Por minha causa... escrita por Rosalie Fleur Bryce


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Lumos.
Oi, Arnaldos. Me desculpem. Sorry. Me perdoem. Perdon. أسطوري (desculpa em árabe, que chique ein). Gente, me desculpem por ter demorado, mas eu quis esse capítulo perfeitinho e tá bafoônicooo hein!!!
Quero agradecer muito à Cni, que deixou um comentário no capítulo passado. Valeu, more ♥
Bom, aproveitem a leitura!



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A aula de poções me encanta a cada segundo. Ver Severo flutuando pela sala com sua longa capa esvoaçante, nos olhando sério e ensinando, rígido. O professor nos dispensa e espero todos saírem para poder falar com ele. Venho reunindo essa coragem desde semana passada, coragem para falar com Severo, porque por mais incrível que ele seja, é bem capaz de me expulsar dessa sala com um olhar de reprovação.

Demoro um pouco mais para lavar meu caldeirão e quando a sala está vazia, respiro fundo e falo:

— Professor, tem um minuto? — seco minhas mãos num pano e só pelo fato de Severo não ter negado, já entendo como um “sim”. — Ãhm, não sei se o senhor notou, mas gosto muito da sua aula. — ele continua quieto, me olhando de cima e sinto que está me julgando. — O senhor teria algum trabalho ou pesquisa complementar para eu fazer?

Já venho esperando um “não” desde que acordei hoje de manhã decidida a fazer tal pergunta. Snape me olha desconfiado por mais um tempo e então anda apressado até o outro lado da sala. Começa a revirar suas gavetas e, por um momento, acho que está me ignorando.

— Curioso ter esse interesse, Srta. Bryce, geralmente os alunos desprezam Poções — sinto até um pouco de pena ao ouvir o que ele diz, mas mesmo assim continuo ereta e evitando o contato visual.

— Sempre gostei de Poções, lá no Brasil eu...

— Pode fazer esse trabalho — ele me entrega um livro vinho, não muito grande; talvez tenha cem folhas. Está empoeirado e não parece muito bem cuidado. Aceito o livro e abro na primeira página. — Boa sorte — o fato de nunca ter visto Severo sorrir me assusta um pouco. Antes que eu possa agradecer, ele se vira e volta a arrumar sua estante.

— Hãm... Obrigada, professor. Muito obrigada — faço um movimento com a cabeça, mas ele nem vê. Saio apressada da sala e finalmente respiro fundo. Fui melhor do que eu esperava.

— Bom-dia, Rosalinda — levo um susto que me tira de meus devaneios sobre Poções, olho para o lado e Ethan juntou-se a mim no meu caminho até o Grande Salão.

— Ei, bom-dia — dou meu melhor sorriso. — Como sabe desse apelido? Rosalinda... — meus amigos me chamavam de Rosalinda lá no Brasil, simplesmente porque Rosalie não é um nome em português, então abrisileirar as coisas sempre foi normal. Mas detesto que me chamem assim.

— Eu sei de tudo.

— Bobo — dou um soco em seu ombro. Passamos por um mural de avisos e vejo um cartaz sobre Hogsmeade. Hogsmeade? — Ethan, que que é isso? Hogs... Hogwma...

— Hogsmeade — interrompe-me ele, rindo do meu erro. Nossa, esses nomes são complicados. Castelobruxo é tão mais fácil.

— Isso, o que é isso?                                         

— É um vilarejo aqui próximo, só bruxos moram lá. Tem muitas lojas, cafés... lojas... cafés... lojas e...

— Cafés?

— É, basicamente isso. — rimos. — Geralmente vamos lá em vésperas de feriados ou datas comemorativas. Os professores que decidem. Mas você precisa da autorização dos seus pais para ir. — continuo olhando os meus pés, tomando cuidado para não pisar fora das bordas dos paralelepípedos que compõem o chão.

 Nos sentamos junto a Gina, Dino e Simas no Grande Salão. Os três estão rindo quando chegamos, Ethan pergunta qual é a piada e quase entro no assunto quando meu olhar se estende por cima dos ombros de Gina. Draco para de conversar com seus amigos e percebe que estou olhando-o. Faz um sinal com a cabeça e tenta me mostrar sua mão de um jeito que não seja estranho. Depois se levanta e sai.

