The beginner teenager escrita por Hetsan Peppers


Capítulo 10
Capítulo 10 - O acampamento.


Notas iniciais do capítulo

O que é aquilo? É um pássaro? É um avião?
Não, é só um capítulo de duas partes mesmo hsauuhuah eu prometi trazer capítulos maiores então vamos que vamos.
Foi um parto fazer esse capítulo porque o Evernote (VALEU MESMO EVERNOTE) fez questão de apagar a nota onde eu escrevia. Resultado: Escrevi tudo de novo. Fazer o que? Não vou desistir da ideia.
Esperem que hoje tem uma surpresinha ( ͡° ͜ʖ ͡°).
Bem, sem mais enrolação, boa leitura ♥



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Rapidamente conseguia-se ouvir passos vindos da escada. Logo o senhor matraca - Eva- e a tal Allyson desceram correndo como se brincassem de pega-pega. A menina tinha porte baixo, era magra e um pouco morena, seu cabelo era da cor do arco-íris e seus olhos azuis como a água, usava roupas estranhas e escuras. Uma saia xadrez vermelha com preta, uma espécie de calça quase transparente preta e rasgada, uma regata preta e bastante maquiagem. Já o outro também usava uma regata preta e um tope branco por baixo, sempre com seu chapéu preto e uma bermuda jeans, meias que iam até os joelhos. Eram um casal um pouco anormal, de fato.

—Meu pequeno senhor! - O senhor matraca logo veio até mim e abraçou-me - Mal pensava eu que iria me convidar logo assim para uma incrível jornada! Espero que não se importe de eu levar minha namorada, Allyson.

—S-sim... - Ele se desgrudou um pouco e pude me afastar por completo - É uma honra... Tê-los para viajar com a gente.

—E quem é esse? - Olhou-me desconfiado, porém sorrindo, se dirigia a Owen que não estava entendendo praticamente nada - Seu namorado?

—C-cale-se! Não é nada disso... - Retruquei, cruzando os braços meio sem graça - Esse...

—Owen Russell - O loiro estendeu a mão para o outro que não hesitou em aperta-la, olhavam-se de um jeito muito estranho - Prazer.

—E então pessoal? Vamos ou não vamos? - Allyson foi a ultima a ir para frente da casa conosco. Owen a olhava como se sem paciência, eu sabia que ele já havia ficado sem graça o suficiente quando convidei Eva e realmente não sabia que o mesmo iria levar mais uma acompanhante, mesmo que tivéssemos espaço no carro e comida o suficiente. Rapidamente ele me puxou, e me segurou pelo braço.

—Com licença - Falou o loiro em um tom gentil, quase nem parecendo ser ele mesmo - Podemos, por favor, usar o seu banheiro?

—Vão nessa - Eva pareceu confuso, mas concedeu, apontando para dentro, mais especificamente para as escadas - Suba, segunda porta à esquerda.

O senhor loiro parecia com pressa e fomos rápido até o andar de cima, descobrimos a porta do banheiro e me jogou ali entrando logo em seguida. Eu comecei a ficar preocupado no momento em que ele trancou a porta. Parecia um tanto furioso sem motivo aparente e nervoso de certa forma. Será que ele conhecia Eva? Ou Allyson? Ou não queria mais viajar? Eu sentia que estava tudo cada vez mais próximo de algo errado acabar acontecendo.

—Eu pensei que o lance era nosso - Suspirou olhando-me intenso - E você convida mais duas pessoas. Eu aceitei TE levar lá, Dominic.

—E-eu sei... - Simplesmente não acreditava que ele havia me levado para o banheiro apenas para brigar comigo, como meu pai fazia. Estava com medo que tudo desse errado e isso já era uma boa parte, eu havia deixado meu amigo zangado e sabia que aquilo não era mais tão bom para ele. Estava arrependido? Deixaríamos de partir naquela tarde por causa disso? Seria tão deselegante eu negar a presença de Eva depois de solicita-la tanto. Comecei a me sentir incrivelmente frustrado e com uma vontade de chorar imensa. Fiquei de cabeça baixa e ele não poderia negar de ter visto isso – Desculpa...

—Hey – Chegou mais perto, puxando-me. Isso apenas me fez encolher-me mais – Não faça essa cara de coitado. Não caio nessa.

—P-por que isso é tão ruim pra você... – Murmurei baixo. Ele franziu uma sobrancelha ao ouvir isso – São mais pessoas pra participarem desse momento... Importante pra mim.

—Hey...

—Por favor... – Tapei meus olhos – É especial pra mim e eu quero que eles estejam junto com a gente.

—A gente combinou isso só nós dois.

—Mas você deixou eu convidar o Eva...E-ele é muito legal, eu juro...

—Está fazendo eu me sentir incrivelmente mal falando assim dele – Puxou-me mais e me abraçou, sorrindo de leve – Estou com ciúmes.

—Que...

—Queria passar o final de semana todo sozinho com você, falando sobre o que quisesse falar como fizemos na aula, mas agora eu to vendo que não vai acontecer – Eu conseguia sentir sua respiração por cima do topo da minha cabeça. Ficamos em silêncio um pouco. Eu conseguia ouvir o coração do loiro batendo já que eu estava grudado em seu peito e estava bastante acelerado. Queria ficar assim para sempre.

—I-isso... – Continuei – Pode acontecer ainda, se quiser...

—Você deve ter bastante assunto com esse tal de Eva...

—Por que está falando assim? – Questionei mesmo que muito envergonhado – Você também é muito amigo de Thália e...

—É diferente – Interrompeu quebrando nosso abraço e se afastando um pouco – Deixa pra lá.

—N-Não! – Segurei-o – O que ia falar...

—Nada – Riu , indo em direção à porta e a destrancando-a em seguida – Seus amigos estão esperando, vamos.

—Você... Não quer mais ir?

Ele esperou alguns segundos antes de responder e mal olhava mais para mim, estava virado para a porta agora aberta e com quase todo corpo para fora do banheiro, sentia como se ele estivesse incrivelmente chateado comigo. Queria abraça-lo de novo.

—Eu quero – Suspirou – Espero que eles levem dinheiro pra comida, porque na nossa ninguém toca.

—Certo – Sorri singelamente. Ele já estava brincando e isso era um bom sinal, um sinal de que ele não estava tão zangado assim e que iria mesmo assim, afinal, sem ele não teríamos ninguém para dirigir até a costa e eu precisava admitir, eu não iria querer ir se ele não fosse. Descemos como se nada tivesse acontecido e não esperamos muito para ir para o lado de fora novamente.

