The beginner teenager escrita por Hetsan Peppers


Capítulo 9
Capítulo 9 - Um velho amigo.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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O final de semana todo foi de puro trabalho e suor.

Eu recolhia todas as roupas sujas da casa, aprendi a usa a maquina de lavar roupa, colocava as roupas na secadora e ia direto para a cozinha, varria o chão, aspirava o carpete da sala, limpava as janelas, organizava os livros de Frankie Oliver, limpava todos os santos banheiros e finalmente pude descansar. Não que fossem muitas atividades em uma tarde só, mas o senhor meu pai era exigente demais. Eu estava ansioso demais para poder falar com Eva, poder contar às coisas que aconteceram e que acontecem e poder ouvir suas muitas palavras sobre diversos assuntos, mas eu teria de esperar até ganhar o bendito celular.

Lá pelas sete horas da noite, subi para o meu quarto e não demorei muito para ir para a cama. Eu não costumava ir dormir cedo, muito menos em um domingo, mas eu mal podia esperar para o dia acabar logo e partir para o outro.

Naquela o sonho não poderia ter sido melhor.

Odin corria junto a outros cavalos em um campo vasto e cheio de flores de íris brancas, suas patas faziam as pétalas claras voarem com o vento de inverno e o sol brilhava radiante, refletindo no pelo lustroso do meu velho amigo. Sentia-me a pessoa mais feliz do mundo vendo aquela cena linda e via que ele estava feliz também apenas olhando em seus olhos estreitos. Não hesitei em tentar aproximar-me dele e fiz isso até que rápido ao ver que ele havia parado de correr, cheguei perto e grudei minha testa em seu focinho, sorrindo feito uma criança novamente. Odin se sentia livre e eu conseguia sentir isso, conseguia ler seus pensamentos. Afastei-me um pouco e o observei. Estava do mesmo jeito que antes de adoecer. Parecia saudável, alto e totalmente disposto com seu pelo branco e castanho brilhando e sua crina lisa, escura feito petróleo como um cavalo de corrida. Não pude me despedir e logo voltou a correr solto, rodeando-me como se quisesse brincar. Deixei-o ir com sua tropa e continuar sua corrida pelos campos, deixa-lo livre com certeza era o melhor. Talvez eu nunca o visse de novo em meus sonhos, mas com certeza ele viveria solto em meus pensamentos. Meu melhor amigo finalmente estava livre para correr no céu dos cavalos.

—Filho...? – Mamãe me acordou com uma expressão de duvida, como se sorrisse discretamente – Como se sente?

—Bom dia... – Lentamente sentei-me na cama e espreguicei-me – Como assim?

—Seus olhos estão inchados – Ela pousou sua mão em meu rosto, sorrindo gentilmente – Quer me contar algo, bebê...

—Não sou bebê... Asiáticos tem olhos assim normalmente – Falei baixinho, tentando disfarçar o fato que eu costumava chorar durante a noite (com o fato de eu ser descendente de japoneses), mas não chamava à senhora Kynel para não acorda-la em vão. Isso não a convenceu.

—Você poderia ter me chamado – Ela falou sentando-se por cima das minhas cobertas – Sabe que eu me preocupo, Dominic.

—Eu apenas sonhei com Odin – Abaixei a cabeça. A bela cena do meu querido amigo correndo pelos campos de flores de íris me voltava à cabeça, queria chorar. Minha expressão fez senhora Kynel me abraçar.

—Você sabe que ele está bem onde está agora – Falava um tanto que calma demais, afastando-se do abraço.

—Quero visita-lo...

—É longe, filho – Levantou-se e foi até o arco da porta onde se apoiou - Não tenho tempo para leva-lo lá... Perdão.

—Mas e papai...

—Você sabe que ele não gosta mais de natureza, meu querido, sinto muito... – Ela parecia triste por não poder levar-me – O café está na mesa, por favor, não demore.

Mesmo que doesse, tentei ignorar o fato que não tínhamos tempo para fazer as coisas que eu queria. Na verdade tínhamos, mas o senhor Frankie Oliver não gostava de ficar ao ar livre, fazer trilha e acampar. A última vez que fez isso comigo foi quando Odin morreu e fiz questão de enterra-lo em um lugar inesquecível. Fomos para o sul onde as arvores são pinheiros altos e o sol se esconde por baixo d'água quando está na hora de se por, era o lugar mais bonito do mundo. Os senhores da região ajudaram papai a cavar um buraco para enterrar o meu velho amigo e fizemos uma lápide de pedra com alguns ditos a qual eu não conseguia lembrar. Queria voltar a aquele lugar de algum jeito, queria ver o lugar onde Odin finalmente descansou.

