Fuerza. escrita por HeyCowboy


Capítulo 2
Encontro de dois mundos.


Notas iniciais do capítulo

Gente, vamos lá. Não custa comentar. Eu sei que comentar logos nos primeiros capítulos não é de ninguém... Mas a instiga diminui.



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Mark não pensou mais naquele dia diferente que havia tido e voltou a sua vida normal. Sua escola, sua família, sua namorada e seus amigos com roupas e carros caros. Mas de alguma maneira aquele dia tinha deixado uma marca dentro do jovem, ele sentia que veria de novo aquele abusado pichador, mesmo que Juan não lhe aparecesse muito na mente.

Uma semana depois.

A escola de Mark era particular, a melhor da cidade e a maior. Os herdeiros dos grandes nomes da cidade estavam todos reunidos em um único lugar, e socializavam entre si. Às vezes a escola disponibilizava bolsas para alunos do Brooklyn e Bronx, porque era bonito e fazia bem a escola... Além dos vários programas sociais que o lugar estava envolvido.

Mark caminhava pelo corredor com o braço passado pelos ombros de sua namorada. Seus amigos o arrodeavam barulhentos, passando a bola de futebol americano entre eles e rindo ruidosamente quando esbarravam em algum garoto desavisado. Envolvido na bagunça, acabou ele mesmo esbarrando em alguém.

— Oh, me desculpe. — Disse educado, virando para olhar o rapaz esparramado no armário e encontrou duas orbes negras lhe encarando com raiva. Um par de olhos que conhecia. — Você. — Apontou, esbanjando um sorriso encantado. Todos seus amigos pararam para observar a cena.

— Sempre atrapalhando meu caminho. — Pronunciou com um sotaque mais puxado, devido à raiva contida. Juan cruzou os braços, mostrando os bíceps bem definidos e preenchidos com algumas tatuagens.

— Agora é você que está nas minhas áreas. — Disse contente, os olhos desconfiados de todo mundo pousavam sobre os dois. — O mundo dá voltas, não é? — Comentou com um pouco de ironia.

Juan estreitou os olhos e impôs os seus poucos centímetros a mais em cima de Mark. Ninguém respirou, o ar estava muito tenso. Mark alargou ainda mais o sorriso, era engraçado encontrar o latino naquele lugar. Observou-o dos pés a cabeça, agora usava uma calça do seu tamanho — que pôde perceber que era dos funcionários da limpeza — e uma camisa quadriculada rasgada nas mangas, de péssimo gosto... Mas nele parecia bom.

— E então, vai me dizer o que faz aqui? — Finalmente quebrou a tensão, diminuindo para um sorriso educado.

— Não lhe interessa. — Juan voltou às costas e saiu caminhando pelo corredor. Aquela cena estava ficando comum, do latino lhe dando as costas.

Quando Juan estava a uma distância relativamente longa, todos murmuraram ao mesmo tempo algumas perguntas curiosas. Ele apenas sorriu.

— Como você o conheceu?

— Quem é ele?

— Ele é um traficante?

— Ele te vende drogas?

— Te roubou?

— Você não tem medo?

Todas perguntas, de uma só vez. Ele não sabia se ria da ingenuidade dos amigos ou ficava irritado com todas aquelas perguntas desnecessárias.

— Calma lá! Não, ele não é um traficante. — Mas isso ele também não tinha certeza. — Ele não me vendeu drogas e muito menos me roubou. — Continuou, dessa vez rolando os olhos com outras mil perguntas que surgiram. — Não importa como eu o conheci. Não tem pra quê esse barulho todo.

— Agora você é amigo de faxineiros? — Perguntou um dos seus amigos, na verdade, o seu melhor amigo.

— Qual é Larry, você viu que eu e ele não somos exatamente amigos. — Respondeu, querendo acabar logo com o assunto.

Todos pareceram meio satisfeitos e o assunto morreu. Quem não pareceu satisfeito foi Mark, que estava realmente curioso em saber por que Juan estava lá.

O intervalo demorou mais que o normal, tamanha a ansiedade que exalava de Calrson. Quando o sinal tocou estridentemente, ele já estava com a bolsa pronta e saiu antes de todo mundo, caminhando apressadamente pelos corredores. Arrodeou todo o colégio até encontrar quem procurava. Juan. O latino estava varrendo o estacionamento e àquela hora não havia ninguém ali.

— Então, você quer me dizer por que está aqui. — Perguntou Mark, com um tom de diversão na voz.

Juan pulou com o susto e se virou, ficando irritado ao ver quem era. Encarou o visitante por alguns segundos e relaxou os ombros.