—TO INDO MÃE– Eva gritou do lado de fora, fechando a porta – SE CUIDA. TE AMO.

—VAI TE CATAR – A velha senhora gritou de volta – TE AMO. LEVA CASACO.

Ficamos eu e Owen nos bancos da frente – ele, obviamente, no banco de motorista-, Allyson e Eva nos bancos de trás cuidando do isopor com as bebidas e a bolsa de comida. Havia tudo voltado ao normal e estava tudo certo, isso era a parte boa. A parte ruim era meus pensamentos pelo o que o loiro havia me dito no banheiro. Abraçar-me daquele jeito, segurar-me e dizer que estava “com ciúmes” de Eva era estranho e eu devia de falar com ele sobre isso novamente para esclarecer algumas coisas. A estrada estava quente mas o vento ajudava um pouco e andar de janelas abertas não era um problema tão grande. Estávamos enfim viajando e aquilo me deixava feliz demais, mal podia esperar para ver Odin e para sentir o ar fresco da montanha, poder acampar como antigamente antes de eu perder meu querido velho amigo. Não conseguia desgrudar os olhos da paisagem, mas ao mesmo tempo aquilo me deixava um tanto entediado, logo peguei minha mochila e tirei dali o meu belíssimo planner, um caderninho de napa vermelha eo abri - mais especificamente no final na parte das anotações- ,comecei a pensar. Queria fazer um relatório mas não sabia sobre o que, um texto dissertativo ou descritivo, desde que fosse algo sobre a viagem ou sobre meus dias, como um diário ou apenas lembretes. Comecei a olhar em volta e nada me chamava a atenção o suficiente, até que uma nova música começou a tocar no rádio do carro. Owen parecia gostar dessa, já que não demorou em aumentar o volume e chegava a cantarolar algumas partes, sua voz era baixa e grave, parecia saber cantar bem.

A letra falava sobre certo "clube do amor", onde a pessoa que cantava estava em uma espécie de grupo e queria sair, que se você fizer parte deste clube tudo irá brilhar para você. Não cheguei a entender muito bem o recado na música, mas este era um bom tema para meu texto. "AMOR" escrevi em letras mais ou menos grandes como um título. Eu realmente tinha apenas três definições de amor em mente.

Amor sentimental/familiar - Algo que se sente pelos seus parentes ou namorados, dependendo da sua relação com a pessoa, este amor pode aumentar ou diminuir com o tempo. Exemplo: Meu amor por papai e mamãe.

Amor sentimental/amigável - Algo que se sente pelos amigos, pessoas conhecidas ou mesmo distantes, como uma espécie de amor familiar, só que menos pessoal. Às vezes pode ser mais intenso que o amor familiar. Exemplo: Meu amor por Odin.

Amor sentimental /sexual - Algo que se sente por qualquer pessoa dependendo da situação ou por seu parceiro, ou parceiros, até por alguém totalmente desconhecido. Exemplo: ...

Parei de escrever por alguns momentos e decidi deixar esse campo em branco. O único exemplo que eu tinha sobre esse exemplo eram as revistas que o senhor Frankie Oliver havia me dado e era um tanto constrangedor ter que dissertar sobre isso, afinal era uma das coisas que eu mais tentava evitar falar. Continuei a escrever em uma nova linha. Se aquilo era um diário eu tinha de contar tudo pra valer sem nenhum pudor, eu era um cientista e tinha que expor meus fatos mais íntimos, só assim para minha vergonha passar.

Escrevi sobre aquela semana da viagem, que eu havia deixado minha curiosidade me levar e acabei fazendo uma das coisas mais estranhas da minha vida. Das três revistas que papai havia me dado apenas uma contia apenas imagens de homens e foi a única que deixei por ultimo, para ler em caso apenas de bisbilhotice mesmo, sem nenhum motivo aparente. Na noite de quarta-feira fui deitar-me cedo e acabei lembrando daquele impresso embaixo da minha cama e com todo o cuidado existente no meu ser, retirei aquilo do plástico e folheei calmamente. Era, de fato, uma revista de homens nus com seus corpos brilhosos e membros eretos. Deixou-me um pouco desconfortável analisar toda aquela informação, mas não hesitei em puxar meu caderno de relatórios e começar a escrever sobre aquilo. Um pequeno tempo se passou e logo fui dormir com um sentimento de missão cumprida, minha pesquisa sobre porno estava finalmente completa.

Meu sono foi tranquilo - afinal, dormir cedo fazia isso às vezes -, mas acabei por acordar por volta das duas e meia da manhã com fortes dores... Lá. De fato eu já havia visitado um médico para esse "problema 'lá'" e o mesmo disse que tudo se resolveria se eu me... Deus, eu realmente não gostava de falar disso.

Parei de escrever novamente e olhei para Owen. Ele parecia estar muito concentrado dirigindo e ouvindo música para desviar o olhar e dar uma lida no que eu estava escrevendo, então apenas curvei-me mais sobre o caderninho e continuei.

Eu não segui as ordens do médico e acabei nunca fazendo esse tipo de coisa comigo mesmo e não procurei saber como se fazia, tanto que "aquilo" acabou piorando um pouco, mas nada que um banho gelado não resolvesse. O problema era: Eram duas da manhã, papai e mamãe estavam dormindo e se ouvissem o barulho do chuveiro iriam estranhar e iriam me pergunta o por que de eu ter ido tomar banho tão tarde da madrugada. Eu preferia sempre falar a verdade a esconder ou mentir sobre as coisas, então tentei aliviar aquilo de uma forma não tão animalesca. Abracei-me em meu travesseiro e, sem encostar em mim mesmo, fiz com que ele fizesse toda a tarefa. Comecei a pensar sobre a revista, sobre como deveria ser... A pessoa do armário e comecei a lembrar do que aconteceu lá.

—Então você tem o pau preso - Minha respiração travou ao ouvir esse sussurro. Owen lia atentamente cada palavra que eu escrevia e rapidamente uma vermelhidão péssima tomou conta do meu rosto - Isso deve doer pra caralho, não é difícil de resolver.

—SHII - Fechei o planner rapidamente e o soquei dentro da minha mochila - V-você não leu nada!