Desci para tomar café da manhã de cabeça baixa. A felicidade que eu havia adquirido com o sonho sumiu quando lembrei que havia aula naquele dia e que provavelmente ficariam tirando sarro de mim e do que aconteceu na maldita festa, isso sim era uma maldição que eu não conseguia esquecer de jeito nenhum. Mesmo assim continuei quieto, não queria que a manhã fosse ruim para papai e mamãe apenas por causa do meu humor. O senhor Frankie Oliver, como sempre, já estava sentado à mesa tomando sua xícara de café preto e com o jornal em mãos, mesmo que não estivesse lendo. Nem se ocupou em olhar-me quando sentei à sua frente na mesa, apenas observava mamãe de longe de uma forma estranha. Ela vestia uma blusa de um tecido sedoso e brilhante, um blazer preto social e uma saia tipo tubo -também preta- que cortava um pouco acima dos joelhos. Papai a olhava como se olhasse para um tesouro, mais especificamente para o seu traseiro marcado pelo tecido da saia. Um tipo de vergonha tomou a minha cabeça tanto que, por baixo da mesa, dei pequenos chutes em sua perna e ele notou que eu estava implorando para ele parar de olhar para mamãe daquele jeito. Ele ergueu uma sobrancelha para mim e continuou a ler o jornal tentando disfarçar.

—Vocês demoram demais, como esperam chegar na escola e no trabalho a tempo desse jeito? - Senhora Kynel se aproximou da mesa e grudou seus lábios na testa de Frankie Oliver. Ele olhou rapidamente para ela e voltou-se ao jornal novamente, mergulhando seu rosto entre o papel cinzento. Estava com vergonha.

—Ainda é cedo - O homem falou em um tom sério demais. Mamãe riu.

—Frankie - Chamou enquanto se sentava.

—Hm - Falou em um tom animal, eles, de fato, estavam muito estranhos.

—Não quer contar nada para o nosso querido filho? Uma novidade, talvez?

—Não.

—Ai como você é rude - Mamãe desfez seu sorriso e olhou emburrada para Frankie Oliver, que pouco se danou. 

—Não é importante - Murmurou.

Levantei-me e dei um tapa no jornal que o senhor meu pai "lia", fazendo deslizar de suas mãos e cair no chão. Eu juro que não vi aquele homem mais furioso em uma situação que naquela, eu realmente queria que meus olhos derretessem. 

—Respeito por favor - Soltei. O que estava acontecendo comigo?! Por que e como eu havia conseguido falar nesse tom com Frankie Oliver?! Os olhos dele pegavam fogo e fumaça saia de suas narinas. Eu, o pobre filhote de zebra, havia ado um tapa em um leão faminto.

—Ei! - Senhora Kynel pôs a mão em meu ombro, pedindo para eu sentar e não demorei nem dois segundos para sentar - Vamos conversar okay? 

—Eu... Vou ganhar um irmãozinho...? - Murmurei tentando adiantar um assunto.

A cozinha ficou em silencio. Eu apenas conseguia ouvir o vizinho cortando a grama de seu quintal.

—Dominic Oliver Campbell vá para o seu quarto agora - Papai falou sem mais nem menos, mas mamãe se intrometeu.

 

—Nós colocamos internet em casa e seu pai comprou um presente para você - Ela falou um tanto rápido.

 

—Estou pensando muito seriamente em dar ou não esse presente.

—P-presente? - Abri um sorriso. Eu sabia que era um celular e que eu mal podia esperar para ligar para Eva, mas que eu não poderia me entusiasmar demais para não acabar sendo desobediente. Apenas fiquei batucando na mesa com meus dedos inquietos.

Com todo desgosto que existia em seu ser, o homem levantou-se e foi até a sala onde ficou por bons segundos. Os presentes do senhor Frankie Oliver nunca eram de se alegrar. Ou eram meias, ou eram camisas, ou meias e camisas, ou canetas coloridas (a qual não posso reclamar porque canetas eram incríveis) ou folhas de fichário. Uma vez ou outra eu ganhava um livro, mas apenas no meu aniversário e no natal e lá de vez em quando ainda ganhava um "parabéns" junto com um abraço. Papai voltou da sala com um embrulho em mãos, logo tremi ao lembrar de seu ultimo presente já que o embrulho que usara era o mesmo, pelo menos na cor. Estava em formato de caixa e parecia ser um pouco maior que sua mão e não muito pesado. Eu não ousava olhar em seus olhos porque era capaz dele comer minha alma por ali. 

—Você - Começou a falar pausadamente - Merece.

Olhei-o confuso firmando os olhos, fazendo-me de desentendido. Mesmo assim, ele próprio deixou o embrulho em cima da mesa e o abriu para mim. Era uma caixa bonita e branca, com o nome da marca em prata. Eu realmente não entendia nada desses aparelhos então não sabia dizer se era bom ou ruim.

