei pela cozinha e por Rebeca, ela se assustou comigo e se encostou no balcão, abrindo a passagem, mas ao alcançar a porta, estava trancada. Droga! Olhei ao redor procurando por chaves, mas não vi nada. Amanda chegou na porta da cozinha, sendo logo seguida por Rafael e mais um enfermeiro.

—- Alice! O que esta acontecendo? – Perguntou Rafael, sua expressão era preocupada, mas seu tom de voz era aconchegante. Ele se aproximava aos poucos, um passo de cada vez, como se temesse algo.

—- Eu preciso encontrar Anna, Rafael! – Respondi. Meus olhos estavam cheio d’agua por não saber o que fazer.

—- Eu vou de ajudar! Eu sempre te ajudei... não é mesmo? – Ele repetiu, ainda se aproximando, fazendo sinal para que seu enfermeiro também se aproximasse no mesmo ritmo.

—- Eu também ajudo, Alice! – Mandy também respondeu, com as mãos na boca e uma expressão chorona, temendo o que estava acontecendo. Foi então que reparei na mão do enfermeiro, em frente a Amanda, que ele segurava uma seringa de tranquilizante... De novo Rafael?

—- Você quer me apagar, Doutor! – Gritei, batendo o pé direito no chão como uma criança teimosa. Aquela tensão me deixava cada vez mais nervosa, fazendo as lagrimas começarem a rolar com força.

—- É para ultimo caso! – Ele respondeu imediatamente, como se tivesse envergonhado.

—- Mentira! – Gritei de volta. Vi sobre o balcão ao meu lado a faca que antes eu havia derrubado, a peguei e apontei ao grupo.

—- Alice, não me force a fazer o que eu não quero! – Rafael respondeu, agora com mais força, tentando se impor na situação.

—- Voce não liga para Anna! – Eu agora soluçava, enquanto a faca levantava tremia. – Voce não quer me ajudar!

—- Quero sim! Todos nós queremos! – Ele respondeu, fazendo sinal para que o enfermeiro não viesse mais, e só ele continuou se aproximando.

—- SAI! – Gritei, levantando mais a faca, o ameaçando especificamente.

Ouvi um sussurro no meu ouvido... “Fogo... bum!”, então busquei a fonte e vi apenas uma pequena patinha negra brincando de balançar uma das pequenas chamas de um candelabro sobre o balcão ao meu lado. Sem pensar muito, sei um tapa no pequeno objeto de metal, que caiu no chão, fazendo uma pequena fonte de fogo na madeira do piso velho, se espalhando rapidamente e dando a impressão de um muro de fogo.

Me encolhi com a sequência de acontecimentos, tentando me proteger, e quando olhei novamente, podia ver apenas rostos horrorizados do outro lado. Ouvi uma batidinha na madeira, e ao virar o rosto naquela direção, vi uma patinha batendo na madeira da janela e sumindo em seguia... Eu subi no balcão e forcei aquela janela, e se abriu sem muita dificuldade, permitindo que eu passasse e saísse do prédio, correndo na escuridão.


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Notas finais do capítulo

E ai? o que estão achando? O que acham que aconteceu no passado de Alice e o que vai acontecer? Teorias? Conspirações? Adoro ouvir essas coisas dos meus leitores... Comentem!
Proximo capitulo na proxima sexta de noite... não garanto a hora, mas antes das 11 da noite vai estar publicado!



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