—Hm? - Eva surgiu do banco de trás, colocando sua cabeça por cima de meu ombro - Sobre o que estão falando, pequeno senhor?

—Sobre... - O loiro continuou.

—NADA - Interrompi - N-nada...

Owen sorriu e voltou sua visão para a estrada. Se ele contasse eu jurava que iria começar a chorar e espernear feito uma criancinha envergonhada, seria infantil mas eu o faria. Isso me fez ficar encolhido até chegarmos ao posto de gasolina que papai havia falado, lá teria sinal de celular, então poderia ligar para ele e avisar que estava tudo bem. Saímos do carro e Eva foi no banheiro que ficava na lateral direita da lojinha de conveniências, discretamente aproximei-me de Allyson que estava encostada no carro.

—Vou comprar cigarro - Owen saiu do banco do motorista e foi em direção à lojinha. Eu e a menina ficamos encarando, a calça do loiro havia se prensado contra seu traseiro e chegava a ser engraçado de tão marcado. Voltei-me a ela e acabei por me encostar no carro também.

—Ahn... Allyson - Cocei a cabeça, queria perguntar aquilo do jeito mais flexível o possível - Pode me responder algo?

—Claro! - Sua expressão era adorável, parecia feliz.

—Sobre Eva - Tenho que confessar, eu estava um tanto em duvida demais - Que banheiro... Ele usa?

—Como assim? - Riu gentilmente, o que me fez ficar vermelho - O que ele quiser, ué.

—Ah... Então - E novamente tentei ser flexível e falhei miseravelmente. A de cabelo colorido sorria como se eu estivesse sendo inocente demais - Ele é menino ou menina? Q-quero dizer... Ele usa tope e roupas de menina, mas ele tem voz grossa...

—Bom, digamos que ele goste de ser tratado dos dois jeitos.

—P-pode me falar mais sobre isso depois? - Desencostei-me do carro - Preciso anotar para não esquecer...

—Belezinha - Allyson fez um sinal de "ok" com a mão.

Afastei-me e fui para a lojinha de conveniências. Lembrava-me de que tinha que comprar mais garrafas d'água e ligar para papai o mais rápido o possível então não demorei muito para compra-las e guarda-las no carro e ir para um "ponto onde tivesse sinal" que Eva me ensinou a achar. Finalmente consegui duas barrinhas de sinal e pude discar.

—A-Alô - Senhor Frankie Oliver gaguejando? Como? O que tinha acontecido? - Dominic.

—Oi papai... Aconteceu algo? - Duvidei, ele deu algumas murmuradas e consegui ouvir barulhos estranhos.

—Nada... Nada- Ele firmou a voz - O que foi.

—Chegamos no posto, liguei apenas para avisar - Tentei ser direto, ele parecia estar bastante ocupado. Aqueles barulhos estranhos já começavam a incomodar, era como se alguém estivesse arfando - Ligarei quando chegar na cabana do senhor McDaniel.

—Certo, certo... - Continuou - Não demorei muito ai. Se cuidem, te amo.

"Te amo"...? Quem era esse e o que tinha feito com o meu pai Frankie Mal-humorado Carrancudo Super formal Oliver? Isso chegava a me assustar, mas decidi deixar pra lá já que eu deveria estar atrapalhando por ele estar com tanta pressa assim.

—Te... Amo - Respondi - Diz pra mamãe que eu mandei um abraço.

—Tchau.

Entramos todos no carro novamente e prosseguimos a viagem. Eu estava mais ansioso que nunca para chegar logo e ver Odin mesmo que isso ainda demorasse um dia, afinal teríamos que dormir ao pé da montanha e subir pela manhã logo que acordássemos - o que, com certeza não seria tarde-. Perguntava-me se meus companheiros de viagem conseguiriam subir uma trilha inteira de duas horas completamente a pé até o topo, já que, pelo o que eu sabia apenas a pessoa que voz fala tinha esse velho costume. Teriam que se adaptar se quisessem me acompanhar. Allyson acabou caindo no sono e não resistiu em deitar no colo de seu namorado, mesmo com a música alta que Owen insistia em deixar tocando no rádio, mesmo com os buracos da estrada. Ela com certeza era uma pessoa bem curiosa e parecia entender das coisas a qual eu, pobre garoto inocente, tinha duvidas. Com certeza seria muito interessante passar algum tempo conversando com ela, mas prometi ao meu amigo senhor loiro que falaria mais com ele nessa jornada.

A coisa que não saia da minha cabeça de jeito nenhum era o fato de Owen ter ficado com "ciúmes" de Eva. Eles são apenas meus amigos, por que ele teria de sentir ciúmes? Pensei que esse tipo de coisa se sentia apenas quando se havia amor entre parceiros e realmente não entendi, apenas eu sendo ainda mais inocente. Certo que seria muito bom discutir mais com Owen sobre esse assunto, mas tinha medo que isso ocasionasse em uma briga maior e ele desistisse de ser meu amigo depois disso. Era só o que me faltava, mais um problema de socialização para tirar meu sono por mais algumas noites. Voltei a pensar sobre o assunto "amor", mesmo deixando o meu planner vermelho bem guardado dentro da minha mochila e raciocinei bem...

Eu era homem, a pessoa no armário da festa também era. Em certa situação desta semana eu e Owen começamos a conversar sobre isso a partir do momento que ele perguntou se Thália havia sido "minha primeira paixão de verdade", eu, inocentemente respondi que leitura havia sido minha primeira paixão e ele riu descaradamente, na verdade ele quis dizer "paixão por algum outro ser humano, alguém que eu gostasse, alguém realmente muito especial. Que estávamos falando sobre amor romântico, de querer trepar com alguém". Expliquei para ele que, o que eu sentia por ela era uma admiração intensa, uma surpresa com sua beleza e que havia achado ela uma pessoa muito interessante. Owen disse que eu poderia estar confundindo as coisas. O senhor loiro me instruiu sobre jeitos de se sentir sobre as pessoas "do jeito que ele falava", como por exemplo: Ele sentia atração apenas por homens, logo ele era gay. O ocorrido do armário não saia da minha cabeça por causa disso, eu sabia que era um homem lá comigo que me fez... "Sentir prazer", mas mesmo assim eu gostava demais de Thália. Acabei ficando ainda mais confuso, mas prometi a ele que iria pensar mais sobre o assunto e que, se eu precisasse, eu poderia perguntar minhas dúvidas para ele.