—Frank você já está atrasado - Mamãe cruzou os braços - Você tem uma reunião importante hoje e não quero que se atrase, deixe que eu levo Dominic para a escola.

—Mas eu queria leva-lo - Olhou de relance para mim, sorrindo largo.

—Não, você vai agora para o escritório - Ela falou em um tom amoroso ma samedrontador, levantando-se e indo até ele, colocando suas delicadas mãos nos ombros de papai - Você sabe o que acontece quando tem contato com essas coisas querido, já foi um trauma tirar você da loja aquele dia.

—Certo - Esbravejou, tirando as mãos de mamãe de perto dele. Foi até o hall da entrada e pegou sua maleta em cima da mesinha que ficava ali - Até logo.

Mamãe ficou séria até ele sair, mas depois voltou a sorrir docemente, ajudando-me a ligar o aparelho e me ensinando as "coisas básicas", ou seja, como abaixar e aumentar o volume, a como ligar e mandar mensagem. Me sentia aprendendo a ler novamente, era muita informação e eu tinha que aprender tudo aquilo. A senhora Kynel ficou deveras feliz ao ver minha mensagem em seu celular "oi" e eu preciso admitir que me empolguei ao ver sua mensagem de " oi querido < 3 ". Eu não sabia o que " < 3 " significava, mas ignorei.

Guardei o aparelho em minha mochila e entrei no carro de mamãe.

—Vamos impor algumas regras, mocinho? - Falou enquanto dava ré para sair da nossa garagem.

—Regras?

—Sim - E continuou o caminho. Mamãe era calma e dirigia devagar, mas não devagar como Frankie Oliver, devagar sem se intimidador. A senhora Kynel sempre dava um jeito de me acalmar em todas as situações -  Não pode usar durante a aula e precisa atender sempre que eu ou seu pai te ligarmos.

—Por que eu não posso usar durante a aula...

—Porque tira sua concentração e eu não quero que o meu prodigiosinho se prejudique - Falou com voz de bebe, eu sorri um pouco - E seu pai irá brigar com você se tirar notas baixas.

Tirei o celular da mochila e desbloqueei -eu havia criado uma senha para mim, não era tão difícil era minha data de aniversário -, abrindo logo o lugar de discar que eu não sabia o nome. Peguei o papelzinho que Eva havia me dado e apertei os números certinhos, mamãe havia dito para eu esperar até a pessoa atender e que até isso iria ficar dando um barulhinho. Até que em fim alguém atendeu.

—Alô? - Alguém atendeu, a voz era diferente mas eu tinha certeza de quem era. Eva não podia ter dado o número errado.

—Eva...?

—Sim, quem fala? - Parecia sussurrar, mas vi que era apenas o som do meu celular que estava baixo.

—Ahn... Dominic Oliver - Eu estava muito desconfortável, me sentia louco falando sozinho - Daquele dia no parque...

—Dia, pequeno senhor! - Ele começou a falar mais animado, tenho que admitir que também fiquei um pouco ao ver que ele me reconheceu - Finalmente, esperei essa ligação por dias! Onde andou?

—Eu não tinha como ligar - Continuei. Mamãe desviava o olhar para mim por alguns segundos e via meu rosto com uma mistura de vergonha e felicidade - Ganhei meu primeiro celular hoje.

—Sério ?! Comprou apenas para falar comigo, que honra! 

—É... Quase isso.

—Preciso salvar seu número! Temos que combinar de eu te emprestar os livros, posso até ler para você se quiser e... - Falava empolgado até eu o interromper meio que automaticamente. 

—Seria incrível... - Sorri muito sem graça, eu me sentia muito feliz, como um sentimento de missão cumprida.

—Hey pequeno senhor - Diminuiu a emoção na voz - Estou no meio de um trabalho de faculdade, sinto muito. Preciso dessa nota e estou totalmente atrasado!

—Oh... Desculpe.

—Não! Podemos conversar por mensagem mais tarde - Continuou, ouvi o barulho de uma porta fechando aonde ele estava - Prometo que vamos.

—Obrigado - Eu realmente deveria estar sorrindo feito um idiota, queria encontra-lo novamente - Então... Até logo?

—Até logo, pequeno senhor - Disse em despedida - Beijinhos.

—Bei...jinhos - Terminei. Eva desligou a ligação e eu bloqueei o celular de novo, colocando-o dentro de minha mochila novamente. Olhei-me no retrovisor lateral do carro e meu rosto estava extremamente vermelho, mamãe ria da minha expressão.

—Quem era? - Perguntou curiosa ainda olhando-me - Não sabia que já tinha uma namorada...

—N-não! - Quase pulei do banco da frente do carro - Não é minha namorada, é um amigo!

—Um amigo hã - Mamãe olhou-me com uma expressão sorrateira, como se sorrisse irônica - Amigo?

