O País das... Maravilhas? escrita por Lucy


Capítulo 3
Capitulo 2


Notas iniciais do capítulo

Demorou né? desculpe... Mas de repente me deu uma grande vontade de continuar



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Eu estava lá novamente... o sol se punha aos poucos no horizonte, e apesar de ainda estar claro, todo lugar estava escurecido pelo caos. Atrás de um tronco de arvore, eu via tudo. Cartas matando vários seres a espadadas como se não fosse nada, cortando-lhes a cabeça, me fazendo soluçar com as lagrimas que queriam descer... então um deles me ouviu e se virou na minha direção. Eu, rapidamente me agachei atrás da arvore, levando minha mão direita a boca, deixando que as lagrimas descessem de vez.

Ouvindo os passos se aproximando, eu resolvi correr, e fiz isso com toda força. Corri e corri entre as arvores, ouvindo os passos atrás de mim, provavelmente de mais de uma carta. Então distingui o sorriso e olhos de meu velho quase amigo, aparecendo nas arvores a minha frente, e depois... Na direita! Fiz uma curva a direita entre as arvores, seguida de outra para esquerda. Até que cheguei a uma clareira pegando fogo... e logo a reconheci. A grande mesa estava bagunçada, a toalha chamuscada e os pires quebrados, as cadeiras estavam quebradas e tudo em volta destruído.

Então notei na ponta oposta da mesa, algo maior e que parecia inteiro... conforme me aproximava, reconhecia que era uma cabeça, de cabelos ruivos e bagunçados, que fui reconhecendo aos poucos, ate perceber que era a cabeça do chapeleiro, e seu corpo estava caído no chão ao lado, completamente ensanguentado.

Cai de joelhos no chão, chorando e gritando com a cena, escondendo o rosto nas mãos. Foi quando abri os olhos novamente sentindo mãos segurando meus braços com força, sentindo me machucar, e me vi no meu quarto do hospício. Os enfermeiros tentavam me segurar enquanto eu gritava e chorava sem parar... O c-chapeleiro... maldita rainha de copas! Então senti uma picada no meu braço, e ao olhar, reconheci a minha velha amiga... Seringa. Tranquilizante. Logo meu corpo pesou, e eu não conseguia mais me debater ou gritar, meus olhos pesaram e tudo foi escurecendo.

Quando abri os olhos, os senti arder com a forte luz branca da sala em que estava. Virei para o lado e logo reconheci... o consultório. Droga... devo ter feito muito escândalo depois do sonho...Então toda a cena me voltou a mente. Será que foi apenas um sonho? Ou uma visão do que acontecia no meu adorado e inacessível pais das maravilhas? Ou talvez minha mente me pregando uma peça... como o doutor dizia e cada vez mais me tentava a aceitar essa explicação... Parecia bem mais simples... Talvez se eu simplesmente aceitasse isso, todos os problemas e as confusões que eu arrumo parassem...

Constantemente eu vinha parar no consultório, e nos últimos dois meses a frequência tinha duplicado... Estava tendo constantes “sonhos” com o País das Maravilhas, visões da guerra que ainda acontecia por lá. No começo eu gostei... Talvez as portas estavam se abrindo novamente pra mim e logo logo eu poderia entrar a sair quando quisesse... mas as visitas eram completamente imprevisíveis e cada vez que eu entrava, notava que a resistência estava se esgotando, e o que antes era uma guerra, dois grupos se enfrentando, agora se tornava um massacre, onde um grupo exterminava outro... Isso me matava por dentro.

E também já faziam 2 meses que minha irmã não me visitava... Ela não vinha com tanta frequência, afinal era uma bela jovem moça e tinha seus afazeres, mas nunca passou mais de quinze dias sem me ver... Dois meses é muito tempo... Desde então, o Dr. Mauricio vem me convencendo que o País das Maravilhas era uma mentira feita pela minha mente, um lugar onde eu ficaria longe da realidade e que eu deveria esquecer... As vezes eu acredito nele... Já me peguei varias vezes chamando minhas rápidas e confusas visitas de “sonhos”...

Abri os olhos novamente de forma relutante, estava pronta para o sermão do medico que levaria no mínimo uma hora, me fazendo chorar e me ficar cada vez mais confusa sobre o que é real e o que não é, mas logo notei que algo estava diferente. Com o rosto de lado, eu via a prateleira de livros do consultório, onde normalmente estava um belo porta-retratos dourado, com a imagem do doutor e sua família feliz... Eu sempre ficava com inveja daquela família... Mas dessa vez, não tinha porta retrato algum, e eu podia notar que alguns livros haviam sido substituídos por outros...

Confusa, virei o rosto para o outro lado, e ao invés de ver o conhecido rosto idoso do Dr. Mauricio, encontrei um rosto novo. Era um rapaz jovem, loiro com grandes olhos verdes - que me pareciam extremamente familiares – e que ao notar que eu o olhava, abriu um grande sorriso no rosto.

—- Ola! Parece que a bela adormecida finalmente acordou! – Disse ele se levantando. Era um homem alto que magro, provavelmente desejado por muitas garotas. Não respondi ou me movi, apenas o olhando. – Pode se levantar! Fiz questão de mandar os brutamontes que te trouxeram desfizessem as amarras de seus punhos. – Ao ouvi-lo, reparei que meus braços estavam livres.

—- Quem... – Comecei a dizer confusa enquanto me sentava na maca e segurava minhas próprias mãos.

—- Me desculpe... Sou o Dr. Rafael, vim substituir o Dr. Mauricio para que se aposentasse – O modo de falar e seu constante sorriso no rosto era aconchegante, mas ao mesmo tempo me assustava... Naquele lugar ninguém era gentil ou me tratava bem... Talvez ele ainda não soubesse tudo sobre mim e sobre a culpa de assassinato que carrego nas costas... – Quando me falaram que você viria, Alice, li tudo que Mauricio anotou sobre você e bom... Acho que devemos conversar. – É... medico novo, mas o sermão seria o mesmo...

—-E-eu tento esquecer! Eu tento aceitar que é uma mentira! Que é coisa da minha cabeça mas... Não consigo! – Me adiantei... Meus olhos se encheram d’agua e escondi meu rosto nas mãos. Continuei lamentando sem parar meu fracasso em ser normal, até sentir duas mãos quentes sobre as minhas.

—- Ei... não precisa chorar... – O Dr. Rafael começou a dizer enquanto tirava minhas mãos do meu rosto com delicadeza – Você não tem que esquecer, você não tem que aceitar que é uma mentira...

A partir desse dia, as coisas melhoraram um pouco. Dr. Rafael era gentil, ao contrario do Dr. Mauricio que era um homem grosso, sem modos e que adorava ver seus pacientes presos e machucados... O novo medico me dizia que o País das Maravilhas não era uma mentira que eu tinha que esquecer e... na verdade nunca entendi muito bem o que ele dizia, algo sobre o lugar ser um reflexo de mim mesma... mas o que importava era que ele queria que eu fosse até lá e consertasse as coisas... Aquilo me mantinha radiante durante o dia, a ideia de voltar e fazer as coisas voltarem a ser como eram antes... Mas a noite, o medo e a saudade da minha irmã dominavam, as idas e vindas ao País das Maravilhas eram casa vez mais imprevisíveis e constantes, cada vez mais assustador. Por mais que eu quisesse, não conseguia ficar para fazer algo ou procurar por alguém para ajudar, apenas vislumbrava morte e dor.


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Notas finais do capítulo

prometo nao demorar



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