O País das... Maravilhas? escrita por Lucy


Capítulo 2
Capitulo 1


Notas iniciais do capítulo

como eu disse... maior kkk



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O lugar que batizei como País das Maravilhas costumava fazer jus ao nome... mas de um tempo pra cá, não era bem assim. Depois da morte da minha mãe no parto da minha Irmã Anna, meu pai se tornou um homem muito sozinho, e acabamos nos apegando muito. Então, quando eu tinha dez anos, meu pai encontrou outra mulher. No começo adorei a ideia, meu pai seria feliz novamente! Mas... Elizabeth não se importava com meu pai... apenas com seu dinheiro... li uma carta dela uma vez sobre o assunto. Ela me maltratava quando meu pai saía, me batia, me obrigava a limpar os sanitários! Mas eu suportava tudo por ele, para vê-lo feliz... E por minha irmã... sempre fora tão graciosa e delicada, eu sempre pedia para que me mandasse fazer as coisas no lugar dela. Ao contrario de mim, que sou esguia, cabelos castanho escuro rebeldes e rosto sem graça, minha irmã que na época tinha dois anos, já tinha os lindos traços de minha mãe; cabelo loiro, cheinha e bochechas rosadas, com os lindos olhos azuis dela... Nossa única característica em comum. Foi nessa época que encontrei o país das maravilhas.

As vezes Elizabeth precisava sair, e quando isso acontecia, ela já não estava na casa quando eu me levantava, e no lugar dela estava sua irmã gêmea, que nunca soube o nome, porem era um amor de pessoa e me dava paz. Assim aproveitei para ir ao jardim... minha mãe sempre zelava por ele antes de morrer, mantendo as flores em tom de branco, rosa e amarelo. Meu pai cuidou do jardim depois que ela morreu por muito tempo, mas nunca conseguiu deixar tão lindo como minha mãe conseguia. Agora Elizabeth cuidava do jardim, mantendo sempre as rosas vermelhas incrivelmente saudáveis. As rosas eram lindas, devo admitir que ela cuidava muito bem do jardim, porem elas eram tão grandes e volumosas que chegavam a ser vulgares de tanta perfeição.

Eu estava sentada tranquila, olhando os céus, quando ouvi um barulho vindo de uma das roseiras. Virei o rosto bruscamente na direção do barulho. Intrigada, me levantei e fui verificar o arbusto, me inclinando sobre ele... não encontrei nada. Quando me ergui novamente, ouvi uma voz masculina e desafinada nas minhas costas, “estou atrasado! Ai ai ai!”, me virei rápido o suficiente para ver um vulto branco e pequeno entrando em casa pela porta da frente. Entrei correndo, sem me importar de deixar pegadas de terra pela sala, até dar de cara com a irmã de Elizabeth:

—- onde esta indo desse jeito, meu anjo? – seu cabelo castanho estava preso em um coque charmoso e seu vestido verde bebe simples, porem gracioso, estava coberto por um avental branco, meio sujo, sinal de que ela estava fazendo almoço.

—- a senhora viu algo pequeno e branco entrando correndo aqui? – disse olhando para os lados, procurando alguma coisa.

—- não... não vi nada. – dizia ela parecendo confusa – mas vá tomar um banho... estas toda suja de terra e já já o almoço estará pronto!

Concordava com a cabeça, só então notando meu estado. O vestido azul até os joelhos com detalhes brancos que fora de minha mãe estava cheio de manchas marrons de terra, escondendo a beleza das rendas brancas na saia. Saí do meu devaneio assim que ouvi novamente a voz “Muito atrasado! Atrasado!”, olhei em volta e vi a bolinha branca e gordinha subindo as escadas, logo me pus a correr atrás dele. Quando percebi, estava no quarto da minha irmã, e segui o vulto ate dentro do armário dela, caindo em um  enorme buraco.

No começo estava confusa...fui parar em um lugar completamente diferente e estranho, porem tão legal... o vulto branco era um coelho de colete chick, que dizia sempre estar atrasado, rosas falantes, chapeleiro louco, uma lagarta inteligente fumante, e um gato que aparecia e desaparecia o tempo todo, com um sorriso estampado sempre na cara que me ajudou a conhecer tudo... também existia uma vilã, a rainha de copas e seu exercito de cartas, mas era emocionante lutar contra ela... Aquele lugar se tornou meu refúgio quando eu mais precisava... até minha irmã começou a ir comigo um pouco antes do meu pai morrer.

Então meu pai morreu. Eu não lembro direito o que aconteceu depois disso... meu psicólogo diz que minha mente bloqueou tais memórias por serem tristes e traumáticas... mas para mim, ter três anos da minha vida em branco é ainda mais triste e traumático. As únicas coisas que lembro foi que Elizabeth trouxe um irmão dela para morar conosco, dizia que eles nos ajudaria em casa, e que o País das maravilhas entrou em caos... A rainha de copas decidirá ocupar todo o reino de uma vez por todas, tornando o lugar escuro, barulhento e sangrento, uma grande guerra. Durante esses 3 anos, eu não conseguia escolher quando entrava e saia de lá... eu apenas estava lá de repente, sem conseguir sair... as vezes, minha irmã me buscava, as vezes eu era gravemente ferida, e quando estava prestes a morrer, voltava sem ferimentos, porem, ainda com um formigamento onde estava o machucado.

No final destes três anos da minha vida, houve uma tragédia. Eu não lembro o que aconteceu. Nada. Nadinha. Uma folha em branco. Mas de acordo com o que todos dizem, ocorreu um assassinato e depois um incêndio criminoso, na mesma noite. Anna sobreviveu sem ferimentos, o irmão de Elizabeth foi a vitima do assassinato, Elizabeth sobreviveu porem com muitas cicatrizes no corpo, e eu... eu já era estranha, magra, cabelo escuro e rebelde, frequentava psicólogo... agora tenho cicatrizes feias no corpo inteiro, e até no rosto. Pareço um monstro fisicamente... e moralmente também.

Depois disso virei a vergonha da família, todos me rejeitam. Elizabeth disse que viu com os próprios olhos que eu matei meu tio e joguei propositalmente um dos candelabros acesos no chão... eu não faria isso! Não sou capaz de matar uma barata! Então... matar uma pessoa?! Mas eu não me lembro de nada! Não tenho como defender as acusações... então aqui estou eu, internada em um manicômio, sozinha, há 5 anos, eu acho.

Apenas minha irmã vem me visitar as vezes... meus únicos bons momentos. Ela esta tão linda... como nossa mãe... acho que deve ter... 15 anos? Eu não sei... perdi a noção do tempo depois do branco na minha mente, mas ela parece ter essa idade. Cabelos loiros com belos cachos, pele lisinha, olhos grandes e azuis, bochechas rosadas... era como ver minha mãe.


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Notas finais do capítulo

E ai? comentários? teorias?



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