—Mamãe... - Cruzei os braços, já havíamos chegado na frente do colégio mas recusava-me a sair sem deixar ela com pensamentos duvidosos sobre mim - O nome dele é Eva, ele gosta de livros e encontrei ele quando fui ao parque semana passada, só isso...

—Você gosta dele? - Senhora Kynel ajeitou meu cabelo que estava deveras bagunçado.

—Eu gosto dele, é um bom amigo...

—Certo - Aproximou-se e grudou os lábios em minha testa, voltando a sorrir normal e docemente, isso me fez sentir um pouco melhor - Boa aula, querido. Qualquer coisa me ligue que eu venho te buscar okay? 

—Okay... - Abri a porta e sai do carro, indo até o portão. Ainda faltava tempo para o sinal tocar e alguns jovens ainda chegavam. Fui aproximando cada vez mais devagar da fonte na entrada da escola, eu esperava não cruzar com ninguém que estivesse naquela maldita festa. Consegui chegar bem perto e sentei na superfície áspera bem na ponta, com medo de cair na água. Eu encarava os pinheiros e os pequenos arbustos já que não queria passar os olhos em ninguém para não acabar me envergonhando ou até chorando, em alguns momentos durante minha espera cheguei a cobrir meu rosto quando via alguém "familiar" chegando. Sabia que quando eu entrasse na sala de aula alguém com certeza debocharia de mim, já que quase todos os meus colegas de classe estavam na casa de Joe naquela noite. O sinal finalmente tocou e todos entraram, na verdade, acho que fui um dos primeiros a entrar já que não aguentava mais ter que me esconder. 

Cheguei em minha classe e larguei minha mochila ao lado dela, não demorando para sentar-me. Uma das coisas que me veio a mente era que a pessoa a qual eu havia trocado saliva naquele armário também estaria na minha sala, já que apenas os meus colegas estavam na festa. Eu realmente tinha muito medo de acabar reconhecendo aquela pessoa, então apenas deixei de olhar quem entrava na sala e apenas fiquei encarando a  mesa do professor, rezando para que ele chegasse logo. A primeira matéria do dia era química e tínhamos dois horários. Sabia que Joe ainda não tinha chegado porque ele era o que mais fazia baderna e barulho na classe, então rezei também para que ele tivesse ficado doente ou alguma coisa o tipo, mas não demorei para ouvir um belo:

—Bom dia, pirralho - Com uma voz debochada, ele infelizmente havia chegado e estava cheio de energia, pronto para badernar - Finalmente apareceu. Passou muitos dias no armário, foi?

A turma começou a rir e eu jurava que iria começar a chorar. Apenas debrucei-me sobre a mesa e escondi-me entre meus braços, não queria vê-lo porque iria fazer as memórias voltarem e eu com certeza queria tudo menos isso. 

—O que foi bichinha? - O moreno chegou mais perto, eu conseguia senti-lo bufando por cima da minha cabeça - Se não queria ser zoado não deveria nem ter participado do jogo. Agora aguenta. Eu espero que tenha gostado de ser humilhado logo no primeiro dia com a sua "turma". 

Não me mexi, apenas continuei de cabeça baixa segurando o choro. Meu nariz escorria e eu tremia descontroladamente enquanto os outros jovens murmuravam e alguns continuavam rindo. Joe foi para o seu lugar e finalmente se aquietou. O professor finalmente chegou e pude levantar minha cabeça e olhar ao redor. Todos olhavam-me de uma forma diferente com exceção de Thália Anderson. Ela parecia preocupada com alguma coisa, um misto de vergonha e de impulso, mas eu sentia que se eu falasse com ela eu iria me desabar a chorar apenas de lembrar da sua enrolação de línguas com outro cara. Eu apenas sentia pontadas na minha cabeça, que doíam mais que qualquer dor. 

 

—Bom dia senhores! - Disse o professor. Ele era um senhor de mais ou menos cinquenta anos, tinha cabelos brancos e usava um jaleco escrito "Michaels Brown". Seus óculos redondos tinham lentes grossas que me assustavam, de certa forma, deixava deus olhos o dobro do tamanho normal - Decidi fazer um trabalho diferente. Já que ainda estamos nos primeiros dias de aula e toda essa conversa, vamos ao laboratório.

Ao ouvir a palavra "laboratório" retomei minha postura e com certeza meus olhos voltaram a brilhar. Aquele era um de meus sonhos, realizar uma pesquisa em massa em um laboratório de verdade, com substancias e diversas formulas. Daquele momento em diante passei a prestar cada vez mais atenção naquele professor, queria absorver cada gota do seu conhecimento. 

—Então... Formem duplas e vamos lá.

Duplas. Duplas são associações de duas pessoas, logo eu precisaria unir-me a alguém para esse trabalho. Logo, eu teria que socializar. Logo, eu teria que falar com alguém. Logo, eu iria morrer de vergonha e ficar com uma cara estranha de paisagem enquanto a pessoa me encara, ambos sem assunto. Certo, mais um motivo para chorar não me faltava.