— Nossa, ai, que burra — finjo ter me lembrado de alguma coisa. — Vou guardar esse livro lá no meu quarto.

— Ah, não precisa — Ethan geme como se quisesse que eu fique.

— Eu vou acabar esquecendo o livro aqui quando formos embora — rio e ele parece aprovar minha saída. — Já volto, rapidinho.

Me apresso para sair e viro à direita. Vou até a mesma sala de ontem, a qual encontra-se trancada e com as luzes apagadas. Bato de leve na porta e, pelo vidro, Draco espia bem discretamente. A porta é aberta e rapidamente adentro a sala.

— Por que fazer isso no meio do almoço? — reclamo, apoiando minha mochila numa cadeira.

— Ninguém usa as salas no horário do almoço.

Me sento e acendo, novamente, uma bolinha de luz. Draco senta-se à minha frente e estende o braço pela mesa. A ferida está coberta por uma espécie de curativo muito malfeito. Com cuidado, seguro na ponta da faixa e vou desenrolando sua mão.

— Quem fez o curativo? — pergunto, avaliando a ferida, que, de ontem para hoje, melhorou bastante.

— Eu — em alguma outra galáxia distante, é possível que Malfoy seja só um pouco mais simpático ou educado?

— O.k. — murmuro lentamente, abrindo minha mochila e dela tirando um frasco com um líquido transparente dentro. — Vai arder, mas se tudo der certo, em dois dias não vai ter mais nada aí.

Ele não diz nada. Só me observa passando, com os dedos indicador e do meio, o líquido no machucado, em movimentos calmos e circulares. Draco tenta conter a dor e até fecha os olhos com força. Assopro a ferida para aliviar a ardência.

— Como sabe cuidar tão bem dessa... coisa? — sua pergunta quebra o silêncio e até me desconserta um pouco. Eu não estava esperando sequer uma palavra dele.

— Tivemos uma epidemia disso no Brasil há oito meses — não tenho coragem o suficiente para encará-lo, então continuo “massageando” a ferida. — É contagioso depois de duas semanas no corpo do hospedeiro.

— Quando você me disse que não perderia mais ninguém para essa planta...

— É. — faço uma pausa e penso seriamente se falo ou não. — Meu irmão e meus primos.

— Eles...

— Uhum — o encaro, mas Draco logo desvia os olhos até o chão. — Pronto, mas vou fazer um curativo descente — dou uma risadinha, o rosto do garoto permanece fechado. Tiro, também da minha mochila, um rolinho de gaze. Ergo a mão de Draco e percebo seu braço arrepiar-se ao meu toque. Cubro a ferida e, com um pedacinho de esparadrapo, colo as duas pontas de gaze. — Não precisa vir aqui amanhã — começo a arrumar minha mochila. — Semana que vem te mando uma carta ou um bilhete com os detalhes para nos encontrarmos, e aí revolvemos isso de uma vez por todas.

— Não precisa de carta ou bilhete — debocha ele, como se eu tivesse o insultado.

— É claro que precisa — ergo as sobrancelhas. — Você não suporta o fato de estar dentro dessa sala comigo.

— Para de inventar — ri ele, irônico.

— Você trancou a porta, apagou as luzes e fechou a persiana das janelas, Malfoy — explico, parecendo brava. — Eu posso ser novata, mas queria entender qual é o problema que você tem comigo. Eu não te fiz absolutamente nada.

— Não tenho problema.

— Acho que sua reputação é o problema — deixo escapar e os olhos de Draco quase saltam de seu rosto.

— O que disse?

— Ah, não sei — tento deixar o que falei de lado. — Você é tão preocupado em ser arrogante, mimado, maldoso e em deixar essa imagem intacta para os outros, que não se permite fazer alguma coisa ou estar com alguma pessoa que não seja do seu habitual.

— Para de mentir, Bryce. Está inventando coisas.

— Não, não estou — digo, rígida. — Você é incapaz de olhar para mim no corredor como alguém normal. É incapaz de falar comigo sem preocupar-se em que ninguém veja.

— Acha que somos o quê? Melhores amigos? — ele quase grita. Perco a paciência e bato o pé no chão.

— Não, mas estou tentando salvar sua vida, droga!

