O País das... Maravilhas? escrita por Lucy


Capítulo 4
Capitulo 3


Notas iniciais do capítulo

Me empolguei e já tem mais um cap kkk



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Tudo estava escuro... Uma forte tempestade cobria a floresta, iluminando rapidamente por milésimos de segundos com seus raios e relâmpagos, o suficiente para que eu reconhecesse ao longe silhuetas de cartas marchando... pareciam saber exatamente onde ir.

As segui lado a lado até reconhecer onde estava... Meu deus! Estão indo atrás da lagarta! Adiantei o passo, indo mais rápido que elas para tentar alcança-la antes deles, e quando reconheci o lugar onde o ser fumante sempre estava, percebi que era tarde de mais... Eles já tinham a encontrado, o que vinha atrás era apenas um grupo de execução especial.

Um grupo de cartas rodeava a lagarta. Alguns se gabavam por conseguir captura-la, outros pareciam não se importar nem um pouco, enquanto a lagarta continuava calma e sóbria dando seus últimos tragos no velho narguilé que carregava. Por trás das arvores tentei chamar a atenção dela, mas parecia não notar, perdida em seus pensamentos e brincando de fazer formas com a fumaça.

Então... a fumaça! A lagarta cuspia fumaça em forma de uma menina, que piscava o olho na minha direção disfarçadamente, ela sabia que eu estava ali! Ótimo! A fumaça seguinte tinha a forma de um coelho, que usava um colete de forma engraçada... Ok, o coelho, mas... onde ele está? Então, a fumaça seguinte era um coelho que apontava para o outro lado da pequena clareira, e ao olhar naquela direção, identifiquei uma pequena bola de pelos branca escondida num arbusto.

“Qual o plano?” disse eu apenas mexendo a boca para que a lagarta pudesse ler meus lábios. Ela em seguida soltou mais uma fumaça, mas antes que eu pudesse identifica-la, na minha frente começou a surgir um grande sorriso abaixo de um par de olhos verdes... Maldito gato! Saia da frente! Pensei, tentando afastar o rosto dele da minha frente em vão.

—-Alice... voltou ao Pais das Maravilhas, então? – Sussurrou o gato a minha frente... péssima hora gato!

Quando finalmente consegui faze-lo sair da minha frente com a mão direita, era tarde de mais. As cartas já esticavam o corpo da lagarta em um cogumelo gigante e o grande machado ornamentado de vermelho, branco e preto já estava erguido abaixo da cabeça dela.

—- Eu sabia que viria... – Disse a lagarta, um segundo antes do machado corta-lhe a cabeça.

—-NÃÃÃO!!  -- Gritei já chorando ao ver a cabeça do bicho rolar no chão e o sangue vermelho e cremoso escorrer sobre o cogumelo...

As cartas se viraram na minha direção com um sorriso no rosto. Eu não me mexi... Os soldados seguraram meus braços, me prendendo, enquanto eu chorava e esperneava pelo o que tinha acabador de ver. Na minha frente, vi um vulto branco fugindo nervoso, e o rosto do gato ressurgiu flutuando na minha frente.

—- Calma Alice... – Dizia o gato com um olhar preocupado. Calma?! A lagarta morreu por que você me atrapalhou!

—- A culpa e sua gato! – Gritei eu, tentando me livrar dos braços dos soldados para agarrar o que antes havia sido meu amigo – Ela morreu por sua causa! Eu vou te matar maldito!!

—- Alice, se acalme, você precisa... – Começou a dizer o gato novamente de forma calma, ainda flutuando a minha frente.

—- EU VOU TE MATAR! – Repetia eu sem parar, até sentir uma picada no braço que não sentia a muito tempo.

Eu já havia até mesmo esquecido a sensação de levar uma injeção de tranquilizante, depois da chegada de Rafael as coisas tinham mudado bastante. O novo Doutor pregava que não era necessária violência ou constantes injeções de tranquilizante para tratar ninguém, dizendo que o Doutor anterior não passava de um sádico, que aproveitava a condição dos pacientes para praticar seu absurdo... Desde então, tudo ficara mais calmo dentro do hospital e a quantidade e gravidade das crises haviam diminuído consideravelmente... Menos as minhas.