Toda a turma se levantou e cada um pegou sua dupla. Joe com um de seus amigos brutamontes, Thália com uma menina que eu não fazia ideia do nome - loira de olhos azuis bem claros- e eu fiquei sozinho, ainda sentado. Cada par já ia saindo da sala e indo em direção ao corredor, provavelmente direto para o laboratório, enquanto eu ficava feito uma pedra sentado em minha classe. Olhei para trás e havia apenas Owen ali. Sentava bem no fundo e perto da parede, estava olhando para o lado de fora da janela e mal havia visto que todos da sala já haviam saído. O professor ficou nos encarando e decidiu meio que quebrar o gelo.

—Pois estão - O grisalho cruzou os braços, aproximando-se de minha mesa - Que tal você fazer com aquele rapaz ali?

—Ahn...

—Você parece animado para este trabalho, não quer contagiar ele com um pouco da sua vontade? - Falou brincando, mas assenti. Owen estava na festa e eu estava com bastante medo. Não queria que ele fizesse piada de mim ou me esnobasse e eu sentia muito que isso logo logo iria acontecer. Mesmo assim levantei-me envergonhado e fui até sua classe, ele mal olhou para mim.

—Owen...? - Olhei-o paciente, esperando que ele prestasse atenção em mim - Podemos formar uma dupla...?

Ele desviou o olhar rapidamente para mim e depois sorriu de um jeito zombeteiro: - Você está tremendo.

—Ahn... Desculpa - Abaixei a cabeça  e afastei-me um pouco. Pude ver que em um trocar de instante ele mudou completamente sua face. Antes parecia zombar, mas naquele minuto ficou paralisado, olhando para o chão e abrindo as narinas superficialmente em um movimento quase imperceptível e um tanto engraçado. Parecia estar pensando, mas logo se voltou a mim.

—Dominic Oliver, não é?

—Hm... Ah, sim! Sim - Levantei minha cabeça e ajeitei meus óculos que quase caiam de meu rosto - Sua dupla. 

—Vamos meninos - O senhor Michael Brown fez sua ultima chamada para irmos logo - Não vamos atrasar os outros.

E assim fomos para o laboratório juntos, chegamos lá e acabou sendo bem diferente do que eu esperava. Comecei a lembrar de certas coisas que me deixaram triste, como o fato de eu não dormir direito e minha saudade imensa de Odin. Isso me fez ficar de cabeça baixa e apenas anotar os dados do trabalho e observar as cores de algumas substancias em beckers de vidro, nada de muito especial. Owen me ajudava a anotar as colorações e o cheiro, ele dizia que seu olfato era muito bom, mas que tinha uma fragrância naquele ambiente que tirava a sua atenção, algo como hortelã, mas ao olhar em volta nenhuma das outras duplas mexia com isso.

—Por que você está tão detonado? - O loiro perguntou, terminando de anotar "transparente e sem cheiro" em uma etiqueta. Parou e me encarou.

—Ah... Não é nada.

—Não vem com essa - Largou a caneta e apoiou seu cotovelo sobre a bancada, sustentando sua cabeça com a palma de sua mão - Sei quando alguém ta na bad só de olhar. Sério, pode falar.

Então vi-me sendo obrigado a contar tudo -menos a parte da festa - para ele. Realmente precisava desabafar e não poderia esperar eu me encontrar com Eva para isso, aguentar tudo já era uma barra grande. Papai e mamãe já estavam de saco cheio de me ouvir falar de Odin e do quanto eu sentia sua falta, também sobre minhas noites em claro pensando, e dos meus pesadelos, e dos meus medos, e das minhas gritarias durante a noite e o fato de eu não conseguir socializar direito. Durante essa conversa eu conseguia ver os olhos de Owen brilhando e uma sinceridade muito grande ali, estava de fato prestando muita atenção e bolando planos para obter uma resposta. Mesmo que eu nunca tivesse mantido uma conversa assim com alguém sobre meus problemas pessoais, continuei como se não houvesse amanhã e acabei por começar a chorar, descontroladamente comecei a falar sobre a festa, sobre minha "paixão" por Thália , quando de repente uma falta de ar imensa tomou o meu corpo. O loiro pediu para o professor para que pudêssemos sair para eu tomar um ar porque eu realmente havia começado a passar muito mal e precisava respirar. Ele me levou para o final do corredor onde havia uma janela e a abriu para mim, finalmente consegui segurar o ar. Não sei por que infelicidade decidi virar-me para trás e lá estava Thália vindo rápido em nossa direção um tanto preocupada. Ela estava linda, seus cabelos estavam sendo controlados por uma tiara preta que não deixava as madeixas voarem no seu rosto. Parecia usar bastante maquiagem nos olhos.