— BEM, EU TAMBÉM SALVEI A SUA, E NEM POR ISSO VOCÊ ESPALHA O OCORRIDO PARA OS QUARTO CANTOS DESSA ESCOLA.

Me calo. Porque, lá no fundo, sei que ele não está totalmente errado. Todos os dias eu luto para esquecer o que aconteceu, e Draco sempre me faz o favor de me lembrar. Fico olhando para o chão e vou até a porta.

— Você inventa coisas, Bryce. — murmura ele, olhando para mim com ódio, como se o que ele disse ainda não fosse o suficiente.

— Ah é? — o desafio com minha própria fala. Em um simples movimento, abro a persiana da porta e acendo as luzes. O corredor lá fora ainda está vazio, mas uma sineta toca e eu e Draco sabemos que, em menos de um minuto, multidões de alunos encherão os corredores para tomarem o caminho certo até suas respectivas salas de aula.

Malfoy tenta conter-se, tenta ignorar a persiana aberta. Tenta ignorar o eco dos passos de dezenas de pessoas se aproximando. Posso ver pelo seu punho cerrado que ele tenta. Mas é mais forte que ele.

Lenta, porém, ao mesmo tempo, rapidamente, Draco vem até a porta, abaixa a persiana e apaga as luzes. Se vira para mim e uns vinte centímetros devem nos distanciar. Por mais que estejamos no escuro, a claridade que atravessa a janela faz-nos poder enxergar um ao outro. Ainda o encaro, séria, mas é um tanto difícil, uma vez que ele é bem mais alto que eu.

Draco está prestes a dizer alguma coisa quando eu o interrompo ao simplesmente abrir a porta, sair, fechá-la no rosto do garoto e me juntar ao aglomerado de alunos no corredor.

— Potter! Weasley! Querem prestar atenção?

A voz irritada da Profª McGonagall estala como um chicote pela aula de Transfiguração, os dois garotos levam um susto e eu, por outro lado, rio.

A aula está chegando ao fim; a sineta deve tocar a qualquer momento e Harry e Roy, que andavam travando uma luta de espadas com umas varinhas falsas de Fred e Jorge, no fundo da sala, erguem a cabeça.

— Agora que Potter e Weasley nos deram o prazer de parar com as bobeiras — continua a professora, lançando um olhar feio aos dois. —, tenho um aviso para dar a todos. Teremos o Baile de Outono, uma festa de boas-vindas para nossos convidados. — percebo que alguma cabeças viram para mim. — É uma oportunidade para convivermos socialmente com os nossos hóspedes estrangeiros. E como sempre, teremos a valsa das meninas com os meninos.

Lilá Brown, minha colega de quarto, deixa escapar uma risadinha aguda. Uma garota morena e muito bonita lhe dá uma cutucada nas costelas com força, mas também sorri. Um baile? Isso quer dizer que vou precisar de um par, e tenho certeza que André vai arranjar alguma garota qualquer.

— É basicamente o baile que tivemos no ano passado, só que no outono? — Simas pergunta um tanto emburrado ou entediado.

— O traje é a rigor — segue a professora, ignorando o comentário de Simas. — e o baile, no Grande Salão. Começará às oito horas e terminará às duas horas da manhã. Será em novembro, os outros detalhes serão dados a vocês por meio de cartazes e avisos por toda a escola.

A Profª McGonagall olha deliberadamente para a turma.

— Como vocês sabem, essa noite é para vocês se divertirem e se soltarem... — ela diz em um leve e quase imperceptível tom de desaprovação. — Mas isto não significa que vamos nos esquecer dos padrões de comportamento que se espera dos alunos de Hogwarts, da Grifinória principalmente. Não me decepcionem.

A fala da professora é seguida de murmúrios; reclamações preguiçosas dos meninos e suspiros animados e nervosos de algumas meninas.

— Agora se levantem! Todos — ela faz um gesto com sua varinha e as mesas, cadeiras e armários desaparecem. Agora a sala está vazia. — Escolham um par para treinar.

— Ronald! — A voz de Lilá guincha um em um tom impressionantemente agudo pela sala inteira, até pulo de susto. E argh, eu sempre esqueço que o nome dele é Rony.

Vejo, do outro lado da sala, Ethan vindo até mim. Me acalmo, porque não estou com a mínima inclinação para dançar com alguém desconhecido.