Apesar de continuar com as crises, Rafael havia aprendido como lidar com elas, me fazendo confiar nele. Eu não tinha medo dele como tinha de Mauricio, nem repulsão e nem nada, ele havia se tornado um bom amigo, que me entendia e realmente tentava me ajudar... Mas, então por que tomei uma injeção de tranquilizante?

Minha visão escureceu, e as ultimas coisas que vi foi o rosto flutuante e translucido do gato com olhar preocupado, enquanto atrás dele o corpo da lagarta sem cabeça e ensanguentado jazia sobre um cogumelo que antes fora colorido, e agora estava completamente manchado de vermelho, abrigando em sua sombra uma cabeça que mantinha um olhar sereno sobre uma poça de sangue.

Quando abri os olhos, notei que estava no consultório. Rafael realmente tinha me dado tranquilizante? Procurei o rosto jovem do medico ao meu redor, mas eu estava sozinha na sala. Para o meu alivio, apesar da injeção, eu não estava amarrada... Ergui o corpo e me sentei na maca. Minha cabeça ainda rodava um pouco por efeito da picada, mas minha visita ao País das Maravilhas ainda estava bem clara na minha cabeça. Primeiro o chapeleiro, agora a lagarta... e o gato parecia não querer evitar a morte do segundo... Por que está tudo assim? Eu preciso fazer algo...

Então, a porta atrás de mim se abriu. Rafael entrou no consultório com um bandeide no rosto, na bochecha esquerda para ser mais exata. Ao me ver, sorriu tranquilamente para mim, caminhando em minha direção.

—- Alice! Se sente melhor? – disse ele em tom calmo e pacifico, como sempre.

—- Estou ótima. – Resmunguei, lembrando a picada que havia levado no braço. Então olhei o lugar a picada... Meu braço com a pele deformada de cicatriz de queimadura agora trazia uma grande mancha rocha. Toquei, e estava dolorido.

—- Peço desculpas pelo hematoma... mas você estava agitada e não nos deixou aplicar da melhor forma – Disse ele ao ver que eu analisava meu braço, já de pé ao meu lado, iniciando uma análise. – Nada muito grave... amanha já vai estar melhor.

—- Você me deu tranquilizante... -- Disse num tom de reclamação, quase uma condenação, olhando em seus olhos com fúria.

—- Dei... não vi outra opção, me perdoe – Se desculpou, olhando para baixo e segurando minhas mãos de forma gentil. – Você não me deu escolha...

—- Você prometeu que não faria mais isso! – Disse eu como uma criança magoada, soltando minhas mãos das dele e lhe apontando o dedo indicador.

—- Alice, você estava gritando dizendo que ia me matar. – Disse ele com pesar, como se não quisesse me dizer aquilo. Mas eu não queria matar o Rafael! Eu queria... não, eu QUERO matar o gato!

—- Não era você! Eu quero matar o gato! – Comecei a dizer e o fogo daquele momento me voltou ao peito. Minhas mãos se fecharam em punho e senti minhas unhas não tão grandes começaram e machucar as palmas das minhas mãos.

—- Mas era a mim que você estava ameaçando... – Disse ele colocando novamente suas mãos sobre as minhas. – Foi a mim que você atacou! – Continuou o médico, usando uma das mãos para retirar metade do bandeide e exibir três arranhões um do lado do outro em seu rosto, claramente causado por unhas. Os arranhados não eram tão feios, mas estavam sangrando.

Minhas mãos relaxaram e todo o calor que me havia subido a cabeça se dispersou. E-eu ataquei Rafael? Abaixei a cabeça e olhei para minhas mãos. As palmas agora tinham marcas avermelhadas das minhas unhas meio sujas... unhas que haviam arranhado o rosto do medico inocente.

Toda essa confusão de País das Maravilhas e realidade estava me cansando. Eu precisava dar um jeito no naquele lugar... Na rainha de copas pra ser mais exata... Só assim tudo na minha vida faria sentido e eu poderia finalmente viver em paz. Mas eu também precisava da minha irmã... Nós vivemos muitas aventuras naquele lugar e quase sempre ela era a garota das ideias, e não eu. Eu não sabia como começar e precisava dela... Onde ela está? As lagrimas começaram a descer no meu rosto...