Era por isso que ele estava tão atento em mim? Estaria ele... Sentindo algum tipo de amor por mim? Ou pior. Seria ele aquela pessoa do armário?

—Que fome - Eva se espreguiçou, fazendo Allyson murmurar um pouco já que dormia - Alguém quer salgadinho? De fato gosto mais do de queijo, mas se alguém não quiser eu posso pegar outro sabor e...

—Cê fala hein - O loiro murmurou, tirando um par óculos escuros do bolso de sua calça e os colocando - Pode ser o de queijo.

Suspirei. Tentei me controlar já que não queria que ninguém notasse que eu estava um pouco conturbado. O resto do caminho continuei me sentindo um pouco incomodo pensando que as vezes eu pensava demais e que isso acabava finalizando meu dia por completo, Owen ficava desviando seu olhar para mim, não que isso me intimidasse, mas me fazia sentir muito estranho. Eu queria chegar logo para dormir e descansar em paz sem nenhuma frustração, apenas pensado que eu iria acordar e ir ver meu velho amigo, ir para casa e anotar tudo no meu caderno de relatórios.

—Já está decidido? - Owen perguntou sussurrando feito uma criança, eu dava graças por ele ter sido mais discreto dessa vez.

—C-como assim… - Sussurrei de volta. Eva estava muito ocupada comendo para prestar atenção na nossa conversa.

—Sobre você gostar ou não de pegar em rol…

—Shiii! E-eu sei, eu sei…- Meu rosto voltou-se em um vermelho vibrante. Mesmo que eu sentisse uma vergonha terrível gostava quando o loiro falava dessas coisas comigo - Eu… Não sei…

—Está com vergonha - Ele pôs a mão no topo da minha cabeça e bagunçou meu cabelo - Tão fofo.

—Preciso… Falar com você depois - Falei meio baixo. Decidi que, se eu quisesse descobrir quem estava comigo no armário eu teria que agir o mais rápido possível, ainda mais que minha curiosidade era algo que não tinha fim e Owen estava na festa! Ele deveria ter visto quem saiu do armário depois de mim ou… Ele mesmo podia ser aquela pessoa. Não que isso fosse estragar alguma coisa mas sentiria-me diferente ao saber disso e me sentiria três vezes mais nervoso em conversar. Owen era meu amigo agora, disse que queria me proteger mas por que tão de repente… Mal nos conhecíamos e já estava sendo tão íntimo e pessoal comigo… Não podia negar que ter um amigo assim me deixava confortável - até porque com minha dificuldade de interação social complicou ainda mais minha vida - e me fazia feliz e não só com ele, mas com Eva e Allyson também.

—Sobre? - Questionou fazendo meu sangue gelar e foi só aí que vi o que eu estava falando. Sabe pensar demais? Faço isso falando também e é muito constrangedor e inconveniente.

—A-ahn… Deixa pra lá - Voltei meu olhar para a janela e rezei para que ele esquecesse do assunto, apenas continuando a dirigir. Pelo visto Owen não era esse tipo de pessoa porque logo depois de eu falar ele cutucou meu ombro.

—Não - Ele sorria sereno, isso me fez continuar vermelho como um pimentão no sol - Continua.

—Q-quando chegarmos - Suspirei - Preciso falar sobre... A festa.

Ao me ouvir falar isso notei certa expressão de preocupação por parte dele, mas disfarçou. Eu poderia jurar que depois disso ficou ainda mais conturbado que eu e meu pensamento mudou totalmente, não queria que a noite chegasse. A viagem continuou e falar com o senhor loiro não era uma alternativa. Ele se manteve tenso e apenas com os olhos na estrada, podia ver que em alguns trechos que ele largava o volante com as mãos tremendo. Eu havia sido rude demais…? Claro, eu não costumava falar daquele jeito com ninguém… Não podia ser desse jeito quando fosse perguntar se era realmente ele no armário comigo e tentava planejar qual seria minha reação se dissesse que não ou dissesse que sim, tinha medo que ele ficasse bravo e não quisesse responder ou que me evitasse completamente até voltarmos para casa e… Minha cabeça já estava cheia novamente e a vontade de chorar havia voltado, queria chegar logo e que a noite nunca chegasse. A estrada de asfalto foi acabando e a de chão começando, já chegávamos ao pé da montanha e precisei guiar Owen pelo caminho que o senhor Frankie Oliver havia nos ensinado. Não foi muito difícil achar o lugar até porque não estava muito escuro - afinal eram seis da tarde - e o senhor McDaniel nos esperava paciente na cerca da entrada do acampamento. Ele era um senhor velho e grisalho de mais ou menos uns setenta anos, mas não se engane pela idade porque aquele homem subia e descia a trilha incessantemente trazendo toras de madeira e suas motosserras gigantescas. Morava em uma cabaninha de madeira que ele mesmo construiu e aquele era um dos meus lugares favoritos de quando eu era menor. Esperava-nos com um sorriso banguelo no rosto e encostado sobre seus joelhos tortos, não demorei a abrir o vidro do carro e acenar para ele. Isso sim havia compensado todos os meus pensamentos maus e me trazido de volta às lembranças boas da montanha e das trilhas. Aquele homem havia dado Odin para papai e me sentia extremamente grato por ele permitir que usássemos o acampamento, ele com certeza subiria a trilha até o topo conosco e isso seria um prazer imenso. O velho homem nos levou para a área de acampamento e ajudou-nos a organizar tudo, a trazer os troncos de madeira para sentarmos quando fizéssemos uma fogueira e trouxe lenha para que pudéssemos nos aquecer bem, já que as noites lá costumavam ser muito frias e eu já estava arrepiado demais. Allyson foi a primeira a tirar a barraca do porta malas e começar a montar, parecia animada demais.

—Tem animais aqui? Ursos, veados, essas coisas? - A de cabelo colorido me perguntou enquanto eu tirava a bolsa térmica das bebidas do banco de trás.

—Ahn… Há muitos anos atrás haviam raposas e guaxinins, mas… - Pensei um pouco, quando eu era pequeno apenas se via esses pequenos animais mas o senhor McDaniel costumava tratar muito de cavalos no campo atrás da montanha e de fato haviam muitos. O senhor Frankie Oliver nunca deixaria eu levar outro companheiro para casa - Podemos ver se achamos algum.