—Hey! O que houve? - Chegou até nós, apenas tapei meu nariz com meus dedos e virei novamente para a janela. Eu chorava feito um bebe mas mesmo assim tentava desfaçar escondendo-me por trás das minhas mãos. Senti um silêncio grande e desconfiei, até que olhei para trás novamente e vi que Owen cochichava algo para ela.

—N-não! - Eu praticamente pulei em cima do loiro, puxando-o cheio de medo - Não... Não conta... Você não pode...

—Contar o que? - Ela pareceu confusa.

Eu não aguentava mais ouvir a voz dela, tanto que deixei os dois e sai correndo pelo corredor. Abri a porta do hall principal e continuei correndo, fui entre os pinheiros e arbustos até que encontrei o muro do colégio, uma superfície cinza e áspera a qual acabei batendo e caindo, eu realmente estava muito desesperado. Acoquei-me no chão e abracei meus joelhos, protegendo-me. Parar de chorar era impossível e não era exagero, todas as minhas lembranças ruins chegaram naquela hora e eu apenas conseguia pensar em coisas ruins. Não demorou muito para eu ouvir a voz de Owen me procurando pelo pátio ,mas eu estava escondido, não queria que ele me achasse, não queria que ninguém me visse daquele jeito.

—DOMINIC, VOLTA AQUI - O loiro parecia estar desesperado, eu conseguia ouvir os passos rápidos de seus coturnos de militar - EU NÃO CONTEI NADA.

Você contou... Eu sei que contou... O que Thália vai achar de mim agora... Eu sou mesmo um idiota! Era tudo que eu conseguia pensar. Minha mente gritava cada vez mais e respirar estava cada vez mais difícil. Eu não podia ligar para mamãe, meu celular estava na mochila e eu queria sair dali logo. Eu estava tremendo e com medo, não queria ser achado. Minha vergonha havia chegado a um nível muito alto e eu com certeza não conseguiria voltar ao normal. Logo Owen conseguiu me achar e correu até mim.

—Seu filho da puta... Nunca mais faz isso - Ele se abaixou e segurou meus ombros e eu conseguia sentir que estava nervoso e preocupado.

—V-você... - A falta de ar era muito grande e eu não conseguia falar direito. Ele acabou vendo isso e tirou o cabelo da frente dos meus olhos, tirando meus óculos em seguida - V... Você contou.

—Não! - Segurou meu rosto - Eu não conto esse tipo de coisa pra ninguém! Só disse para ela nos deixar conversar a sós e que era um assunto sério. 

—Você falou sim...eu sei que falou... Ela não podia saber...

—Dominic - Owen se aproximou e grudou sua testa na minha - Calma. Eu só disse pra ela ir embora.

—P- Por que você tem... Tanta intimidade comigo...- Tive que admitir que aquilo só me deixava mais envergonhado. Uma pessoa perto assim de mim me lembrava do armário e daquela outra mesma pessoa. As mãos do loiro eram do mesmo tipo e não foi fácil eu tentar me acalmar.

—Thália conversou comigo... Sobre você - Olhou para o nada, como se estivesse decepcionado. Ele com certeza era muito discreto e não gostava de admitir as coisas, mas mesmo assim fazia.

—O- O que ela falou...

—Que você vivia trancado em casa, seu pai... - Se afastou um pouco quando viu que eu estava um pouco desconfortável - Eu quero te proteger.

—Como assim..? 

—Sei que você deve estar putasso com tudo que está acontecendo, com os babacas do time de futebol te metendo pau... Eu sou do time e prometo tentar fazer com que eles baixem a bola - Ele se levantou devagar e estendeu a mão para mim - Enquanto eu estiver aqui, nerd nenhum vai sofrer.

—Nerd...? - Ergui mais minha cabeça, olhando diretamente para ele.

—Deixa pra lá, só vem - Ele sorriu muito superficialmente, quase imperceptivelmente - Não podemos ficar no lado de fora durante as aulas. 

—Obrigado - Com a ajuda de sua mão me levantei, mesmo que devagar demais. Seguimos para dentro da escola e voltamos às atividades do laboratório.

Mesmo que o assunto fosse sensivel, Owen voltou a falar sobre Odin e sobre minha saudade dele. Disse que quando era menor tinha um cachorro chamado Todd e que ele foi atropelado bem em sua frente, cruelmente. Me sensibilizei mesmo que a mesma coisa não tenha acontecido comigo afinal, isso tinha deixado o loiro muito abalado. Soltei que a minha vontade de visitar sua lápide era gigante e que eu adoraria que meus pais me levassem lá, só que nem mamãe nem papai teriam tempo para isso, na verdade papai teria, mas ele não suportava natureza e o ar livre, ainda mais que até lá teríamos que passar a noite ao pé da montanha para de manhã, subirmos. Owen me ouvia falar com toda atenção e com sua testa branca franzida, parecia estar muito interessado e calculando coisas em sua cabeça. 