—- Ei... não precisa chorar... – Ouvi de repente o medico na minha frente, lembrando que eu estava no consultório com ele. Senti seus braços me envolverem num abraço aconchegante, e apoiei a cabeça em seu ombro. – Eu peço desculpas pelo tranquilizante e não precisa se preocupar com meu rosto... foi apenas um leve arranhão...

—- Onde Anna esta? – Sussurrei, ainda chorando. Senti Rafael suspirar e então o abraço foi desfeito. O medico colocou as mãos sobre minhas bochechas de forma carinhosa.

—- Ela esta aqui. – Disse ele e meu coração acelerou. Aqui? Minha visão ainda meia turva pela injeção me obrigou o piscar os olhos algumas vezes, e sobre o rosto jovial do rapaz, agora eu via a sombra de um grande sorriso e olhos verdes translúcidos. Gato? – E precisa de você, Alice.

—- Gato? Mas... – Eu tinha entrado no Pais das Maravilhas e não percebi? Mas... o ambiente ainda era o mesmo... eu ainda estava no consultório. Minha mente não tinha nem processado o ódio que eu estava do gato, afinal, ele estava trazendo notícias de minha irmã.

—- Você precisa voltar, menina – Repetiu o gato. Seus olhos então se viraram lentamente para a lateral, me instigando a fazer o mesmo. Quando olhei para lateral rapidamente, tive que olhar uma segunda vez. Na porta havia um coelho branco de colete claramente nervoso, olhando para os lados.

—- E-eu sei, mas... – Quando comecei a responder, o gato translucido começou a sumir e evaporou na minha frente. Eu via apenas o rosto do medico loiro e seus olhos verdes confusos.

—- Alice? Você está bem? – Rafael parecia preocupado comigo, me olhando nos olhos de maneira profunda, como se me procurasse.

—- Ah... estou. – Dizia olhando para o lado de maneira nervosa. O coelho ainda estava ali, parecia me esperar, mas claramente estava apressado. – Eu preciso ir Rafael.

—- Ir? Para onde? – o medico parecia confuso e nervoso, seguindo meu olhar, mas claramente não via o coelho.

—- Preciso consertar as coisas no país das maravilhas – Disparei rapidamente, já come colocando de pé e sentindo a cabeça rodar um pouco. Olhei novamente para a porta e a bolinha de pelos de colete olhava para mim desesperada. Eu precisava ir agora.

Tentei passar por Rafael, mas ele por sua vez me segurou, tentando evitar que eu saísse. Desculpa doutor... Em seguida, o empurrei com toda a força que eu tinha e o jovem doutor caiu sentado no chão, eu corri em direção a porta. Ao ver que eu estava correndo em sua direção, o coelho sumia pelo corredor, me esperando a cada esquina enquanto eu o seguia. Os enfermeiros corriam atrás de mim com urgência, e de fundo eu podia ouvir a voz de Rafael gritando por mim.

De repente, notei que não eram mais os enfermeiros que corriam atrás de nós, e sim cartas. Mas que diabos está acontecendo? Eu estou na porra do manicômio ou no País das Maravilhas? Meu devaneio me custou caro, e eu tropecei no meio do corredor. As cartas me cercaram e meu coração disparou, todas sorriam de forma macabra, segurando seringas que espirravam um liquido verde que não me parecia tranquilizante... Droga...

Então um vulto branco pulou em cada carta, as jogando para trás, me dando tempo para me levantar. Eu ia começar correr quando olhei para trás em busca do pequeno coelho, que ainda brigava com os soldados.             

—- Vá Alice! Vá para a saída! – Gritou o coelho. Eu hesitei, não poderia deixar meu amigo para trás... mas antes que eu pudesse pensar em responder, ele continuou – Eu te encontro! Vá! AGORA!

A ordem do coelho pareceu tão urgente que obedeci imediatamente. Na minha frente havia uma grande porta vermelha com uma placa de “Exit”, não hesitei em correr na direção dela e abrir rapidamente, vendo que do outro lado não tinha prédios ou uma rua como eu esperava, mas na verdade, eu estava vendo o País das Maravilhas.


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Notas finais do capítulo

por favor! comentem! ^^ ontem postei o cap 2 e rapidamente tive 3 comentarios, o que me animou muito e adiantou bastante esse cap kkk int me animem e comentem ^^



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