—Mesmo? - Sorriu. O seu sorriso era muito adorável e parecia verdadeiramente muito feliz – Hah devem ser tão fofinhos!

—Heh… Com certeza - Sorri de volta.

Afastei-me do carro e vi que Owen já estava empenhado em armar a fogueira, estava agachado perto de uma árvore catando pedras e eu tinha que admitir que sua calça ainda estava prensada em seu traseiro, isso me fez rir um pouco. Mesmo com medo da nossa conversa futura me aproximei para ajudá-lo, não podia ser tão folgado assim. Abaixei-me vagarosamente em seu lado e comecei a recolher as pedras menores enquanto ele recolhia as maiorzinhas. Ele parecia muito quieto e cabisbaixo, como se estivesse pensando demais e não quisesse falar nada sobre. Não queria ter sido tão rude ao combinar nossa conversa mais à noite e não queria ter chateado ele, muito menos ter voltado no assunto da festa. Mesmo assim quis ajudá-lo para não ser tão estúpido e isso fez com que ele voltasse a olhar para mim.

—Não preciso de ajuda - Falou ríspido fazendo meu peito doer - Você pode ir ficar com seus amigos.

—Você é meu amigo - Continuei falando baixo, olhando-o com medo feito uma presa fácil no lado de um predador feroz e com fome - Me desculpa… Eu fui grosso.

—Não foi - Passou a olhar em meus olhos e isso apenas me dava mais temor, queria correr dali - Eu só não gosto de conversar sobre coisas que já passaram.

—N-não precisamos conversar sobre isso se não quiser…

—Eu queria evitar - Suspirou - O que você precisa saber, Dominic.

—E-eu… - Não consegui me segurar e comecei a derramar minhas lágrimas. Ele estava bravo e chateado, eu havia o chateado e aquilo não estava mais sendo confortável para ele. Larguei as pedras e me encolhi em meus braços, tapando meu rosto com as mãos e choramingando um pouco, eu estava envergonhado e com muito medo.

—Dominic… - Ele se aproximou mais e segurou meu braço. Eu não conseguia falar nada, apenas choramingar mais e soluçar, queria apenas sumir ou dormir para sempre. Se havia algo na vida que eu odiava era chatear as pessoas e as deixar bravas, odiava saber que eu havia feito algo de errado para alguém que eu amava. Sim, eu amava Owen no sentido amigável como eu costumava amar Odin e magoá-lo me doía demais.

—E-era… Era você né… - Perguntei ainda com minha voz chorosa, meu pavor dele me bater ou algo do gênero era muito grande - Você...E-estava no armário comigo aquela noite.

—Hey meninos! Está tudo bem ai? - Eva perguntou. Estavamos virados de costas para ele então podia contar que ele não havia conseguido ver que eu estava aos prantos, Owen se virou para trás e encarou o mais velho.

—Está tudo bem! - Gritou de volta - Já vamos fazer a fogueira!

O loiro voltou-se para mim novamente e fez questão de tirar minhas mãos da frente do meu rosto e o segurou rapidamente bem perto do seu. Minha visão era deplorável, meu nariz escorria e meus olhos estavam vermelhos demais, meus dentes a mostra. Não queria que ele tivesse que me ver daquele jeito e olha-lo apenas me fazia chorar mais.

—Dominic eu preciso que se acalme - Estava meio sem paciência para uma criança chorona como eu, mas respirou fundo e se concentrou na conversa.

—N-não… E-era você - Eu continuava a soluçar miseravelmente e aquilo o fazia sentir pena, isso era visível demais. Ele me puxou para seus braços, fazendo-me abraça-lo forte e consegui sentir sua respiração ao lado de meu ouvido. Sentia o calor que eu havia sentido ao abraçá-lo antes de sairmos para a viagem e aquilo compensava sua cara de ranzinza e bravo.  

—Sim, sim - Ele falou bem baixinho - Eu… Voltei para o porão quando começaram o jogo.

—Você… P-por que não me falou antes - Escondi-me em seu ombro, realmente não queria olhar seu rosto naquele momento - Por que…

—Eu não queria te afastar tão rápido - Riu um pouco, mas logo voltou a sua seriedade - Não queria descobrir quem era para falar a verdade…

—Que…

—Eu sempre tive medo de ter que descobrir quem as pessoas realmente eram depois que eu me relacionava com elas, mas… - Suspirou devagar como se estivesse prestes a chorar - Você parecia ser tão inocente.

Continuei quieto, queria ouvir tudo nos pequenos detalhes.

—Eu podia pegar quantas pessoas eu quisesse mas nenhuma delas queria uma amizade comigo - Murmurou como se estivesse admitindo algo com força, não queria ter forçado ele a falar desse jeito e só conseguia sentir que estava deixando-o cada vez mais chateado - Chegavam em mim nas festas, transavamos e nunca mais falavam comigo. Isso acontecia toda santa vez.

—C-calma… - Sussurrei, afastando-me um pouco do abraço - Está tudo bem agora né?

—Não pra você… -Admitiu, foi nessa hora que eu parei imediatamente de chorar - Eu fiz a mesma coisa que faziam comigo e fui totalmente idiota. Eu bati uma pra você e depois… Desisti de te procurar.

—Mas… - Limpei minhas lágrimas com a manga da minha roupa - Você me achou.

—E não me orgulho de ter escondido - Owen se levantou calmamente com suas pedras na mão - e não me orgulho de ter feito isso com você, pelo menos não daquele jeito.

—Daquele… Jeito?

—No escuro, sem você saber quem era aquele filho da mãe tarado que animou seu pinto de japonês – Riu.

—C-cale-se! - Levantei-me também com o rosto vermelho novamente, dando um pequeno empurrão nele fazendo-o tropeçar enquanto gargalhava.

Allyson e Eva já haviam montado as barracas e cavado o raso fosso para colocar os galhos, lenha e folhas. Eu e o senhor loiro arrumamos as pedras ao redor para que o fogo não se espalhasse e arrumamos alguns troncos em pirâmide para que o fogo se mantivesse ali. Foi nessa hora que o sol se pôs por completo e começou a escurecer de vez. O local de acampamento ficava de frente para um pequeno lago de águas rasteiras e a luz da lua já começava a refletir lá, dando uma bela paisagem. Allyson não demorou muito para tirar uma foto do lugar com seu celular e não demorou para ensinar-me a fazer o mesmo no meu aparelho. Mostrar-me uma câmera foi como mostrar doce para uma criança. Cheguei perto de Eva e tirei uma foto sua escondido, logo me aproximei dele para mostra-lo a fotografia e ele me ensinou em colocar na câmera “frontal”, achei isso simplesmente demais e tirei uma com o mais velho que saiu fazendo biquinho. Apesar de todas as conversas sentimentais com Owen e tudo mais, sentia-me aliviado para fazer o que eu quisesse no final do dia, já que tudo havia se resolvido. O loiro já havia voltado ao normal e acho que já não estava mais tão chateado.