—Eu te levo lá - Falou depois de uma pausa minha - Bora.

—Como..? - Fiquei confuso, pensei não tem ouvido direito mas foi o que ele falou mesmo. Senti meu queixo cair de meu rosto e repeti - Me... Leva?

—Pff, molezinha - Debruçou-se sobre o balcão do laboratório novamente - Tirei minha carta de motorista já fazem dois anos, é só pegarmos a rodovia e ir seguindo até a costa. Seu pai sabe me explicar onde é?

—Ahn... Ele vai brigar - Abaixei a cabeça. Rapidamente Owen segurou meu queixo e o levantou.

—Eu sou mais velho - Deu uma piscadela discreta - Ele deixa, com certeza.

—Não - Papai disse ao ouvir a proposta do loiro quando eu o levei para almoçar em minha casa. Sem pensar duas vezes, papai voltou a almoçar com sua cara de bravo. Olhei para o outro com cara triste e o mesmo continuou determinado, ainda olhando para o senhor Frankie Oliver. 

—Senhor, prometo me responsabilizar totalmente por ele - Ele fazia a cadeira se empinar usando os pés- Dominic quer muito ir.

—Você é maior de idade? - Papai olhou para o loiro por cima dos óculos.

—Não senhor... Tenho dezoito anos.

Em um ato infantil eu me encolhi na cadeira e choraminguei baixinho com as mãos no rosto, mesmo que falso. As atenções foram para mim e logo vi que eu estava sendo injusto mentindo estar chorando, mas não podia deixar de ver Odin. Precisava matar minha saudade e ver meu velho amigo correndo solto pelos campos entre as flores de Íris com sua tropa, sentir a brisa fresca da montanha. Owen queria realizar esse desejo meu e não iria desistir até ter sua missão cumprida, eu sentia que não ia deixar aquilo passar em branco. Papai olhava-me de relance e passou de bravo para atencioso com um toque de pena, parecia que minha incrível atuação estava, de fato, funcionando. Sentia-me feliz e desafiador, como se pudesse manipula-lo e finalmente ele tomou uma decisão.

—Achem alguém - Continuou - Que seja maior de idade e responsável , que não deixe vocês sozinhos por um minuto e que saiba ler mapas. Eu não irei junto. Dominic Oliver, você não irá largar o celular nem um minuto, tem sinal perto da trilha perto da placa de vinte metros e não quero que passe nem duas horas sem me ligar. No meio da rodovia tem um posto de gasolina e preciso que comprem coisas para comer e...

—Senhor - Interrompeu o outro - Já está tudo planejado e prometemos não desobedecer nenhuma de suas regras.

—Bom mesmo - Papai ajeitou os óculos e me lançou um pequeno sorriso - E nada de namoro.

O silêncio habitou a cozinha por alguns segundos. Os dois me olhavam e eu me sentia assustado, Owen estava vermelho.

—Com certeza, senhor - Respondeu.

Passamos o resto do dia e até quinta-feira falando nisso, mal podíamos esperar para irmos logo. Ele me protegia dos brutamontes do time de futebol e dos olhares das pessoas da festa, sentia-me muito bem com Owen, sempre atento e prestando atenção em cada palavra que eu dizia mesmo que tímido e com dificuldade de falar algumas coisas ele me escutava, fazia questão de deixar-me falar sobre qualquer coisa. Tenho que dizer que nessa semana viramos como "melhores amigos" ou "bros" como ele dizia. Falávamos pelo telefone até a hora de dormir sobre a viagem, até que na noite do dia anterior a irmos para as montanhas trocamos algumas mensagens.

Owen : Hey.

Dominic: ?

Owen : Antes de... Vc sabe. Thália Anderson. Já tinha gostado de alguém?

Dominic: Defina "gostar".

Owen : De querer transar com alguém.

Dominic : ...

Owen : Sério.

Dominic: Eu nunca quis fazer isso com ela.

Owen : ...

Dominic : Sério.

Owen : E se alguém quisesse fazer isso com vc?

Eu demorei um pouco para pensar o que escrever. Queria ser o máximo sincero mas não fazia ideia de como explicar para ele minha situação. Não tinha certeza se queria dar detalhes sobre o ocorrido na armário. 

Dominic : Eu já te falei o que aconteceu na festa...

Owen : Eu sei.

Dominic: ...

Owen : Vc faria de novo?

Dominic : Acho que está na hora de eu ir dormir...

Owen : Qualé, why so serious? 

Dominic: Talvez.

Owen : Talvez o que, baixinho?

Dominic : Talvez eu fizesse... Você está me deixando com vergonha.

Owen : Só não fica duro. Certo certo. 