— Não é obvio? — Levantou a vassoura, mostrando do que falava.

— Não. Eu nunca vi você antes. — E realmente não tinha visto Juan varrendo os corredores antes. Ou o estacionamento.

— Sua admirável escola tem um programa para infratores de primeira ordem. — A ironia dançou na voz do latino, tencionando o ar entre eles.

— Pelo menos não está preso.

— Humilhante do mesmo jeito. — Parou de varrer e encostou-se ao cabo da vassoura, olhando-o de cima. Juan o olhava com uma mistura de raiva e vergonha, era um brilho confuso.

— Você foi pego pixando? — A curiosidade sempre estava ali, por mais que Mark tentasse evitar. Esperava que Juan não ignorasse sua pergunta como fez antes.

— Não. — O latino respirou profundamente e abaixou o olhar, pensativo. — Fui pego com um cigarro de maconha pela metade. Bastava para me condenar... Ainda mais porque meus dedos eram sujos. — O olhar se voltou para seus dedos, vendo ainda o pouco de tinta que restava.

Os olhos de Mark também correram para as mãos de Juan, lembrando-se da primeira vez que viu aquelas mãos de verdade. Quando o latino havia recusado o seu aperto de mão. Os dedos de Juan também estavam sujos de tinta naquela ocasião.

— A tinta do spray. — Afirmou Mark, caindo em conhecimento.

— A tinta do spray e metade de um cigarro de maconha. E aqui estou eu, varrendo o chão dos riquinhos pomposos de New York.  — Respirou fundo, rolando os olhos. — Melhor fim? Só a cadeia.

— Claro que não, agora você pode me ver todos os dias. — Mark sorriu travesso, sabendo que aquilo ia incomodar o outro.

— Não sei de onde você tirou toda essa intimidade ridícula, mas eu realmente quero você bem longe de mim. — Juan voltou a varrer, tentando ignorar a presença de Carlson.

— Você é bem acido. — E fez um beicinho, mostrando-se falsamente triste. — Mas veja bem, você ainda vai me ver muito por aqui. Não seria bom ter um amigo? — Ofereceu Mark, ele realmente queria uma amizade bem diferente do que ele estava acostumava. Perto de Juan ele se sentia confortável, mesmo não tendo nunca estado ao lado do rapaz antes.

— Tenho uma qualidade bem melhor de amigos. — Alfinetou com ironia, nunca voltando a olhar para o outro. — Volte para seus amigos engomadinhos e me deixe trabalhar. — Pediu, suspirando pesadamente.

— Mas eu quero que você seja meu amigo. — Insistiu, falando mais sério.

Juan soltou a vassoura e se aproximou perigosamente, seus rostos ficando bem próximos. Mark pôde perceber que o latino tinha belos cílios longos e umas pintinhas espalhadas pelo nariz e bochechas.

— Pare de me atrapalhar. Vocês riquinhos acham que podem ter tudo e todo mundo. Mas não podem. — Falou em um só folego, encarando profundamente os olhos verdes de Mark, passando sua mensagem.

— Eu não quero ter você, eu quero ser seu...

— Não! Eu nem te conheço. Pare de me atrapalhar. — E se afastou, dando as costas e indo embora. — Nunca vamos ser amigos.

— Você tem que parar de me dar às costas! — Gritou Mark, meio encabulado pelas palavras de Juan.

Em resposta, o latino estirou dedo e continuou o seu caminho para bem longe dele. Mark deu uma risada baixinha, mas não podia esconder sua decepção pela negação.

Carlson voltou de novo para o intervalo, olhando às vezes para trás, para ver se via alguma sombra do latino, o que não aconteceu. Se perdeu em pensamentos de como poderia aproximar-se de Juan, como conquistar um pouquinho daquela amizade e em consequência matar o tédio que o consumia todos os dias.

Encontrou-se no refeitório e seus amigos abanavam a mão chamando sua atenção. Ele deu um sorriso, mas sem realmente se sentir feliz, não sentia a mesma instiga que uma vez ao se encontrar com seus companheiros de longa data. Sentou-se ao lado da namorada, que lhe um longo selinho na boca. Aquele beijo já não fazia mais sentido, mas Lucy ainda era uma boa menina, bonita e suas famílias tinham ótimas relações comerciais. Era confortável para ambas as partes, mesmo sabendo que Lucy realmente estava apaixonada por ele.

Suspirou pesadamente, tentando eliminar aqueles pensamentos negativos e tentou entrar na conversa que rodava em torno da mesa. Nada interessante, apenas os planos para o fim de semana, onde eles iriam sair. Nada novo sob o sol.


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