Acendemos a fogueira, assamos marshmallows e Allyson cantou algumas músicas. Sua voz era incrível e todos ficamos maravilhados com seu dom. Após tudo isso já estávamos bastante cansados mas Eva não estava satisfeito apenas com aquilo então…

—Vamos brincar de verdade ou desafio? - Falou animado após terminar de comer mais um marshmallow.

—Vamos! - Allyson também estava agitada e não pensou duas vezes antes de responder. Eu realmente não sabia o que era esse jogo e com certeza seria muita inocência da minha parte perguntar sobre o que se tratava, até que o senhor loiro se virou para mim e sussurrou:

—Sabe o que é isso?

Neguei com a cabeça e ele se aproximou mais um pouco para que o casal não ouvisse.

—A gente escreve a inicial do nosso nome no chão e bem no meio colocamos uma garrafa. Nós a giramos e quem parar com a tampa na inicial terá que perguntar algo para a pessoa que ficar com a traseira da garrafa. “Verdade ou desafio”. Se a pessoa pedir verdade você terá que fazer uma pergunta, qualquer pergunta. Se a pessoa pedir desafio você terá que desafia-la a fazer algo, qualquer coisa que você queira.

—Certo… Acho que entendi - Animei-me também. Seria minha primeira vez jogando esse tipo de jogo e eu esperava que não fosse tão traumatizante como certos minutos no paraíso. Allyson pegou um dos galhos que sobravam na fogueira e começou a escrever nossas iniciais na terra, pegou uma garrafa d'água vazia e a pôs bem no centro, girando-a devagar para não apagar o que estava escrito. Aquilo girou por um bom tempo até parar com a tampa em Eva e a traseira em Owen. O olhar do loiro se virou para o mais velho de um jeito assustador e até eu me arrepiei, jurava que ia começar a devorar a alma do outro com seus olhos.

—Verdade ou desafio, fofucho? - Riu, estalando os dedos- Olha que não dou folga.

—Desafio - Respondeu rápido e direto - Também não dou folga.

—Como você e o meu senhor estavam ali no cantinho sozinhos, conversando, se abraçando… - Eva sorria zombeteiramente- Te desafio a beijar o Dominic.

Eu não consegui ter nenhuma reação que não fosse ficar completamente parado e corado demais. Owen se aproximava ainda mais e eu realmente não sabia se eu queria aquilo, mesmo assim deixei com que ele chegasse perto. Pensei que ele iria fazer isso mais freneticamente mas pareceu calmo demais, Eva e Allyson já estavam surtando por já estarmos perto demais.

—YAOII - A de cabelo colorido gritou, fazendo eu não entender mais absolutamente nada.

—Desculpa, eu não perco um desafio - Owen sussurrou meio sorrindo, como se quisesse isso. Uma de suas mãos segurou a minha nuca para que eu não escapasse e com a outra segurava meu braço, com calma e paciência posicionou seu rosto bem na frente do meu. Aquilo era uma sensação familiar, afinal, eu e o senhor loiro já havíamos feito isso antes mas o nervosismo e vergonha tomavam conta de mim, já que agora eu conseguia ver seu rosto. Juntou seus lábios com os meus, apenas prensando-os e fechando os olhos, tive que fazer o mesmo já que se eu continuasse de olhos abertos iria começar a chorar novamente. Por mais que fosse humilhante aquilo era delicioso e não queria que ele parasse, parecia aprofundar cada vez mais seus lábios nos meus e sua língua já encostava ali sem pudor nenhum. Não queria deixar que aquilo entrasse na minha boca novamente, era demais para os outros ficarem olhando. Não que eu não quisesse, mas era constrangedor. Logo ele se afastou e continuamos ali juntos, concordei em deixá-lo ficar com os braços em volta de mim - já que estava frio como um inferno glacial - e o casal ficou delirando com o resultado da rodada. Eu estava vermelho demais e não queria que aquilo se repetisse novamente, pelo menos em público não.

—Gente do céu, isso foi uma belezura pura - Eva ria - Vocês são dois são uns danadinhos!

—ISSO, ERA O QUE EU PRECISAVA - Allyson falava satisfeita - YAOI. Agora transem.

— Como vocês são fangirls - Owen falou em um tom debochado - Estão deixando o meu garoto com vergonha.

—S-seu garoto? - Afastei-me ainda mais vermelho - Pare com isso…

—Vamos, gira logo essa coisa de novo! - Eva pediu e a menina não demorou para girar a garrafa novamente e ela o fez. A tampa parou na minha inicial e a traseira parou em Allyson, logo ela me olhou desafiadora e determinada, eu realmente não tinha nenhuma ideia e criatividade me faltava para bolar uma pergunta ou um desafio.

—Ahn… Verdade ou desafio? - Perguntei ainda pensando no que falar.

—Desafio - Respondeu sem pensar duas vezes. Logo olhei para Owen e ele viu que eu não tinha nenhuma ideia - Você pode pedir ajuda pra decidir se quiser.

—Desafia ela - O loiro começou a sussurrar em meu ouvido para que não ouvissem - A ficar pelada e pular no lago.

—M-mas! Que indecente… - Murmurei. Mesmo assim aceitei e propus a ela - Allyson te desafio a nadar nua no lago.

—QUE?!- Ela saltou do tronco. Verdadeiramente estava muito frio, mas pelo seu olhar determinado eu tinha certeza que ela faria e com muito prazer. Apenas riu e se levantou, começando a se despir- Se é assim.