Dominic : Certo certo. Vou dormir agora. Amanhã é o dia.

Owen : Boa noite.

A tarde de sexta-feira finalmente havia chegado e parecíamos duas crianças histéricas na hora do almoço. Mamãe estava em casa e fez questão de fazer nosso lanche de viagem - sanduíches de atum e suco de uva - e pareceu muito animada também. O turno dela era noturno naquele dia e deixou claro para nós dois que devíamos ligar para papai em cada parada. Sentia-me muito feliz e a saudade parecia aumentar, mesmo que já estivéssemos perto do nosso objetivo. Papai havia ido almoçar no trabalho naquele dia, mas não deixei de ligar para ele para me despedir e para agradecer por ter nos deixado viajar. A senhora Kynel também sorria a me ver tão feliz, parece que aquilo faria bem a todos.

Eu e Owen estávamos no meu quarto, até que me lembrei de um detalhe.

—Hey... - O chamei meio que indiretamente. O loiro, que brincava na minha cadeira giratória, olhou-me meio despreocupado - Posso chamar alguém para ir junto?

—Quem?

—Ahn... Um amigo.

—Por que chamar mais gente? Pensei que ia ser a nossa coisa.

Abaixei a cabeça e meu rosto ficou quente do nada. Essa semana com certeza tinha me deixado muito sensível e nem eu sabia por que eu estava daquele jeito. Meus olhos lacrimejavam toda hora, meu rosto estava mais vermelho, minhas mãos estavam mais tremulas e meus pensamentos estavam muito confusos. Sentia-me até um pouco fraco e vulnerável, mesmo que nada além da minha pequena crise tivesse acontecido. 

—Por favor... - Senti que eu iria começar a chorar, mesmo que sem muito motivo - É só um amigo...

—Hey... Assim você me deixa sem graça - Ele se levantou e ficou de pé na minha frente - Pode.

—Obrigado - Sorri de leve, ainda olhando-o. Owen ficava me olhando de um jeito muito estranho, do jeito que mamãe me olhava quando eu ficava a ponto de chorar.

Logo, peguei meu celular e abri meu "chat" com Eva.

Dominic : Senhor Michael Brown!

Demorou um pouco para responder, mas logo visualizou. 

Eva : Pequeno Senhor Oliver Campbell! Pois não?

Dominic : Quer participar de uma aventura comigo e com um amigo?

Eva : Hm, teu boy?

Dominic : ?

Eva : Nada. Onde vamos?

Dominic : Para o parque costeiro. Fica a oitenta milhas daqui e terá acampamento e trilha.

Eva : Vamos ué, a qualquer hora passa aqui que estarei pronta e disposta.

Dominic : Pegue dinheiro e arrume uma mochila, comida, água e barracas já temos.

Eva : E carro?

Dominic : Meu amigo Owen dirige, o pai dele empresta o carro.

Eva : Belezura pura. 

Arrumamos as barracas de acampamento enroladas em cima do carro, amarrando com algumas cordas. Coloquei a bolsa com a comida atrás do banco do motorista e sentei no banco de trás. O pai de Owen dirigia um carro antigo mas bem conservado e colocava sua confiança no filho que iria traze-lo de volta para casa intacto. 

Eva havia me passado seu endereço e tenho que confessar que, ao chegar em sua casa me assustei. Era gigante e tinha um carro luxuoso na garagem externa, a família dele era com certeza muito rica. Toquei a campainha e quem atendeu foi uma mulher de mais ou menos cinquenta anos, ela usava um roupão branco e tinha cabelos grisalhos. Seus olhos azuis eram muito marcantes e sua pele muito desgastada e cheia de manchas. Ajeitei meus óculos e tentei ser cordial.

—Ahn... Meu nome é Dominic Oliver e...

—E eu perguntei? - A senhora respondeu curta e grossa. 

—Eva está ai? - Fui direto ao assunto, tentando ser o mais breve e evitar conversar com aquela velha rabugenta. Ela se afastou um pouco e andou pelo hall até as escadas, parando e segurando o corrimão. 

—EVAN DESCE AQUI - Gritou em direção ao segundo andar. Passos foram ouvidos, mas ninguém desceu - SEU AMIGO CHEGOU.

—JÁ VOU MÃE.

—DESCE LOGO SUA BICHA - Ela respondeu com sua garganta potente - VOCÊ TAMBÉM ALLYSON.

—CALA A BOCA - Alguém gritou. Era uma voz feminina e grossa, isso fez Owen rir.

—Gostei dessa - O loiro sussurrou para mim. Eu estava muito sem graça. Mal podia esperar para partirmos logo e chegarmos. Com certeza seria uma viagem e tanto.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?
Não ando postando muito aqui mas irei dar meu máximo, o notebook também não colabora.
Espero que tenham gostado e até a próxima!



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