— Vamos? — me pergunta ele.

— Sabe fazer isso? — digo, achando graça de sua forçada postura elegante.

— Tem alguma coisa a ver com nós dois andando sincronizados com a música. — ele comenta hesitante, rio.

Ethan segura minha cintura. Tentamos acompanhar a música, sem muito sucesso, mas acabamos nos divertindo no final das contas.

— E então, com quem você vai? — pergunto risonha, enquanto ele me ergue no ar e depois pouso.

— Há tantas oportunidades, milady — ele força um sotaque e finge estar frustrado. Rio com gosto e ele não consegue segurar-se tampouco. — Uma donzela mais linda que a outra...

— Mas posso lhe garantir, milorde, acharás um par perfeito — ele me gira e quase perco o equilíbrio e vou direto ao chão. — Você é bom dançando. — reconheço, tentando conter a risada.

— Sou bom com muitas coisas, milady — responde ele, orgulhoso enquanto rodopio.

— Dê-me exemplos — faço cara de pensativa.

— Cantadas, nossa, como eu sou bom com cantadas — ele perde, por um momento, seu jeito e sotaque elegantes e soa engraçado.

— Vai, me deixa ver o que você tem guardado no estoque de cantadas... — ele pondera por uns segundos, como se estivesse selecionando suas melhores cantadas.

— Hm... — ele passa os olhos pela sala e indica Dino com os olhos. — Vê o Dino...? — Olho rapidamente para trás e depois concordo com a cabeça. — Então, ele me pediu para te perguntar se você pode ficar comigo. Por favor, não desaponte ele. — Rio, envergonhada, então digo:

— Ah, você é melhor que isso — ele faz cara de quem levou um soco, mas faz isso de propósito. — Vai, uma melhor...

— Me chama de horário de verão e vem perder uma horinha comigo.

— ETHAN! — sussurro um grito, boquiaberta.

— Você não especificou o tipo de cantada! — defende-se ele.

— Mais um minuto! — a voz da Profª Minerva ecoa pela sala novamente.

— Você é doido — murmuro, incrédula, porém risonha.

— O.k., uma última. E se for boa, você tem que fazer uma coisa para mim, o.k.? — desconfio do seu olhar animado, mas confirmo com a cabeça. Ethan aproxima-se de mim e, de repente, me assusto com sua fala bem perto do meu ouvido: — Se minha vida fosse uma música, você seria aquele refrão que não sai da cabeça. E se as estrelas fossem tão lindas quanto você, eu passaria noites em claro olhando para o céu, tentando formar constelações para decifrar seus mistérios.

Ele se distancia lentamente e percebe que ainda estou um tanto surpresa, nem digo nada.

— Exagerei?

— Um pouquinho, mas foi muito bom — confesso e rimos.

— Então você me deve uma coisa, certo?

— Certo, o que? — giro os olhos, já imaginando numa prenda qualquer.

— Você pagaria o mico de...

— De...? — o encorajo a falar mais rápido, essa morte lenta é horrível.

— Ir ao baile comigo.

Nossa, eu achei que seria algo como dançar no pátio central ou um mico muito horrível. Respiro fundo e sorrio, por que não?

— Seria uma honra, milorde — finalmente nos reverenciamos e a música acaba. Minerva nos dispensa e enquanto pego minha mochila, Ethan passa correndo ao meu lado e diz rapidamente:

— Ah, e não importa a cor do vestido, você é linda de qualquer jeito.

Mal tenho tempo para rir ou fazer algum comentário, quando olho para o lado, ele já está passando pela porta. Rio comigo mesma e coloco minha mochila nas costas, mas antes que eu possa dar um passo, um aviãozinho de papel para no ar, na altura dos meus olhos.

Olho para os lados, mas não há ninguém por perto, abro o aviãozinho e é um bilhete.


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Notas finais do capítulo

ENTON??? Esses momentinhos de Drosalie hein (me desculpa pelo nome meio b****, é que eu n tenho criativadade pra nome de ship, kkkkkkk. Se tiverem um nome de shipp melhor, me digam hahahaha). COMENTEM PELO AMOR DE DEUS Kkkkkkk, amo vocês! Um beijo com cheiro de unicórnio e até a próxima...
Nox.



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