Owen rapidamente tapou meus olhos com suas mãos e agradeço muito, já que ver uma pessoa nua era o que eu não queria naquela noite. Alguns segundos se passaram e apenas consegui ouvir seu barulho ao pular na água, aquele lago não passava da cintura e ela parecia estar se divertindo bastante pelos sons. Por mais que aquilo fosse uma reserva aquela água era extremamente limpa e livre de insetos e coisas do tipo, então digamos que era como pular em uma piscina. Passados dois minutos ela voltou para o acampamento e Eva a recebeu com uma toalha, de fato ela estava tremendo feito um cachorro recém-saído do banho, mas estava vitoriosa. Ela se enxugou e se vestiu novamente, finalmente pude abrir os olhos.

—Hah! Isso foi demais, gatinha - O mais velho sentou junto a ela no tronco, ajudando-a a se esquentar com seus braços exatamente como Owen havia feito comigo. Estávamos completamente sem gás após isso, havia sido apenas duas rodadas mas aquilo já havia sido o suficiente para nos deixar exaustos e com vontade de dormir. Como havia apenas duas barracas, Eva e Allyson dormiriam em uma e eu e Owen dormiríamos na outra, mesmo que eu achasse muito estranho ter que dormir com ele. Já que os outros dois eram namorados, não havia coisa mais justa que deixá-los dormindo juntos, então eu apenas tinha que aceitar. Ajeitamo-nos em cima de pequenos colchonetes e arrependo-me profundamente de não ter trazido cobertores suficientes porque o frio tomou conta dali rapidamente antes que pudéssemos perceber.

—Dominic - Meu companheiro de barraca me chamou ao ver que eu tremia de frio mesmo embaixo de uma coberta grossa e com meus travesseiros - Você deixa… Eu ficar abraçado nas suas costas? Podemos dividir minha coberta.

—Uhum… - Murmurei baixo, naquela situação eu aceitaria qualquer coisa para ficar mais aquecido, tudo que eu não precisava era acordar resfriado e sem força para subir a trilha pela manhã. O loiro se ajeitou bem e prendeu-se às minhas costas, passando seus braços por debaixo dos meus e aquecendo-me com seu peito, sentindo sua respiração lenta e quente em minha nuca. Aquilo parecia um tanto estranho mas não podia negar que estava sendo um tanto muito agradável. Acabei por dormir rápido naquelas situações.

Meu sonho… Como sempre, não foi dos melhores. Digamos que Owen tenha dormido perto demais e aquilo havia feito com que eu sonhasse com coisas “estranhas”, eu realmente não queria pensar mais naquilo já que esses sonhos eram os que eu mais tentava evitar. Digamos que eu havia sonhado com… “Corpos estranhos” saindo debaixo de meu colchonete e de meu travesseiro, fazendo coisas… Muito estranhas comigo e com minhas partes sensíveis, algo como tentáculos de polvo ou algo do gênero. Acabei por acordar - ainda bem, graças ao meu sono curto - e o pior aconteceu. Algo ali me incomodava e sim, “aquilo” estava ereto e doía horrivelmente. Não tinha nada que eu pudesse fazer para aquilo passar e eu não queria me mexer, acabando por acordar o meu companheiro de barraca e como tudo que eu faço na minha vida dá errado, acabei por conseguir ficar inquieto demais e acordei Owen.

—Hey… - Ele murmurou baixinho acabando de acordar. Fingi estar dormindo, mas ele não se convenceu, viu que eu estava muito inquieto, mesmo tentando camuflar-me ao máximo, o que não adiantou já que o loiro estava com seus braços em volta de mim e seu pulso acabou por encostar “ali” sem querer. Eu queria morrer e já sentia as lágrimas brotando dos meus olhos - Hm? - Estranhou aquele pequeno volume e levantou um pouco seu rosto para cima de mim. Eu não podia acreditar que aquilo iria acontecer de novo, mas eu precisava admitir que naquela vez… Era com o meu consentimento. Pode parecer muito idiota, mas eu queria que aquela dor chata parasse e fazer aquilo de novo era a única alternativa disponível. Não hesitei em encolher-me mais e proteger-me de suas mãos, o nervosismo e a ansiedade tomaram conta da minha cabeça, fazendo-me sentir ainda mais dor ali, fazendo-me tremer ainda mais e chamar a atenção do outro.

O-owen… - Chamei quase que sussurrando. Ele era muito mais inteligente que eu sobre essas coisas e certamente saberia de algo para fazer, estava morrendo de vergonha e queria que aquilo passasse logo.

—O que houve? - Ele retirou a mão que estava encostando sem querer “ali” e esfregou os olhos. Qual era meu problema… Eu havia o acordado para isso e aposto que ele não faria nada sem dar boas gargalhadas antes - Pesadelo? Precisa de alguma coisa?

—Também… - Virei-me para ele com meus olhos cheios de lágrimas e ainda tremendo - A-ajuda.

—Ajuda? - O loiro se afastou um pouco dando espaço para que eu me virasse e deitasse de barriga para cima, tirando meu cabelo da frente dos meus olhos em seguida - O que está sentindo?

—D-doi… - Mesmo que ele falasse normalmente eu continuava a sussurrar, tudo que eu não queria era que Eva ou Allyson acordassem e viessem ver o que estava acontecendo. Ai sim eu morreria de vergonha. Tirei minha coberta de cima do rosto e acho que ele conseguiu ver do que eu estava falando, mesmo assim não se surpreendeu muito, apenas me olhando como se falasse “é sério isso mesmo?”.

—Ahn? - Maravilha, ele mal conseguia ver o que estava acontecendo obviamente porque estava escuro, apenas a luz da lua iluminava a barraca dentre os galhos das árvores e eu teria que mostrá-lo… De outro jeito. Por mais que fosse humilhante cheguei um pouco mais perto e fechei os olhos.

—Lá embaixo…

Olhar para o seu rosto apenas me dava mais vergonha e pude notar que… Ele também estava daquele jeito. Minha cabeça começou a girar e, como sempre, comecei a lembrar do ocorrido no armário. Naquele momento eu sabia que era Owen lá comigo como da outra vez e sentia ainda mais medo por lembrar que agora ele também sabia que era eu. Decidiu por fim tomar uma iniciativa e me ajudar a tirar minha roupa de baixo, a sentar e ficou em minha frente me encarando. Não sabia no que ficar olhando iria ajudar, mas decidi esperar, aquilo só me dava mais vergonha, mas desde que ajudasse em algo… De repente o loiro suspirou com toda sua paciência, levantando-se um pouco, tirando suas roupas de baixo também e… Senti a intimidação. Como me lembrava, o seu “volume” era bem maior com o meu e com razão, podia não estar totalmente para cima, mas era um tanto avantajado. Puxou-me para perto do seu corpo e o que eu temia acontecer aconteceu. Fiquei no seu colo como na vez do armário, só que em vez de ficar sentado, fiquei na frente “daquilo” dele.

—Você… Por acaso - Pelo pouco que consegui ver de seu rosto com aquela luz mínima dentro da barraca, pude ver que ele mal olhava para mim e estava extremamente sem graça - Nunca fez isso antes né?

—Ahn…

—Ah... Certo. Pelo visto você não sabe mesmo - Ele voltou seu olhar a mim e parecia tentar se controlar demais - Você deixa eu te ensinar?

—D-doi… - Repeti, nem essa situação déjà vu fazia esquecer-me da dor - Sim...

—Ahn? - Maravilha, ele mal conseguia ver o que estava acontecendo obviamente porque estava escuro, apenas a luz da lua iluminava a barraca dentre os galhos das árvores e eu teria que mostrá-lo… De outro jeito. Por mais que fosse humilhante cheguei um pouco mais perto e fechei os olhos.

—Lá embaixo…

Olhar para o seu rosto apenas me dava mais vergonha e pude notar que… Ele também estava daquele jeito. Minha cabeça começou a girar e, como sempre, comecei a lembrar do ocorrido no armário. Naquele momento eu sabia que era Owen lá comigo como da outra vez e sentia ainda mais medo por lembrar que agora ele também sabia que era eu. Decidiu por fim tomar uma iniciativa e me ajudar a tirar minha roupa de baixo, a sentar e ficou em minha frente me encarando. Não sabia no que ficar olhando iria ajudar, mas decidi esperar, aquilo só me dava mais vergonha mas desde que ajudasse em algo… De repente o loiro suspirou com toda sua paciência, levantando-se um pouco, tirando suas roupas de baixo também e… Senti a intimidação. Como me lembrava o seu “volume” era bem maior com o meu e com razão, podia não estar totalmente para cima mas era um tanto avantajado. Puxou-me para perto do seu corpo e o que eu temia acontecer aconteceu. Fiquei no seu colo como na vez do armário, só que em vez de ficar sentado, fiquei na frente “daquilo” dele.

—Você… Por acaso - Pelo pouco que consegui ver de seu rosto com aquela luz mínima dentro da barraca, pude ver que ele mal olhava para mim e estava extremamente sem graça - Nunca fez isso antes né?

—Ahn…

—Ah... Certo. Pelo visto você não sabe mesmo - Ele voltou seu olhar a mim e parecia tentar se controlar demais - Você deixa eu te ensinar?

—D-doi… - Repeti, nem essa situação déjà vu me fazia esquecer da dor - Sim...

—Dá pra ver, mas não é tão preso como eu imaginava - Debochou, começando a mexer no seu próprio membro. Com cuidado envolveu sua mão ali e começou a movimentar devagar. Meu peito doía e vê-lo daquele jeito era muito estranho e fazia eu continuar a tremer, ele queria que eu fizesse aquilo - Você pode fazer assim e lembre, sempre devagar. Pense… Em coisas quentes- Obedeci reproduzindo seus movimentos pausadamente e com todo o constrangimento do mundo. Chegou a um ponto de eu me cansar tanto que debrucei-me sobre seu ombro e conseguia ouvir sua respiração apressada e pude ver que ao passar do tempo ele aumentava a intensidade de seus movimentos, Owen deslizou a mão que segurava minhas costas cada vez mais para baixo até encostar no meu… Traseiro. Seus dedos foram até o meio dali e começaram a acariciar o meu… Chega. Chega de detalhes.

—N-não… - Mexi-me na tentativa de tirar seus dentes dali, tanto que ele não demorou em parar de avizinhar seus dedos ali. Eu apenas conseguia lembrar-me da maldita festa e dos carinhos que Owen havia feito em mim, de senti-lo perto e ser aquecido pelo seu corpo. Seu cheiro não era o mesmo do que o daquela noite, era um aroma agradável como o perfume que o senhor Frankie Oliver costumava usar, me deixava confortável demais mesmo naquelas situações constrangedoras. Estava um pouco suado, no entanto aquilo não incomodava, apenas fazia seu cheiro ficar mais forte e… Fazia-me ficar mais duro e mais acalourado. Sentia que logo iria chegar ao meu máximo e acho que ele sentia o mesmo, já começava a arfar e fazer barulhos estranhos como eu, mordendo seus lábios e apertando minhas nádegas com força, aquilo sim doía. De repente ele afastou-se um pouco para que eu saísse de seu ombro e a mão que antes estava no meu traseiro ele levou até meu rosto, segurando-o bem na frente do seu. Com seus olhos abertos aproximou-se mais, grudando seus lábios nos meus novamente e como fui pego de surpresa, ele conseguiu o que queria antes. Sua língua se enrolava na minha e aquilo era demais para mim, mesmo assim não relutei e com certeza seria melhor continuar para acabar logo. Em um solavanco ele parou de se mover um pouco e pude sentir algo quente e úmido sendo despejado em meu abdômen e concluí que era a mesma coisa que eu havia liberado na noite do armário, não demorei muito para fazer acontecer de novo. Encaramos-vos ofegantes e ambos com vergonha. Owen ficava desse jeito mesmo que já tivesse feito tantas vezes com outras pessoas? Ele não havia se acostumado ou algo do gênero? Não iria gostar e ficaria bastante chateado se ele tivesse mentido e fosse como eu, não quis perguntar nada naquele instante afinal eu mal tinha fôlego, apenas conseguia lacrimejar e limpar meus dedos em minha camisa mesmo que fosse ficar imundo depois.

Eu não queria que amanhecesse rápido, queria que aquilo continuasse daquele jeito para sempre. Sentia-me muito desvergonhado, mas daquela vez tinha sido realmente necessário e a dor havia passado de fato. Minha vontade de continuar a noite abraçado em Owen estava estampada na minha cara e não podia negar isso para ele, tanto que após isso apenas vestimos novamente nossas roupas de baixo e voltamos a dormir como antes. Seus braços abaixo dos meus, sua respiração calma em minha nuca e sem sonhos. Foi nesse momento que o som das folhas levadas pelo vento voltou a se sobressair, deixando o resto da noite totalmente serena.


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Notas finais do capítulo

Estou meio enferrujado mas tentei.
Obrigado por lerem e até a próxima!



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